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Álvaro de Campos

Álvaro de Campos é um dos quatro heterónimos mais conhecidos, o verdadeiro alter


ego do criativo e misterioso Fernando Pessoa. Como alter ego de Pessoa, Álvaro de
Campos sucedeu a Alexander Search, um heterónimo que surgiu ainda na África do
Sul, onde Pessoa passou a infância e adolescência.

Pessoa afirmava que entrava na personalidade de Álvaro de Campos quando sentia


"um súbito impulso para escrever" e não sabia o quê, exprimindo através do seu
heterónimo toda a emoção que não era capaz de dar nem a si nem à vida, sendo por
essa razão apresentado como um “corpo-alma errante” e um dos transbordamentos
do poeta, isto porque os versos atribuídos a ele eram tidos como febris.
Ao longo de toda a obra de Álvaro de Campos podemos distinguir três fases,
decadentista, futurista/sensacionista e por último a fase intimista e pessoal.

Primeira Fase - Decadentista:


O decadentismo é a fase do “Opiário” que tem como principal característica a visão
pessimista do mundo, evidenciando sentimentos de tédio e cansaço e uma
necessidade dolorosa de novas sensações. Essa necessidade de fuga à monotonia
aproxima os poemas de Álvaro de Campos ao Romantismo e ao Simbolismo.

Segunda Fase - futurista/sensacionista:


Nesta segunda fase Whitmaniana é possível ver a influência e a atração pelas
máquinas, pelo progresso e pela vida moderna (futurismo), e a totalização e
intelectualização das sensações de modo excessivo e extasiaste, ou seja, o desejo de
“sentir tudo de todas as maneiras” e de “ser toda a gente a toda parte”,
predominando aqui uma angústia existencial.

Terceira Fase - intimista e pessoal:


Esta é a fase mais parecida com Fernando Pessoa, dado que o sujeito poético tem
consciência que não é possível ter todas as sensações ao mesmo tempo. É nesta
terceira fase que existe um encontro com o ortónimo, pois nela encontramos
novamente um “eu” incompreendido, angustiado e cansado, destacando-se a solidão
interior, a nostalgia da infância, a dor de pensar e a incapacidade de amar.
Enquanto Caeiro acolhe tranquilamente as sensações, Campos experimenta-as
febrilmente e excessivamente, tão excessivamente que, querendo “sentir tudo, de
todas as maneiras”, parece esgotar-se, caindo numa espécie de apatia melancólica que
o aproxima de Pessoa com quem partilha o ceticismo, a fragmentação e a procura do
sentido que está para além da realidade.

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