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PSICOLOGIA CLÍNICA

O que é a Psicologia Clínica?


 É um campo complexo, dividido em áreas específicas, num movimento contínuo
de iniciativas que nascem da investigação focada na prática
 O campo da Psicologia Clínica integra:
o Investigação científica
o Teoria
o Avaliação
o Intervenção
 A Psicologia Clínica prevê e avalia as problemáticas, as incapacidades e o mal-
estar psicológico
 Promove a adaptação humana e o desenvolvimento pessoal
 Concentra-se nos aspetos cognitivos, emocionais, biológicos, sociais e
comportamentais do funcionamento humano ao longo da vida, em diferentes
culturas e em todos os níveis socioeconómicos
o Centrada no psicológico:
 Perspetiva holística de um corpo que não é destituído da mente e
de que não existe vida sem o social
 Não reducionista do que é subjetividade humana
 É a maior subespecialidade do campo da Psicologia
 A psicologia Clínica corresponde ao estudo da mente e do Comportamento
Humano, os pensamentos, as emoções, e aos comportamentos constituem o
domínio da actuação dos Psicólogos
 A extensa formação de base em psicologia, permite aos Psicólogos compreender
os processos de desenvolvimento emocional, social e cognitivo, assim como o
funcionamento da personalidade e das relações interpessoais.
Qual o seu objeto?
 O sofrimento humano nas suas diversas dimensões:
o Emocional
o Comportamental
o Corporal
o Relacional
Qual o seu objetivo?
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Aliviar o sofrimento humano  promover o bem-estar e saúde psicológica


promover a adaptação humana e o desenvolvimento pessoal
 Recurso ao progresso de outras áreas, nomeadamente Filosofia, Medicina e
Ciência

PRÁTICA BASEADA NA EVIDÊNCIA

 Ciência: a intervenção clínica tem por base uma avaliação e conceptualização feita a
partir de modelos teóricos e resultados da investigação

 Arte (a especificidade do fator humano): arte de conseguir escutar e ajudar, adaptar as


capacidades do psicólogo à especificidade de cada pessoa; diferentes contextos requerem
diferentes métodos de avaliação e intervenção; diferentes modelos teóricos podem
adaptar-se melhor a diferentes áreas e contextos de atuação. Capacidade de conseguirmos
adaptar o conhecimento geral que temos a um mundo único  o do paciente. Leitura inter
e intrapessoal.

 Responsividade: capacidade do psicólogo clínico ou psicoterapeuta de adaptar a sua


leitura teórica à especificidade do paciente

Eysenck e outros: as intervenções deveriam basear-se em estudos  método científico


experimental:
 Controlo de variáveis que interferem com o objeto de estudo
 Investigador neutro
 Dados tratados estatisticamente
 Replicável e conhecimento generalizado

Assumindo que a investigação é necessária para determinar se os tratamentos usados


na Psicologia são eficazes, a APA criou, em 1995, uma task force para criar diretrizes
sólidas para as intervenções psicoterapêuticas, baseadas em investigação, também ela
sólida  Tratamentos suportados empiricamente:
 Estes tratamentos têm manuais que devem ser rigorosamente seguidos, defendem
os investigadores
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Os clínicos resistem a esta ideia, defendendo as necessidades específicas de cada


indivíduo diagnosticado com determinada patologia
 Os tratamentos suportados empiricamente apresentam limitações importantes:
o Limitam as decisões clínicas
o Ignoram as características dos pacientes não especificadas nos
diagnósticos
o Desvalorizam o impacto do terapeuta

Em 2005, a APA lançou uma task force sobre prática psicológica baseada na
evidência científica, onde descreve o comprometimento da Psicologia com a Ciência
baseada na evidência, e com que objetivos.

Definição da APA:
 “Evidence-based practice in psychology is the integration of the best available
research with clinical expertise in the context of patient characteristics, culture
and preferences”
 A Evidence-based practice in Psychology é a integração da melhor investigação
disponível (não destaca os ensaios clínicos como mais válidos, devendo ser
articulados diferentes tipos de investigação)
 “expertise clínica do terapeuta”  importância do impacto do terapeuta e das
suas competências interpessoais e características, e não apenas do método –
factores comuns
 “características e preferências do paciente”  papel fundamental do paciente
nos bons resultados terapêuticos; recomenda a introdução de formas contínuas de
monitorização e de adaptação da intervenção ao paciente
Objectivos da Evidence-based practice in Psychology:
 Promover práticas psicológicas eficazes
 Promover a saúde pública, aplicando princípios suportados empiricamente de
diagnóstico psicológico; formulação de caso; relação terapêutica; e intervenção
Principais Conclusões:
 O resultado das intervenções depende mais do que os modelos têm em comum,
do que daquilo que os diferencia  factores comuns
 Grande importância às características interpessoais do psicoterapeuta
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Monitorização do processo  tornar o paciente ativo

Áreas de Intervenção Iniciais

 Ação sobre o individuo em sofrimento ou com problemas emocionais,


comportamentais, racionais, etc.
 Psicoterapias de setting, com Enquadramento Teórico específico:
o Psicanalítico
o Comportamental
o Cognitivo-Comportamental
o Humanista

Investigação Científica
 A APA, fundada em !892, focada na Psicologia Experimental e menos interessada
na Psicologia Clínica ou Aplicada. Os membros eram académicos que faziam
investigação. Muitos dos fundadores eram médicos de formação que dedicaram
as suas vidas ao Ensino e à investigação, e não prática médica.
 A primeira clínica de Psicologia fundada por Witmer, na Universidade de
Pensilvânia, em 1896, dedicava-se a ajudar crianças, focando-se mais no
funcionamento cognitivo e académico que no funcionamento emocional 
Psicólogos Educacionais

Avaliação Psicológica
 Alfred Binet (1905) desenvolveu os primeiros testes de inteligência para crianças.
Este teste foi dotado de normas quantitativas por Terman (1916), passando a ser
conhecido por Standard Binet. Aplicar testes Binet em escolas, clínicas e hospitais
era uma das principais atividades dos psicólogos nos EUA.
 Com o envolvimento dos EUA nas Guerras Mundiais, desenvolveram-se teste de
avaliação psicológica intelectual e de funcionamento psicológico dos potenciais
soldados, testes de personalidade e breves versões do Rorschach e TAT.
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Após as Guerras Mundiais, foi criado o MMPI com o objetivo de avaliar a


personalidade e detetar problemas psiquiátricos.
 Em 1949 surgiram vários testes neuropsicológicos.
 Em 1949 foi publicada a WISC, que é hoje, o teste mais usado para avaliar a
inteligência das crianças dos 6 aos 16 anos.

Áreas de Intervenção Iniciais/”Intermédias”

 Abordagem:
o Familiar
o Integrativa
o Biopsicossocial
 Psicoterapia de Apoio  a única que um psicólogo clínico pode realizar com a
sua formação/base
o “É, e pretende ser, uma terapia pragmática virada para aquilo que é
enunciado como queixa, sintoma ou sofrimento” (Leal, I., 2005).
 Actualmente, os Psicólogos Clínicos trabalham num vasto leque de contextos:
o Universidades
o Hospitais
o Clínicas Em muitos destes cenários, está implícita a
o Escolas apreciação de factores multidimensionais e
o Empresas atitude aberta e integrativa
o Instituições Militares
o Consultórios Privados
 Investigação: fundação de todas as atividades da Psicologia Clínica
 Avaliação Psicológica: usada para avaliar e diagnosticar aspectos psiquiátricos,
conflitos relacionais, questões educacionais, competências

Áreas de Intervenção Actuais/Emergentes

 Tratamento/Intervenção: grande variedade de problemas humanos, grande


diversidade de abordagens
 Ensino: universidades; escolas de formação psicoterapêutica; workshops, etc.
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Consultoria: em diversas áreas, vasto leque de técnicas


 Administração: diversos cargos directivos
 Consultório Privado: psicoterapia

COMPETÊNCIAS DO PSICÓLOGO CLÍNICO

 De acordo com o colégio de especialidade em Psicologia Clínica e da Saúde da OPP:


 “A Psicologia Clínica e da Saúde é uma especialidade da Psicologia que se
debruça sobre a promoção do bem-estar e realização pessoal, intervindo em
problemas de saúde física, mental e comportamental de indivíduos, famílias e
grupos, conceptualizando-os de forma compreensiva”.
 “Abrange todo o ciclo de vida do individuo e pretende-se transversal em termos
culturais e socioeconómicos”.
 “Abrange perturbações de índole intelectual, emocional, psicológica, social ou
comportamental”.
 “Os psicólogos devem compreender a psicopatologia e os processos mentais para
poder intervir na perturbação, recorrendo a procedimentos específicos”.

 Os contextos de intervenção são variados, uns associados estritamente à prestação de


cuidados de saúde, como hospitais e centros de saúde, outras na área da justiça e do
desporto.

 A diversidade de escolas de psicologia e de métodos de intervenção são um desafio e,


ao mesmo tempo, constroem a identidade da Psicologia Clínica.

 Competência: tornou-se um termo comum na Psicologia, como em outras áreas da


saúde, é um termo genérico e abrangente, e implica desenvolvimento, aprendizagem e
avaliação.
 No caso dos Psicólogos, espera-se que a formação académica dê competências, a
certificar por órgãos de controlo. Estes devem assegurar a proteção do público e
a qualidade dos Psicólogos e dos serviços que estes prestam
 A APA recomenda que os Psicólogos se foquem na aquisição e manutenção de
competências.
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Os programas de formação e treino devem ter em conta os resultados das


avaliações de competências, de forma a acompanhar as exigências da profissão.
 A OPP considera especialistas em Psicologia Clínica e da Saúde, os profissionais
a quem é reconhecida competência científica de aplicação de conceitos,
metodologias e técnicas da área.

Competências do Psicólogo Clínico


 Diagnóstico
o Diagnóstico Funcional: significa ser capaz de compreender o
funcionamento do individuo e de descrever as dificuldades ou alterações
sentidas ou apresentadas no momento do primeiro contacto. Implica
observação clínica, entrevista, avaliação dos resultados e interpretação
o Diagnóstico Clínico: implica bom conhecimento das várias patologias,
capacidade as identificar, e domínio de diagnóstico diferencial  “dar
nome” terá consequências que o psicólogo clínico tem que pesar bem
 Avaliação Psicológica
o É um acto específico e exclusivo da Psicologia.
o Processo compreensivo que procura responder a necessidades de
informação, recorrendo a protocolos válidos.
o Implica: escolher os instrumentos adequados; saber aplicar e cotar os
instrumentos; saber interpretar os resultados
o Articula-se com a observação clínica para uma leitura adequada das causas
dos sintomas/queixas e para uma estruturação compreensiva da pessoa, de
forma a estabelecer um plano terapêutico adequado
 Planeamento
o A partir da avaliação formal ou informal, o psicólogo clínico elabora um
plano terapêutico do trabalho a realizar com o paciente
o Faz-se para ser seguido
o Pode ser alterado consoante a realidade
 Monitorização
o Monitorizar contribui para a eficácia do plano de intervenção
o Útil para o Psicólogo para saber se está no caminho certo
o Útil para o paciente  objetivos claros mobilizam o processo
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Intervenção Psicológica
o De acordo com as competências adquiridas ao longo da formação
o Destaque para a psicoterapia de apoio, com foco na adaptação do paciente,
com esforço das estruturas do ego mais frágeis, de forma a reduzir os
sintomas de sofrimentos ou a promover o bem-estar geral
 Conceptualização de Caso
o Constrói-se com base num modelo terapêutico integrativo, que combina
conceitos cognitivo-comportamentais, de traço, interpessoais e
experienciais
o A recolha de informação acontece, essencialmente, nas primeiras
consultas
 Relação significativa com outros
 Acontecimentos de vida significativos
 Caracterização do estilo de vida
 Experiências de socialização
 Crenças centrais
 Crenças condicionais
 Estratégias compensatórias
 Factores de manutenção externos
 Recursos, talentos e forças
o Identificar o pedido e os problemas é fundamental para criar uma hipótese
explicativa, os objetivos terapêuticos e o plano de intervenção
 Investigação
o Seguindo o desígnio da “ciência baseada a evidência”, o Psicólogo Clínico
deve manter-se actualizado sobre as temáticas que caracterizam a sua
actividade e integrá-las na prática
o A actividade de investigação aprofunda e aumenta conhecimentos

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Relevância da Avaliação Psicológica

Fundamento da Intervenção Psicológica


PSICOLOGIA CLÍNICA

 Qualquer que seja a intervenção psicológica, é necessário avaliar, sempre, para


compreender a natureza do problema que guiará a intervenção
 Não basta um diagnóstico (ex.: depressão)
 Compreende-se que o plano de intervenção será muito diferente caso a depressão
seja por causas:
o Biológicas
o Familiares (relação em risco de terminar)
o Profissionais (problemas com as chefias ou colegas)
o Luto (perda de alguém muito próximo)
o Trauma (vítima de catástrofe)
 E compreende-se que o plano de intervenção será muito diferente caso a pessoa:
o Esteja consciente que tem um problema e motivada para trabalhar com um
psicólogo
o Não reconheça ter um problema e nem reconheça nos psicólogos
capacidade para ajudar a ultrapassar a depressão
o Esteja descompensada psicoticamente, etc.

Fundamento da Intervenção Psicológica

Para o levantamento/avaliação do problema


PSICOLOGIA CLÍNICA

Fundamento da Avaliação Psicológica

Para a Formulação de Caso

Para a Formulação do Plano de Intervenção

Fundamento da Intervenção Psicológica


PSICOLOGIA CLÍNICA

Elementos Para a Mudança na Intervenção Psicológica

Plano de Relação Práticas e/ou Qualidade do Características do


Intervenção Terapêutica Técnicas Psicólogo Paciente e Contexto

Intervenção Psicológica = Outcome

Fundamento da Intervenção Psicológica

 Formulação de Caso
 Dados de avaliação
 Teoria da Perturbação
 Teoria da Perturbação
 Teoria da Mudança

Formulação Plano de
de Caso Intervenção

Avaliação/ Intervenção
Outcome Psicológica

 Entrevista Clínica Plano de Intervenção


 Instrumentos  Relação Terapêutica
 Feedback/ Avaliação, Outcome  Prática/Técnicas
 Qualidades do Terapeuta e do
Paciente, e contextuais
PSICOLOGIA CLÍNICA

Articulação Teoria-Prática Clínica  Bases da Intervenção Psicológica

 A intervenção psicológica tem por base uma avaliação e conceptualização feitas a


partir de modelos teóricos que irão dar o rumo na orientação do processo clínico
 Diferentes contextos requerem diferentes métodos de avaliação e de intervenção
 Diferentes modelos teóricos podem adaptar-se melhor a diferentes áreas e
contextos de actuação  vantagens e desvantagens

 O método clínico é uma importante ferramenta do psicólogo clínico, constituindo-se


como um conjunto de técnicas utilizadas no quadro das práticas clínicas

 O termo “clínico” significa: observação do cliente sem recurso a aparelhos, que


valoriza, significativamente, a observação do cliente como forma de realizar um
diagnóstico e uma intervenção crítica na individualidade daquele cliente

As Metodologias de Avaliação Psicológica

Avaliação Psicológica

 Avaliação Psicológica
o Capacitação exclusiva do psicólogo
 Avaliação em Psicologia Clínica
o Capacitação exclusiva do Psicólogo Clínico
 Várias Metodologias de Avaliação Disponíveis
o Observação comportamental (em contexto; role plays)
o Instrumentos de avaliação como inventários ou testes psicológicos
o Discussão com outros técnicos familiarizados com a pessoa
o Entrevista clínica (próprio ou pessoas significativas)
 A escolha das Metodologias depende:
o Da natureza dos problemas
o Do psicólogo (capacidades e perspetiva terórica)
o Da pessoa (objetivos, recurso, características e vontade/disponibilidade)
PSICOLOGIA CLÍNICA

o De questões práticas (custos e recursos disponíveis) e institucionais


(políticas institucionais)

 Ao contrário da doença física, a nosologia em saúde psicológica, assume um caracter


consideravelmente mais complexo:
 Diferentes sintomas poderão ter etiologia distinta, apesar de se manifestarem
através de crenças, sentimentos e pensamentos idênticos
 Sintomas idênticos poderão ser manifestação de condições psicológicas muito
diferentes
 A presença de um sintoma não implica, obrigatoriamente, a presença da doença
mental e/ou diagnóstico
 Por vezes o cliente vem “diagnosticado” pelos seus parceiros, pais ou amigos,
experimentando dificuldades em libertar-se do “rótulo”

Avaliação Psicológica – A Entrevista Clínica

 Instrumento privilegiado de avaliação, e mais importante do Psicólogo Clínico


 Base de toda a atividade clínica:
o Fundamento para o plano de intervenção
o Elemento essencial para estabelecer as bases relacionais do apoio
psicológico
 Faz parte do processo terapêutico
o Investigação: pode já haver benefícios psicológicos nas primeiras sessões
da entrevista clínica (Fin & Tonsager, 1997)
 Componente de avaliação Psicológica
o Permite explorar a natureza única da experiência do indivíduo
o Adequar a intervenção permite aceder diretamente à pessoa

Entrevista Clínica VS. Instrumentos Padronizados de Avaliação

 O problema da Objetividade (Reliability and Validity)

Classificações de Entrevistas Psicológicas Mais Comuns


PSICOLOGIA CLÍNICA

 Não há uma única entrevista psicológica, mas múltiplas formas classificáveis


de acordo com o nível de estruturação; meio ambiente emocional; objetivos; finalidade;
fase da relação; e quadro teórico de referência (Leal, 2008).

Classificação de Acordo com o Nível de Estruturação

 Em função da atitude do entrevistador (diretividade), quadro teórico (rogerianas VS.


CBT), objetivos da entrevista (psicoterapia VS. avaliação), a entrevista clínica pode ser:
 Estruturada: o entrevistador segue um questionamento pré-estabelecido e com
critérios de cotação bem estabelecidos, em função de categorias já definidas
 Semiestruturada: o entrevistador segue um guião, mas tem flexibilidade dentro
dos temas-chave para questionar e divergir ligeiramente
 Não Estruturada/Aberta: entrevista de “mãos nuas” em que o entrevistador não
segue qualquer guião pré-estabelecido, guia-se apenas pelo que o entrevistado vai
dizendo

Classificação de Acordo com os Objetivos (Craig, 1989)

 Entrevista de Recolha de Dados


o Aceder a um conjunto de dados significativos, relevantes para o contexto
em que a entrevista decorre e, de forma geral, deve permitir:
 Clarificar das necessidades do sujeito
 Determinar o melhor seguimento
 Comunicar/clarificar normas e regras institucionais
 Obter informações gerais para registo da instituição
 Encaminhamento, etc.
 Entrevista de Avaliação de Caso
o Aprofundamento de uma recolha de dados que, sendo profunda e
criteriosa, deve permitir a elucidação da problemática do sujeito e a
decisão do encaminhamento mais vantajoso
 Entrevista de Avaliação do Estado Mental
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Mais estruturada e dirigida, visa avaliar graus de deterioração ou disfunção


ou outras problemáticas psico-emocionais  ex.: recrutamento e seleção
 Entrevista de Pré e Pós-Teste
 Entrevistas Breves de Avaliação
o Formato focal e tempo limitado, preliminar a qualquer tipo de intervenção,
em que só algumas informações interessam:
 Avaliar um determinado aspecto ou dimensões genéricas da sua
personalidade, num limitado espaço de tempo
 Entrevista de Conclusão
 Entrevista de Investigação
o A especificidade é o seu objetivo, recolha de dados para fim de pesquisa,
cujo beneficiado principal é o entrevistador

Estrutura da Entrevista

 Abertura
o Dar informação essencial
o Consentimento informado
o Reduzir ansiedade
o Desenvolver relação
o Estabelecer tom e ritmo
 Corpo da Entrevista
o Recolha de informação  hipóteses  recolha de informação 
hipóteses ....
 Fechamento
o Agradecer a partilha de material sensível e confiança depositada
o Rever os temas mais importantes
o Análise e compreensão clínica do problema: conclusões da entrevista
o Dar oportunidade de intervenção/tratamento
o O que o paciente pode esperar  próximos passos

Objetivos Básicos da Entrevista Clínica


PSICOLOGIA CLÍNICA

 Recolher informação relevante para compreender o problema da pessoa e


eventuais riscos
o Como é que o problema surgiu na vida da pessoa
 Estabelecer um diagnóstico e/ou uma conceptualização do caso
 Estabelecer um plano de intervenção (tratamento) que seja acordado pelos dois
 Desenvolver uma relação e aliança terapêutica com o paciente
o Confiança no psicólogo e no plano
 Investigação

 “Desenvolver uma melhor compreensão da experiência do paciente e do seu


funcionamento psicológico”
Koerner, Hood & Antony, 2010
PSICOLOGIA CLÍNICA

COMPETÊNCIAS TEÓRICAS, INTRA E INTERPESSOAS DO


ENTREVISTADOR

As Quatro Dimensões de Competência para a Condução de uma Entrevista Clínica

Competências do Entrevistador
 Competências Intrapessoais
 Competências Interpessoais Entrevista Clínica
 Competências Teóricas
 Competências Técnicas

 Aquilo que conduz uma boa entrevista clínica deriva de três grandes fatores do
entrevistador:
 Fatores teóricos
 Fatores intrapessoais
 Fatores interpessoais

Competências Teóricas

Teoria VS. Técnica ou Teoria & Técnica?

 Técnica de Entrevista
o Os processos utilizados para a obtenção de informação pertinente para os
objetivos da entrevista
 Teoria da Entrevista
o Conjunto de modelos conceptuais que sustentam as direccionalidades,
interpretações e também o privilégio de algumas técnicas de entrevista
 A mera utilização da tecnologia da entrevista (técnica), por si só, não pode
fornecer os elementos de análise e desconstrução do discurso do entrevistado, que
permitam considerar uma entrevista como psicológica
 É a teoria que concede à técnica um quadro de referência que fundamenta a
mudança do “fazer” para o “saber fazer”
PSICOLOGIA CLÍNICA

Entrevista Psicológica – Sistematização da Técnica com base na Teoria ou


Conhecimentos Científicos

 As entrevistas são “psicológicas” não pelas técnicas utilizadas, já que são


exatamente as mesmas que se usam em entrevistas sociológicas, médicas, etc., mas pela
recorrência a teorias, e modelos psicológicos, que organizam as interações que se
estabelecem e dão sentidos particulares à própria informação adquirida por este meio
(Leal, 2008).

Teoria da Entrevista: “Saber Fazer”

 Qualquer entrevista psicológica tem como base um referencial teórico à luz do


qual, as informações obtidas e a relação estabelecida, podem ser compreendidas
 Esse conhecimento é o que estrutura a condução da entrevista e permite a
interpretação e análise da informação recolhida
 De maneira a que os profissionais da mesma formação:
o Possam partilhar a linguagem e conceitos utilizados e as conclusões
obtidas
o Colocados nas mesmas circunstâncias, desenvolvam estratégias iguais ou
(pelo menos) suficientemente semelhantes de avaliação e explicitação de
um qualquer fenómeno e que cheguem a conclusões semelhantes

Competências Teóricas Mais Relevantes

 Conhecimento aprofundado de modelos teóricos adequados à área e contexto de


trabalho  ajuda na construção de hipóteses explicativas
 Conhecimento aprofundado em psicopatologia
o Exploração diagnóstica e estado mental
o Exploração de risco
 Atenção a dimensões trans teóricas como:
o Fatores agravantes e de alívio
o Atenção ao implícito
o Compreensão da transferência e contratransferência
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Transferência: o paciente transfere para a relação com o


psicólogo clínico coisas que não deveriam estar lá, por norma,
conteúdos/experiencias que têm a ver com relações do passado,
como os pais ou parceiros
 Contratransferência: reações a um processo transferencial de um
paciente

Teoria da Entrevista – Relevância

 Ter um quadro teórico de referência que se conheça profundamente para:


o Ter uma “grelha” de leitura dos fenómenos
o Sistematizar e filtrar informação
o Fundamentar e orientar a utilização da técnica da entrevista
o Fundamentar a condução da entrevista
o Produzir conclusões objetivas e replicáveis
o Ancorar uma identidade profissional

Produzir intervenções, análises e resultados sustentados em fundamentos científicos


partilhados e replicáveis

Competências Interpessoais

Relação VS. Técnica ou Relação & Técnica?

 Para fins académicos, é habitual distinguir o como do o quê – a relação da


intervenção, o interpessoal e o instrumental – como se fossem entidades separadas
 Na realidade, o que uma pessoa faz e como faz são complementares e
inseparáveis: relacionamo-nos com o entrevistado (como) para fazer algo com ele
(o quê)
 A relação vai influenciar a eficácia da técnica e a aplicação da técnica é já um ato
relacional
PSICOLOGIA CLÍNICA

 A relação é o chão onde se pode implementar a técnica  potencia a confiança e


abertura do sujeito
 A importância da relação é suportada com base na evidência, como tendo tanto
ou mais impacto no outcome que a técnica (Norcross & Lambert, 2019) – Clínica

Competências Interpessoais Mais Relevantes para a Condução de Entrevista Clínica

 Desenvolver uma boa relação com o paciente


 Competências Relacionais:
o Escutar: ouvir, compreensão e empatia
o Calor
o Cuidado
o Simpatia
o Empatia
o Interesse genuíno no paciente e no que ele traz
o Respeito pelo conteúdo e pela pessoa
o Apoiar e validar o paciente e o conteúdo que ele traz
 Mostrar profissionalismo
 Ser muito claro a falar das condições do contrato terapêutico e das regras que
balizam aquela consulta
 Setting: ter um aspecto cuidado, profissional e sério
 Ajuda a passar ao paciente uma ideia de confiança e credibilidade
 Linguagem verbal (e não verbal) do clínico (que demonstrem abertura e calma)
 Verbal:
o Adequada à pessoa que temos à frente  evitar jargões técnicos e
vocabulário demasiado complexo
o Tom de voz sereno
 Trabalhar expectativas e confiança
 Atuar no momento em que aparece um problema
 Confiança: profissionalismo, competências relacionais e linguagem adequada
 Expectativas: perguntar ao paciente quais as expectativas que tem ao estar ali e
adequá-las à realidade/clarifica-las, para evitar desilusões
 Recolher informação relevante para o caso, sem comprometer a relação
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Equilíbrio entre a recolha e dar tempo e espaço à pessoa

Competências Intrapessoais

Relação & Neutralidade ou Relação & Manuseamento da Experiência Interna do


Entrevistador?

 A neutralidade do entrevistador, ainda que um objetivo para alguns modelos


teóricos, é impossível
 O entrevistador, com as suas experiências previas, irá ser influenciado (tocado
psicológica e emocionalmente) pelo entrevistado e pelos seus conteúdos
 Consequentemente, as suas respostas, atitudes e comportamentos irão refletir essa
influência
 Conhecer, detetar e manusear profissionalmente as experiências suscitadas na
relação com o entrevistado parece mais credível do que almejar não as termos

Competências Intrapessoais

Competências Intrapessoais Mais Relevantes para a Condução da Entrevista


Clínica

 Auto-conhecimento: auto-consciência profunda dos seus preconceitos,


worldviews, problemáticas psico-emocionais e do impacto destes factores na sua
relação com outro  mais cognitiva
 Capacidade Psicológica: capacidade de auto-monitorizar e gerir a sua
experiência interna  mais experiencial/emocional
 Congruência/genuinidade: estar consciente, aceitante e congruente com o seu
sentir  2 componentes:
o Uma profunda ressonância e aceitação com a sua experiência interna na
relação com o outro, sendo esta autenticidade a base da relação  Intra
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Ser capaz de transmitir por palavras, atitudes ou comportamentos esta


genuinidade  Inter

COMPETÊNCIAS TÉCNICAS DO ENTREVISTADOR

 Objetivo: competências técnicas para a boa condução de uma entrevista clínica

Técnicas da Entrevista Clínica

 Definição
 Fórmulas/estratégias/processos utilizados para atingir os dois principais objetivos
da Entrevista Clínica:
o Obtenção de informação útil no decorrer da entrevista
o Estabelecimento e aprofundamento da relação entre entrevistado e
entrevistador
 Intervenções ou formas de dizer do entrevistador, que pretendem produzir um
efeito específico na:
o Qualidade e/ou quantidade do discurso do entrevistado
o Na relação entre os intervenientes
 O domínio excelente da técnica da entrevista é alcançado quando estas são
utilizadas de forma sistemática e precisa, sem que sejam notadas enquanto
“técnicas”
o Estão de tal forma integradas no reportório do entrevistador, que este as
utiliza sem que aparentem uma sistematização técnica (flui naturalmente)
 A automatização das técnicas deve ser o primeiro objetivo do psicólogo;
conseguido, em especial pela observação e treino (prática deliberada)
 Não têm filiação teórica
 Diferentes paradigmas dão preferência a algumas técnicas em detrimento de
outras, pela proximidade que essas técnicas têm ao racional teórico do modelo
 As categorias de técnicas não fechadas, nem mutuamente exclusivas, na prática,
surgem interligadas (por vezes combinadas) e interdependentes
 O exercício de as separarmos e categorizarmos em unidade identificáveis é
meramente pedagógico
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Reconhecimento, aprofundamento e treino do entrevistador

Técnicas da Entrevista Clínica

 Leal, 2008
 Craig, 1989  Generalização
 Questionamento  Focagem
 Reflexão  Ecoar
 Reformulação  Provocação
 Clarificação  Racionalização
 Confrontação  Informação à medida ou esclarecimento ou
 Auto-revelação psicopedagogia
 Silencio
 Exploração  Vários Autores
 Reestruturação  Horizontalização
 Interpretação  Observação
 Humor  Sumários
 Reflexão interpretativa ou “empatia
avançada”
Técnicas da Entrevista Clínica – Diretivas VS. Não Diretivas

 Na utilização das diretivas não estamos apenas a recolher informação, mas


também a tentar introduzir algum tipo de mudança no entrevistado
 implica que o entrevistado esteja preparado para “essa mudança”
 se usarmos técnicas diretivas, estas devem ser conjugadas com técnicas não
diretivas e com verificação do estado da relação no final:
o Não diretiva  diretiva  check in
 O estilo relacional influencia muito a perceção de diretividade no uso da técnica
 As diretivas devem ser utilizadas de forma colaborativa e numa postura de
abertura e respeito
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Não Diretivas  Diretivas


 Questões abertas  Questões fechadas
 Reflexão  Exploração
 Reformulação  Confrontação
 Clarificação  Auto-revelação
 Sumários  Reestruturação
 Ecoar  Reflexão interpretativa
 Silencio  Interpretação
 Observação  Humor
 Horizontalização  Generalização
 Focagem
 Provocação
 Racionalização
 Informação à medida ou esclarecimento
ou psicopedagogia

Questionamento

 O quê?
o Fazer perguntas
 Para quê?
o Ajudar a obter informação relevante para os objetivos da entrevista
 Desvantagens:
o Podem facilmente tornar-se intimidantes ou ameaçadoras
o Facilita uma postura passiva no entrevistado
 A forma como se faz perguntas é fundamental para gerir o segundo grande
objetivo da entrevista (fortalecer a relação) e para minimizar as desvantagens:
o Perguntas diretivas VS. Não diretivas
 A sua mãe já devia ser muito idosa quando faleceu, não? VS Como
é que se sentiu quando a sua mãe morreu?
o Perguntas fechadas (diretas) VS. Abertas (relação, escolhas, modo de
funcionar)
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Que idade tinha a sua mãe quando morreu? VS Pode me falar um


pouco mais sobre a sua mãe na altura em que ela morreu?

Reflexão

 O quê?
o Dar a entender ao entrevistado que o estamos a seguir e a compreender no
que diz respeito à vivência emocional relativamente ao que está a ser
comunicado
 A reflexão é, então, uma demonstração ou devolução empática
o Intervenção em que o entrevistador demonstra que está a compreender
empaticamente os afetos referidos pelo paciente
 Para quê?
o Potencia a relação e facilita eventuais ligações a elementos pré-reflexivos
(expande a reflexividade do entrevistado)
 Desvantagens:
o Implica abertura intersubjetiva da consciência e transposição imaginativa
por parte do entrevistador
o Não é viável a utilização sistemática numa entrevista, pois tende a
aprofundar/focar, o que afunila a entrevista
 Exemplos:
o O entrevistador adota uma expressão facial que traduz os afetos veiculados
pelo entrevistado
o “hum hum”
o Sente que falhou à sua mãe por não ter estado quando ela mais precisava!

Reflexão Interpretativa ou Empatia Avançada

 O quê?
o Uma interpretação do sentimento que pode estar implícito naquilo que foi
dito. É uma reflexão que vai para alem do expresso
 Para quê?
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Facilitar o contacto com emoções que poderão não estar no plano


reflexivo, aumentando a reflexividade do entrevistado
o Potencia a relação
 Desvantagens:
o Implica grande sintonia do entrevistador com os conteúdos afetivos do
entrevistado
o Risco de interpretação errada do sentimento, com eventual sentimento de
incompreensão por parte do entrevistado
 Exemplos:
o Entrevistado: quando aquele rapaz se fez a mim, eu não conseguia deixar
de me sentir bonita, sexy, especial... depois de uns copos, acabei por ir
para a cama com ele e acordei sentindo-me a pior pessoa do mundo!
o Entrevistador: sentiu-se culpada por ter traído o seu namorado.

Reformulação ou Paráfrase

 O quê?
o Devolver, por outras palavras (de forma mais clara/articulada), aquilo que
o entrevistado nos disse
 Para quê?
o Visa esclarecer, clarificar e facilitar a compreensão do entrevistador
relativamente aos conteúdos expressos pelo entrevistado
o Demonstrar que acompanha e entende esses conteúdos, facilitando a
comunicação e a relação
 Exemplos:
o Entrevistado: E agora, como me posso ver livre desta culpa?
o Entrevistador: gostava de se ver livre da culpa, mas não sabe como?

Clarificação

 O quê?
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Técnica que se socorre, na maioria dos casos, da reformulação (ou


questionamento), mas cujo objetivo é ajudar o entrevistado a clarificar-se,
aumentando a sua reflexividade
 Para quê?
o Ajudar o entrevistado a compreender (perceber ou aperceber-se de) o que
está a ser dito
o Potencia a relação, mas pode criar ruturas, caso o entrevistado não esteja
preparado para essa clarificação
 Exemplos:
o Entrevistado: sinto um carinho muito especial pela minha companheira.
Ela é, sem dúvida, a pessoa de quem eu mais gosto. Há muito afeto, muito
amor. Estamos bem a maior parte do tempo, mas sinto que há coisas que
não estão bem... há muito carinho, companheirismo, mas..., não sei...falta
qualquer coisa!
o Entrevistador: sim, você refere muito afeto, muito amor e muito
companheirismo, mas falta enamoramento, desejo ou paixão na forma
como se refere à sua companheira. Será que é isso que falta? 
reformulação e interpretação, seguido de questionamento, para
proporcionar uma clarificação
o Entrevistado: sim, é isso! Eu amo-a, sem dúvida, mas já tem muito tempo
que não há qualquer chama entre nós!

Reflexão VS. Reformulação VS. Clarificação

 Reflexão
o Potencia no entrevistado a experiência de que as suas emoções estão a ser
compreendidas  dirige-se ao entrevistado e centra-se na experiência
emocional
 Reformulação
o Potencia no entrevistador a compreensão das informações e conteúdos
trazidos pelo entrevistado  dirige-se ao entrevistador – clarifica o
mesmo – e centra-se no conteúdo
 Clarificação
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Potencia a compreensão do entrevistado acerca dos seus próprios


conteúdos  dirige-se ao entrevistado

Sumários

 O quê?
o Fazer um resumo dos elementos mais importantes que ocorreram durante
o período antecedente
 Técnica para usar com parcimónia: uma ou duas vezes por entrevista, ou sempre
que o sumário possa ser organizador para o entrevistador e/ou entrevistado
 Distingue-se da reformulação, da clarificação e da reflexão pela sua extensão
(maior) e pelo objetivo (serve a entrevistador e entrevistado e visa, sobretudo, a
organização e confirmação dos elementos mais importantes)
 Para quê?
o Facilitador da relação (o entrevistado sente-se ouvido e compreendido)
o Organizador, quer para o entrevistador, quer para o entrevistado, pois
permite a ambos confirmar os elementos mais relevantes
 Exemplos:
o Em suma, nesta entrevista vimos este e aquele elemento, bem como a
forma comos eles afetam esta e aquela dimensão da sua vida. Percebemos
ainda a relação entre esses elementos e o evento traumático x. É isso? Há
algo que me tenha escapado ou que queira acrescentar?

Ecoar

 O quê?
o Reconhecimento e gestão dos (diferentes) silêncios
 Para quê?
o Como forma de recolha de informação (a forma como o entrevistado está
na relação)
o Potenciar/facilitar a relação
 Diferentes tipos de silencio geridos de forma diferente:
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Inibição  situação de avaliação pode inibir o sujeito – facilitar clima


relacional seguro
o Passividade  inerente ao próprio sujeito e/ou potenciada por
interrogatório de perguntas fechadas/diretas
o Regressão  adoção de postura ao processo da entrevista – contrariado,
em rutura, evitando o tema
o Pausas  compasso de espera natural e normal entre transição de locutor
e/ou tema
o Processamento cognitivo (reflexivo) e/ou emocional
 Exemplos:
o Entrevistado: enquanto ela esteve bem (avó), pedia sempre aos meus pais
para ir passear todas as férias com ela; quando ficou doente e os meus
pais diziam para irmos visitá-la ao lar, dizia sempre que não podia ou não
queria...só fui visitá-la duas vezes, em mais de cinco anos... sinto que fui
uma egoísta, só me interessei em lá ir enquanto ela estava bem e tudo era
fixe. E agora já não posso fazer nada... (chora)
o Entrevistador: (chega-lhe os lenços de papel e fica em silêncio,
permitindo o processamento emocional)

Observação

 O quê?
o Estar atento à linguagem não verbal e/ou às nuances no tom e ritmo de voz
do entrevistado
 Para quê?
o Atender ao implícito, ao “não dito”
o Detetar discrepâncias, incongruências, evitamentos, elementos
inconscientes
o Informação preciosa sobre mecanismos de defesa, personalidade, estilos
relacionais
 Exemplos:
o Entrevistado: Soube hoje que a minha mulher está grávida! Sinto-me tão
feliz (apesar da felicidade expressa verbalmente e no sorriso do
PSICOLOGIA CLÍNICA

entrevistado, o entrevistador percebe que há alguma contenção na sua


expressividade – tom de voz e expressão facial)
o Entrevistador: sente-se feliz (reflexão). Ainda assim, pareceu-me haver
alguma contenção. Estou certo ou foi só impressão minha?
(confrontação)

Horizontalização

 O quê?
o Tratar os diversos elementos expressos (explicita ou implicitamente) com
a mesma relevância, evitando priorizar ou hierarquizar os elementos de
exploração
 Para quê?
o Evita erros de interpretação e compreensão e tomadas de decisão erróneas
por parte do entrevistador
o Permite perceber quais os assuntos que o entrevistado prioriza e os que
evita
o Fomenta autonomia
 Desvantagens:
o Perda de tempo na exploração de assuntos eventualmente irrelevantes
o Eventual sentimento de confrontação ou pressão para abordar um assunto
que pode não estar preparado ou sentir segurança para fazê-lo (rutura)
 Exemplos:
o Destes vários elementos qual gostaria de explorar agora? 
Horizontalização
o Há pouco falou-me também de uma outra questão. Quer me falar agora
um pouco sobre ela?  Focagem a partir de uma horizontalização
o Pareceu-me ver também uma ligeira tristeza na sua face, para além da
alegria que me descreveu agora. Estou correto? Se sim, fale-me dela. 
focagem a partir de uma observação e horizontalização
PSICOLOGIA CLÍNICA

FORMULAÇÃO DE CASO E PLANO DE INTERVENÇÃO

Formulação de Caso

 Definição
 É um processo de desenvolver uma hipótese sobre, e um plano para abordar as
causas, os precipitantes e os elementos de manutenção dos problemas
psicológicos, interpessoais e comportamentais de uma pessoa no contexto dos
problemas dessa mesma pessoa, da sua cultura e do seu meio ambiente
 A construção de um modelo explicativo dos fatores que, naquela pessoa em
particular:
o Causaram e/ou precipitaram o instalar dos problemas
o Contribuíram para a sua manutenção
 Base para estabelecer, com o paciente, os objetivos de tratamento e plano de
intervenção

 Relevância
 Guia a intervenção
o Como podemos saber o que fazer com a pessoa que está à nossa frente?
 Aumenta a eficiência da intervenção
o Sabendo por onde estamos a caminhar, podemos monitorizar a qualidade
do caminho percorrido
 Permite a antecipação de problemas no decorrer do processo
 Facilita a organização de informação
o A formulação a isso obriga
 Formulação = compreensão = empatia  Outcome
 Protege o terapeuta em caso de litígio

Elementos para uma boa Formulação

 Identificação do problema e dos sintomas


 Explanação dos mecanismos subjacentes a esses problemas e sintomas
 Funcional e prático
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Captar os traços, características e contextos do paciente que possa contribuir para


as suas dificuldades

Componentes da Formulação de Caso

 Lista de Problemas:
o O que a formulação procura explicar e o que a intervenção procura
resolver
o Revela e prioriza o que leva a pessoa a procurar ajuda
 Diagnóstico:
o Heurística para agregar conceptualmente os sintomas/problemas
 Hipótese:
o Explica o porquê do paciente ter os problemas que tem, fatores de origem
e perturbação dos mesmos
 Planeamento:
o Concordar em objetivos e tarefas potencialmente uteis para resolver os
problemas da pessoa
PSICOLOGIA CLÍNICA

Para a Formulação de Caso:

Informação Recolhida + Teoria da Perturbação (sentido e objecto)


=
Formulação de Caso

Para a Formulação do Plano de Intervenção

Formulação de Caso + Modelo Psicoterapêutico (Teoria da Perturbação e Mudança)


=
Plano de Intervenção

 Delineamento de processos e tarefas que permitam atingir os objetivos propostos


 Preferencialmente com concordância e compromisso entre o paciente e o
psicólogo acerca dos métodos através dos quais se pretende atingir esses
objetivos
 O plano deve ser concordado por ambos

INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM PSICOLOGIA CLÍNICA

 Investigação
 Seguindo o desígnio da “ciência baseada na evidência”, o psicólogo clínico deve
manter-se actualizado sobre as temáticas que caracterizam a sua atividade e
integrá-las na prática
 A actividade de investigação aprofunda e aumenta os conhecimentos

Tipos de Intervenção

Intervenção Psicológica
 Individual:
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Relação “um para um”, aliança baseada na aceitação e confiança, de forma


a potenciar bem-estar e desenvolvimento pessoal na psicoterapia de apoio
 Consulta da criança
 Implica conhecimento sólido sobre o desenvolvimento
infantil e capacidade de compreensão e interação com os
contextos em que a criança se situa, nomeadamente
familiar e escolar.
 Foco da Intervenção: identificar fragilidades e
compreender como reforça-las.
 Aliança terapêutica: triangulação psicólogo-criança-pais.
O paciente é a criança.
 Comunicação: verbal e não-verbal  a criança expressa-
se muito pelo desenho e pelo jogo – o psicólogo tem que
estar preparado e ter o material necessário: papel, lápis de
tipos e cores diferentes, etc.
 Setting adequado
 Consulta do adolescente
 Os adolescentes podem ser pacientes muito desafiantes,
com comportamentos e reações emocionais contraditórias
e complexas, típicas de quem está a construir a identidade.
Fase de conflitos, incongruências, duvidas, erros, vitorias,
etc.
 Aliança terapêutica: as problemáticas da triangulação
psicólogo-adolescente-pais podem ser mais intensas. O
adolescente é o paciente e pode reproduzir com o psicólogo
comportamentos e sentimentos que experiencia com os
cuidadores.
 Comunicação: a expressão verbal e a exploração dialética
não são as únicas opções: as experiências vividas podem
ser muito intensas, dificuldade em encontrar palavras para
verbalizar as emoções
 Consulta do adulto
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Na idade adulta, espera-se um funcionamento mental


estruturado, capaz de responder aos desafios intelectuais,
emocionais e sociais que se sucedem
 Alguns adultos procuram ajuda psicológica quando
experienciam dificuldades ou pretendem refletir sobre o
seu funcionamento
 Aliança terapêutica: estabelece-se quando o adulto está
de livre vontade no processo  aspetos sensíveis: idade do
psicólogo, imagem de força de segurança e comunicação
 Grupo:
o Relação “um para dois ou mais”, aliança baseada na aceitação e confiança,
procura promover dinâmicas de personalidade e esquemas relacionais
adequados
 Consulta de casal
 Consulta familiar
 Consulta em grupo
 Fora do setting clássico
o Por vezes é necessário agir fora do modelo clássico, mantendo o rigor e
ética na prática clínica
 Consulta online
 Permite ao paciente ter as sessões a partir de casa quando
o encontro presencial não é possível
 Manter acompanhamento quando viaja
 Permite ter processos de intervenção à distância
 Apresenta vantagens e desvantagens
 Consulta no domicilio/campo
 Reflete a flexibilidade dos psicólogos clínicos: ajustam a
intervenção às limitações do paciente sem descuidar as
questões essenciais à sua eficácia
 O psicólogo pode estar desprotegido, exposto a variáveis
que não controla
 Consulta em crise
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Causada por eventos agressivos imprevisíveis


desencandadores de stress
 Experiência pessoal e única, a que a pessoa responde de
acordo com as circunstâncias particulares
 “Primeiros socorros” psicológicos que procuram actuar no
momento e prevenir consequências.
o Por vezes é necessário sermos flexíveis e adaptarmo-nos
o O objetivo da intervenção mantem-se  potenciar o bem-estar
psicológico e mental
o Continuam a respeitar-se as boas práticas com ética e rigor

Factores Comuns
 Os factores comuns são essenciais para a intervenção psicológica,
independentemente do modelo teórico e das técnicas especificas, sendo elementos
trans-teóricos:
o São uma base essencial de factores que potenciam e influenciam,
positivamente, o processo terapêutico (Wampold, Frost & Yulish, 2016)
 Os factores comuns vão surgindo de forma sequencial ao longo das intervenções
psicológicas ou processos terapêuticos, independentemente do modelo teórico
 Podem agrupar-se em:
o Fatores de Suporte
o Factores de Aprendizagem
o Factores de Acção
 Todas as intervenções psicológicas/psicoterapêuticas promovem um trabalho
colaborativo que dá à pessoa:
o Aumento de confiança e diminuição de angústia
o Mudança na forma como vê os seus problemas
o Possibilidade de agir de forma diferente

Acção a Dois
 Implica um paciente activo:
o É o principal responsável pela mudança
o Clientes diferentes, intervenções diferentes
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Implica um psicólogo/psicoterapeuta responsivo:


o Capacidade de adaptar a intervenção ao paciente

Fases de Mudança
 Processo de 5 fases que se sucedem ao longo do tempo, produzindo um
comportamento de mudança:
o Pré-contemplação
 O paciente não está preparado para realizar mudanças num futuro
próximo. Pode nem estar ciente dos seus problemas.
o Contemplação
 Toma consciência dos seus problemas e de que deve fazer algo,
mas não está pronto para a mudança.
o Preparação
 Sente-se mais disponível para realizar alterações e dar os primeiros
passos.
o Acção
 Altera comportamentos e formas de lidar com emoções e
desenvolve novas perspetivas sobre si e os outros.
o Manutenção
 Há consciência de mudança para melhor, alterando os
comportamentos ou atitudes desadequadas pelos novos,
encontrados no espaço terapêutico.

Factores que Contribuem para a Eficácia da Intervenção Psicológica

 40% Factores extra-terapêuticos (sobretudo aspectos inerentes ao paciente)


o Motivação para mudar
o Capacidades cognitivas e interpessoais
o Remissão espontânea
o Suporte familiar e social
o Acontecimentos de vida
 30% Factores comuns (presentes na relação)
o Qualidade da relação terapêutica é crucial
 Confiança
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Aceitação
 Compreensão
 Encorajamento para exploração de novos pensamentos e
comportamentos
 Alívio emocional
 15% Efeitos placebo
 15% Técnicas específicas

ÉTICA E PSICOLOGIA

 Moral
o Aspectos de conduta específicos, normativos e culturais
o É hábito, é temporário
 Ética
o Reflexão filosófica sobre a moral
o É princípio, é permanente
 Deontologia
o Conjunto de obrigações acordadas por um grupo tendo em vista a
qualidade moral das suas acções

 O Código Deontológico divide-se em três secções:


 Preâmbulo  objetivos e aplicabilidade
o Define os objetivos e aplicabilidade
o Objetivos:
 Servir de guia à intervenção dos psicólogos em qualquer área ou
contexto
 Garantir que o exercício profissional segue os melhores princípios
éticos
 Promover práticas de excelência, e não os mínimos aceitáveis
o Organização e legislação em vigor são apresentadas a par das linhas de
orientação ética
 Os princípios gerais centram-se mais nas ideias da prática
psicológica
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Os princípios específicos definem regras de conduta ética:


promover a qualidade e benefício da acção e orientar os
profissionais
 O código articula a legislação aplicável aos diversos contextos em
que os psicólogos actuam, o Código Deontológico actual, e as
guidelines a desenvolver no tempo
o Conceitos Básicos:
 Cliente: qualquer pessoa, família, grupo, organização ou
comunidade com os quais os psicólogos exerçam actividades no
âmbito dos seus papéis profissionais, científicos e/ou educacionais
enquanto psicólogos
 Psicólogo: quem tem formação em Psicologia e exerce um papel
profissional na área
 Para o exercício da prática profissional é, obrigatória a inscrição
na OPP como membro ou como membro estagiário, em exercício
de actividade supervisionada
 A pertença à OPP obrigada ao cumprimento dos princípios do CD.
 Princípios Gerais  princípios estruturais e aspiracionais
o Derivam da moral compartilhada pelos psicólogos portugueses. Fazem a
ligação da teoria e prática, pois a sua conceptualização permite que sejam
generalizados
o São construídos sob as características naturais da pessoa, resultantes de
um raciocínio filosófico secular, com base na natureza da intervenção
psicológica
o Princípios intuitivamente correctos que se flexibilizam na resolução de
dilemas éticos
o Princípios pela dignidade e direitos da pessoa
 A dignidade é um valor universal, decorrente da nossa natureza
racional e relacional, que nos dá direito à auto-determinação
 Os psicólogos devem respeitar as decisões e os direitos da pessoa,
aceitando-as quando se enquadram num exercício de racionalidade
e de respeito pelo outro, como espera em sociedade
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Os psicólogos devem olhar para a pessoa como um ser único,


diferente de todos os outros. Essa identidade deve ser respeitada,
valorizada e promovida
o Competência
 Os psicólogos têm como obrigação exercer a sua actividade de
acordo com os pressupostos técnicos e científicos da profissão, a
partir de uma formação pessoal adequada e de uma contante
actualização profissional, de forma a atingir os objetivos da
intervenção psicológica
 De outro modo, acresce a possibilidade de prejudicar o cliente e de
contribuir para o decréscimo da profissão
o Responsabilidade
 Os psicólogos devem ter consciência das consequências que o seu
trabalho pode ter junto das pessoas, da profissão e da sociedade em
geral.
 Devem contribuir para os bons resultados da sua actividade nestas
diferentes dimensões e assumir a responsabilidade da mesma
 Devem saber avaliar o nível de fragilidade dos seus clientes, pautar
as suas intervenções pelo respeito absoluto da decorrente
vulnerabilidade, e promover e dignificar a sua responsabilidade
o Integridade
 Os psicólogos devem ser fiéis aos princípios de actuação da
profissão, promovendo-os de uma forma activa. Devem prevenir e
evitar os conflitos de interesse e, quando estes surgem, devem
contribuir para a sua resolução, actuando sempre de acordo com as
suas obrigações
o Beneficência e não-maleficência
 Os psicólogos devem ajudar o seu cliente a promover e a proteger
os seus legítimos interesses
 Não devem intervir de modo a prejudica-lo ou a causar-lhe
qualquer tipo de dano, que por acções, que por omissão
 Princípios Específicos  regras de conduta ética
o Consentimento informado
 Pressupostos:
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Os psicólogos respeitam a autonomia e


autodeterminação das pessoas com quem estabelecem
relações profissionais, de acordo com o princípio geral de
respeito pelo sua dignidade e direitos
 Aceitam as suas opiniões e decisões e todas as
características decorrentes da sua afirmação pessoal,
desde que integradas num quadro de respeito por si próprio
e pelos outros
 Entende-se por CI a escolha de participação voluntária do
cliente num acto psicológico depois de ser informado da
natureza e curso previsível do acto, de honorários,
confidencialidade da informação recolhida, bem como dos limites
éticos e legais de utilização da mesma
 Esse consentimento significa que é reconhecida à pessoa a
capacidade de consentir que foi informada da natureza da relação
profissional e que expressou o seu acordo livremente
 A autonomia e autodeterminação do cliente implicam o direito de
iniciar, interromper ou terminar em qualquer momento a relação
profissional
 O CI é instrumental na construção de uma relação de confiança
com o cliente
 Cumpre o princípio da beneficência e não-maleficência
o Privacidade e Confidencialidade
 Os psicólogos têm a obrigação de assegurar a manutenção da
privacidade e confidencialidade de toda a informação respeitante
ao seu cliente, obtida directa ou indirectamente, incluindo a
existência da própria relação e de conhecer as situações especificas
em que a confidencialidade enfrenta limitações éticas e legais
 Acesso do cliente à informação
 Limites da confidencialidade:
 Comunicação de informação confidencial
 Meios informáticos
 Defesa legal do psicólogo
PSICOLOGIA CLÍNICA

o Relações profissionais
 O exercício da Psicologia tem uma finalidade humana e social,
com objetivos que envolvem o bem-estar, a saúde, a qualidade de
vida e a plenitude do desenvolvimento das pessoas
 Por vezes, trabalha.se em colaboração com outros profissionais
 Os psicólogos respeitam as relações profissionais, competências
especificas, deveres e responsabilidades dos outros profissionais
 Constituem-se como primeiros responsáveis pela excelência do
trabalho
 Promover a boa prática da psicologia
 Encaminhamento de clientes
 Autonomia profissional
 Cooperação institucional
 Integridade profissional
 Respeito de competências
 Responsabilidade profissional
o Avaliação psicológica
 A Avaliação Psicológica concretiza-se através do recurso a
protocolos válidos e deve responder a necessidade objetivas de
informação, salvaguardando o respeito pela privacidade da pessoa
 Corresponde a um processo:
 Compreensivo
 Diversificado
 Justo
o Prática e Intervenção Psicológicas
 Para além dos métodos e técnicas utilizados, a prática e
intervenção psicológicas têm em conta os vários modelos teóricos
disponíveis e os vários princípios associados a um exercício
cientificamente informado, rigoroso e responsável da Psicologia,
nomeadamente princípios como a beneficência e a não-
beneficência ou a competência especifica
 A prática e intervenção psicológicas concretizam-se,
salvaguardando ainda o respeito pelas diferenças individuais e o
consentimento informado
PSICOLOGIA CLÍNICA

 Prática baseada na evidência


 Relações múltiplas
 Relações românticas ou sexuais
o Ensino, formação e supervisão psicológicas
 O Ensino, formação e supervisão em Psicologia respeitam as
regras do presente Código Deontológico, que dever objeto de
ampla difusão nos diferente contextos e graus de Ensino da
Psicologia
 Reflexão sobre questões éticas deve ser proporcionada aos
estudantes e profissionais no seu processo de aprendizagem,
formação e supervisão
o Investigação
 Os psicólogos, enquanto investigadores, têm em conta o princípio
geral da beneficência e não-beneficência, que os leva a colocar em
primeiro lugar o bem-estar dos participantes nas investigações, e o
princípio geral da responsabilidade social no sentido da produção
e comunicação de conhecimento científico válido e suscetível de
melhorar o bem-estar das pessoas
o Declarações Públicas
 As declarações públicas prestadas nos mais diversos âmbitos,
incluindo programas de rádio e televisão, artigos em jornais ou
revistas, conferências e Internet, devem pautar-se pelo mais estrito
respeito das regras deontológicas da profissão
 Na difusão pública dos conhecimentos da Psicologia, devem ser
considerados os princípios da competência específica, privacidade
e confidencialidade, respeito pela dignidade da pessoa,
integridade, beneficência e não-beneficência

 A capacidade de resolver questões éticas e legais é importante:


 O Código Deontológico é uma obrigação para os psicólogos dentro dos limites
das suas competências, que dependem da sua formação, treino e experiência
profissional
 Os psicólogos podem estar sujeitos a graves consequências se se provar que
violaram o CD ou a lei.

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