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do Comportamento
NP1
O que é modelo de causalidade?
Os modelos de causalidade são o conjunto de leis e descrições do objeto de estudo a ser analisado. Eles
tratam de como “causas e efeitos” estariam relacionados e onde e como “as causas” deveriam ser
procuradas. São os modelos de causalidade, portanto, que orientam a construção de conhecimento em
um sistema explicativo ou teoria.
“...o comportamento humano é o produto conjunto (1) das contingências de sobrevivência
responsáveis pela seleção natural das espécies (SELEÇÃO NATURAL) e (2) das contingências de
reforçamento responsáveis pelos repertórios adquiridos por seus membros (CONDICIONAMENTO
OPERANTE), incluindo (3) as contingências especiais mantidas por um ambiente social que evoluiu.
(CULTURA) ” (SKINNER, 1981/1987, p. 55)
Tipos de Seleção
Filogenética: Comportamentos inatos, que não foram condicionados por nada do ambiente (Ex: A
salivação do cachorro quando vê uma comida)
Ontogenética: Envolve os comportamentos aprendidos com o ambiente, o que Skinner caracteriza
como Condicionamento Operante. Ou seja, a partir da consequência de um comportamento,
aprendemos a repetir ou não a ação, afetando sua frequência e individualizando as pessoas. A
Ontogênética é diferente entre as pessoas, pois depende do ambiente ao qual ela foi exposta durante
sua vida.
Cultural: Este nível de variação e seleção torna possível para os indivíduos de um grupo aprenderem
pela experiência do outro; produzir e acumular conhecimentos e experiências; organizar e difundir
estilos e formas de vida e organização.
Tipos de Seleção
Dentro da Ontogenética temos dois processos importantes:
Imitação: A criança aprende um novo comportamento vendo aquilo que um adulto de referência faz.
Ex: Pai vai cruzar a rua com a criança e espera o sinal ficar verde. Quando a criança assimilar a
situação, ela vai entender que só pode atravessar quando estiver verde. Se o pai atravessa no vermelho,
ela também irá atravessar no vermelho, mesmo que ele diga que não é o correto.
Modelagem: Processo de ensino “passo a passo” até chegar ao comportamento desejado.
Ex: Um bebê aprendendo a falar irá imitar primeiro as silabas que ouve no ambiente, como “mã” e
depois que aprende isso ele pode começar a juntar “mamã” até que ele aprende a falar frases completas.
A tríplice contingência
Para Skinner, o comportamento acontece através da seleção por consequências, que irá ocorrer através de 3
elementos (que ele chama de tríplice contingência):
Ex: Vejo uma comida na mesa (Estímulo) – Pego uma colher e como o que vejo (Resposta) – A comida estava
quente e queimo a língua (Consequência)
A partir da consequência, a pessoa irá aumentar ou diminuir a frequência da resposta de pegar a comida. Nesse
caso, a consequência diminuiria a frequência da resposta.
Tendo em vista essa teoria, Skinner diz que os nossos comportamentos passam sempre por esse processo de
seleção por consequências, fazendo com que alguns comportamentos sejam mais frequentes que outros, assim
como Darwin pregava sobre as características das espécies.
A tríplice contingência
No campo de “estímulos” podemos ter dois tipos, conforme os exemplos a seguir:
ESTÍMULO DISCRIMINATIVO: Indica a presença de um reforçador
Exemplo: Estou na rua e vejo uma padaria, uma sorveteria e uma loja de roupa. Se eu estou com fome
de pão, a loja de roupa é um estímulo DELTA porque ela não me da acesso ao reforçador (que no
momento é o pão). Agora se eu passo na frente da padaria, ela é um estímulo DISCRIMINATIVO
porque nela eu encontro o reforçador,
Operações Motivadoras
Existem dois tipos:
Operações motivacionais estabelecedoras: É uma mudança no ambiente que vai aumentar a
efetividade e a frequência de um comportamento.
Ex: A mãe sai pra trabalhar e fica ausente no dia (mudança no ambiente). Quando ela chega do trabalho,
o filho pede colo (Comportamento). Agora, toda vez que essa mudança no ambiente acontecer, o fato da
mãe não estar no ambiente vai aumentar a frequência do comportamento de pedir colo e quanto colo
essa mãe der, mais o comportamento acontece. A mudança no ambiente (a ausência da mãe) é a
operação motivadora estabelecedora.
Operações Motivadoras
Existem dois tipos:
Operações motivacionais abolidoras: é a mudança no ambiente que reduz a eficácia e a frequência de um
comportamento
Ex: Quando a mãe da criança está em casa, ela não irá pedir o colo por conta da presença maternal
disponível. (Pensa em oferta e demanda. Se você tem muito algo, a chance de você querer aquilo reduz e
seu comportamento de ir em busca desse algo irá diminuir).
Operações Motivadoras
As operações estabelecedoras se dividem em condicionadas e incondicionadas:
Ex: A criança aprende que pedir colo para a mãe faz com que ela passe mais tempo com ela.
Ex: Um bebê quando está com fome irá chorar para obter alimento.
Autoconhecimento e Liberdade
Antes de tudo, é importante ressaltar que o nosso comportamento não é livre pois estamos sendo controlados pelas diversas contingências
que nos rodeiam.
Quando nosso comportamento é positivamente reforçado, sentimos que fazemos o que queremos, gostamos ou escolhemos. Não há sentimento
de coerção ou obrigatoriedade – há sentimento de liberdade. Os analistas do comportamento tendem a favorecer a utilização de relações
comportamentais de reforçamento positivo.
Se o reforçamento positivo pode gerar relatos de sentimentos de liberdade, relações comportamentais coercivas (de punição ou reforçamento
negativo) podem gerar, além do relato de outros sentimentos (ansiedade, raiva, tristeza, entre muitos outros) uma “luta pela liberdade” – que,
neste caso, nada mais é do que uma luta contra esse tipo de relação.
O clínico analítico-comportamental transforma parte de seu repertório comportamental. Pode ensinar seus clientes a analisar seu próprio
comportamento e as variáveis que o controlam. Ao fazer isso, ele estará gerando em seus clientes autocontrole. Pessoas que exercem um alto
grau de autocontrole são mais autônomas, independentes e “livres” do que as que não o fazem.
O clínico analítico-comportamental busca ensinar e promover a liberdade. Pressupor o determinismo ajuda os clínicos analítico-
comportamentais a tornarem os seus clientes mais livres!
Avaliação Funcional
Avaliação funcional é a identificação das relações de dependência entre as respostas de um organismo, o contexto em que
ocorrem (condições antecedentes), seus efeitos no mundo (eventos consequentes) e as operações motivadoras em vigor. Ela é a
ferramenta pela qual o clínico analítico-comportamental interpreta a dinâmica de funcionamento do cliente, a qual o levou a
procurar por terapia, e que determina a intervenção apropriada para modificar as relações comportamentais envolvidas na
queixa. Em poucas palavras, é a avaliação funcional que permite a compreensão do caso e que norteia a tomada de decisões
clínicas.
1. Identificação das características do cliente em uma hierarquia de importância clínica: levantamento das informações gerais da vida do
cliente, tanto presentes quanto passadas, o que inclui a queixa clínica e os possíveis eventos relacionados a ela.
2. Organização dessas características em princípios comportamentais: organização das informações coletadas na primeira etapa, a partir
das leis do comportamento, em que são identificadas as contingências operantes e respondentes em vigor.
3. Planejamento da intervenção: planejamento de uma ou mais intervenções com o objetivo de modificar as relações comportamentais
identificadas na etapa anterior.
4. Implementação da intervenção: atuação clínica com o objetivo de modificar as relações comportamentais responsáveis pela queixa do
cliente, que pode envolver os mais variados processos (reforçamento diferencial, modelação, instrução).
5. Avaliação dos resultados: análise dos resultados que as intervenções produziram, o que inclui investigar se as novas relações
comportamentais se manterão no ambiente cotidiano do cliente. Se os resultados não forem satisfatórios, a avaliação funcional deve ser
reiniciada.
Avaliação Funcional
Cabe ao clínico usar diferentes estratégias para levantar as informações necessárias para a formulação da avaliação funcional.
O clínico deve ampliar a avaliação funcional englobando outros aspectos que favorecem o planejamento da intervenção:
História de vida do cliente não diretamente relacionada à queixa: trata-se da coleta de dados (mesmo que breve) acerca da história
de vida do cliente, o que inclui seu desenvolvimento infantil, adolescência, relações familiares, relações sociais e culturais, estudo,
trabalho, hobbies. A identificação dos recursos existentes na vida do cliente pode ser útil para o planejamento da intervenção.
Todo indivíduo possui um repertório comportamental vasto em que a alteração de uma única classe de repostas pode afetar todo o
sistema em diferentes graus, sendo papel do clínico analisar os efeitos de cada mudança a curto, médio e longo prazos.