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RESUMO: A cultura, muitas vezes, influencia os sujeitos a criarem hábitos de consumo e excessos no dia a
dia que não condizem com a sua realidade. Nesse sentido, as formas de expressar a infância surgem
impregnadas de estereótipos que são reproduzidos ao longo da história da humanidade. Esse cenário não pode
ser naturalizado e a escola não pode ser neutra. A proposta que deve se colocar, diante deste contexto, é a
desconstrução dos estereótipos. Desconstruir Estereótipos é uma narrativa que contempla o debate sobre as
visões distorcidas de gênero, de raça, de classe, de culturas e de etnias. A desconstrução de estereótipos
dedica-se romper com as oposições historicamente produzidas e oportuniza às crianças viver a infância na sua
integralidade.
1
Professora dos Anos Iniciais dos Ciclos de Formação na rede municipal de Porto Alegre-RS, EMEF Saint’ Hilaire.
Graduanda em Matemática Licenciatura pela UFRGS. E-mail: mgpsouza86@gmail.com.
universo multiletrado acessa as vidas dos pequenos párvulos, determinado como devem vestir sua
infância.
Não sustento que as crianças absorvem as estereotipias. Admito que elas estão expostas aos
valores preconceituosos decretados pela cultura. A criança como sujeito carrega no corpo inscrições
de acontecimentos e faz leitura desses produtos culturais que podem ser impressos na sua
historicidade. Os pequenos fazem interpretações daquilo que recebem e formulam suas ideias a
respeito. “As crianças não são esponjas que absorvem estereótipos elas experimentam papeis, ideias a
fim de compreender o mundo e o seu lugar nele” (Hislan, 2006, p. 51). A afirmação da identidade é
necessidade às crianças e, sem sombra de dúvida, as expectativas dos adultos são sutilmente
poderosas nesse processo. A constituição da identidade é processual. A criança forma-se sujeito por
meio da sua história e, a cada instante, reforma e forma a sua historicidade.
Na escola Saint’ Hilaire2, a proposta Desconstruir Estereótipos foi motivada pela leitura de
livros e textos o alunos e alunas dos quintos anos do segundo ciclo de formação. Na sala de aula a
leitura era uma constante. Semanalmente aconteciam paradas para a leitura. O livro “Cena de Rua”
da autora Ângela Lago, foi uma dessas leituras. “Cena de Rua” ilustra a vida de um menino de rua e
como ele sofria com o preconceito. Debatemos de forma reflexiva que realmente não eram
necessárias palavras para descrever a situação do menino de rua e o julgamento estereotipado que as
pessoas faziam dele. Depois desse livro, numa outra aula, lemos a reportagem “Clube sem futebol
feminino ficará fora da libertadores a partir de 2019”, do Repórter Martin Fernandes, publicada no
dia 26 de janeiro, do site do globo esporte. O editorial falava sobre a quantidade de times femininos
do nosso país e a falta de investimentos no futebol para as mulheres. Após leitura do artigo, o debate
surgiu de arrancada. As meninas ficaram inconformadas e perplexas de como o preconceito de
gênero pode atingir as mulheres. Após controverter sobre diversos estereótipos que as meninas
sofrem, uma aluna sugeriu que fizéssemos um projeto de pesquisa sobre o assunto. Na Assembleia de
Classe aprovamos o projeto. Eu participei como mediadora nesse processo e orientei as propostas relatadas
pelas crianças no seguinte registro:
2
A direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint’ Hilaire, situada no bairro Lomba do Pinheiro (Porto
Alegre-RS), autorizou a citação da instituição e das falas das crianças neste artigo. Essa iniciativa visa repeitar o caráter
ético das informações apresentadas nesse trabalho.
social: elas nos mostram o mundo, organizam nossas ideias e provocam o estabelecimento das
relações na sociedade. Diariamente são contadas, criadas e recriadas histórias de vidas. As narrativas
ativam nossas capacidades sensoriais: ouvimos, lemos, sentimos e nos alimentamos de enredos
ficcionais e/ou factuais que representam realidades. Por diversas ocasiões, estamos na presença de
narrações. Constantemente, estamos diante dos livros, das novelas, dos filmes, da poesia, dos
romances, da dança, dos desenhos, dos contos, das crônicas, dos diários e dos outros gêneros
literários que expressam no nosso cotidiano. Narrativas ensejam o acesso à cultura e favorecem a
compreensão si e do outro. Bentes (2004) cita a exteriorização de Elionor Ochs, antropóloga norte-
americana, para evidenciar totalidade da dimensão narrativa:
Imagine um mundo sem narrativa. Passar pela vida sem contar ao outro o que
aconteceu com você a outra pessoa, e não recontar o que você leu num livro, ou viu em
um filme. Não ser capaz de ouvir ou ver dramas construídos por outros. Sem acesso a
conversações, textos impressos, pinturas ou filmes que são sobre eventos organizados
como atuais ou ficcionais. Imagine nem mesmo compor narrativas interiores para
você/por você. Não. Tal universo é inimaginável porque isto significaria um mundo sem
história, mitos ou drama; e vidas sem reminiscência e revisão interpretativa.
Essa autora revela que é invalida uma humanidade sem as narrativas. Nesse sentido, as
narrativas movimentam nosso interior e exterior. Por meio delas compreendemos nosso contexto,
cartografamos nossa existência e experenciamos sensações emancipadoras.
Desconstruir Estereótipos ostenta-se por uma narrativa que emancipa. Essa proposta promove
o estudo científico e crítico dos pré-conceitos que os sujeitos carregam consigo e reproduzem ao
longo da sua existência. Os estudantes fizeram entrevistas com a comunidade escolar e verificaram os
comportamentos das pessoas em relação às outras e tiraram suas conclusões:
As crianças e os adolescentes não nascem com essas condutas preconceituosas. O
comportamento preconceituoso é transmitido por meio adultos que fazem parte da
nossa vida. Muitas vezes os estudantes são expostos a situações estereotipadas por
meio de deboches que são considerados “brincadeiras”. Esse tipo de manifestações,
lamentavelmente, obriga os educandos a participarem e rirem da distorção de sua
identidade sem perceber. Os estereótipos se renovam constantemente, seja de maneira
sutil ou evidente, eles prejudicam o desenvolvimento e a convivência dos alunos e
alunas da Escola. Diante disso, é importante desconstruir os estereótipos de gênero,
físico, racial e socioeconômico que acontecem na Escola.
Os alunos e alunas constataram que algumas afirmações estereotipadas são repetidas ao longo
da história da humanidade e percebem que elas precisam ser desconstruídas para qualificar
positivamente as relações sociais. Nesta proposta os meninos e meninas compreenderam que a
mudança deve começar na escola em pequenos comportamentos que são sutis, porém constantemente
repetidos de forma estereotipada. As meninas não podem jogar futebol, pois os meninos desacreditam
suas habilidades; os colegas de outras turmas brincam que quem se encostar à colega deficiente pega
sua doença; O cabelo da menina negra é chamado de ruim; rosa é cor de menina e azul é de menino;
menina tem que andar com menina e menino com menino; meninas não carregam peso, os meninos
fazem o esforço. São diversas as frases que impactam a vida de crianças e adolescentes. A forma
inteligível de responder a essas agressões,ainda que brandas sejam, é exterminando as estereotipias
das nossas ações e do nosso vocabulário. Os meninos e as meninas usaram as mídias para mostra à
comunidade escolar que é preciso respeitar as diferenças e aceitar as singularidades de cada pessoa.
A manifestação conduta dos alunos e alunas evidência o caráter emancipador dessa narrativa. A
personalidade libertadora do projeto Desconstruir Estereótipos afirma-se na fala das crianças:
...eu era calada e não acreditava que eu fosse capaz de aprender. Mas, com o passar do
tempo, fomos nos conhecendo e eu descobri que é possível aprender e se divertir,
usando o tempo a nosso favor, ter objetivos e alcançá-los...
O alunos e alunas carregavam consigo muitas vivências e acúmulo de saberes que eram
compartilhados nas atividades propostas. Vigorosamente os discentes expressavam seus
conhecimentos e participavam democraticamente do planejamento das propositoras. Muitos
estudantes retraídos começaram a exteriorizar suas ideias. Alguns educandos que hesitavam efetivar
afazeres escolares estrearam suas convicções com segurança. Os alunos dispensaram a dependência
docente e passaram a trocar conhecimento com autonomia. A leitura de livros e demais gêneros
textuais e o debate antiautoritário e reflexivo oportunizou a constituição de um expressivo canal de
comunicação escolar. Os alunos se tornaram mais críticos e passaram a pensar em formas de
melhorar sua relação com o ambiente modificando sua realidade. Para além do processo de formação
da criticidade, os discentes instituíram sentimento aprazível pela leitura e por usar as ferramentas de
comunicação expressão para pronunciar socialmente suas convicções. Notoriamente os educandos
demonstraram inteligência no uso das ferramentas das TICS e revelaram apreço pelas práticas
desafiadoras e reflexivas. Meninos e meninas estabeleceram uma relação amplamente democrática
com o conhecimento e as diferentes formas de expressão e comunicação que consolidam ferramentas
de luta para tomada de consciência, para a libertação e emancipação. Na escola surgiram novas
formas de se comunicar e transmitir palavras que não representavam apenas informações, mas
designavam formas de socialização e oportunizaram que os alunos e alunas expressassem seus modos
de ser e pensar, afirmassem sua identidade, desconstruíssem estereótipos e usassem sua palavra como
instrumento libertador e transformador.
Referências Bibiográficas
BENTES, Ana Christina. Linguagem: práticas de leitura e escrita. São Paulo:Global: Ação
Educativa, 2004.
BORDINI, Maria da Glória. A literatura infantil nos anos 80. In: SERRA, Elizabeth D’Ângelo (Org.). 30 anos
de literatura para crianças e jovens: algumas leituras. Campinas: Mercado de Letras. Associação de Leitura do
Brasil, 1998. p. 33-46.
HISLAM,Jane. Experiência diferenciadas pelo sexo e pelas escolhas das crianças. N:MOYLES, Janet
e col. A Excelência do brincar. Porto Alegre: Artemed, 2006. P. 50-62.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.
Esse álbum é uma narrativa escrita e imagética da proposta “Desconstruir Estereótipos” na vida
de meninos e meninas da Escola Saint’ Hilaire. Esse registro está tematizado por um abecedário
cartográfico que mapeia ações realizadas nesse projeto.
O ABC, gênero textual, neste álbum foi utilizado para evidenciar o compêndio de uma prática
pedagógica. Um exame na literatura revela que a cartografia é uma metodologia de acompanhamento
dos processos que expressa o movimento, a intensidade, conexões, possibilidades e potencialidades
de uma realidade3. Nesse sentido, o ABC DESCONSTRUIR ESTEREÓTIPOS é correlatamente
cartográfico dado que mapeia todo o desenvolvimento da ação instrutiva dessa narrativa Contudo, a
atuação dos educandos não está esgotada na narrativa deste álbum. Outras dinâmicas e diversas
práticas audiovisuais talvez estejam ausentes nesse atlas. Muitas vivências dessa propositura podem
ser apreciadas por meio das redes sociais. Esclareço que a leitura desse abecedário extrapola a esse
espaço. As vivências provocaram a expressão na totalidade dos sentidos dos sujeitos envolvidos
nessa narrativa.
Confio, acerbamente, que essa intervenção possa ser infiltrada nas instituições de ensino. O
Projeto Desconstruir Estereótipos granjea crianças, adolescentes, professores, professoras e demais
componentes da comunidade escolar ensejando movimentos libertadores. Fio-me na ambição dessa
proposta e ensejo que seja inspiração pedagógica emancipadora!
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A ssembleia de Classe
Na escola Saint’ Hilaire, muitas vezes, estamos diante de brigas, confusões, xingamentos
estereótipados, insultos, fofocas, humilhações dentre outras situações constrangedoras e
estereotipadas. Sem saber como resolver estes problemas acabamos dificultando e
tornando os conflitos mais violentos. Tudo isso fazia que os momentos ruins se
sobressaíssem em relação às coisas boas dos alunos, das alunas e das turmas. Neste
ambiente de violência e competição não é possível estabelecer relação de convivência.
(Texto coletivo das turmas B21 e B25)
proposituras pedagógicas. O Bazar S’H, mecanismo para obtenção de recursos financeiros, objetiva saldar as
dividas contraídas na aquisição dos materiais dos projetos de classe. Nessa proposta, as famílias participaram
ativamente. Vendemos lanches, camisetas dos projetos e demais objetos novos e seminovos arrecadados. As mães,
pais e demais componentes das famílias auxiliavam com muita motivação. Estavam envolvidos com o objetivo do
projeto e entendiam que era necessário ajudar as crianças a alcançar suas metas. Essa ação evidencia que as
comunidade escolar se uniu para criar e recriar ações que garantissem a qualidade na efetivação dos direitos de
aprendizagens discentes.
Caixa de Perguntas
A propositura “Caixa de Pergunta” foi insuflada pelas leitura do livro “ Caixa de Pergunta” do
professor Elenilton Neukamp. Neste livro o professor Elenilton fala sobre questionamentos discentes
que ficam guardados no anonimato pela dificuldade de expressá-los. Nessa proposta os alunos
escrevem perguntas e colocam na caixa. As inquirições são anônimas e depois são debatidas
coletivamente pela turma. A maioria das perguntas estavam relacionadas às questões de tipificação
de gênero. As meninas questionavam o porquê de os meninos acharem que elas não podiam jogar
futebol. Os meninos não entendiam porque não podiam dançar balé, brincar de boneca e, até mesmo,
chorar. Esses questionamentos, antes guardados, eram revelados para o grupo e, após, debatidos,
esclarecidos e, muitas vezes, encaminhados como pauta de assembleia.
DANÇA S’H
O grupo Dança S’H legitimou-se a partir de escuta de músicas da artista MC Soffia. As
composições musicais de Soffia versam sobre identidade das meninas e meninos. Na música “
Brincadeira de Menina” a artista afirma que ser criança é bom e que brincadeira é para crianças, sem
distinção de gênero. Outra música marcante é “Menina Pretinha”. Nessa canção Soffia fala sobre a
beleza e a identidade da menina negra. Os meninos e meninas criaram uma coreografia para esta
música. Os estudantes ficaram extremamente empolgados e comentavam com os amigos e as amigas
de outras turmas da escola sobre o coletivo de dança. A partir desta atitude, meninos e meninas de
turmas diferentes começaram a ingressar no grupo. Toda semana aconteciam ensaios e eles eram
filmados4. As crianças criaram o nome para o grupo, estamparam camisas e na semana da
Consciência Negra, novembro de 2017, na Escola Saint’ Hilaire, os alunos e alunas apresentaram sua
coreografia e foram muito aplaudidos.
Outros artistas foram conhecidos e outras músicas foram escutadas, interpretadas e debatidas. O
músico Raschid com a canção Estereótipo introduziu o estudo do conceito sobre estereotipia. A
música De Toda Cor, do compositor Renato Luciano, sensibilizou as crianças e estabeleceu o dialogo
sobre empatia e alteridade. Essas duas músicas fizeram parte do repertório musical dos curtas-
metragens produzidos pelos alunos e alunas.
Algumas paródias foram feitas. A paródia “Preconceito não é com a gente”5 foi feita a partir da
música Fome Come, do grupo musical Palavra Cantada. Para está paródia as crianças fizeram uma
coreografia, ensaiaram e filmaram.
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Vídeo disponível no link: https://www.facebook.com/gabi.souza.9659/videos/1483900045034634/?t=2
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Vídeo disponível no link: https://www.facebook.com/gabi.souza.9659/videos/1427243027367003/?t=7
ESTUDO SOBRE ESTEREÓTIPOS
O estudo teórico sobre estereótipos iniciou com pesquisas na internet por meio dos sites de
pesquisa. A Leitura do livro Racismo e Anti-Racismo6, da escritora Zila Bernd, facilitou o
entendimento sobre preconceito, racismo e estereotipia. Zila conceitua estereótipos por afirmações,
em sua maioria preconceituosas, que são repetidas a partir de uma genereralização, assumidas como
verdades universais e não são questionadas. Essa concepção facilitou o entendimento dos alunos e
alunas sobre estereótipos.
As crianças observaram que experenciavam diversas manifestações de condutas
preconceituosas e estereotipadas e decidiram fazer uma pesquisa na comunidade escolar para
verificar a incidência e as formas como os estereótipos eram apresentados. O formulário de pesquisa
inquiria sobre a vivências das pessoas em relação aos preconceitos e aos estereótipos. No formulário
as pessoas podiam expressar frases estereotipadas que escutavam no cotidiano. Na tabulação de
dados da pesquisa, os alunos e alunas fizeram tabelas e gráficos. Analisaram as informações e
constataram que a maioria das pessoas foi acometida pelas estereotipias. Outra certificação foi que as
pessoas, em sua grande maioria, naturalizavam situações preconceituosas e participavam do
escanário que distorcia sua identidade.
Os fatos foram impactantes e sensibilizaram as crianças. Os meninos e meninas decidiram
divulgar as informações obtidas na pesquisa e, numa Assembleia de Classe, debateram ações que
poderiam ser feitas para desconstruir estereótipos. A Assembleia deliberou uma campanha com
cartazes, camisas, jogos, vídeos, curtas, dentre outras formas de expressão e comunicação, para o
desmantelamento das frases preconceituosas que as pessoas entrevistadas ouviam.
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BERND, Zila. Racismo e anti-racismo. São Paulo: Editora Moderna, 1995.
FACA SEM PONTA GALINHA SEM PÉ
G arantir Direitos de aprendizagem
No inicio do ano letivo a sala estava desorganizada para leitura. Numa Assembleia de Classe,
no mês de março, decidimos que era urgente tornar a sala de aula um ambiente agradável. Queríamos
criar um espaço que nos atraente onde nos sentíssemos aconchegados. E o espaço da leitura onde
seria? Em toda parte. Os alunos determinaram nas suas conferencias que a sala de aula e a escola
deveriam ser ocupadas pela leitura, pois nela estavam presentes diversas possibilidades de construção
coletiva e democrática que a leitura oportuniza no ambiente escolar. Então compramos alguns livros
e selecionamos livros na biblioteca. Organizamos o armário da leitura. Trouxemos das nossas casas
almofadas e tapetes. Pensamos em tudo que pudesse oportunizar momentos de parada de leitura
agradáveis. Assim então, de forma democrática, o coletivo constituiu um espaço de aprazível da
leitura dentro da sala de aula.
A parada para leitura era um momento semanal de leitura deleite. Os discentes buscam no
armário de livros suas preferências de leitura e se aconchegam na sala de aula para praticar a parada
de leitura. Este é um momento muito esperado na semana, pois desencadeia as possibilidades de
construção coletiva para o projeto Desconstruir estereótipos e demais propostas pedagógicas. Após a
parada de leitura os alunos recomendam os livros, relacionam aos projetos de classe e sugerem
propostas de atividades. Uma dessas atividades é a carta para o autor. Os alunos e alunas apreciam
escrever mensagens e contar o que mais gostaram na história elogiando os escritores e escritoras.
Após redigir a carta os alunos e alunas investigam formas de encaminhá-las, se por e-mail ou carta. A
turma inteira decidiu recomendar o Livro “Faca sem ponta, galinha sem pé” e escreveram mensagens
para a Ruth Rocha, autora deste livro. O livro Cena de Rua, da escritora Ângela Lago, também era
muito recomendado pelos alunos e alunas.
ME ACEITA COMO EU SOU
N arrativas Emancipatórias
(...) eu era calada e não acreditava que eu fosse capaz de aprender. Mas, com o passar
do tempo, fomos nos conhecendo e eu descobri que é possível aprender e se divertir,
usando o tempo a nosso favor, ter objetivos e alcançá-los...
O projeto “Poesia na Classe” foi entusiasmado nas leituras de poemas nos livros de poesia. O
livro “Boi da Cara Preta”, de Sérgio Caparelli, foi a primeira inspiração para as quíntuplas poéticas
das turmas. Nessa prática, os alunos e alunas escolhem uma temática e criam poesias na sala de aula.
No início os estudantes mostravam brando interesse pela elaboração de poemas. Mas, no decorrer do
semestre, começaram sentir afeição por poesia e aguardavam com ansiedade o momento da leitura e
criação de poesias mostrando seu fascínio pela narrativa poética.
Q ualidade Literária
R
iqueza oral indígena e africana
S emáforo da Alimentação
Os alunos e alunas ficaram perplexos com a quantidade de alimentos que vão para o lixo e
decidiram criar ações para modificar essa realidade:
TÔ FICANDO IMPACIENTE
DE TODA COR
DE TODA GENTE
NO PASSADO E NO PRESENTE
.
Referências Bibiográficas
NAVARRO, Mari Carmen Díez. Vamos brincar de professor? Pátio: Revista Pedagógica,
PortoAlegre, ano XI, n. 43, p. 36-39, ago/out, 2007.
BONINI, A. Jornal escolar: gêneros e letramento midiático no ensino-aprendizagem de
linguagem. RBLA, Belo Horizonte, v. 11, n. 1, p. 149-175, 2011
MORAN, José. Desafios na Comunicação Pessoal. 3ª Ed. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 162-166.
BALTAR, M. A Competência Discursiva através dos Gêneros Textuais: Uma Experiência com
o Jornal de Sala de Aula. UFRGS. 2003.
ARAÚJO, Júlio César. “Tia, eu já escrevi o site do ‘rotimeio’. Agora é só apertar o enter?” O
endereço eletrônico na sala de aula. In RIBEIRO, Marcia Maria; ARAÚJO, Júlio César. Internet &
ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de janeiro : Lucerna, 2007 .
ARAÚJO, Júlio César. As Formas de Interação na Internet e suas implicações para o ensino de língua
materna. In SOUZA, Socorro Cláudia Tavares de. Internet & ensino: novos gêneros, outros
desafios. Rio de janeiro : Lucerna, 2007.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.