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LÍNGUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA

FUNÇÕES DA LINGUAGEM
FIGURAS DE LINGUAGEM
PROFESSORA CÍNTIA ALVES DE SOUSA.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM.

As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a intenção do


falante. No ato de comunicação, percebemos a existência de alguns elementos, são
eles:

a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo
de pessoas).
b) mensagem: é o conteúdo (assunto) das informações que ora são transmitidas.
c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo),
também conhecido como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizados
para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Classificação das Funções da Linguagem.

Cada uma dessas classificações tem um papel fundamental frente a


elementos que estão presentes em nossa comunicação, e determinam
qual o ponto a que se quer chegar dos atos comunicativos.
1-Função emotiva (expressiva) .

Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. É


centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensagem
não precisa ser clara ou de fácil entendimento. Poemas, letras de
música e histórias em quadrinhos;

Exemplos: Nós te amamos!


[…] Mas quem sou eu para censurar os culpados? O pior é que preciso
perdoá-los. É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se
ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro
de mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e perguntar
quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde
que quer porque quer vingança e responde que devo lutar como
quem se afoga, mesmo que eu morra depois. Se assim for, que assim
seja [...]”. (Fragmento de A hora da estrela, de Clarice Lispector)
2-Função denotativa (referencial ou informativa) .

Possui a finalidade de informar, notificar, anunciar, indicar, referenciar. Com


um discurso construído na 3ª pessoa e ausência de expressões que
evidenciem a opinião do emissor, a função referencial tem como objetivo
informar o interlocutor através de uma linguagem clara e objetiva.
A informação é objetiva sobre a realidade, um bom exemplo de função
denotativa são as notícias, reportagens, textos instrucionais, mapas e outros
recursos de representação utilizados em aulas de biologia (livros de anatomia,
por exemplo).

Exemplo: “[…] reunindo toda esta gamma de trabalhos, o 1º Festival Percurso -


Periferia e Cultura em Rede Solidária será realizado no 21 de junho no Capão
Redondo, zona sul de São Paulo. Com o tema "Juventude periférica gerando
renda, trabalho e desenvolvimento local", o festival terá exposição e venda
de serviços e produtos dos empreendimentos econômicos solidários que
fazem parte da “Rede de Empreendimentos Culturais Solidários da Periferia
Urbana da Zona Sul de São Paulo [...]”. (Fragmento de uma notícia, disponível
em Carta Capital)
• 3. Função conativa (apelativa).

Procura convencer o leitor, dar conselhos


ou ordens. A função conativa está em livros
didáticos, manuais, livros de autoajuda,
textos publicitários, anúncios publicitários,
horóscopos, cópias de discursos (políticos
ou religiosos), matérias de revistas e jornais
sobre comportamento;
Exemplo:
4- Função metalinguística .

Usa a mesma linguagem para explicar a


mesma mensagem. Explica um código
usando o próprio código. Poemas, pinturas,
fotografias e histórias em quadrinhos, cujas
mensagens estejam centradas no código
linguístico ou extralinguístico. Exemplos: Uma
poesia que fale sobre poesia.
5- Função poética.

Muitos confundem com a função emotiva. A


emotiva tem como objetivo emocionar o leitor. Já
a função poética se importa mais com a
mensagem em si e a forma de como ela será
transmitida. As palavras são usadas no sentido
figurado. Poemas e textos de variados gêneros e
músicas cujas mensagens estejam centradas na
elaboração da própria mensagem. Exemplo:
6-Função fática - Interação entre emissor e receptor. Essa é a linguagem que mais
usamos no dia a dia. Cumprimentos, saudações, transcrição de conversas
telefônicas e música,
Exemplo:
(...) Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe …
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem. Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí (…)”. (Trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da
Viola).
DIAGRAMA DA FUNÇÕES DA LINGUAGEM
3º ANOS
FIGURAS DE LINGUAGEM
O DESCRITOR 17 tem a função de avaliar a habilidade de o LEITOR reconhecer e identificar
os EFEITOS e RECURSOS usados em um texto, como forma de compreender a INTENÇÃO
comunicativa de QUEM o produziu.

Estes RECURSOS são apresentados em um texto, pelo


EMPREGO adequado, através do USO de:

✓ PONTUAÇÃO (travessão, aspas, ✓ FORMAS DE NOTAÇÕES (tamanho de letra,


reticência, interrogação, exclamação, parênteses, caixa alta, itálico, negrito, entre outros).
dois-pontos, vírgula).

✓ Marcas da ORALIDADE, ou uso de ✓ FIGURAS DE LINGUAGEM que manifestam suas


VOCÁBULOS mais FORMAIS, repetição intenções comunicativas de forma conotativa sendo
de uma determinada palavra, EMPREGO explicítas, ou implicítas.
de uma determinada classe gramatical.
FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos
usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita. Dependendo da sua
função, elas são classificadas em:
*Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras.
Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.

*Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos. Exemplos:


hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.
*Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos:
elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora.

*Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos:


aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.
➢ Figuras de palavras -Essa categoria de figuras de linguagem estabelecem uma relação
simbólica de proximidade, associação, substituição ou similaridade entre os termos.
Geralmente, dão um sentido conotativo ao texto.

1-Metáfora: representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo


termo comparativo fica subentendido na frase.
Ex. “Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.”,
estas são palavras do poeta Mário Quintana e comparam poemas a pássaros de maneira não
direta.

2-Comparação ou símile: Quando queremos estabelecer um valor comparativo entre dois


termos de uma mesma sentença de maneira explícita, por meio de um conectivo, utilizamos a
comparação.
Ex. “Hoje nossa família se reuniu como na noite de Natal.”
Perceba que o conectivo “como” consegue estabelecer o sentido de comparação direta entre
uma noite qualquer em que a família está reunida com a noite de Natal, que comumente é uma
ocasião em que as famílias se reúnem.
3-Perífrase: também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras
por outra que a identifique.
Ex. “O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.”
(O rugido do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)

4-Catacrese: representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais
específica.
Ex. “Precisei chamar um marceneiro para consertar o pé da mesa.”
Não existe um termo específico para designar tal parte da mesa, por isso, toma-se “pé”
como empréstimo para designá-la.
5-Metonímia: Similar a metáfora, existe o uso de um significado sobre outro. Além de explorar
a ligação lógica dos termos.
Ex. “Comi dois pratos no almoço.”
Os “pratos” substituíram a palavra “comida”, já que não é possível comer literalmente os
pratos, porém é bastante comum utilizar esse tipo de substituição, já que a palavra “pratos”
possui uma relação íntima com “comida”.

6-Sinestesia: acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.


Ex. “Esse perfume é muito doce.”
As fragrâncias dos perfumes são sentidas pelo olfato, no entanto, é comum dizermos que um
perfume é doce, ou seja, atribuímos ao perfume o sentido do paladar, indicado pela palavra
“doce”.
➢ Figuras de pensamento - São aquelas ligadas ao sentido das palavras nas
sentenças. Elas chamam atenção do ouvinte ou leitor para a relação simbólica entre as
palavras ou expressões do texto e estão muito associadas ao campo das ideias.

1- Antítese: é o uso de termos que têm sentidos opostos.


Ex. “De tanto chorar, desejou voltar a sorrir.”
Os termos chorar e sorrir possuem sentidos contrários e estão relacionados na mesma
sentença.

2-Paradoxo: representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de
termos (tal como no caso da antítese).
Ex. “Ela achava-o feio e bonito ao mesmo tempo.”
Não faz sentido que alguém seja considerado feio e bonito ao mesmo tempo por
alguém, por isso, na frase, ocorre paradoxo.
3-Apóstrofe: A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase, é um recurso
estilístico muito utilizado na linguagem informal (cotidiana), nos textos religiosos,
políticos e poéticos.
Ex. Nossa! Como você conseguiu? Minha Filha! Que linda você está!

4-Eufemismo: é utilizado para suavizar o discurso.


Ex. “Ele estava muito doente e acabou batendo as botas.”
A expressão “bater as botas” é um equivalente para “morrer”, a fim de expressar
esse conceito de maneira atenuante.
5-Gradação: é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou
decrescente (anticlímax).
Ex. “Estava muito frio, congelando, uma temperatura glacial.”
Na frase, temos a gradação na descrição do frio para intensificar a ideia de que a
temperatura estava realmente baixa.

6-Hipérbole: corresponde ao exagero intencional na expressão.


Ex. “Que demora! Estou esperando há séculos!”
A expressão “há séculos” é um exagero para indicar que se estava esperando há muito
tempo.
7-Ironia: é a representação do contrário daquilo que se afirma.
Ex. “Não para de chover: que ótima ideia vir hoje para a praia.”

8-Personificação/prosopopeia: é a atribuição de qualidades e sentimentos


humanos aos seres irracionais.
Ex. “Eu podia ver o cansaço rastejando-se no chão e vindo em minha direção.”
Na frase, atribui-se um corpo à sensação de cansaço, que se rasteja em direção do
eu-lírico.

9-Litote : representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-
se ao eufemismo. Ele é usado para abrandar uma expressão por meio da negação
do contrário. Ele permite afirmar algo por meio da negação.
Joana pode não ser das melhores alunas da classe. (é ruim, ou seja, não é boa)
Sendo assim, o litote se opõe à figura de pensamento chamada hipérbole, uma
vez que ela marca um exagero intencional do enunciador.
➢ Figuras de som ou harmonia. As figuras de som enfatizam o
aspecto fonológico da linguagem, através da reprodução, repetição
ou imitação dos sons da língua.

1-Aliteração: A aliteração consiste na repetição de consoantes ao longo do


texto. é muito usada para criar trava-línguas e dar ênfase ao texto.
Ex. “Vozes veladas, veludosas vozes, /Volúpias dos violões, vozes veladas/
Vagam nos velhos vórtices velozes/ Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz
e Souza)
No excerto, ocorre aliteração com o som da letra “V” e das letras “S” e “Z”, o que
pode dar a ideia de vozes sussurrando.
2-Assonância: A assonância é a repetição ordenada de sons vocálicos similares.
Ex. “Berro pelo aterro, pelo desterro/ Berro por seu berro, pelo seu erro/ Quero que você
ganhe, que você me apanhe/Sou o seu bezerro gritando mamãe” (Caetano Veloso)
No excerto, ocorre assonância com o som das letras “e” e “o”.

3-Paranomásia: é o uso de sons semelhantes, mas com palavras de distintos significados.


Ex. “Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs” (Almir Sater e
Renato Teixeira)
No excerto, ocorre paronomásia entre os pares de palavras “manhas” e “manhãs”, “massas”
e “maçãs”.

4-Onomatopeia: Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.


Ex. “Derrubou o prato enquanto enxugava a louça: CRASH! “Do berro, do berro que o gato
deu: miau!” (Cantiga popular) -Nos exemplos, “crash” tenta reproduzir o som do prato
quebrando, enquanto “miau” tenta reproduzir o miado do gato.
➢ Figuras de construção ou de sintaxe são figuras de linguagem marcadas por
construções frasais que se afastam de uma estrutura gramatical comum.

Elas estão relacionadas à:

•ocultação (elipse e zeugma);

•repetição (anáfora, pleonasmo e polissíndeto);

•falta de coesão (anacoluto);

•concordância ideológica (silepse);

•inversão (hipérbato) na frase ou oração.


•Figuras de construção são figuras de linguagem relacionadas a construções frasais
incomuns.

•ELIPSE é a ocultação de uma palavra ou expressão na estrutura do enunciado.

É quando uma palavra ou expressão está oculta na estrutura da frase:

•Belo canalha, o Leandro.


•Quando entrei na loja, fiquei fascinado com aquele terno e perguntei
ao dono: “Quanto custa?”.

Nesses enunciados, estão implícitos o verbo “ser”


(“Belo canalha é o Leandro”), o pronome “eu” (entrei,
fiquei, perguntei) e as expressões “da loja” e “o terno”
(“dono da loja” e “quanto custa o terno”). Porém, os
dois últimos casos são um tipo especial de elipse,
como veremos a seguir.
•Zeugma

É uma forma de elipse caracterizada pela ocultação de um termo ou expressão já


mencionada no enunciado:

Amo a canção Preciso me encontrar, na voz de Cartola; e também, O mundo é um moinho.

Nesse exemplo, a oração “amo a canção”,


mencionada no início do enunciado, está implícita
neste trecho: “e também amo a canção O mundo é
um moinho”.
•Anáfora
É a repetição de um ou mais termos no início de versos ou frases:
Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense,
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!

No trecho do poema de Carlos Drummond de


Andrade (1902-1987), podemos verificar a presença da
anáfora “se você”.
•Pleonasmo

É a repetição de algum termo da frase com o intuito de dar ênfase a uma ideia:
Nicanor sorriu um sorriso triste ao se despedir, para sempre, de seu grande amigo.
Para enfatizar a forma de sorrir, um enunciador pode utilizar o pleonasmo.

Mas atenção! Expressões como “entrar para dentro” e


“sair para fora” são consideradas vícios de linguagem —
o chamado “pleonasmo vicioso” —, pois não são usadas
para enfatizar uma ideia, já que não passam de um vício,
costume ou mania.
•Anacoluto

É a falta de conexão sintática entre o início da frase e a


sequência de ideias:

•Rico todo mundo sabe que dinheiro não compra educação.


•Eu não me importam seus problemas pessoais.
➢ Silepse ou concordância ideológica
É a concordância com a ideia e não com um termo da frase:

➢ Silepse de gênero
Não me esqueço do dia em que cheguei à maravilhosa Rio de Janeiro.
O emissor dessa frase faz a concordância de acordo com a ideia de que o Rio de Janeiro é
uma cidade.
➢ Silepse de número
O povo dessa vez não ficou calado, e exigiam seus direitos, sem reclamar dos deveres.
O enunciador, nesse caso, faz a concordância com a ideia de que “povo” é um conjunto de
pessoas. Então, diz que “o povo exigiam”, em vez de “o povo exigia”.

➢ Silepse de pessoa
Todas as mulheres somos reprimidas por uma sociedade machista.
Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “ser” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se inclui
entre as mulheres. Mas esse detalhe se perderia caso ela fizesse a concordância gramatical:
“Todas as mulheres são reprimidas por uma sociedade machista”.
•Hipérbato

É a inversão da ordem direta — sujeito, verbo, complemento ou predicativo —


de uma oração:
À sorveteria para tomar sorvete de morango fui.

A ordem direta dessa frase é:


Fui à sorveteria para tomar sorvete de morango.

•Polissíndeto

É a repetição de conjunção coordenativa, principalmente da conjunção “e”:

Eles gritam, e cantam, e choram, e comemoram assim a vitória.


QUAL A SUA DÚVIDA?

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