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Síntese

Unidade 1.1

Fernando Pessoa
Poesia do Ortónimo
Síntese
Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Poesia do ortónimo – estilo e forma

Poemas com métrica


Musicalidade suave Utilização de símbolos
geralmente curta

noite
mar
rosas
rio azul
brisa fonte
Síntese
Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

PESSOA ORTÓNIMO
Traços temáticos  solidão interior

 inquietação perante o enigma indecifrável do mundo

 tédio

 nostalgia

 falta de impulsos afetivos

 desânimo perante a vida

 anseios de alma
Síntese
Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

O fingimento artístico

«Eu simplesmente sinto / Com a imaginação. / Não uso o coração».

Pessoa ortónimo distingue-se por traços peculiares:

avesso ao sentimentalismo;

as suas emoções são pensadas/intelectualizadas


ou simplesmente vivências de estados imaginários.

Norberto Nunes,
Dizem que finjo ou minto, 2011.
Síntese
Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Autopsicografia
 O poeta é um «fingidor», é um construtor de
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente imagens poéticas, que transmuta as
Que chega a fingir que é dor emoções e experiências vividas no real para
A dor que deveras sente. o plano do intelecto e das ideias.

E os que leem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,  O ato de fingir, a dor sentida, em
Mas só a que eles não têm. imagens poéticas, atinge um grau
de perfeição estético de tal ordem, que a
E assim nas calhas de roda «dor fingida» (a da escrita) se afigura
Gira, a entreter a razão,
mais real ao eu lírico do que a que
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
sentiu (na realidade) e intelectualizou.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu – Obra Essencial


de Fernando Pessoa (ed. Richard Zenith), 3.ª
ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 241
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

O fingimento artístico

 O fingimento está presente na obra de


Fernando Pessoa, relacionando-se com a
heteronímia.

Recusa de
 A imaginação sobrepõe-se ao coração.
espontaneidade
e emotividade
literárias
 O fingimento, a falta de sinceridade, a
intelectualização das emoções e das sensações
experienciadas contribuem para a construção do
poema.
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

«[...] Quando lhe chega aos ouvidos uma vaga música desconhecida que não
parece ser deste mundo, agradece e sorri, embora com tristeza, porque essa
música vem sempre do outro lado do muro intransponível [...].
Existiu ou foi imaginada? Não sabe responder. Hesita entre uma fé ocultista
[...] e a suspeita de que tudo é sonho ou aparência sem fundo, esta
vida e a outra que pressentiu.»

Jacinto do Prado Coelho, Unidade e Diversidade em Fernando Pessoa,


Lisboa, Editorial Verbo, 1987, pp. 41-42.
Síntese
Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

A dor de pensar
«O privilégio de uma extrema lucidez paga-se caro»

 Intelectualização excessiva causa sofrimento, angústia e frustração,


impossibilitando o sujeito de alcançar o estado de felicidade.

 Dicotomia consciência/inconsciência; pensar/sentir.

 Desejo de evasão: ser outro inconsciente e feliz.

 Impossibilidade de ser conscientemente inconsciente.

Pessoa experimentou a dura realidade de lhe ser inacessível a felicidade, pois


o conhecimento impede o alcance de tal estado.
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Sonho e realidade

Transmutação entre a Indistinção entre


realidade e o mundo estados ilusórios e
onírico reais

Evasão e refúgio,
através do sonho
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Sonho e realidade

«[...] Se os sonhos são a matéria de


que a arte se faz, eles mesmos são feitos
de fragmentos da vida. Tal como a arte é
montagem de sonhos, os sonhos são
montagem de imagens da experiência
vivida. Os conceitos de sonho e de arte
tornam-se intermutáveis.»
Salvador Dalí, O Sono, 1937.

Fernando Cabral Martins, Introdução ao Estudo de Fernando


Pessoa,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, pp. 75-80
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

A nostalgia da infância

 A saudade de ter sido inconscientemente feliz


conduz à nostalgia da infância.

 A infância surge em Pessoa como um paraíso


perdido.
 Este período da vida simboliza a inocência,
inconsciência e felicidade.

Edvard Munch,
Rua em Åsgårdstrand, 1902.

• Desejo frustrado de reviver a infância no presente.

• Saudade de um passado («fingido artisticamente») feliz.


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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Linguagem e estilo
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,  Emprego das formas da lírica tradicional
Invejo a sorte que é tua portuguesa: quadras e quintilhas e versos
Porque nem sorte se chama. frequentemente em redondilha menor e
maior.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,  Regularidade estrófica, métrica e rimática.
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
 Musicalidade: presença de rima,
És feliz porque és assim, aliterações e transporte.
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Fernando Pessoa, op. cit., p. 234
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Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Linguagem e estilo

 Vocabulário simples mas pleno de símbolos.

 Simplicidade na construção sintática.

 Uso da pontuação expressiva.

 Recursos expressivos abundantes (metáfora, antítese, comparação,


repetição, interrogação retórica, …)

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