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UNIDADE I: Os Mesopotâmios e as primeiras cidades
Você já parou para pensar que elementos fazem parte de uma cidade, ou como elas
surgiram e por quantas transformações passaram?
O texto a seguir descreve, sob o ponto de vista da jornalista Daniela Tófilo, a cidade de
São Paulo:
Imagens representando o contraste entre as moradias e o congestionamento caótico da cidade de São Paulo.
Você estudou que durante a Pré História, pouco a pouco os agrupamentos humanos foram
se fixando em algumas regiões para o cultivo da terra e a criação de animais formando assim,
as primeiras aldeias.
Com uma alimentação mais diversificada a população dessas aldeias aumentou as áreas
para o cultivo da terra e a criação de animais.
Para garantir uma produção suficiente de alimentos, novos instrumentos e técnicas
agrícolas foram desenvolvidas como: o arado puxado por animais, a carroça com rodas,
ferramentas de metais e um sistema de irrigação.
A ampliação das lavouras trouxe uma abundância de alimentos, no qual uma parte passou
a ficar excedente, ou seja, se produzia mais alimentos do que o necessário para o consumo.
Esse excedente agrícola passou a ser trocado com o excedente de pessoas de outras aldeias
dando origem ao comércio.
Com todas essas mudanças o trabalho passou a ser dividido, ou seja, cada pessoa ou
grupo passou a realizar uma atividade. Enquanto uns preparavam a terra e plantavam, outros
colhiam e comercializavam o excedente agrícola. A especialização do trabalho permitiu
que outras atividades fossem desenvolvidas como a cerâmica, a metalurgia, a tecelagem e a
carpintaria.
Com tantas inovações as sociedades aldeãs foram ficando mais complexas e a organização
do trabalho passou a ser feita por um líder, o chefe da família mais poderosa. Esse chefe, ao
dominar outras aldeias, se transformou no rei.
O rei passou a governar em seu grande palácio e as aldeias que estavam sob o seu domínio
passaram a ser controladas e fiscalizadas pelos seus funcionários através da cobrança de
tributos.
A essas mudanças dá-se o nome de centralização do poder.
Para organizar o convívio entre as pessoas e a cobrança dos impostos, surge a necessidade
do registro, assim, por volta de 4mil a.C., a escrita foi inventada.
Todas essas transformações indicavam um novo modo de se viver: as aldeias tinham se
transformado em cidades.
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1. Complete o esquema a seguir com as expressões do texto que indicam a transformação
das aldeias em cidades:
3. Você se recorda de quando começou a ler e escrever? Conte para os seus colegas como
foi. O que mudou na sua vida depois que você adquiriu esse conhecimento? Para você, qual
a importância da escrita?
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A VIDA NAS PRIMEIRAS CIDADES
As primeiras cidades formaram-se por volta de 4 mil a.C. na região entre os rios Tigre e
Eufrates conhecida como Mesopotâmia, que em grego significa “terra entre rios”, onde hoje
está localizado o Iraque.
Por ser uma região bastante fértil, a Mesopotâmia atraiu muitos povos como os sumérios,
amoritas, acádios, babilônios, hititas, assírios e caldeus que fundaram muitas cidades
nas quais as principais foram Ur, Assur, Ninive e Babilônia.
Mapa representando a Mesopotâmia George Duby. Grand Atlas Historique. Paris: Larrousse, 2001. p.8.
Pela diversidade de povos, a Mesopotâmia era alvo de constantes invasões e guerras por
disputas das terras mais férteis. Dessa forma, suas cidades eram cercadas com muralhas e
independentes entre si, ou seja cada uma possuía um governo com leis próprias.
Chamadas de cidades-estados, pois constituíam unidades políticas autônomas, as
cidades da Mesopotâmia apresentavam os seguintes aspectos:
• um comércio muito intenso, onde poderia se encontrar nas praças, uma espécie de feiras
com uma variedade muito grande de produtos como: peixes, cereais, frutas, tecidos,
vasos de cerâmica, perfumes, trabalhos em pedras, metais e joias;
• templos, chamados de zigurates (prédio alto) onde eram cultuados muitos deuses
(politeístas) como o deus do céu An, do ar Enlil, da água Enki e a deusa mãe-terra,
Ninhursag;
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• uma a sociedade formada por pessoas livres e escravas. A população livre era formada
pela elite, (rei e sua família, altos funcionários do governo, os sacerdotes e os grandes
comerciantes), pequenos comerciantes, artesãos, escribas e agricultores. Os escravos,
que eram prisioneiros de guerra ou por dívidas, representavam uma pequena parcela
da população;
• um rei com autoridade política, religiosa e militar que governava com poderes ilimitados.
Lei do talião: punir um crime impondo ao criminoso uma pena com o mesmo valor da
falta que praticou, por exemplo, punir um assassinato matando o criminoso.
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1. Observe as imagens a seguir e responda as questões:
“(...) Se um homem cegou o olho de um homem livre, o seu próprio olho será cego.
Se cegou o olho de um escravo, ou quebrou-lhe um osso, pagará metade do seu valor.
Se um homem tiver arrancado os dentes de um homem da sua categoria, os seus
próprios dentes serão arrancados. (...)
Se um construtor fizer uma casa e esta não for sólida e caindo matar o dono, este
construtor será morto. (...).”
Coletânea de Documentos Históricos para o 1º grau: 5ª à 8ª série. São Paulo: CENP, 1980. p.53.
b) Explique a lei do talião: “Olho por olho, dente por dente”. Retire um trecho do documento
como exemplo.
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UNIDADE II: Os Egípcios : a civilização do Nilo
Asandei Radu
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A FORMAÇÃO DO ANTIGO IMPÉRIO DO EGITO
Por volta de 3500 a.C. muitos nomos foram se unindo se transformando em reinos e o
os nomarcas em reis. Assim, formaram-se no Egito dois reinos: o Reino do Baixo Egito, ao
Norte e o Reino do Alto Egito, ao Sul.
Cerca de 300 anos depois, Menés, que reinava o Alto Egito, conquistou o Baixo Egito,
unificando os dois reinos sob o seu comando recebendo o título de faraó, termo que significa
“casa grande” ou “casa real”.
Segundo historiadores, a partir dessa unificação, os antigos egípcios entram no período
dos Impérios que está dividido da seguinte forma:
Período de crise
Antigo Império Médio Império Novo Império política e invasões
Delta: terreno de aluvião, de forma triangular na foz ou nas margens dos rios. O Rio Nilo
ao desaguar no mar, abre vários canis com ilhas entre eles formando um triângulo.
Húmus: matéria orgânica, formada por folhas e plantas que caem naturalmente no rio.
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1. Leia o documento a seguir produzido por volta de 1800 a.C.:
“Adoração ao Nilo!
Salve, tu, Nilo!
Coletânea de Documentos Históricos para o 1º grau: 5ª à 8ª séries. São Paulo: CENP,1980. p.55.
b) O historiador grego Heródoto escreveu “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Qual a relação
do texto com essa afirmação?
2. Observe o esquema a seguir, explique o que ele está representando e identifique a época
aproximada de cada acontecimento.
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VIVER NO ANTIGO EGITO
• Sacerdotes: eram os senhores da cultura egípcia. Eles tinham como função cuidar das
cerimônias religiosas e administrar os bens materiais dos templos. Donos de muitas
terras, viviam em palácios luxuosos desfrutando da riqueza proveniente das oferendas
do povo.
• Soldados: tinham a função de proteger o Império. Muitos deles eram estrangeiros que
recebiam lotes de terras como pagamento pelos seus serviços prestados.
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• Camponeses: conhecidos como felás, compunham a maioria da população e
trabalhavam na agricultura para pagar os altos impostos. Nas épocas de seca ou entre
as colheitas, eram convocados para trabalhar em obras públicas como: construções
de represas, diques, barragens, canais de irrigação, estradas, templos e túmulos dos
faraós, as pirâmides.
• Escravos: em geral, eram prisioneiros de guerra, faziam o serviço doméstico nos palácios
dos nobres e também trabalhavam nas pedreiras e minas.
A posição privilegiada dos sacerdotes era devido ao importante papel que a religião
desempenhava na vida dos antigos egípcios. Desde o mais humilde camponês até o poderoso
faraó, eram politeístas, ou seja, cultuavam vários deuses, que representavam forças e
fenômenos da vida natural.
O mais importante dos deuses era Rá, considerado pelos egípcios o criador do universo.
Muitos desses deuses eram representados em forma humana como Osíris (deus da vegetação,
das forças da natureza e dos mortos); com forma humana e animal como Hórus (corpo de
homem e cabeça de falcão) ou com forma animal como o deus Anúbis (em forma de chacal).
Outro aspecto da religião dos antigos egípcios era a crença na vida após a morte. Assim,
desenvolveram técnicas de mumificação, para a conservação de seus corpos e muitos
faraós empenharam-se na construções de grandes túmulos: as pirâmides.
Assim como os sumérios, na Mesopotâmia, por volta de 3 mil a.C., os egípcios desenvolveram
um sistema de escrita denominada hieróglifos, no qual a representação de uma palavra
poderia ser feita por ideias ou sons. Assim, uma coruja poderia ser o objeto coruja ou o som
do m. Também desenvolveram formas mais simplificadas dessa escrita como a hierática,
utilizada pelos escribas e a demótica, de uso popular.
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1. Observe a representação da sociedade do Antigo Egito e responda as questões:
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UNIDADE III: Hebreus e Fenícios: povos em movimento
Você estudou que tanto os mesopotâmios como os egípcios foram povos que se
desenvolveram em regiões irrigadas por rios, propícias para o desenvolvimento da agricultura.
Há cerca de 2 mil a.C., na região que atualmente corresponde à Palestina, ao Líbano e a
Síria, se desenvolveram os povos hebreus e fenícios que não dispunham de terras férteis
para a agricultura e a criação de animais.
Assim, para sobreviverem, viviam em constante deslocamento: os fenícios se deslocavam
porque tornaram-se grandes comerciantes e os hebreus porque procuravam um lugar para
se estabelecer.
Mas afinal, como esses povos se desenvolveram?
Berthold Werner
Vista de Jerusalém, capital de Israel, Estado criado dentro da Palestina para os judeus em 1948.
Yoniu
Cidade de Beirute, atual capital do Líbano, que com uma pequena parte da Síria compunha a Fenícia.
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OS HEBREUS E A BUSCA PELA “TERRA PROMETIDA”
• Governo dos juízes: de volta a Canaã, os hebreus tiveram que enfrentar povos como os
filisteus e cananeus que habitavam a região. Dessa forma, passaram a ser governados
por juízes, chefes militares que tinham como missão expulsar esses povos da
Palestina. Essa luta durou quase dois séculos e terminou com a reconquista da Palestina
pelos hebreus.
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• Governo dos Reis: no século XI a.C. os hebreus adotaram a monarquia como forma
de governo, pois com o poder centralizado na figura do rei novas invasões seriam
evitadas. Nesse período, a cidade de Jerusalém se tornou a capital do reino e ocorreu
um grande desenvolvimento do comércio e inúmeras construções como palácios e
templos. Por volta de 926 a.C., o povo hebreu foi dividido em dois reinos: ao norte,
o reino de Israel, com a capital em Samaria e ao sul, o reino de Judá, com a capital em
Jerusalém. Esse episódio ficou conhecido como o Cisma hebraico. Divididos, os
hebreus tornaram-se alvos fáceis dos seus vizinhos, e em 722 a.C., os assírios
conquistaram o reino de Israel. O reino de Judá durou mais tempo até que em 586 a.C.,
foi conquistado pelos babilônios comandados por Nabucodonossor, e os hebreus
foram levados como escravos para a Babilônia. Esse episódio denominado de
Cativeiro da Babilônia, durou até 539 a.C., quando os persas conquistaram a
Babilônia e permitiram que os hebreus retornassem à Palestina, local que passou
a se chamar Judéia, e seu povo de judeu. A partir daí os hebreus passaram
por longos períodos sob o domínio de outros povos como os macedônios em 333 a.C.,
e os romanos em 70 d.C. Na luta contra a dominação dos romanos, os hebreus se
dispersaram para várias partes do mundo formando pequenas comunidades. Essa
dispersão ficou conhecida a diáspora judaica.
Durante séculos os judeus não tiveram pátria e nem Estado, mas mantiveram-se como
nação preservando elementos básicos da sua cultura, língua, religião e o desejo de retornarem
à Palestina.
Os fundamentos da religião dos hebreus, como a crença em um único Deus e a vinda
de um Messias, que conduziria os homens à salvação eterna, tornaram-se a base das
duas maiores religiões da atualidade: o Cristianismo e Islamismo.
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1. Identifique o ano e explique os seguintes acontecimentos da história dos hebreus:
“Durante séculos os judeus não tiveram um Estado mas, mantiveram-se como nação.”
Por volta de 3500 a.C., os fenícios passaram a ocupar uma estreita faixa de terra situada
entre o litoral do Mar Mediterrâneo e as montanhas do atual Líbano. As áreas férteis dessa
região eram muito pequenas e as altas montanhas impediam que os fenícios adentrassem
pelo continente.
Em virtude dessas características territoriais, os fenícios voltaram suas atenções para o
mar, desenvolvendo ao longo do litoral cidades como Biblos, Sídon, Ugarit e Tiro, que
funcionavam de modo independente uma das outras e seus habitantes dedicavam- se
principalmente à pesca e ao comércio marítimo.
Dessa forma, não existiu um reino unificado ou um Império chamado Fenícia, mas sim
um grupo de cidades-estados, ou seja, cidades autônomas com um governo próprio,
comandado por um rei com apoio dos sacerdotes, comerciantes e um Conselho de Anciãos.
Na maioria das cidades fenícias a sociedade era formada por um grupo de privilegiados
que eram os comerciantes marítimos, proprietários de oficinas, funcionários do governo
e os sacerdotes. O restante da população era composta por artesãos, camponeses,
pescadores, pequenos proprietários, marinheiros e escravos.
Quanto à religião, os fenícios cultuavam diversos deuses, que eram associados às forças
da natureza, aos astros e à fertilidade.
O comércio marítimo era a principal atividade econômica dos fenícios e por volta de 1400
a.C. eles possuíam várias colônias no Mediterrâneo como Chipre, Sicília, Málaca, Cádiz e
Cartago, na qual funcionavam como centros de armazenamento e locais de venda e compra
de produtos.
Os fenícios comercializavam seus produtos com os egípcios, mesopotâmios, persas,
gregos e romanos. Importavam lã, marfim, ferro, estanho, ouro e prata e exportavam o cedro,
a púrpura (substância de cor avermelhada extraída do molusco múrex abundante no litoral
fenício, usada pra tingir tecidos), azeite, vinhos, tecidos, cereais, joias, objetos de cerâmicas
e diversos enfeites.
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Em suas idas e vindas pelo mundo antigo, os fenícios se tornaram divulgadores de
hábitos, costumes, conhecimentos e línguas de diversos povos, assim desenvolveram um
alfabeto fonético de 22 letras (todas consoantes), um sistema de escrita no qual os sinais
correspondem aos sons e tornava os registros comerciais mais eficientes. Esse alfabeto
serviu de base para o alfabeto que utilizamos atualmente.
2. Leia com muita atenção o documento a seguir. Depois, enumere a ordem correta das
ideias principais na forma que estão no documento:
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3. Ilustre, o documento da atividade anterior, em forma de história em quadrinhos.
Juntamente com os seus colegas, pesquise nas mais diferentes fontes (revistas,
jornais, livros, internet) informações sobre os países e a população atual dos antigos
hebreus e fenícios nos seguintes assuntos:
a) Localização.
b) Organização política e econômica.
c) Aspectos da vida desses povos (sociedade, cultura, religião).
Na sala de aula, discuta a seguinte questão: Que influências dos hebreus e dos
fenícios podem ser percebidas na vida dessa população atualmente?
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UNIDADE IV: O Império Persa
Você estudou que a partir do século VI a.C., os mesopotâmios, egípcios, hebreus e os
fenícios foram conquistados pelos persas.
Os persas, ao utilizarem a guerra como instrumento de dominação, construíram um dos
maiores Impérios da Antiguidade.
Mas afinal, como se formou e se organizou esse Império?
Como era viver no Império Persa?
Essas e outras questões serão estudadas nos textos e nas atividades dessa unidade.
Maryam Ashoori
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A FORMAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO DO IMPÉRIO PERSA
Para cuidar de todos os domínios territoriais, durante o reinado de Dario I, foi desenvolvida
uma organização administrativa bastante complexa: o Império foi o dividiu em províncias
chamadas satrapias, e cada uma delas era governada por um administrador denominado
sátrapa que era encarregado de aplicar a justiça e arrecadar os impostos.
Dario I criou também um sistema de vigilância e controle das suas províncias, onde enviava
altos funcionários, que eram conhecidos como “os olhos e ouvidos do rei”, para fiscalizar os
sátrapas.
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Diferentemente dos outros Impérios da Antiguidade, a Pérsia não possuía uma única
capital, mas cinco: Susa, Babilônia, Persépolis, Ecbanata e Pasárgada. Dessa forma, o rei
se deslocava com sua corte e guarda pessoal para seus palácios construídos nessas cidades.
Para que esse deslocamento fosse possível, foram construídas estradas ligando essas
principais cidades, e um sistema de correio bastante eficiente. Essas ações, juntamente com
um sistema de cobrança de impostos, tinham como objetivo manter a unidade do Império.
Além disso, foi construído um canal para ligar o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo,
que juntamente com a rede de estradas, impulsionou o desenvolvimento do comércio com
diferentes povos e entre as várias províncias.
Dos povos conquistados era exigido o pagamento de impostos e o fornecimento de
homens para o exército e construções de obras do Império. Em troca, era permitida a esses
povos a prática das suas leis, costumes e religião.
Tudo girava em torno do Imperador persa, que tinha autoridade absoluta. Não era divinizado
como os faraós egípcios, entretanto, era identificado como o deus do Bem (Ahura-Mazda) e
senhor da justiça, portanto, desobedecer a lei e o rei significava ofender a própria divindade.
Imagens representando o exército persa e o rei Dario, localizadas nas ruínas do palácio da
cidade de Persépolis, uma das cinco capitais do Império.
b) As principais cidades.
c) Os países atuais.
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2. Observe o esquema seguinte:
Agora responda:
a) O que o esquema está representando? Explique.
b) De que forma o esquema contribuiu para que os persas governassem povos de línguas
e culturas diferentes?
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UNIDADE V: O Mundo Grego
Nas unidades anteriores vimos que muitos povos da Antiguidade Oriental, entre eles os
mesopotâmios, egípcios, hebreus, fenícios e persas, sobreviveram da agricultura e do comércio,
construíram cidades, organizaram formas de governo centralizado no rei, desenvolveram as
mais diversas crenças religiosas e construíram Impérios por meio da conquista e dominação
de outros povos.
Nesta unidade, estudaremos parte da história dos povos da Antiguidade Ocidental, como
os gregos, nas suas diferentes formas de organização e sua influência no nosso modo de
pensar e viver.
Vista da cidade de Atenas, principal cidade-estado da Antiguidade grega e atual capital da Grécia.
A cidade divide-se entre os monumentos históricos e as construções modernas.
A Grécia atual localiza-se no sul da Europa e é banhada pelos mares Mediterrâneo, Jônico
e Egeu. O nome oficial desse país é República Helênica, pois os gregos da Antiguidade se
autodenominavam de helenos, nome referente à região em que se estabeleceram, chamada
Hélade.
A Antiga Grécia estendeu-se por uma área maior que o território atual, pois além de ocupar
a parte sul do continente europeu, abrangia a Península dos Bálcãs e a do Peloponeso -
Grécia Continental ou Peninsular - ilhas dos mares Egeu e Jônico - Grécia Insular - e a
costa da Ásia Menor - Grécia Asiática.
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M.M.Albuquerque et alii. Atlas Histórico escolar. Rio
de Janeiro: FAE, 1991.
Mapa representando a Grècia Antiga no século Vl a.C.
XX Xll Vll Vl lV l
a.C. a.C. a.C. a.C. a.C. a.C.
Foi na Ilha de Creta que se desenvolveu o primeiro povoado da Grécia Antiga. Denominados
de civilização cretense ou minóica, os povos dessa região sobreviviam da agricultura da
vinha e da oliveira e principalmente do comércio marítimo com cidades da Ásia Menor, do
Egito e das ilhas no Mar Mediterrâneo e Egeu.
Todas essas atividades econômicas eram controladas pelos funcionários do rei que, de
seu palácio, governava toda a população. O rei era chamado de Minos, por isso, a civilização
cretense recebeu o nome de minóica.
Um dos palácios mais grandiosos se localizava na cidade de Cnossos e foi lá que surgiu
a lenda do Minotauro, um animal com cabeça de touro e corpo humano.
Por volta de 1750 a.C. a ilha foi ocupada pelos aqueus, um povo indo-europeu da Grécia
Continental, que ao entrar em contato com os cretenses, também construíram palácios, só
que fortificados e em regiões montanhosas. O palácio aqueu mais grandioso ficava na cidade
de Micenas, que também era o local onde o rei residia e governava. Assim, a civilização
fundada pelos aqueus recebeu o nome de micênica.
Entre 1400 a.C. e 1200 a.C., ocorreram invasões dos eólios, jônios e posteriormente dos
dórios. Os povos eólios e jônios ocuparam a Península dos Bálcãs e se adaptaram ao modo
de vida dos aqueus. Já, a invasão dos dórios que se fixaram na Península do Peloponeso, foi
violenta: palácios e cidades foram destruídos, parte da população foi escravizada e o restante
fugiu para a Ásia Menor e para pequenas ilhas do Mar Egeu.
Após a dominação dos dórios surgiu uma nova forma de organização social: os genos,
comunidades formadas por membros de uma família e seus dependentes que viviam sob a
autoridade de um patriarca, o membro mais velho.
Todos os genos eram governados por um rei com o auxílio de uma assembleia de guerreiros.
As terras, colheitas e os animais pertenciam a toda comunidade.
Por volta de 800 a.C. alguns chefes dos genos passaram a acumular riquezas e terras,
levando a uma divisão da sociedade entre ricos proprietários, pequenos proprietários e
camponeses.
Com o passar do tempo, os proprietários de terras se uniram organizando comunidades
cada vez maiores dando origem às cidades-estados, à qual os gregos deram o nome de
polis.
As polis eram cidades independentes umas das outras, pois tinham o seu próprio governo,
moeda e leis. Eram governadas por uma assembleia composta de grandes proprietários de
terras, que juntamente com a suas famílias, formavam a aristocracia. Somente eles eram
considerados cidadãos, ou seja, aqueles que possuíam o direito de participar da vida política
da cidade, do exército e de possuir terras.
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De modo geral, as polis eram divididas entre uma área rural – onde a população se dedicava
à agricultura e criação de animais – e uma área urbana formada por praças, edifícios públicos,
centros comerciais e oficinas de artesãos. Na parte mais alta, chamada de acrópole, ficavam
os templos dos deuses e os palácios da aristocracia.
Entre os séculos VII e VI a.C., parte da população que ficou sem terra e sem trabalho partiu
para diversas regiões do Mar Mediterrâneo e Negro. Nesses locais fundaram novas cidades,
as colônias, chamadas pelos gregos de apoíkias, que significa “abrir uma nova casa”.
Com essa colonização, os gregos diversificaram a produção agrícola e artesanal, ampliaram
as atividades comerciais, o intercâmbio cultural com outros povos, mas também ampliaram
os conflitos entre as cidades-estados.
Como resultado dessas mudanças, formou-se uma nova classe social a dos hoplitas -
guerreiros que lutavam a pé, armados com lança, escudo e espada - e aumentou a quantidade
de escravos.
Nesse período, as cidades-estados mais importantes eram Messênica, Tebas, Mégare,
Erétria, Atenas e Esparta e, apesar dos conflitos entre elas, possuíam elementos culturais
comuns como a língua e a crença nos mesmos deuses.
Em função disso, os habitantes desses locais se reconheciam como gregos e chamavam
de bárbaros os povos estrangeiros, ou seja, aqueles que não tinham os seus costumes e não
pertenciam ao mundo grego.
b) Identifique na imagem as seguintes partes de uma polis: parte rural, parte urbana,
acrópole, moradia da aristocracia e dos pequenos proprietários, camponeses, artesãos
e comerciantes.
d) Compare a cidade de Atenas na Antiga Grécia com a cidade de Atenas Atual, que está
no início dessa unidade, e registre as mudanças e permanências com relação as
construções e divisão dos espaços.
Atenas foi uma das cidades-estados mais importante da Grécia Antiga. Localizada na
Ática, península do mar Egeu, foi fundada pelos jônios que ali se estabeleceram de forma
pacífica, ao lado dos eólios e aqueus.
Até meados do século VIII a.C., Atenas era governada por um rei que acumulava funções de
juiz, sacerdote e chefe militar. Com o tempo, o rei foi substituído por um grupo de aristocratas,
os eupátridas donos de grandes propriedades agrícolas.
O restante da sociedade ateniense era formada pelos demiurgos (artesãos e comerciantes),
metecos (estrangeiros) e escravos.
À medida que os aristocratas tornavam-se donos da maior parte das terras cultiváveis, os
pequenos proprietários empobreciam e suas dívidas aumentavam. Diante de tantos abusos,
grande parte dos atenienses passaram a exigir reformas políticas e sociais.
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Entre os séculos VII e VI a.C., o governo realizou algumas reformas nas leis, entre elas: o
fim da escravidão por dívida, distribuição de terras aos camponeses e a divisão da sociedade
ateniense em classes, com base na renda dos cidadãos.
Foi determinado também que homens livres, com mais de 30 anos e nascidos em Atenas,
eram considerados cidadãos e podiam participar do governo. Com isso, foi criado uma nova
forma de governar denominada democracia. Em grego, demos significa povo e kratos poder,
ou seja, poder do povo.
Assim foi criado a Bulê, conselho formado por quinhentos cidadãos, tanto ricos como
pobres, que elaboravam as leis para serem votadas na Assembleia do povo; a Eclésia na
qual todo cidadão poderia participar e o Tribunal popular, a Heliéa, para julgar qualquer tipo
de causas.
No entanto, o princípio de igualdade política na democracia ateniense não era para todos,
pois em Atenas, mulheres, jovens, escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos.
A vida das mulheres, pobres ou ricas, estava voltada para cuidar da casa e dos filhos, a
única diferença é que as ricas deixavam essa tarefa para os escravos ou escravas.
Em geral, as meninas aprendiam os serviços domésticos com as mães e viviam dentro de
casa sob a autoridade do pai e, após o casamento, que acontecia por volta dos 15 anos, essa
autoridade era passada para o marido. Já, os meninos das famílias ricas pagavam professores
para ensinar a leitura, a escrita, a música, a prática de atividades físicas e a arte de falar em
público na qual discutiam questões relacionadas à política e a filosofia.
Os escravos eram utilizados nos serviços domésticos, nas oficinas de artesanato, nos
mercados, portos, escolas, plantações, minas e nas construções. Os estrangeiros não
possuíam direitos políticos, eram proibidos de comprar terras, pagavam impostos e muitos
trabalhavam no artesanato ou no comércio.
A vida na cidade de Atenas era organizada em torno da ágora, uma grande praça pública
onde os atenienses compravam e vendiam alimentos, cobre, madeira, roupas, artigos de
cerâmica, joias e da acrópole, onde estava o Paternon, templo da deusa Atena, protetora da
cidade.
116
Esparta: uma polis de guerreiros
117
Oligárquica: em grego oligos significa poucos e arkhe poder, comando, assim é uma
forma de governo em que um grupo reduzido de pessoas poderosas governam voltados
para os seus interesses.
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a) Compare a educação dos homens atenienses e espartanos apontando as semelhanças
e diferenças.
Do século V ao século IV a.C., período clássico da história grega, muitas cidades gregas,
principalmente Atenas, atingiram um grande desenvolvimento econômico e intelectual, pelo
fato de reunirem artistas e intelectuais que se destacaram na área da arquitetura, da escultura,
do teatro, da filosofia e da história.
Grande parte da literatura, escultura e da pintura grega era inspirada em temas religiosos e
da mitologia, na qual representavam deuses, heróis, personagens míticos cenas de batalhas
e da vida cotidiana.
Os deuses eram homenageados também em festas e a mais famosa eram os jogos
olímpicos. Realizados de 4 em 4 anos, esses jogos apresentavam várias modalidades
esportivas como a corrida a pé ou com carros puxados por cavalos, lutas corporais e o
arremesso de disco e dardo. Essa grande festa grega aconteceu pela primeira vez no ano de
776 a.C. na cidade de Olímpia.
As peças de teatro eram na sua maioria apresentadas ao ar livre e encenavam histórias
trágicas e cômicas que provocavam pavor, pena e risos nos espectadores.
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Filósofos gregos como Sócrates (469-399 a.C.), Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles
(384-322 a.C.), desenvolveram pensamentos na intenção de ajudarem as pessoas a
entenderem o mundo em que viviam e melhor se relacionarem com outras pessoas e a
natureza. Assim propunham perguntas como: Como surgiu o homem e o mundo? Como
devemos viver?
Os gregos foram os primeiros povos do Ocidente a registrarem por escrito a sua própria
História, iniciada pelo pensador e pesquisador Heródoto (484-425 a.C.) que é considerado o
“pai da história”. Através de suas viagens pelo Egito, Pérsia, Itália e várias regiões da Grécia,
Heródoto produziu textos sobre batalhas, costumes populares e a vida cotidiana, que foram
reunidos no seu livro chamado História.
O crescimento e a expansão econômica e cultural das cidades gregas provocaram disputas
por rotas comerciais e mercados com outros povos da Antiguidade, entre eles os persas.
Conhecidos como medos, persas e gregos, entre 499 a 475 a.C., se enfrentaram no conflito
que ficou conhecido como Guerras Médicas ou Guerras Greco-Pérsicas.
Esse conflito terminou com a vitória dos gregos no entanto, gerou uma disputa
entre as cidades gregas de Esparta contra o domínio de Atenas. Durante 27 anos
(431- 404 a.C.) ocorreram batalhas de gregos contra gregos na chamada Guerra do
Peloponeso.
Vitoriosos desse conflito, os espartanos procuraram impor o seu domínio sobre as outras
cidades gregas que sob o comando da cidade de Tebas, reagiram e derrotaram o poderoso
exército de Esparta.
As cidades gregas, depois de tantos anos de guerras internas, estavam enfraquecidas e
não puderam resistir ao domínio do exército macedônio comandado por Alexandre Magno,
o Grande, no ano de 334 a.C. Da Grécia, os macedônios conquistaram a Pérsia, a Fenícia,
a Mesopotâmia, o Egito e parte do Oriente, construindo um dos maiores impérios de toda
Antiguidade: o Império Macedônico.
A expansão macedônica foi responsável pela difusão da cultura grega desde o Egito ao
extremo Oriente, com isso, costumes, línguas e crenças se misturaram dando origem a uma
nova cultura, o helenismo.
Com a morte de Alexandre em 323 a.C., o Império Macedônico foi dividido entre os seus
principais comandantes e mais tarde, no século II a.C., os macedônios foram dominados
pelos romanos.
120
UNIDADE VI: O Mundo Romano
Rolf Siissbrich
Vista panorâmica da cidade de Roma, atual capital da Itália, a partir da Praça de São Pedro no Vaticano.
Slefan Bauer
Roma está situada na península Itálica, uma longa faixa de terra em forma de bota, próxima
ao mar Mediterrâneo, Adriático e Tirreno. Sua posição geográfica favoreceu o desenvolvimento
do comércio marítimo e o contato com diversos povos.
Assim, ao longo de mil e trezentos anos, entre os séculos VIII a.C. e V d.C., Roma passou
de uma simples aldeia de pastores para o centro de um grande Império da Antiguidade,
com domínios no norte da África, por quase toda Europa e parte da Ásia.
121
Para estudar a história da Roma Antiga, costuma-se dividí-la em períodos de acordo com
as mudanças nas formas de organização política, como mostra a linha do tempo a seguir:
A MONARQUIA ROMANA
Através dos vestígios encontrados em Roma, estudiosos revelam que a península Itálica
foi povoada por diversos povos em diferentes regiões e tempos.
Por volta do século X a.C. a região central da península foi ocupada pelos italiotas, povos
da Europa oriental, que dividiram-se em diversos grupos como os latinos e sabinos. Esses
povos fundaram várias aldeias de pastores e agricultores, dentre elas Roma.
Dois séculos depois, os etruscos, povos provenientes da Ásia, ocuparam a parte noroeste
da península e conquistaram a região central, transformando a aldeia romana em cidade.
122
Depois dos etruscos, os gregos, no período de expansão territorial, fundaram várias
colônias na parte sul da península.
Após a transformação de Roma em cidade, foi adotada a monarquia como forma de
governo. Assim, os romanos passaram a ser governados por reis com auxílio de um Senado
e da Assembleia Curial.
O rei era o chefe militar e religioso assim, podia declarar guerras, administrar a justiça e
comandar os principais rituais religiosos. No entanto, seus poderes eram limitados, pois suas
ações eram fiscalizadas pelo Senado - formado por cidadãos idosos que faziam parte das
principais famílias romanas – e pela Assembleia Curial – composta por soldados. O Senado
também possuía a função de elaborar as leis e a Assembleia Curial de julgá-las e de eleger
altos funcionários.
Nesse período, a sociedade romana estava dividida da seguinte forma:
• Patrícios: formavam a aristocracia romana, pois descendiam das primeiras famílias que
fundaram Roma. Eram considerados os cidadãos e podiam ocupar os altos cargos
na política, na administração pública, na religião e no exército. Além disso, eram os ricos
proprietários de terras, rebanhos e escravos.
• Plebeus: formavam a maioria da população e eram homens e mulheres livres que se
dedicavam ao artesanato, ao comércio e aos trabalhos na agricultura e criação de
animais. No geral, trabalhavam para os patrícios e não tinham participação na política.
• Clientes: grupo formado por pessoas pobres, estrangeiros e escravos libertos que
prestavam os mais diversos serviços aos patrícios em troca de proteção e sobrevivência.
• Escravos: pessoas endividadas ou prisioneiros de guerra que trabalhavam tanto no
comércio como no campo. Na Monarquia a quantidade de escravos era pequena.
Durante o período monárquico, muitas obras públicas foram realizadas em Roma:
como a construção de casas e muralhas e ampliação de ruas e praças. No entanto, essa
modernização beneficiou somente os patrícios, causando um descontentamento muito
grande entre os plebeus que passaram a exigir melhores condições de vida, participação na
política e no exército. A cidade de Roma acabou se tornando palco de muitas revoltas.
Diante dessa situação, o rei passou a permitir que somente plebeus enriquecidos
assumissem funções militares. Essa atitude desagradou os patrícios que, em 509 a.C.,
afastaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, do poder e criaram uma nova forma de governo:
a República.
Senado: em latim, a palavra senado deriva de senex que significa homem velho.
123
ROMA: DA REPÚBLICA AO IMPÉRIO
A palavra “república”, em latim, significa coisa pública, isto é, que pertence a todos.
Entretanto, essa nova forma de governo não atendeu a maioria da população romana, pois os
novos donos do poder de Roma, os patrícios, organizaram o governo republicano de forma a
ocuparem os mais altos cargos políticos.
Assim, o governo republicano era formado por dois cônsules que governavam auxiliados
pelo Senado, magistrados e assembleias. Os dois cônsules eram escolhidos pelo Senado e
tinham a função de executar as decisões tomadas por esse órgão.
Os senadores eram nomeados pelos magistrados que estavam divididos em: pretores,
que aplicavam a justiça; censores, que realizavam o censo, ou seja, contavam o número de
cidadãos e quanto possuíam de bens; edis, responsáveis pelo segurança, abastecimento e
conservação das cidades e questores, que cuidavam da arrecadação dos impostos. Todos
os cônsules, senadores e magistrados eram patrícios.
Havia, ainda, as Assembleias que contavam com a participação de plebeus, mas
controladas pelos patrícios.
Descontentes com a pouca participação política, os plebeus promoveram revoltas e
obtiveram inúmeras conquistas como mostra o quadro seguinte:
• Tribuno da Plebe (493 a.C.): formada somente por plebeus, tinha o poder de impedir
qualquer decisão desfavorável à sua camada social.
• Leis das Doze Tábuas (450 a.C.): primeiro conjunto de leis escritas que valia para
patrícios e plebeus.
• Lei da Canuleia (445 a.C.): permitia o casamento entre plebeus e patrícios.
• Lei Lucínia (367 a.C.): proibia a escravidão por dívidas e permitia que plebeus ricos
ocupassem qualquer cargo político.
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A partir do século I a.C., os romanos tinham dominado o comércio, a agricultura, a
mineração, o artesanato, enfim, todas as atividades econômicas desenvolvidas pelos povos
no Mar Mediterrâneo que passou a ser denominado de mare nostrum, ou seja, “nosso mar”.
Os territórios conquistados eram transformados em províncias de Roma, suas riquezas
eram exploradas ao máximo e os prisioneiros de guerra eram transformados em escravos.
As conquistas possibilitaram a formação da classe social dos cavaleiros, que enriqueceram
com o comércio e os impostos cobrados das áreas sob o seu domínio. Ocorreu também um
aumento da população de escravos em Roma causando um desemprego em massa dos
plebeus.
A grande quantidade de escravos ocasionaram várias revoltas, principalmente pelas
péssimas condições de vida e maus tratos em que eram submetidos. A maior delas ocorreu
em Roma sob a liderança do escravo Espártaco.
Além do problema com os escravos, a República Romana, enfrentou um superpovoamento
de suas cidades, principalmente de plebeus que retornavam das guerras empobrecidos,
fazendo com que formassem um grande número de pessoas sem trabalho.
A fim de conter os problemas internos, os irmãos Tibério e Caio Graco, pertencentes ao
Tribuno da Plebe, tentaram promover reformas sociais entre os anos de 133 a 122 a.C.
Dentre essas medidas estavam a reforma agrária, que limitava o tamanho das
propriedades rurais e propunha a distribuição de terras para camponeses pobres através
da desapropriação das grandes propriedades dos patrícios. Essas propostas sofreram forte
oposição dos patrícios no Senado e os irmãos Gracos acabaram sendo assassinados.
Nesse período, o governo romano novamente entra em uma crise social: os conflitos entre
patrícios e plebeus se intensificam e explodem revoltas de escravos e dos povos conquistados
por várias regiões de domínio romano.
Na tentativa de solucionar essa crise, em meados do século I a.C., o Senado aumenta
para três o número de cônsules, todos chefes militares. A República Romana implantava o
Triunvirato (palavra que em latim significa “junta de três homens”) e o primeiro foi organizado
em 60 a.C. pelos generais Pompeu, Crasso e Júlio César.
Pompeu ganhou prestígio por suas vitórias na Sícilia, Península Ibérica (onde atualmente
se localizam os territórios de Portugal e Espanha) e na África. Crasso morreu em uma guerra
de conquista na Ásia, e Júlio César, juntamente com sua legião, conquistou a Gália (atual
França).
Com a morte de Crasso, Júlio César (100-44 a.C) tornou-se o único governante de Roma,
assumindo os poderes de cônsul, tribuno, sumo sacerdote e supremo comandante do
exército.
A fim de ganhar apoio popular, promoveu diversas reformas como a criação de novas
colônias para a ocupação da plebe, concessão de cidadania romana aos povos conquistados
e determinou que os grandes proprietários de terras empregassem uma certa quantidade de
trabalhadores livres.
Descontentes com essas medidas, os patrícios conspiraram contra César que foi
assassinado em 44 a.C., a punhaladas em pleno Senado.
125
Após a morte de César, seus defensores organizaram um Segundo Triunvirato formado
por Otávio, que governava o Ocidente, Marco Antônio, o Oriente e Lépido a África.
Assim como aconteceu com César, Otávio acumulou poderes e títulos como o de princeps
senatus (chefe do Senado e Primeiro Cidadão), Augusto (sagrado), procônsul (principal
comandante militar), pontífice máximo (chefe religiosos) e principalmente o de Imperador de
Roma.
Dessa forma, Otávio Augusto, como passou a ser chamado, tornou-se o primeiro Imperador
de Roma. Era o fim da República e o início de outro período da história romana: o Império.
Durante o seu governo (de 27 a 14 a.C.), Otaviano Augusto realizou novas conquistas,
dentre elas a região da Palestina, e procurou manter a paz nos territórios conquistados
estabelecendo a chamada pax romana que se prolongou por mais duzentos anos.
A fim de diminuir o descontentamento de plebeus, escravos e povos conquistados, criou
teatros (com apresentações de peças de comédia), circos (onde aconteciam corridas de
cavalos atrelados a carros de combates), anfiteatros (destinados às lutas de gladiadores),
termas ou banhos públicos, rede de esgoto, aquedutos e estradas.
Essas medidas faziam parte da chamada “política do pão e circo”. Utilizada desde o
período republicano, essa política consistia na realização de grandes espetáculos a céu
aberto gratuitos e na distribuição de trigo, ingrediente básico para a produção do pão. Assim,
grande parte da população que vivia na miséria esquecia dos problemas cotidianos.
Durante esse período, Roma viveu uma grande fase na economia tornando-se a capital do
mundo antigo e o centro comercial entre as diferentes partes do Império.
SACANNEAR
IMAGEM
“Maquete de Roma Antiga”
Livro:Projeto Araribá – 5 série
Página 189
Foi durante o Império que nasceu Jesus Cristo, na Palestina, uma das províncias romanas.
Sua história pode ser encontrada na Bíblia, no Novo Testamento. Contam as Sagradas
Escrituras que aos 30 anos, dizendo ser o messias esperado, Jesus Cristo começou a
percorrer as cidades, pregando o amor, a paz, a igualdade entre os homens, a ressurreição e
a vida eterna aos bons e a crença em um único Deus.
Essas ideias não foram vistas com bons olhos pela autoridade romana, e durante o reinado
do Imperador Tibério (14-37 d.C.), Jesus foi acusado de traidor, agitador e blasfemo e acabou
sendo condenado à pena máxima romana: a crucificação.
126
Nem mesmo a sua morte fez com que os seus ensinamentos ficassem esquecidos, pois,
através de seus apóstolos e seguidores, eram transmitidos para diversos povos do Império.
A proposta dos seguidores de Jesus Cristo, que ficaram conhecidos como cristãos, era de
uma religião universal.
Os cristãos, durante muito tempo, foram perseguidos pelos romanos, pois não participavam
das cerimônias oficiais do Império, não cultuavam o Imperador, não aceitavam o politeísmo
e não prestavam serviço militar.
Essa perseguição só teve fim quando o Imperador Constantino concedeu liberdade de
culto a todos os povos cristãos através do Edito de Milão assinado em 313 e no século IV,
com o Imperador Teodósio (346-395), o cristianismo se tornou a religião oficial do Império.
A partir do século III, o Império Romano começou a enfrentar uma séria crise política,
econômica e social, decorrente das disputas pelo poder entre generais e senadores, má
utilização do dinheiro público, falta de mão-de-obra escrava (decorrente da diminuição das
conquistas) e uma diminuição na produção agrícola.
Outro fator que contribuiu para aumentar ainda mais essa crise foram as invasões das
fronteiras do Império por povos bárbaros que eram na sua maioria, de origem germânica,
como os alamanos, burgúndios, francos, godos, ostrogodos, saxões, suevos, vândalos e
visigodos. Esses povos se deslocaram em direção ao sul da Europa penetrando na fronteira
à procura de terras férteis.
De cultura tribal e seminômade, dedicavam-se na maior parte do tempo à agricultura, ao
pastoreio e à guerra. Muitos já agiam como aliados dos romanos incorporados aos seus
exércitos.
Durante o século V, essas invasões se tornaram incontroláveis, principalmente quando os
hunos (povos guerreiros da Mongólia, leste da Ásia), promoveram saques e matanças por
onde passavam, o pressionando os germânicos a adentrarem cada vez mais na fronteira do
Império.
Ao mesmo tempo em que ocorriam essas invasões, as cidades do Império eram abandonadas
e grande parte da população se estabelecia no campo nas grandes propriedades rurais.
Assim, parte de tudo que era produzido, destinava-se aos donos das terras que, em troca,
davam proteção e moradia aos trabalhadores. Esse sistema de trabalho ficou conhecido
como colonato.
A fim de conter as invasões, em 395, o Imperador Teodósio dividiu o Império Romano
em duas partes: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano
do Oriente, com a capital em Constantinopla (cidade construída onde antes era Bizâncio,
antiga colônia grega).
O Império Romano do Oriente conseguiu sobreviver por aproximadamente mais mil anos,
até 1453. Já, o Império Romano do Ocidente, não resistiu: em 476, os hérulos, um dos povos
bárbaros, invadiram e conquistaram Roma. Seu chefe, Odoacro, assumiu o poder com o
título de rei de Roma.
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Esse acontecimento provoca a queda do Império Romano do Ocidente e, segundo muitos
historiadores, marca também o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.
Apóstolos: nome dado aos seguidores de Jesus Cristo para divulgar a sua mensagem;
discípulos.
Blasfemo: que ofende a divindade ou religião.
Desapropriar: privar da posse de propriedade ou de sua terra.
Província: territórios conquistados fora da península Itálica e eram governados por
magistrados romanos que deviam pagar impostos. Em geral, a cultura e a organização
administrativa do local conquistado era preservada.
Reforma Agrária: conjunto de medidas que tornam a propriedade, a posse e o uso da
terra acessível a um número maior de pessoas ou famílias.
“Roma, no apogeu do Império, era uma cidade superpovoada e muito rica. Entretanto, a
beleza de seus templos, basílicas, termas e teatros contrastava violentamente com a miséria
visível em sua ruas. A cidade cresceu desordenadamente e sem nenhum planejamento
(...). Por essa razão, os habitantes da maior metrópole do mundo antigo estavam sujeitos
a condições muito pouco satisfatórias em termos de saneamento, higiene e conforto.
(...) Nos fins da República, as ruas da Roma Antiga não eram pavimentadas e sim muito
sujas. Havia leis que proibiam a população de sujá-las com qualquer tipo de detritos;
mesmo assim, o povo jogava nas ruas as mais variadas espécies de imundícies. Como
resultado, o mau cheiro era uma constante em toda a cidade.
O movimento nas ruas de Roma era intenso. Carroças, liteiras, cavaleiros montados,
vendedores ambulantes, mendigos, amestradores de serpentes, engolidores de espadas,
professores dando aulas, além de cães e porcos correndo e uma multidão indo e vindo.
(...) O barulho era terrível durante o dia, não diminuía muito nas ruas romanas quando a
noite chegava.
Percorrer as ruas romanas à noite não era programa muito recomendável. Os ataques
de ladrões, que agiam sem dificuldades, pois elas não eram iluminadas (cada transeunte
levava uma espécie de lanterna, para clarear seu caminho), e também o perigo de
atropelamento pelos veículos eram dois bons motivos para que a população evitasse
deixar suas casas depois do pôr-do-sol.”
O.L. Ferreira. Visita a Roma Antiga. São Paulo: Moderna, 1993.
d) Produza um texto com ilustrações de como seria viver na cidade de Roma durante o
período Imperial.
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4. Compare o mapa a seguir com o do Império Romano e responda: “O que aconteceu com
o território que pertencia aos romanos depois das invasões bárbaras?”
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