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INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS ANÁPOLIS
CTI - QUÍMICA 2

ACSA DA SILVA CARVALHO

COMPARAÇÃO DOS LIVROS “O CORTIÇO” E “CIDADE DE DEUS”

ANÁPOLIS

2023
"O Cortiço" é um romance naturalista escrito pelo autor brasileiro Aluísio
Azevedo, publicado pela primeira vez em 1890. A história se passa no Rio de
Janeiro do século XIX e gira em torno de um cortiço, uma habitação coletiva onde
vivem diversos personagens de diferentes classes sociais. Esse cortiço foi
construído por João Romão e Bertoleza, que são os personagens principais. Além
deles, também há a Rita Baiana, que toma papel crucial na história.
O desenrolar da história do cortiço evidencia todas as condições insalubres
presentes no cortiço, seja nos aspectos físicos ou sociais, com retrações da vida
dos moradores, explorando suas paixões, rivalidades e as condições deploráveis
em que vivem. Essas condições são usadas como base para a construção do
cortiço como uma entidade na história. Assim, “O cortiço” consegue desenvolver a
sua base naturalista, que se dá através da caracterização dos personagens como
animais, que cedem aos seus instintos ou à pressão do meio em que vivem, o
cortiço.
"Cidade de Deus" é um romance escrito pelo autor brasileiro Paulo Lins,
publicado em 1997. O livro é ambientado na favela Cidade de Deus, no Rio de
Janeiro, e narra a vida de diversos personagens que crescem em meio à violência,
pobreza e crime. Nesse contexto, acompanhamos a história do Buscapé, que busca
se desvincular de todas as condições que lhe são impostas pela favela, sendo a
principal a criminalidade.
O livro aborda, paralelamente, a origem da Cidade de Deus, que se dá
através de falsas promessas de melhoria de vida. Assim, a favela se desenvolve
com péssimas condições, por não haver apoio estatal e planejamento de expansão,
se tornando um ambiente que suga as oportunidades de seus moradores e os joga
em situações de regressão moral, no mundo do crime.
No cortiço e na Cidade de Deus, as condições sanitárias retratadas refletem
a realidade difícil enfrentada por comunidades marginalizadas nas cidades
brasileiras. Ambos os contextos apresentam características similares de
insalubridade e falta de infraestrutura, evidenciando desafios compartilhados.
No cortiço, as condições sanitárias são marcadas pela falta de planejamento
urbano, habitações superlotadas e ausência de saneamento básico. A disposição
desordenada das construções e a falta de acesso a serviços básicos, como água
potável e coleta de resíduos, contribuem para um ambiente propício à propagação
de doenças.
Na Cidade de Deus, a situação não é muito diferente. O crescimento
desordenado da favela resulta em habitações precárias, vias estreitas e falta de
serviços públicos eficientes. A ausência de saneamento básico, aliada ao acúmulo
de lixo, cria condições favoráveis para problemas de saúde.
Ambos os cenários compartilham a falta de investimento em infraestrutura, a
ausência de serviços públicos adequados e a precariedade das condições de
moradia. A população dessas localidades enfrenta desafios comuns relacionados à
saúde, destacando as desigualdades sociais presentes nas grandes cidades
brasileiras.
Portanto, podemos estabelecer uma clara semelhança entre os dois
contextos. Os dois cenários são figuras imponentes em suas respectivas histórias, o
que é característico do naturalismo. Além disso, as condições sanitárias são
semelhantes. Contudo, o principal que deve ser levantado é que historicamente as
favelas são evoluções dos cortiços. Separados por 1 século, as semelhanças não
são mero acaso. Os cortiços, que são propriedades privadas, foram moradia de
pessoas pobres e trabalhadores que buscavam morar perto de seus empregos.
Posteriormente, com o fim da escravidão no Brasil, os ex escravizados não
obtiveram nenhum apoio estatal para se realocarem na sociedade, sendo forçados a
construir casas em localidades imprópias, de forma tumultuada e perigosa. Essa
organização se deu com base nos cortiços, visto que eles também foram ocupados
por ex escravizados.
Podemos concluir, portanto, que o cortiço e a Cidade de Deus são
representações sociais de uma mesma linha evolutiva em períodos diferentes, por
isso, eles são extremamente semelhantes.

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