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CURSO: BACHARELADO EM PSICOLOGIA TURNO: NOITE

DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA SEMESTRE: 2 o.

O CONTEXTO SOCIAL E A LUTA POR SOBREVIVÊNCIA EM CAPITÃES DE


AREIA

PROFESSORA: ROCHELLY RODRIGUES HOLANDA

ALUNOS: CLEIDIMAR PAIVA ARAÚJO


FRANCISCA WAGELA DE SOUSA PINTO
KAYLANE SANTIAGO DOS SANTOS
MIRLA PINTO DE OLIVEIRA
VITÓRIA COSTA VIDAL

ITAPIPOCA-CE, JUNHO/2023
Introdução
O presente trabalho relata sobre o contexto social, histórico-cultural e a luta pela
sobrevivência de crianças que vivem em situação de rua, fala também sobre os descasos
sociais em que estes órfãos vivem no dia a dia. No livro “Capitães da Areia” de Jorge
Amado, a história trata-se um grupo de meninos de rua que foram abandonados por
suas famílias, a falta de assistência na saúde pública para com estas crianças e
adolescentes que é amparado por lei no ECA (Estatuto da Criança do Adolescente). Há
uma certa herança naturalista visível na precoce e promíscua vida sexual dos
adolescentes. O autor descreve um de seus personagens como: “Inimigo da riqueza e
do trabalho, amigo das festas, da música, do corpo das cabrochas, malandro, armador
de fuzuês, jogador de capoeira, navalhista, ladrão quando se fizer preciso.” (AMADO,
Capitães da Areia. 1937, n.p). Neste pequeno trecho o autor se refere ao personagem
Pedro Bala. Vale ressaltar, sobretudo, os conceitos da cultura em relação aos indivíduos
e o contexto social que eles estão inseridos.
No contexto, Identidade Social e Histórico-Cultural, pode ser construída de forma
individual ou coletiva, mas afinal o que entendemos por identidade social? De fato,
identidade individual no contexto social abrange o ato de inserir ou incluir sentimentos
que se enquadrem em um determinado grupo. A identidade tem a função de distinguir, de
marcar as diferenças, como também, igualdades físicas, emocionais e comportamentais
dos indivíduos. Já a Identidade Social é definida pelo conjunto de papéis que
desempenhamos no dia a dia e atendem a manutenção das relações sociais representadas,
no nível psicológico, pelas expectativas e normas que os outros envolvidos esperam que
sejam cumpridas. Identidade é, sobretudo, consequência, convivência e condições sociais
que exercem uma mediação ideológica de uma consequência de opções que fazemos
devido a nossa constituição, seja ela, genética ou atrações de personalidade. Portanto a
identidade tem a função de distinguir, de marcar as diferenças ou igualdades físicas,
emocionais e comportamentais, dos indivíduos. Assumir, compreender e respeitar essa
diversidade é requisito para orientar a transformação de uma sociedade. Essa mesma
identidade é vista por outra perspectiva. Segundo a pesquisadora Kathryn Woodward,
Identidade apresenta uma interface entre o pessoal – que é o que está dentro de
nossas cabeças, como nós indivíduos nos sentimos sobre o que somos – e o
social – as sociedades em que vivemos e os fatores sociais, culturais e
econômicos que modelam e tornam possíveis as experiências para as pessoas
escolherem algumas identidades e considerarem outras como inacessíveis ou
impossíveis. (WOODWARD, 2000, p. 18).
Diante do contexto social em que estas crianças estavam inseridas, o grupo era
marginalizado pelas ruas da cidade, ao mesmo tempo que eram excluídos do resto da
sociedade, eram também retirados seus direitos.
Desenvolvimento
A condição social é decorrente de vários fatores, presentes em nosso cotidiano,
dentre eles estão, tipos de ambiente, tipos de linguagem, classe social, relações humana.
Assim, esses fatores moldam a cultura e a vida dos indivíduos de determinada sociedade
em que estejam inseridos. No entanto, a condição social se torna uma luta diária para
sobrevivência desses indivíduos, os mesmos possui uma necessidade de adaptação para
mudança dessas questões sociais. A pobreza, a desigualdade, o racismo e a diferença, é
uma problemática central abordada na obra “Capitães de Areia” de Jorge Amado, nesta
obra é apresentado uma série de descaso na sociedade em que meninos de salvador
encaram a injustiça e a marginalização em meio as demais classes.
Capitães de areia, é uma obra icônica da literatura brasileira, de Jorge Amado, que
trata de uma problemática social e histórico-cultural, a infância abandonada e delinquente
na capital baiana no ano de 1930. Por meio de uma obra cheia de lirismo e emoção, o
autor retrata em seu livro e expõe os graves problemas sociais que as elites sempre
ignoravam, expondo as classes rejeitadas e humilhadas que vivem em condições de
estado de estrema pobreza e ainda são vistas pela classe dominante como criminosos, ao
invés de serem vistas como vítimas. A história desses jovens órfãos e marginalizados,
mostra o cenário impactante da busca por sobrevivência em um ambiente adversário.
A obra começa criticando a conexão dos meios de comunicação com os interesses
e perspectivas da elite social da época, onde os capitães de areia já são mencionados como
infratores, e em oposição aos garotos em uma espécie de editorial afirma: […]”
(AMADO, 1996, p.6), e lembra ter informado a sociedade dos atos cometidos pelo grupo:
CARTAS A REDAÇÃO / CRIANÇAS LADRONAS / AS AVENTURAS
SINISTRAS DOS “CAPITÃES DE AREIA” – A CIDADE INFESTADA POR
CRIANÇAS QUE VIVEM DO FURTO – URGE UMA PROVIDÊNCIA DO
JUÍZ DE MENORES E DO CHEFE DE POLÍCIA – ONTEM HOUVE MAIS
UM ASSALTO. “já por várias vezes o nosso jornal, que é sem dúvida o órgão
das mais legítimas aspirações da população baiana, tem trazido notícias sobre a
atividade criminosa dos Capitães de Areia”(AMADO, 1996, p.6)
O papel da família desde o princípio é de suma importância para o
desenvolvimento do indivíduo na sociedade, está atrelado ao acompanhamento junto aos
filhos, estabelecendo condições mais adequadas com participação na vida dos pequenos.
No que diz Reis (2006), a família é uma instituição social, criada pelos homens de
diferentes maneiras, visando responder adequadamente às necessidades sociais.
[…] os indivíduos são educados para que venham a continuar biológica e
socialmente a estrutura familiar. Ao realizar seu projeto de reprodução social, a
família participa do mesmo projeto global, referente a sociedade na qual está
inserida. É por isso que ela também ensina a seus membros como se comportar
fora das relações familiares em toda e qualquer situação. A família é, pois, a
formadora do cidadão. ( REIS in LANE, 2006, p. 102).
No contexto social, o Brasil se torna um cenário arcaico de fatores econômico,
político e social, e são essas condições sociais que iremos discutir sobre o modo em que
as pessoas vivem. Sendo assim, o números de pessoas que são vulneráveis que não
possuem abrigos cresce diariamente, a repressão causada por essas pessoas que não
possuem onde morar, devem ser inseridas dentro dos problemas do contexto social, sendo
necessário recorrer as políticas públicas. Assim esses problemas na sociedade brasileira
como desigualdade estruturais e exclusão social devem ser repensando pelos órgãos
pertinentes. A instabilidade dos fatores sociais presentes no Brasil em meio ao tema
abordado, está inserido ao debate das organizações, de fato este contexto social está
diretamente incluso aos conceitos e costumes do nosso país.
A marginalização infantil é um problema social enfrentado por diversas
sociedades, principalmente aos menos favorecidos, a maioria dessas crianças são
abandonadas por suas famílias, ocasionado geralmente por várias questões, tais como:
dependência com drogas, alcoolismo ou prostituição. Por mais distante que pareça está,
no Brasil é comum ver crianças nas ruas vivendo em situações precárias e em situação de
rua, essas questões de desamparo faz com que o abandono dessa família seja disfuncional,
essas crianças passam a sofrer inúmeros preconceitos e crescem sem acesso a educação,
alimentação e saúde. No que diz KOTHE (2000), a criminalidade surge da pobreza e na
marginalização social, sendo consequência das desigualdades sociais.
[...] o cenário marcado pela pobreza é o ambiente no qual a marginalização nasce
e cresce. O abandono, a falta de instrução e as condições indignas são
consequências de um povo marcado pela desigualdade social. Historicamente,
as classes dominantes sempre mantiveram o monopólio das ideologias, no
entanto reproduzir a sociedade, levando em conta apenas a aparência construída
pelos interesses dominantes, desconhecendo seus problemas, seria negar sua
estrutura interna, ao passo que não se pode olvidar que a classe alta se afirma
à custa do rebaixamento de classe baixa (KOTHE, 2000, p. 85).
A situação dessas crianças é marcada pela carência no âmbito familiar e precária
no contexto social, de fato, é o espaço onde a hostilidade surge e desenvolve desleixe e a
falta de educação. Estas circunstâncias morais são efeitos de uma sociedade marcada pela
diferença econômica na sociedade.
O livro é uma narrativa que nos mostra escancaradamente a desigualdade social,
uma época marcada por falta de saúde pública, na qual os jovens foram expostos a varíola,
conhecida popularmente como “alastrim” e “bexiga”. O autor mostra o impacto que a
doença causou, principalmente na população mais vulnerável da sociedade no período.
A narrativa mostra a situação da saúde pública da época, o que mostra à desigualdade
social, enquanto a classe alta recebe vacinas e tratamento adequado, e os mais carentes
morrem em razão da epidemia. Relato segundo o autor a respeito da doença:
“E a varíola desceu para a cidade dos pobres e botou gente doente, botou negro
cheio de chaga em cima da cama. Então vinham os homens da saúde pública,
metiam os doentes num saco, levavam para o lazareto distante. As mulheres
ficavam chorando, porque sabiam que eles nunca mais voltariam” (AMADO
[1937] 2008, p.134).
Neste trecho o autor destaca a cruel realidade de uma parcela da população que vivia em
condições precárias, sofrendo com a chegada da varíola. A ausência de políticas públicas
e saúde para a população, levaram a uma série de negligências, a falta de recursos para
lidar com doenças na população mais vulnerável e a separação familiar devido às doenças
e a imposição das autoridades. Portanto, a ausência dessas políticas públicas na saúde,
pode resultar em falta de acesso a serviços médicos, falta de prevenção de doenças, falta
de educação em saúde e piora dos indicadores de saúde da população. É importante que
haja investimento e atenção governamental para garantir o bem-estar e a qualidade de
vida da população. No que diz a OMS: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.” – Organização
Mundial da Saúde (OMS). A saúde pública é um campo que se preocupa com a promoção,
proteção e melhoria da saúde da população como um todo. Envolve ações
governamentais, políticas de saúde, prevenção de doenças e acesso igualitário aos
serviços de saúde. A saúde pública de qualidade é fundamental para o bem-estar de uma
sociedade. Envolve a implementação de políticas, programas e serviços que visam
promover a saúde e garantir o acesso equitativo aos cuidados de saúde. Isso inclui ações
como vacinação, controle de doenças, educação em saúde, acesso a serviços médicos
adequados e infraestrutura de saúde eficiente. Uma saúde pública de qualidade não apenas
melhora a vida das pessoas individualmente, mas também contribui para o
desenvolvimento social e econômico de uma nação. Além disso, é importante destacar
que a participação ativa da comunidade e o envolvimento de diversos setores são
essenciais para alcançar uma saúde pública eficaz e sustentável.
Conclusão

O livro “capitães de areia” deixa uma repercussão contínua por meio de sua
mensagem social, que relata a realidade das crianças de ruas, uma obra que permanece
como um símbolo da injustiça social sobretudo enfrentadas pelas as crianças em
situação de fragilidade. É notório que tais problemas ainda precisam ser superados pelo
desenvolvimento social. A obra também por outro lado mostra a importância do vínculo
familiar, um grande problema visto até hoje como sem solução é o caso da infância
abandonada, isso porque a sociedade deveria ter um papel fundamental e ativo na
comunidade, além dos agentes responsáveis. Ocasionalmente, muitos adolescentes e até
crianças optam pelo caminho da marginalização em virtude da falta de oportunidades e
desafios diários no ambiente em que vivem. Nesse cenário, Amado mostra como a
situação social impacta no conflito desesperado por sobrevivência. O livro mostra uma
crítica dura ao abandono das autoridades e a desigualdade econômica que jogam essas
crianças para a sociedade. O autor mostra por meio dos personagens como a sociedade
coloca os jovens a margem e os jogam para o mundo do crime, embora essas crianças
ainda tenham esperança e sonhos de um futuro melhor, em uma humanidade que é
esquecida em uma sociedade onde a desigualdade é gritante. O romance de Jorge
Amado nos mostra o quanto a sociedade pode ser injusta, narrando como um tema
escrito na década de trinta é tão atual na sociedade. O autor mostra, ainda, a opressão de
representações sociais, que em vez que ajudar os jovens a reintegração na sociedade,
contribuem com a total exclusão, assim não os oferecendo oportunidade de educação e
inserção na sociedade.
A obra descreve a importância dos laços familiares, especificamente na vida dos
jovens. Pois a família representa o alicerce de formação de todo ser humano, nos
acompanha e ajuda no processo de crescimento com dignidade. Percebemos que os
problemas relatados na obra capitães de areia continua no processo de ser superado, e
ainda é visto atualmente como algo sem solução, isso se justifica por falta de iniciativa
dos agentes responsáveis que deveriam ter um papel ativo relacionado a essa
transformação e também da sociedade que contribui para a exploração e opressão dois
mais pobres, resultando apenas no interesse do ponto de vista da subordinação. A obra
também busca aderir informações para o fim da miséria, da exploração e principalmente
o abandono, buscando a mudança mesmo tendo a noção do caminho ser árduo e longo.
REFERÊNCIAS

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. 83 ed. Rio de Janeiro: Record, 1996.

https://www.scielo.br/j/tla/a/nvcJpF3RBxCQ6vD9VzfkwwR/

https://www.estadao.com.br/ciencia/ciencia-diaria/coluna-de-psicologia-a-familia-como-
instituicao-necessidade-material-e-funcao-biologica/

https://santandernegocioseempresas.com.br/conhecimento/gestao-de-negocios/por-que-e-
importante-entender-o-contexto-social-na-hora-de-fechar-negocios-fora-do-pais/

https://www.todamateria.com.br/o-que-e-
marginalizacao/#:~:text=Marginalização%20Infantil&text=Parece%20um%20disparate
%2C%20no%20entanto,aos%20estudos%2C%20alimentação%20e%20saúde

KOTHE, Flávio R. O herói. 2 ed. São Paulo: Atira, 2000.

https://bvsms.saude.gov.br/05-8-dia-nacional-da-
saude/#:~:text=Em%201.947%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial,apen
as%20a%20aus%C3%AAncia%20de%20doen%C3%A7a%E2%80%9D.

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