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VARRÃO E CHOMSKY
Rodrigo Tadeu Gonçalves
RESUMO
Este artigo aproxima a visão contemporânea de Chomsky sobre o Aspec-
to Criativo da Linguagem em sua versão formal ligada à recursividade
sintática como característica denidora da linguagem humana ao concei-
to de recursividade implícito no sistema gramatical do material restan-
te da obra De Lingua Latina do autor romano Marco Terêncio Varrão. O
trabalho propõe uma visão histórico-losóca sobre questões amplas de
linguagem e levanta pontos de contato entre Varrão e Chomsky que mes-
mo o lingüista norte-americano não levanta nas reconstruções históricas
de suas próprias idéias.
Palavras-chave: Varrão; Chomsky; Aspecto Criativo da Linguagem; His-
tória da Lingüística; Gramática Antiga.
+ Caso – Caso
+ Tempo Particípios Verbos
– Tempo Nomes Advérbios
ABSTRACT
This article brings forth an approximation between, on the one hand,
Chomsky’s contemporary views on the Creative Aspect of Language,
specically in its formal syntactical nature, in a way that is related to re-
cursivity and in a way that it can be seen as one of the dening features of
human language, and, on the other, the concepts of recursivity which are
implicit in the grammatical works of Marcus Terentius Varro, the extant
books of De Lingua Latina. The paper approaches the history of the lan-
guage ideas trying to come up with points of contact between Chomsky
and Varro in a way that is not even done by Chomsky himself in his his-
tories of his own ideas.
Keywords: Varro; Chomsky; Creative Aspect of Language; History of
Linguistics; Ancient Grammar.
NOTAS
1
Sobre as propostas mais clássicas do argumento de pobreza de estímulo e da gra-
mática universal, leia-se Chomsky (1964) e Piatelli-Palmarini (1981), por exemplo.
Um desdobramento recente do debate em torno da pobreza do estímulo pode ser ve-
ricada na seqüência de artigos do volume 19 do periódico The Linguistic Review,
como por exemplo os de Pullum & Scholtz (2002), Scholtz & Pullum (2002) e de
Lasnik & Uriagereka (2002).
2
Neste ponto, é importante fazer mais uma ressalva. Conforme nos aponta Maximi-
liano Guimarães (comunicação pessoal), é muito arriscado aproximar a intuição de
uma innitude sentida por Varrão quase como que intuitivamente, a partir da percep-
ção de que o número de formas possíveis a partir da aplicação dos mecanismos de impo-
sitio e declinatio de uma noção formal de recursividade ou de innitude matemática.
Anal, ainda que as regras morfológicas permitam exão e derivação a partir de im-
posições vocabulares (mesmo que de radicais absolutamente desconhecidos para a
língua em questão), o resultado nal constituiria um conjunto nito de formas, ainda
que numerosíssimas. Mais do que aproximar as noções de recursividade chomskiana à
de quase “innitude” de Varrão do ponto de vista formal, procuramos, sim, possibi-
litar uma aproximação plausível entre a empreitada racionalista de Chomsky e uma
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