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A poesia do ortónimo é uma tentativa de resposta a várias inquietações que perturbam o poeta. A realidade
por si percecionada causa-lhe uma atitude de estranheza, e consequentemente, condu-lo a uma situação de negação
face ao que as suas perceções lhe transmitem. Assim, Pessoa recusa o mundo sensível, privilegiando o mundo
inteligível (platónico).
Alberto Caeiro nasceu em Lisboa e não teve profissão, nem educação (só escola primária). Apresenta-se como
um “guardador de rebanhos” (que na verdade são pensamentos). Só se importa em ver a realidade de forma objetiva
e natural, com a qual contacta a todo o momento.
Mestre de Fernando Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao ato de observar e às
sensações, através de um discurso em verso livre e espontâneo. Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem
princípio e sem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso. Aproveita cada momento da vida e cada sensação
que esta lhe presenteia.
Fazer poesia para o sujeito poético é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive no presente e não se
interessa por os outros tempos e impressões, sobretudo visuais, e ainda porque recusa a introspeção, a subjetividade,
sendo assim, um poeta do real objetivo.
Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero e combate o vício de
pensar que tanto atormenta Fernando Pessoa.
Notas:
Ricardo Reis nasceu no Porto em 1887 e formou-se em medicina. Foi um poeta sensista, materialista e
neoclássico. É um poeta epicurista triste, pois defende o prazer do momento “carpe diem” (aproveite o momento)
como caminho para a felicidade.
Apesar de procurar este prazer e de querer alcançar a felicidade, considera que nunca se consegue a verdadeira
calma e tranquilidade, ou seja, sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor,
conseguida pelo esforço estoico (naturalismo).
Epicurismo
Busca da felicidade Fuga à dor
Moderação dos prazeres Ataraxia (tranquilidade que evita as perturbações)
Estoicismo
Aceitação das leis do destino (leis da natureza) Indiferença face às paixões e à dor
Abdicação de lutar Autodisciplina
Horacionismo (Horácio foi um grande autor clássico e uma referencia para os artistas renascentistas)
“Carpe diem”: viver o momento Aure mediocritas – a felicidade está na natureza
Notas:
O Eu lírico dirige-se muitas vezes à segunda pessoa do singular (no poema “Não tenhas nada nas mãos” por
exemplo) fazendo o uso do imperativo, a quem aconselha uma vida estoica e desapegada de perturbações
(paixões);
Quando morremos, o Homem resume-se a nada mais, nada menos do que uma lembrança. Não interessa o
quanto rico e quando poder possuía;
O poeta usa muitas vezes a figura de estilo eufemismo (atenuação da realidade > morte);
Uso muitas vezes advérbios como: tranquilamente, silenciosamente, sossegadamente… que reforça a ideia da
ausência total de perturbação (ataraxia = epicurismo);
No poema “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”, verso 5 (Depois pensemos…) > uso da razão;
Usa também o sensacionismo (“ouvindo” e “vendo-o”…);
O SP apresenta á Lídia um programa de relacionamento determinado pela aguda consciência da dor que a
natureza precária do Homem provoca (efemeridade da vida);
Preferência pela natureza a qualquer outro valor > nega emoções intensas;
A natureza cumpre o seu ciclo; o tempo passa a caminho para a morte;
A ataraxia e o desejo de indiferença revelam a angústia do SP com a ideia de antecipação da morte. O SP não
reage ao fluir do tempo, fica indiferente.
Álvaro de Campos: O poeta da modernidade
Nasceu em 1890 em Tavira e é engenheiro de profissão. Pessoa considera que Campos se encontra no
“extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ambos serem discípulos de Caeiro (Campos conheceu
Alberto Caeiro, numa visita ao Ribatejo e tornou-se seu discípulo: «O que o mestre Caeiro me ensinou foi a ter clareza; equilíbrio,
organismo no delírio e no desvairamento, e também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma, mas com alma»).
Distancia-se, no entanto, muito do seu mestre ao aproximar-se de movimentos modernistas como o futurismo
e o sensacionismo. Distancia-se do objetivismo e perceciona as sensações distanciando-se do objeto e centrando-se no
sujeito, caindo, pois, no subjetivismo que acabará por enveredar pela consciência do absurdo, pela experiência do
tédio, da desilusão .
O sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta integrar e unificar
tudo o que tem ou teve existência ou poderá vir a existir.