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Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Define com perfil e ser Destemperada e a voz enrouquecida,
Este fulgor baço da terra E não do canto, mas de ver que venho
Que é Portugal a entristecer — Cantar a gente surda e endurecida.
Brilho sem luz e sem arder O favor com que mais se acende o engenho
Como o que o fogo-fátuo encerra. Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Ninguém sabe que coisa quer.
Düa austera, apagada e vil tristeza.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?) LUSÍADAS
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
MENSAGEM
No poema Nevoeiro…
Este poema define a atualidade portuguesa como decadência, dispersão
e névoa (fazendo lembrar a “austera, apagada e vil tristeza”). O poema aponta
para um tom geral de disforia, de tristeza e melancolia, marcado por palavras e
expressões de negatividade, caracterizando uma situação de crise a vários níveis:
crise política (v.1), crise de identidade (vv.3-6), crise de valores morais (vv.7-9)
e crise de unidade (vv.11-12)
Apelo à construção de um futuro diferente (“É a hora!”)