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PROPOSTA DE A INVISIBILIDADE SOCIAL DE PESSOAS

R E D A Ç Ã O EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL

TEXTO 01 espaços, também são utilizados locais degradados, como


prédios e casas abandonados e carcaças de veículos, que têm
“O desprezo social e o não reconhecimento dão origem ao pouca ou nenhuma higiene.
sentimento de invisibilidade. Na sociedade do espetáculo na
Os “moradores de rua” são um grupo heterogêneo, isto é,
qual nós vivemos, o invisível tende a significar o insignificante.”
pessoas que vêm de diferentes vivências e que estão nessa
(PINTO DE SÁ, 2008, p 3). Nessa perspectiva, entende-se
situação pelas mais variadas razões. Há fatores, porém,
que a desigualdade é a principal fonte desse espetáculo
que os unem: a falta de uma moradia fixa, de um lugar
diário que se passa nas ruas em um cenário de humilhação
para dormir temporária ou permanentemente e vínculos
e moradia. Em virtude disso são tratados como fracassados,
familiares que foram interrompidos ou fragilizados.
fedorentos, mendigos, vagabundos e insignificantes. Essa
imagem tão estereotipada é criada graças a uma sociedade As características acima foram conceituadas em 2005 pelo
capitalista que aos poucos foi estabelecendo “normas” que Ministério do Desenvolvimento Social como os fatores
para serem visíveis é necessário “ter” carro, casa, emprego intrínsecos à condição de rua e constam na Política Nacional
etc. Por não possuírem esses requisitos e viverem da rua, são para a População em Situação de Rua (decreto nº 7.053 de 2009).
reconhecidos e vistos como lixos urbanos. Assim, Escorel
Fonte: https://www.politize.com.br/pessoas-em-situacao-de-rua/
(1999), se refere ao processo que envolve trajetórias de
vulnerabilidade, fragilidade ou precariedade, e até ruptura
dos vínculos nas dimensões sócio familiar, do trabalho, das TEXTO 03
representações culturais, da cidadania e da vida humana.[...]
“Ser invisível significa, por óbvio, não ser visto, mesmo IPEA: POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
estando presente no ambiente em questão, ser invisível é NO BRASIL SUPERA 281 MIL
não fazer parte do todo, mesmo que se queira participar.” Em dez anos, esse segmento vulnerável cresceu 211%
(UHLEIN, s/d) A autora ratifica que a problemática da
invisibilidade social com moradores de rua é justamente A população de rua superou as 281 mil pessoas no Brasil em
serem vistos apenas fisicamente como meros “sacos de lixo” 2022. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, após
nas calçadas, e não como seres de direitos e deveres. a pandemia de covid-19. Essa é a conclusão de um estudo do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
As pessoas perdem suas casas, o apoio familiar e passam a
viver sem estabilidade. A rua passa a ser sua nova casa, e os No período de dez anos, de 2012 a 2022, o crescimento desse
que ali já se encontram, sua nova família. Com isso, tornam-se segmento vulnerável foi de 211%. Segundo dados do IBGE, o
indivíduos “vegetativos” onde não mais produzem, perdem aumento populacional brasileiro foi de 11% entre 2011 e 2021.
seus direitos de expressão e de exercerem o seu papel de A Região Sudeste concentra pouco mais da metade da
cidadãos. A precária vida desses indivíduos fornece situações população em situação de rua do país: são 151 mil pessoas.
vulneráveis, como drogas, DSTS e outras, onde a sua saúde Na sequência estão Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. A
deveria estar sobre cuidados, mais em razão de serem vistos pesquisa destaca a Região Norte, onde está a menor parcela
como fracassados e fedorentos, são vítimas de preconceito em de população de rua do país, mas que, no entanto, mais que
ambientes como em hospitais e PSF, que em muitos casos não dobrou de 2019 para 2022, saindo de 8 mil para mais de 18
chegam nem a adentrar nesses locais por se sentirem inferiores. mil pessoas vivendo nas ruas.
Para Porto (2006, p.1) “o conceito de Invisibilidade Social tem
sido aplicado, em geral, quando se refere a seres socialmente Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/
noticia/2023-02/ipea-populacao-em-situacao-de-rua-no-brasil-
invisíveis, seja pela indiferença, seja pelo preconceito, o que
supera-281-mil
nos leva a compreender que tal fenômeno atinge tão somente
aqueles que estão à margem da sociedade”
Revista Tempo Amazônico - ISSN 2357-7274| V. 6 | N. 2 | jul-dez de TEXTO 04
2019| p. 131-153. Fonte: https://www.ap.anpuh.org/download/
download?ID_DOWNLOAD=2085

TEXTO 02
O QUE É A “SITUAÇÃO DE RUA”?
Pessoas que passam as noites dormindo nas ruas, sob
marquises, em praças, embaixo de viadutos e pontes são
consideradas pessoas em situação de rua. Além desses
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R E D A Ç Ã O EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL

“Esse é um fenômeno social complexo que, no Brasil,


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tem relação com o racismo estrutural. Essas pessoas são
historicamente inviabilizadas e silenciadas e estão tendo seus
direitos violados recorrentemente”, afirma o pesquisador e
coordenador do POLOS-UFMG, André Luiz Dias.
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/10/13/ao-
menos-38-mil-novas-pessoas-comecaram-a-viver-nas-ruas-desde-o-
inicio-da-pandemia-no-brasil.ghtml

TEXTO 05
REDE POP RUA: GESTÃO COMPARTILHADA DA
REPÚBLICA ESTIMULA O PROCESSO DE SAÍDA DAS RUAS
“Capitães da areia” nos faz refletir sobre menores em
“Quando a pessoa em situação de rua chega ao Centro Pop, situação de rua
que é o serviço de entrada da rede, nosso objetivo principal
“O livro narra a história de um grupo de crianças abandonadas
é trabalhar no seu plano individual de saída das ruas. Por
que vive pelas ruas de Salvador, capital da Bahia, os Capitães
isso divulgamos a campanha ‘Menos Esmola Mais Dignidade’,
da Areia. A obra é uma crítica social que, apesar de escrita
para alertar a população e as entidades filantrópicas sobre a
importância de inclusão dessas pessoas nos serviços, para que em 1937, permanece bastante atual em muitos aspectos.
sejam escutas e atendidas em suas demandas. Se elas tiverem A narrativa tem foco nesses garotos, como vivem nas ruas, os
vínculo com o Município e sinalizarem propósito de mudança pequenos furtos que cometem para a sua sobrevivência, as
de vida, seguem para a Casa de Passagem, Abrigos e, ao final, dificuldades pelas quais passam e o lugar onde dormem: um
também pela República, e têm a oportunidade de retomar seu trapiche abandonado, ou seja, um galpão, localizado em uma
protagonismo de vida e restabelecimento de vínculos sociais das praias da cidade.
e familiares”, explica a gestora da UGADS, Maria Brant.
O protagonista do romance é Pedro Bala, pai para uns, irmão
Segundo psicóloga Iracilda Souza, coordenadora do serviço para outros. É o líder dos Capitães da Areia, que leva a vida
pela OSC, modelo traz gestão compartilhada, inclusive de na malandragem da rua, com mandinga e ginga.
custos. “Todas as regras de convivência são construídas de
forma coletiva e partem deles. As únicas regras que vêm da Outros personagens importantes são Gato, o galanteador do
rede são a obrigatoriedade de estar trabalhando, contribuir grupo; Professor, que sabe ler e adora a leitura; Sem-pernas,
com ajuda de custo para o pagamento das contas domésticas personagem alegre que comove com sua história e sua
e refeições aos finais de semana e reservar mensalmente deficiência; e Dora, a única menina do bando, que luta para ficar
30% do salário em conta própria para que disponham de com os meninos e passa a ter um romance com Pedro Bala.
recursos próprios quando saírem do serviço e possam, por
Esse livro me fez enxergar com outros olhos as crianças em
exemplo, alugar um imóvel”
situação de vulnerabilidade. São capitães que lutam contra a
E acrescenta “O convívio baseado na liberdade tem como fome e a discriminação, numa sociedade onde a desigualdade
objetivo a reinserção social. Fazemos o acompanhamento social é gritante!”
ao longo do dia, mas monitoramento é feito à noite, pois no
Fonte: https://jornal.usp.br/universidade/estudo-analisa-a-
período noturno só estejam fora da residência quem estiver
violacao-dos-direitos-humanos-na-obra-capitaes-da-areia/ &
trabalhando. Isso tudo para que tenham autonomia. São
https://www.sertaozinho.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/8209/
regras deles, por exemplo, qual será a escala de limpeza.
capitaes-da-areia-nos-faz-refletir-sobre-menores-em-situacao-
Eles mesmos proibiram uso de álcool e drogas no local. E
de-rua#:~:text=%E2%80%9CO%20livro%20narra%20a%20
partiram deles também combinados como não sair usando
hist%C3%B3ria,bastante%20atual%20em%20muitos%20aspectos.
só toalha dos banheiros, ficar sem camisa, trazer visitas ou
namoradas, bem como namorar nas redondezas, para que
tenham boa convivência com os vizinhos”.
O período de permanência na República é de até dois anos,
mas o prazo pode ser prorrogado, conforme avaliação de
equipe técnica intersetorial.
Fonte: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2022/02/16/rede-pop-
rua-gestao-compartilhada-da-republica-estimula-o-processo-de-
saida-das-ruas/

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