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Origens da segregação racial no Brasil https://journals.openedition.

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Les Cahiers ALHIM

29 | 2015 :
La transformation de l’espace urbain en Amérique Latine (1870-1930) : discours et
pratiques de pouvoir

Origens da segregação racial no


Brasil
R J O R M S O

Resúmenes
Español English
O objetivo deste artigo é apresentar as origens da segregação no Brasil, particularmente a
segregação da população negra. A abordagem segue o percurso histórico dos anos de 1890 até
1930, demarcado por grandes transformações no cenário brasileiro e latino americano: em 1888,
a abolição do trabalho escravo, no ano seguinte a proclamação da República e mais precisamente
nas primeiras décadas do século XX, as metamorfoses da sociedade urbana industrial, com foco
nas cidades de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Consideramos a segregação de base racial é
estrutural e institucional, portanto, de 1870 até 1930 e, especialmente, no transcorrer do século
XX e o momento atual, a população negra encontra-se nos lugares de subalternidade
socioeconômica e espacial. As cidades brasileiras durante a passagem da sociedade do trabalho
escravagista para a sociedade do trabalho livre, reproduz a lógica da dominação do poder do
capital e das desigualdades. Além das contradições socioeconômicas, é no corpo da cidade que se
dinamizam os lugares do racismo que reflete na sobrerepresentação da população negra em todos
os espaços, lugares e territórios.

The objective of this paper is to present the origins of segregation in Brazil, particularly the
segregation of the black population. The approach follows the historic route of the years 1890 to
1930, marked by major changes in the Brazilian and Latin American scene: in 1888, the abolition
of slavery, the following year the proclamation of the Republic and more precisely in the first
decades of the twentieth century, the metamorphosis of industrial urban society, focusing in

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Salvador, Sao Paulo and Rio de Janeiro. We believe that racial segregation is structural and
institutional therefore from 1870 until 1930 and, especially, in the course of the twentieth century
and the present moment, the black population is in places of socio-economic and spatial
inferiority. The Brazilian cities during the passage of the slave labor society to the free labor
society, reproduces the logic of domination of the power of capital and inequality. In addition to
the socioeconomic contradictions, is the body of the city that streamline places of racism that
reflects the over-representation of black people in all spaces, places and territories.

Entradas del índice


Keywords : racial segregation, urban space, Brazil, territory, racial discrimination
Palabras claves : segregação racial, espaço urbano, Brasil, território, discriminação racial

Texto completo

Introdução
1 As origens ou mais precisamente as raízes da segregação racial no Brasil não é um
tema recente, dos dias de hoje e/ou da história do século XX. Este fenômeno se
apresenta no decorrer do século XIX, com a introdução de medidas socioeconômicas e
políticas que impediram da mão de obra escravizada, no percurso das revoltas, conflitos
e da abolição, de se tornar empreendedora, proprietária e protagonista do espaço e do
território brasileiro.
2 No percurso do século XX, as desigualdades e a distância socioeconômica e política
entre brancos e negros não pararam, continuaram constantes. De um lado, resultando
em benefícios materiais e simbólicos para a população branca de todos os segmentos
sociais e, de outro lado, a falta de oportunidades e o quadro da subalternidade
socioeconômica e política.da população negra.
3 Gradualmente, por intermédio das revoltas e conflitos a população africana e a
diáspora em solo latino americano e brasileiro, inscreveram o fim do escravismo nas
Américas. No território latino americano, fomos o último país a colocar em pratica a
abolição do trabalho escravo.
4 No quadro institucional, em 1888, a monarquia determinou o encerramento do
trabalho escravo com a assinatura da lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Pelas mãos da
Princesa Isabel. A abolição determina o fim da sociedade escravagista, tornando
homens e mulheres livres para o exercício de seus direitos sociais, políticos, econômicos
e culturais.
5 No papel, homens e mulheres negras foram considerados livres, mas a abolição não
lhes garantiu a verdadeira cidadania. Em solo brasileiro, não ocorreram as premissas
básicas para a passagem de escravo à cidadão (Ianni, 2004). O acesso e as
oportunidades do exercício à cidadania, como habitação, educação, mercado de
trabalho, rendimento e saúde, em condições de dignidade plena (quantidade e
qualidade), não se inscreveram de forma universal no território nacional, no entanto,
para a população negra, o quadro foi mais dramático: nos últimos 126 anos, foram os
primeiros a entrar no mercado de trabalho e os últimos a sair, exercem as atividades
formais e informais de menor expressão socioeconômica e política, são a maioria nas
habitações impróprias como as favelas, cortiços, palafitas e loteamentos irregulares, na
história e nas últimas décadas, o cenário do homicídio revela que as principais vítimas
são homens, pobres, jovens e negros, enfim, é um contexto que assinala territórios sem

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cidadãos (Santos, 1993).


6 Depois do dia 13 de maio de 1888, a população africana e afrobrasileira foi deixada à
própria sorte (Fernandes, 1965). Em nossa interpretação, a população negra foi
segregada nos espaços, lugares e territórios do país de pouco ou nenhum
desenvolvimento (Fernandes, 1965; Costa, 2008, 2002).
7 As cidades no Brasil no decorrer do espaço tempo, sobretudo o período de 1870 a
1930, não pode ser interpretado e observado sem a história do protagonismo da
população negra. Esta população, durante a sociedade escravagista, as três primeiras
décadas do século XX e, principalmente no decorrer do século passado, foi responsável
por todo tipo de trabalho, no campo e na cidade. Homens e mulheres negras edificaram
e cimentaram as bases do desenvolvimento e da hierarquia socioeconômica do país e
das principais cidades brasileiras, por exemplo, as cidades de Salvador, Rio de Janeiro e
São Paulo.
8 Escrever e analisar as cidades brasileiras, sobretudo a passagem do século XIX para o
século XX, é, ao mesmo tempo, descrever e interpretar o protagonismo de homens e
mulheres negras diante da segregação, das leis e dos mecanismos que impediram o
acesso às oportunidades e da igualdade material e não material, principalmente em
relação às pessoas brancas, que foram direta e indiretamente beneficiadas em todos os
lugares e posições com a segregação da população negra.
9 Portanto, no presente texto, nossas reflexões e contribuições buscam retratar espaço
urbano e raça e, em especial, as raízes da segregação de base racial na sociedade
brasileira.
10 Na literatura nacional, em geral, espaço urbano e raça e, em específico, a segregação
de base racial, não é um tema comum que esteja na agenda socioeconômica, política e
educacional, ou seja, a questão étnico racial não é central na literatura do país (nos
governos federal, estadual e municipal e nos principais centros de ensino e pesquisa),
sobretudo as expressões do campo da sociologia urbana e das áreas do conhecimento
que observam o espaço social (Vargas, 2005, 2013). A questão étnico e racial foi e é um
tema invisível das reflexões e ações sobre espaço urbano, cidades e território, do final do
século XIX e todo o percurso histórico do século XX.
11 O presente texto está organizado em três seções: a primeira, refere-se aos últimos
anos da abolição, sobretudo os cenários das cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São
Paulo, do ponto de vista quantitativo e qualitativo a população negra foi central em
todos os lugares para a edificação do desenvolvimento socioeconômico e político e,
posteriormente, a segunda, no pós abolição, de 1889 a 1930. Por último, as
considerações finais, apontamos que a segregação brasileira compreende desigualdades
de classe social e raça, que se tornaram crescentes no decorrer do século XX aos nossos
dias, o século XXI.

O cenário nacional diante da pré-


abolição
12 Nas urbes em desenvolvimento, como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, o espaço,
em expansão se desenvolveu com a força de trabalho de homens e mulheres negras, por
exemplo; para as mulheres, todos os serviços reservados ao universo da casa, como os
de limpeza, cozinha, amas de leite, pajens, enfim, as atividades que sustentavam o
espaço da família. Entre os homens, eles realizavam todas as funções, como a edificação
das habitações, prédios públicos e privados, igrejas, sedes do poder, do lugar de
produção de conhecimento e dos espaços de saúde, enfim, a mão de obra escravizada,

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libertos e de aluguel estavam ali, nos sítios e em suas cercanias, na transição do rural
para o urbano e na região central, ou seja, perfaziam as funções de transporte de
alimentos e todo tipo de carga para abastecer a cidade, eram pedreiros, ferreiros,
carregadores, faziam a limpeza da cidade. Portanto, homens e mulheres negras, dia e
noite, moviam a estrutura socioeconômica das cidades brasileiras. Nas inúmeras fases
da história socioeconômica do país, a população negra esteve a frente, sempre
exercendo os sustentáculos da mão de obra, haja vista os períodos das economias do
açúcar, minério e do café, principalmente a cafeicultura nas últimas décadas da
sociedade escravagista.
13 Nas últimas décadas da escravidão, a cidade de Salvador já era tida como a maior
concentração de negros africanos e afro-brasileiros. Neste ínterim das últimas décadas
da sociedade escravagista, a capital soteropolitana era responsável pela migração de
mão de obra para abastecer as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que se elevaram
no cenário nacional com a economia de exportação, baseada na produção do café.
14 Na capital baiana, reiteramos, a população escravizada, livre e de aluguel perfazia o
cenário da mão de obra, no entanto, a inexpressiva representação de brancos significava
a ocupação dos principais postos e lugares do poder e da hierarquia da estrutura
socioeconômica e política.
15 É inegável a participação da população negra diante da urbanização da cidade de
Salvador. Nesta capital, a força de trabalho de homens e mulheres negras se estabeleceu
no comércio de rua, no tráfego fluvial na Bahia de Todos os Santos, no enraizamento da
cultura no chão de território, por intermédio do candomblé e do legado africano que
foram se incorporando na cultura local, da cidade e do país.
16 Rio de Janeiro foi a segunda capital do país, de 1763 a 1960, durante este período, a
capital nacional era o centro de toda a realização socioeconômica, política e cultural. No
porto do Rio de Janeiro que desembarcou o maior número de africanos trazidos para cá
pelo tráfico negreiro, ali eles foram constituíndo quilombos, territórios e lugares de
insubordinação no decorrer dos séculos XVIII, XIX e XX.
17 Na capital carioca, a população africana e afro-brasileira também deixou suas marcas
no chão do território. Ali, homens e mulheres também produziram, movimentaram e
mudaram a dinâmica do espaço social. Nas ruas, praças, becos e nas habitações
coletivas, eles investiram sua força de trabalho em todas as posições, funções e
realizações.
18 Fora da dinâmica material, a população africana e afro brasileira imprimiu no chão
do território e nas principais capitais em desenvolvimento, a cultura espontânea e
popular. Gradualmente, os sons, cantos e batuques dos negros nas cidades brasileiras
foram se incorporando nos territórios do Brasil. A Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo são
provas vivas da territorialidade negra no espaço, rural e urbano.
19 O universo do samba (percussão, dança e canto) advém da cultura africana e afro
brasileira que no decorrer da historia social, dinamizaram o espaço, especialmente no
contexto urbano. Nas principais urbes em desenvolvimento, a população imprimiu no
chão do território referências culturais que se incorporaram a cultura nacional e local:
por exemplo, na Bahia e em sua capital, o universo do samba está distribuído em todo o
território, nos terreiros de candomblé, nos grupos de capoeira, nos quilombos e nas
territorialidades negras; no Rio de Janeiro, a população negra ocupou os morros com a
edificação das favelas, nos subúrbio e nos lugares da pobreza, perfazendo blocos e
escolas de samba e o dia a dia da identidades dos territórios do samba e da cultura
popular; em São Paulo, a população negra foi se desenvolvendo em meio aos
movimentos do urbano e do rural, sobretudo do urbano, onde se concentraram em
bairros étnicos, haja vista os bairros da Sé, Sul da Sé, Liberdade, Bexiga e Barra Funda,
no decorrer das décadas de 1870 a 1930 (Tinhorão, 1997; Moura, 1983; Rolnik, 1989).

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20 Na capital paulistana, a população negra também se apresenta de forma semelhante


ao que descrevemos acima. Na pequena vila de São Paulo que se desenvolveu no
decorrer dos séculos XVIII, XIX e o transcorrer do século passado, negros e negras
também deixaram suas insígnias registradas no chão do território.
21 Em São Paulo, segundo Maria Cristina Wissembach (1998), os escravos e libertos
ocupavam, além das áreas próximas do centro em desenvolvimento, viviam nas
redondezas, nas chácaras e sítios que circundavam a cidade.
22 Conforme Wissenblach (1998), os territórios negros se classificavam em áreas
urbanas e rurais. Nestas localidades eles colocavam em pratica as atividades de ajuda
mútua, comunicação e apoio às injustiças sofridas.
23 Raquel Rolnik (1998) e Clóvis Moura (1989) destacam que os quilombos se
organizaram em áreas próximas e distantes do centro em desenvolvimento, como o
Quilombo do Jabaquara, em direção à zona sul e a cidade de Santos; o Quilombo do
Saracura, área rural que veio a se desenvolver e se constituir em um dos bairros
prósperos e importantes da história social da cidade, resultando no bairro do Bexiga
(atual Bela Vista, região central e localizada próximo da Avenida Paulista e o antigo
centro da cidade).
24 Destacamos também que os lugares de produção e trânsito da população responsável
pela produção da cidade vivia nas proximidades das sedes do poder, por exemplo, na
época, as Ruas Barão de Itapetininga, São Bento e Direita, que formavam o triângulo
financeiro, onde se comercializava a produção de café e as principais demandas do
universo agrícola e urbano em desenvolvimento.
25 Rolnik (1998) traz importantes contribuições ao descrever a história da cidade e das
territorialidades do final do século XIX e início do XX. Segundo a autora, São Paulo era
bem definida conforme os lugares habitados e os fluxos de pessoas e negócios que se
realizavam no espaço social, de um lado, a territorialidade da população escravizada,
forra e livre e, de outro lado, os ambientes sociais, habitação e lazer reservados aos
setores melhor posicionados no contexto rural e urbano, sobretudo do urbano que se
transformava e mudava também as formas de agir, pensar e sentir a relação do ser
humano no espaço social.
26 Um cenário importante da população africana e afrobrasileira no espaço das cidades,
refere-se às construções, à sociabilidade e às estratégias de se impor no espaço social, a
partir da constituição das irmandades negras, formadas por negros e negras devotos de
santos e santas negras; Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, São Benedito, Santo
Antonio do Categeró, São Gonçalo e Santo Onofre (Quintão, 2002). Os negros que
participavam das irmandades provinham das mais diversas nações1; situação que pode
ser observada, sobretudo a partir de 1850, quando a proibição do tráfico de escravos
pela Lei Eusébio de Queirós2 trouxe para a região sudeste negros de diversas regiões do
país.
27 Dentre as Irmandades Negras, as que mais se destacaram são as que exercem devoção
à Nossa Senhora do Rosário. No Brasil, elas estão distribuídas em diferentes regiões,
interiores e nos grandes centros: em 1640, a Irmandade do Rio de Janeiro; em 1708, de
São João Del Rei no estado de Minas Gerais; em 1711, a irmandade da capital
paulistana, inicialmente, localizada próxima do triângulo financeiro da cidade,
posteriormente, com o projeto de urbanização e limpeza urbana, foi deslocada para o
Largo do Paissandu; em 1713, nas cidades de Cachoeira do Campo e Sabará no estado de
Minas Gerais; em 1728, a cidade de Serro do estado de Minas Gerais; em 1754, Caicó no
estado do Rio Grande do Norte; em 1773, na cidade de Mostardas no Rio Grande do Sul;
em 1774, Rio Pardo, também em Rio Grande do Sul; em 1796, a ex-capital federal,
Salvador e, em 1782, Paracatu, no estado de Minas Gerais.
28 Cada irmandade demonstrava o seu poder e o seu brilho por ocasião das festas que

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eram celebradas em torno da imagem do santo padroeiro ou padroeira. A origem das


irmandades esta relacionada à colonização e ao escravismo brasileiro. As irmandades se
constituíam com objetivos de ajuda aos escravos fugidos, comunicação, realização de
festas e celebrações e o apoio cotidiano, perante os cenários de sofrimento e
enfrentamento social e político.
29 A irmandade de Nossa Senhora do Rosário da capital paulistana3 assim como as
outras, fazem parte da história das cidades, do espaço social e das expressivas lutas em
prol da liberdade e dos territórios de vida. Em São Paulo, esta irmandade, por diferentes
momentos, teve que requerer seus direitos para não perder por completo o seu
território. Nos idos de 1900, com o projeto de limpeza urbana da cidade, ela foi
obrigada a se retirar para uma região mais distante e inferior do local de origem. A
remoção, promovida pelo poder público e pela Câmara Municipal, determinou uma área
longínqua do centro e inferior no que diz respeito aos valores a ser pago pela
desapropriação de seus bens materiais e subjetivos; a igreja, habitações de aluguel e o
cemitério para o enterro dos irmãos. Em resumo, a desapropriação decretou a
reconstrução de seu território. Neste processo de limpeza étnica, foi permitida a
reconstrução apenas da igreja. Foi proibida a reconstrução das casas onde moravam os
irmãos negros e a locação para o seu público que a procurava em função da boa
localização que possuía no entorno – centro – da cidade de São Paulo. Apenas a igreja
foi considerada e permitida como parte da territorialidade negra. O Poder Público foi
perverso, violento e cruel com os símbolos da presença negra na cidade. Foi proibido
manter o cemitério no território habitado bem como reconstruí-lo no novo espaço da
irmandade.
30 Parcialmente, a territorialidade da irmandade negra foi fragmentada e retirada da
história da capital paulistana. Foi com insistência, brigas e insubordinação que os
irmãos da Irmandade garantiram a permanência da vida do território negro em São
Paulo.

A pós-abolição e a sociedade urbana


industrial, de 1889 a 1930
31 Conforme Milton Santos (1993), a urbanização das cidades brasileiras,
principalmente na passagem do século XVIII para o XIX e deste para o século XX, o
espaço urbano, gradativamente se desenvolveu, mas baseado em formas e estratégias de
planejamento urbano voltado aos interesses dos detentores do poder político e
socioeconômico. Nossas cidades nasceram, cresceram e se desenvolveram envolta de
ideologias e políticas de limpeza, embelezamento conforme os padrões europeus e de
segregação das classes populares, sobretudo da população negra.
32 Nas últimas décadas do período colonial, as cidades, entre as quais São Luis do
Maranhão, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, somavam perto de 5,7% da
população total do país, onde viviam, então, 2.850.000 habitantes. Neste período,
Salvador reunia aproximadamente 100.000 moradores, enquanto que nos Estados
Unidos nenhuma aglomeração tinha mais de 30.000 (Santos, 1993).
33 Em 1872, três capitais brasileiras contavam com mais de 100.000 habitantes: Rio de
Janeiro (274.972), Salvador (129.109) e Recife (116.671). Somente Belém (61.997)
contava mais de 50.000 residentes. São Paulo tinha uma população estimada em
31.000 habitantes.
34 Em 1890, eram três as cidades com mais de 100.000 moradores: Rio de Janeiro com
522.651, Salvador com 174.412 e Recife com 111.556. Três outras cidades passavam da

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casa dos 50.000; São Paulo, com 64.934, Porto Alegre, 54.421 habitantes e Belém,
50.064 habitantes.
35 Em 1900, havia quatro cidades com mais de cem mil indivíduos, são elas: Rio de
Janeiro, correspondia a 691.565 habitantes; São Paulo, 239.820; Salvador, 205.813
habitantes; Recife, com 113.106 e Belém, 96.560 habitantes (Santos, 1993).
36 É diante do quadro de crescimento desordenado, ideologia do branqueamento,
segregação e das desigualdades que as cidades brasileiras se desenvolveram no decorrer
do período de 1890 a 1930.
37 Neste ínterim, de 1890 a 1930, o país experimentou o crescimento populacional,
interno e externo. Do ponto de vista externo, a imigração estrangeira (especialmente de
europeus) teve como princípio responder ao ideal de modernização, com a substituição
do trabalhador nacional (em maior proporção a mão de obra negra) nas áreas mais
dinâmicas do desenvolvimento, como, por exemplo, nos centros do capitalismo
nacional, as urbes de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o capitalismo brasileiro e
internacional se fortaleceram (Fernandes, 1965)
38 O projeto de modernização da sociedade brasileira significou, no âmbito político e
socioeconômico, a instalação do projeto de embranquecimento via inserção de
estrangeiros no mercado de trabalho. No decorrer do tempo acreditava-se que a
miscigenação iria fazer desaparecer da sociedade o elemento negro.
39 Portanto, nas primeiras décadas do século XX, ao invés de levar à frente a cidadania
para todos nas cidades brasileiras, o Estado propôs a substituição da mão de obra
nacional, e, em concomitância, nos lugares, territórios e pedaços das cidades habitados
por negros e pobres, como nas cidades de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, a
ideologia do embranquecimento foi eficaz com o apoio das políticas de limpeza urbana,
perseguição física e simbólica e o racismo, estrutural e institucionalizado.
40 Os efeitos e cenários da política de embranquecimento, via modernização social e
espacial, foram mais intensos na região sudeste, especialmente nas capitais de São
Paulo e Rio de Janeiro. Nas regiões em que não houve imigração estrangeira em massa,
como o nordeste, a população negra permaneceu nos mesmos lugares, ou seja, nos
lugares, funções e referências da base socioeconômica da estrutura social. Na cidade de
Salvador, negros e negras pouco alteraram suas posições na hierarquia social. Eles
permaneceram nos bairros pobres, distantes e próximos das elites brancas, mas nas
margens do desenvolvimento da cidade.
41 Durante as três primeiras décadas do século XX na cidade de São Paulo, em
diferentes momentos, a população negra foi obrigada a mudar de seu lugar de origem
socioespacial. Estas transformações estão conectadas às transformações da cidade e do
país.
42 Conforme Bernardo (1998), durante as três primeiras décadas do século XX na
capital paulistana, brancos e negros viveram diferentes realidades: para a população
negra, a vida na cidade significava o histórico exercício do lugar de negro, que diz
respeito às habitações, mercado de trabalho, posições sociais, educação, serviços de
saúde e bem estar social, renda e rendimento, em geral, sempre inferiores ao cenário da
população branca. A maior parte da população negra vivia nos bairros populares, em
cortiços e porões, dividiam a habitação com o imigrante. O branco imigrante, em geral,
na parte superior dos cortiços; e o negro, na parte inferior. A imigração, sobretudo a
italiana, foi aproveitada praticamente em todas as funções da sociedade em
desenvolvimento, nas indústrias em expansão, comércio e todo tipo de produção e
reprodução do espaço social.
43 Para homens e mulheres italianas e seus descendentes, a capital paulistana ficou
marcada como a cidade do progresso e do desenvolvimento, para os homens e mulheres
negras, a cidade da escuridão e do desconhecimento (Bernardo, 1998; Oliveira, 2008).

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44 Uma outra característica do cenário da segregação socioeconômica e racial, descreve


o movimento da população negra e pobre em direção às periferias da cidade, motivada
pelas características culturais e sociais. Esse deslocamento diz respeito ao quadro de
antagonismo entre território e segregação, como o deslocamento familiar e de amizades
baseados na organização sociocultural, que amenizam o sofrimento do racismo e das
desigualdades (Rolnik, 1989, 1997; Oliveira, 2008, 2013).
45 Na capital carioca, o quadro não é semelhante. Lá a imigração não foi maciça, a ponto
da imigração ocupar os principais lugares e posições da sociedade em transformação.
Houve imigração estrangeira no Rio de Janeiro; porém, a população negra não foi
substituída de todas as funções; ela permaneceu nos serviços públicos, indústria e
comércio, mas não obteve oportunidades e acesso às transformações materiais e
simbólicas (Hasenbalg, 2005).
46 Nos idos de 1890 e 1930, a cidade do Rio de Janeiro cresceu em direção aos morros,
com a edificação das favelas. A habitação favela nasce em decorrência das contradições
produzidas pela cidade capitalista republicana. O projeto e os ideais buscavam a
sociedade moderna, com a limpeza urbana, a expansão e criação de grandes avenidas,
ruas e praças, tudo isso significava na realidade, o apagamento de cenários e paisagens
do espaço urbano construído e habitado pelos segmentos das classes populares, os ex-
cativos e a população marginalizada. Por exemplo, a Revolta da Vacina e a Reforma
Pereira Passos4, ambas buscavam o desenvolvimento da ideologia higienista, a qual se
orientava com a derrubada dos cortiços e habitações insalubres das classes populares no
centro da cidade.
47 A origem da favela no país e especialmente na ex-capital federal, Rio de Janeiro, está
ligada a três fatores: a Guerra do Paraguai, na qual os negros que sobreviveram
rumaram em direção a capital do país, o Rio de Janeiro. Diante das políticas higienistas,
muitos seguiram em direção aos morros, com a edificação das favelas; a Guerra de
Canudos e, por último, a derrubada de um dos principais cortiços da época, o Cabeça de
Porco durante a administração do prefeito Barata Ribeiro. A favela tem sua origem sob
as formas de discriminação e criminalização da população negra e pobre que habitava as
áreas marginalizadas do Rio de Janeiro, em sua maioria nos cortiços e porões que foram
colocados abaixo sob as ideologias das políticas de limpeza urbana e higienização do
poder municipal (Campos, 2007).
48 A ocupação dos espaços e territórios no Rio de Janeiro se efetivou conforme o grau de
urbanização. Nas áreas mais urbanizadas e dotadas de ambiente construído (escolas,
creches, transporte coletivo, mercado de trabalho, comércio, etc) a participação negra é
inferior em sua base demográfica e o contrário acontece, nos lugares e ambientes que
apresentam as menores taxas de urbanização a população negra é maioria. A população
negra é sobrerrepresentada nas áreas menos urbanizadas, com maior intensidade na
pobreza e no universo das habitações de favelas, cortiços e porões (Nascimento, 1977).
49 A segregação, conforme a observação espacial, pode ser analisada por diferentes
categorias, por exemplo, ela pode se apresentar como classe social, política, cor/raça,
religiosa, gênero, cultura e/ou outras manifestações que limitam o espaço para
determinado grupo social (Préteceile, 2004).
50 No caso brasileiro, é expressiva a consideração da segregação socioeconômica, no
entanto, o quadro da população negra nas cidades brasileiras também afirma que é um
cenário étnico racial (Oliveira, 2008; 2013). Aqui e em outras produções, buscamos
analisar e responder que nossa realidade é socioeconômica e étnico racial: de um lado,
resolver a questão de classe social não elimina a segregação e o racismo e, de outro lado,
a luta contra o racismo não elimina as históricas desigualdades, portanto, classe social e
raça, em nossas considerações, são elementos importantes para pensar outra realidade
diferente da que temos hoje, estruturada em direitos de oportunidades e acesso para

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todos, brancos e negros.


51 Em nossa sociedade, brasileira e nos principais centros de desenvolvimento, a
segregação racial é centrada nos espaços da habitação, mercado de trabalho e
renda/rendimento. Por exemplo: em Salvador, considerada a primeira capital federal do
país, durante a pós abolição, a população negra permaneceu nos mesmos lugares,
posições e funções. A cartografia da ex-capital federal define o lugar de cada um na
hierarquia social. Na Cidade Alta (região mais rica e valorizada de Salvador, onde se
concentra o potencial turístico da era atual) vivem a maioria dos habitantes brancos de
todas as classes sociais e, em direção à cidade Baixa e nas periferias, a maioria da
população é negra e pobre (Azevedo, 1955).
52 Nas principais capitais do país, como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, o espaço
urbano, gradualmente veio a sofrer os efeitos e reflexos da segregação racial. A
segregação no Brasil, socioeconômica e racial, apresenta-se com diferentes feições: o
quadro de invisibilidade esconde os espaços, lugares e posições em que a população
negra cotidianamente vive, o que sobressai é a questão de classe social, tornando o
quadro étnico racial secundário e/ou inexpressivo; é estrutural, porque historicamente e
na etapa atual, em todos os segmentos socioeconômicos e políticos, a população negra
está nos últimos lugares e posições; o Estado e os setores privados, em suas diferentes
frentes (federal, estaduais e municipais) praticam o racismo institucional, quando
oferecem serviços e ambiente construído de uso coletivo em condições inferiores e de
inexpressiva qualidade para a população negra.
53 Portanto, aqui, em nossa sociedade a população negra de todos os segmentos sociais,
especialmente a de menor poder aquisitivo, vive constantemente os efeitos do racismo,
das desigualdades e dos lugares reservados à população negra.
54 Esta abordagem sobre a segregação de base racial no Brasil, conforme indicamos nas
páginas acima, não é abordada pela literatura da academia nacional. A produção
nacional sobre espaço urbano e raça observa e analisa o assunto tendo como orientação
a segregação socioeconômica. Para as principais referências da literatura brasileira, a
questão não é étnico racial, é o universo da luta entre as classes sociais no universo da
cidade e do espaço (Sposati, 2004; Kowarick, 2004; Villaça, 2004 e Pasternack, 2004).
55 Em 1935, o antropólogo Claude Lévi Strauss, em sua passagem de trabalho e
produção de estudos e pesquisas, observou, em geral, cenários da cultura brasileira e,
em particular, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A etnografia elaborada por Lévi
Strauss sobre as duas capitais, retrata a segregação da população negra nos morros,
favelas, cortiços, porões e em direção aos lugares habitados pelas classes perigosas.

Pastos de vacas estendem-se ao pé de imóveis em concreto, um bairro surge como


uma miragem, avenidas ladeadas de luxuosas residências são interrompidas de um
lado e outro por ribanceiras; ali uma torrente barrenta circula entre as bananeiras
ao mesmo tempo de nascente e de esgoto para casebres de taipa sobre estrutura de
bambu, onde se encontra a mesma população negra que, no Rio, se instala no alto
dos morros (...). Certos locais privilegiados da cidade conseguem acumular todos
os aspectos. Assim, à saída de duas ruas divergentes que seguem em direção do
mar, desembocamos na beira do barraco do Rio Anhangabaú, cruzado por uma
ponte que é uma das principais artérias da cidade (...) Talvez o urbanismo tenha
agora resolvido o problema, mas em 1935, no Rio, o lugar ocupado por cada um na
hierarquia social media-se pelo altímetro: tanto mais baixo quanto mais alto fosse
o domicílio. Os miseráveis viviam empoleirados nos morros, nas favelas onde
populações de negros, vestidos de trapos bem limpinhos, inventavam ao violão
essas melodias alertas que, na época do carnaval, desceriam das alturas e
invadiriam a cidade junto com eles. (Lévi-Strauss, 1996: 83 e 95)

56 Nos anos de 1890 até os nossos dias, o mito da democracia racial mantém o seu
manto quanto ao quadro da segregação e do direito à cidade. No decurso dos 126 anos

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da abolição, o espaço urbano das cidades brasileiras não é para todos. Aos negros,
principalmente a eles, são reservados os últimos lugares na hierarquia e na estrutura
socioeconômica do país; como bem representa a etnografia sensível, há mais de
cinqüenta anos, registrada pelas lentes de Claude Lévi-Straus.

Considerações finais
57 No decorrer do texto, apresentamos os cenários do espaço urbano em constante
transformação nas cidades brasileiras. Mas é a segregação de base racial que concentra
as nossas atenções, da pré-abolição até as três primeiras décadas do século XX.
58 Neste período, as cidades brasileiras, dentre elas, as expressivas capitais de Salvador,
São Paulo e Rio de Janeiro, cada uma foi revelando suas particularidades e o todo. As
particularidades dizem respeito ao quadro de desenvolvimento urbano, desigualdades e
a forma que o espaço, diante da lógica da dominação do poder do capital e das
desigualdades, define os lugares e posições dos diferentes grupos socioeconômicos. No
cenário nacional, o racismo e as desigualdades destinaram à população negra a
sobrerrepresentação na pobreza, na indigência e na marginalização socioeconômica e
cultural. O racismo beneficia a população branca de todos os estratos socioeconômicos,
quanto ao acesso, consumo e produção dos bens e do ambiente construído necessário à
vida nas cidades.
59 De 1890 a 1930, a segregação brasileira manteve os últimos lugares das cidades para
a população negra, em geral, espaços e territórios com ambiente construído de uso
coletivo (público e privado) sempre em condições inferiores para a população negra e
pobre. Aqui, a segregação socioeconômica e racial, separam as pessoas conforme a
classe social e a linhagem de cor e raça.
60 Após 1930, este cenário foi constante, a segregação é resultado da herança do passado
e o transcorrer do século XX. A manutenção da segregação da população negra baseou-
se na ausência de políticas públicas de combate ao racismo e às desigualdades,
centradas e focadas nos territórios de desigualdades raciais nas cidades brasileiras,
sobretudo nas capitais de Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
61 A construção do direito à cidade é para todos os habitantes que nela vivem, trabalham
e fazem acontecer o movimento do território. A luta por cidadania e democracia
depende, em especial, das constantes lutas travadas e construídas, desde os quilombos,
favelas e periferias da etapa atual. Parte das lutas dos movimentos sociais negros vem
refletindo em políticas públicas, adotadas pelo Estado e setores privados, visando a
construção de igualdade, direito às diferenças e o reconhecimento das identidades.
62 Nas últimas décadas do século XX e neste início do século XXI, as ações afirmativas,
centradas nas cotas para as populações negra, indígena e pobre, de forma relativa tem
proporcionado o acesso destes segmentos (historicamente excluídos dos direitos
básicos), aos bancos das universidades públicas (federais e estaduais). Além das cotas,
outras estratégias políticas estão sendo colocadas em pratica: a aprovação do Estatuto
da Igualdade Racial, que estabelece a promoção de políticas públicas para a população
negra em diferentes cenários, como o acesso à educação, cultura, saúde, moradia, bem
estar social, terra e mercado de trabalho; as leis 10.639/2003 e 11.648/2008, que
tornam obrigatório o estudo da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena
nas escolas públicas e particulares, e, na perspectiva do bem estar social, a adoção da
Política Nacional de Saúde da População Negra, tendo em vista os ininterruptos
cenários das desigualdades raciais em saúde, desde o nascimento, desenvolvimento,
adoecimento e morte, haja vista o genocídio da população negra e jovem nos últimos
quarenta anos.

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63 Espaço urbano e raça são pautas relegadas e negadas por pesquisadores brasileiros
sobre o urbano nas ciências sociais. Historicamente e na era atual, serão as lutas por
direitos à igualdade e às diferenças que marcarão a história do século XXI e que poderá
definir territórios de cidadania para todos.

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Notas
1 Divisão de povos africanos de diferentes grupos étnicos ; camitas, bantos, sudaneses, insulani,
etc.
2 Foi aprovada em 4 de 1850, é uma legislação brasileira do segundo Reinado, que proibiu o
tráfico interatlántico de escravos. No Brasil, esta lei foi aprovada devido a pressão socioeconômica

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e política da Inglaterra.
3 Em 2014, a irmandade completou 303 anos de existência. A história da instituição está inscrita
no chão e na história da capital paulistana.
4 A Reforma está baseada nos princípios das políticas de limpeza urbana e higienização, tendo
como orientação a ideologia do Barão de Haussmann, que mudou radicalmente a cidade de Paris
(pós-revolução), com a abertura de grandes avenidas, colocando no esquecimento o espaço
público de lutas e história das classes populares que estiveram à frente das lutas em prol da
revolução e da igualdade política e socioeconômica.

Para citar este artículo


Referencia electrónica
Reinaldo José de Oliveira y Regina Marques de Souza Oliveira, « Origens da segregação racial
no Brasil », Amérique Latine Histoire et Mémoire. Les Cahiers ALHIM [En línea], 29 | 2015,
Publicado el 18 junio 2015, consultado el 07 agosto 2020. URL : http://journals.openedition.org
/alhim/5191

Autores
Reinaldo José de Oliveira
Pós-doc do Programa Nacional de Pós-Doutorado da CAPES, vinculado ao Programa de
Estudos Pós-Graduados da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. E-mail:
reinaldo.jose@uol.com.br

Regina Marques de Souza Oliveira


Professora Doutora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências da
Saúde.

Derechos de autor

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