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Podemos considerar através do estudo dos poemas da fase intimista

de Álvaro de Campos, que este não se adaptou tão bem como é referido na
fase futurista. Isto é,nesta terceira fase este heterónimo tem a consciência do
fracasso de todos os seus sonhos e aspirações e, por isso, sente nostalgia
de infância tal como o ortónimo e exprime o vazio e o tédio existencial que
sente dentro dele.
Naturalmente, Campos exprime inadaptação à modernidade (“não me
enfileirem conquistas / Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)”)
sentindo-se como um “doido”, vivendo à margem da sociedade. Além disto, o
heterónimo ainda assume um tom introspetivo e pessimista (“É estar eu
sobrevivente a mim mesmo como um fósforo frio”) , relacionado com a dor de
pensar tal como Fernando Pessoa. Por isso se diz que Álvaro de Campos é o
“alter ego” de Pessoa, ou seja, há uma aproximação aos pensamentos do
ortónimo.
Assim, nos poemas “Lisbon revisited (1923)” e “Aniversário”, Campos
expressa a solidão e o isolamento que sente em relação à sociedade ao
sentir dificuldade em socializar. Neste modo, a terceira fase dele é marcada
pelo desajustamento face ao presente e aos outros.

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