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ÉTICA E CIDADANIA NO CONTEXTO DAS DESIGUALDADES

SOCIAIS

Na música são citadas crianças em situação de rua, retratando a realidade de


muitas cidades brasileiras, onde crianças por motivos diversos acabam
chegando à decisão extrema de sair de casa, ou mesmo, são abandonadas
para viverem à própria sorte; essas crianças se sentem invisíveis para suas
famílias, para a sua comunidade e até mesmo para o estado (RIZZINI;
COUTO, 2019). Essa condição de viver nas ruas, a ausência do ambiente
escolar, o trabalho infantil, a exposição à exploração sexual, envolvimento com
tráfico de drogas etc. deixa essas crianças suscetíveis a um cenário de
violação dos seus direitos (RIZZINI; COUTO, 2019). Nesse contexto, o
afastamento dessas crianças dos vínculos que poderiam lhe dar instrução para
poderem exercer a sua cidadania e expressar as suas demandas e, assim,
poderem se tornar agente das decisões que tem impacto na sua vida, é muito
nocivo e lhes tiram as chances de construirem projetos de vida com a
esperança de um futuro melhor (RIZZINI; COUTO, 2019). Nesse sentido o
papel da escola é muito importante, pois sem educação não é possível que se
crie um senso crítico e o reconhecimento de si próprio como cidadão que tem
seus direitos humanos garantidos por lei.
A música aborda fortemente o tema da desigualdade social, miséria, injustiças,
que são grandes feridas sociais no Brasil, uma questão ética social de difícil e
complexa solução (CORRÊA; CORRÊA, 2011). A ética é considerada um dos
pressupostos da cidadania e preconiza a igualdade humana; na letra da música
podemos observar o contrário disso, o letra fala de uma parcela da população
sem acesso à educação, sem emprego e qualificação, crescendo e vivendo em
ambiente violento, vivendo e vendo no diariamente injustiças sociais, sem
esperança na vida em comunidade e no estado (CORRÊA; CORRÊA, 2011). A
ética e a cidadania precisam andar juntas para que a sociedade possa exercer
seus direitos e deveres, a pobreza não deve ser encarada como escolha de
vida, ou seja, as pessoas em condições de pobreza, em sua maioria estão
nessa situação pelo ponto de partida da sua vida; dficilmente será visto um filho
de rico em situação de rua, portanto só haverá mudança social se houver uma
mudança profunda nas bases estruturais que definem e executam as políticas
públicas (RIBEIRO, 2017).

Referências
CORRÊA, Darcísio; CORRÊA, Tobias Damião. A ética da igualdade: em busca
de fundamentos universalizantes. Revista Direito e desenvolvimento,
Pernambuco, a. 2, n. 4, 2011. Disponível em:
https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/download/
181/163/.
RIBEIRO, Renato Janini. Jornal da USP. São Paulo, 2017. Disponível em:
https://jornal.usp.br/atualidades/exclusao-social-e-miseria-a-grande-questao-
etica-do-brasil/.
RIZZINI, Irene; COUTO, Renata Mena. Brasil do População infantil e
adolescente nas ruas: Principais temas de pesquisa no Brasil. Civitas -
Revista de Ciências Sociais., v. 19, n. 1, pp. 105-122, 2019. Disponível em:
<https://doi.org/10.15448/1984-7289.2019.1.30867>. Epub 08 Abr 2019. ISSN
1984-7289. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2019.1.30867 .

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