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Ortónimo

Fernando Pessoa possui diversos heterónimos, personagens com personalidades distintas.


Entretanto, há no poeta uma personalidade poética que mantém o nome de Fernando
Pessoa, designando-se então por ortónimo.

Fernando Pessoa traz como temáticas:


★ A saudade;
★ O ceticismo e a esperança;
★ Identidade e inconsciência;
★ Consciência;
★ Felicidade;
★ Amor;
★ Coração e angústia;
★ Sinceridade e fingimento;
★ A missão a cumprir e a evasão do sonho;
★ Razão e loucura;
★ Pensamento e ilusão;
★ Solidão da alma desde a infância;
★ A viagem como forma de sentir e ser;
★ Verdade;
★ Indiferença;
★ Cansaço;
★ Tempo;
★ Destino;
★ Sorte;
★ Morte.

Consciência e Inconsciência (a dor de pensar)

Em seus poemas, Fernando Pessoa aborda a temática da consciência e inconsciência. Esta


temática advém da angústia do poeta em relação à dor de pensar, “a consciência
impede-nos de ser simplesmente felizes”.
Em poemas como “Gato que Brincas na Rua” e “A Ceifeira”, o poeta demonstra sentir inveja
por ambas as figuras (o gato e a ceifeira) por serem inconscientes da realidade. O gato
conhece-se completamente sem passar pelas dificuldades do pensamento “És feliz porque
és assim” e a ceifeira igualmente.
Fernando Pessoa também reflete sobre como a vida é breve para coisas que pesam tanto
como a ciência e o estudo, derivando um estado emotivo, perturbado e insatisfeito.
O poeta reconhece que apenas a ausência de interrogação conduzirá à felicidade, porque o
conhecimento da essência das coisas é inacessível

O Fingimento Artístico

A poética do ortónimo de Fernando Pessoa passa por um processo de intelectualização, o


poeta filtra tudo através da inteligência.
Existem 3 níveis de dor para Fernando Pessoa:
A dor sentida: Dor vivida no imediato, dor não racionalizada;
A dor pensada: Dor refletida, momentos mais tarde, após o acontecimento que a originou;
Percepção do leitor em relação à dor: Dor sentida por parte do leitor, ao ler o que o poeta
escreve, tendo em conta as suas vivências.
A dor sentida e pensada caracteriza a produção artística; e a percepção do leitor em relação
à dor transmitida no poema constitui a receção.

Fernando Pessoa finge sentimentos e emoções, a verdade em seus poemas é


artisticamente trabalhada, “O poeta é um fingidor” (“Autopsicografia”). Fernando Pessoa
intelectualiza o sentimento.
No poema “Autopsicografia”, Fernando Pessoa explica a forma como todo poeta finge ao
transmitir suas emoções, com objetivo de entreter o leitor que sente o que o poeta escreve.
Dessa forma “a razão entretêm o coração”.
Enquanto isso, no poema “Isto” concretizam-se as considerações sobre o fingimento
artístico, o poeta explica a forma como intelectualiza as suas emoções.

Sonho e Realidade

Existem duas possibilidades de resposta para os sonhos que Fernando Pessoa fala em
seus poemas:
★ Pode ser entendido como a vivência, por alguém adormecido, de recordações ou
traumas que se manifestam;
★ Pode referir-se ao “sonhar acordado”, projetos orientados para um futuro que há de
vir. Sonho entendido como desejo de atingir alguma coisa e como perspetiva de
escapar ao sofrimento.
Poema: “Às vezes, em sonho triste”

A Nostalgia da Infância

A nostalgia da infância é um dos temas fundamentais da obra Fernando Pessoa ortónimo


partilhado pelo heterónimo Álvaro de Campos.
Para Pessoa, a Infância é o passado irremediavelmente perdido, o tempo longínquo em que
era feliz sem saber que o era, o tempo em que ainda não tinha iniciado a procura de si
mesmo e por isso não se tinha fragmentado. Em muitos poemas o poeta exprime a
memória dessa infância suscitada por estímulos que o lembram do passado.
A morte prematura do pai, aliada à morte do irmão, no ano seguinte, foram factos
marcantes na vida de Pessoa, que não pode aproveitar o passado nem voltar a vivê-lo,
como procurou exaustivamente durante a sua existência e o demonstrou na sua poesia.
A nostalgia da Infância associa-se à dor de pensar na medida em que o poeta sente
saudade de quando era criança, pois nesse tempo era feliz inconscientemente.
Expressão da saudade: Pessoa sente saudade da liberdade, de não ter direitos nem
deveres; de um estado em que a reflexão ainda não atormentava.
Pessoa arrepende-se no presente quando este é posto lado a lado com o passado. Pessoa
sente quase sempre que não conseguiu atingir o que pretendia atingir, e que o seu presente
é um passado falhado. Imaginaria muito mais para si - uma felicidade e um sucesso, que
não encontra no que vive.
Poema: “O avô e o neto”

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