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Análise Funcional do Comportamento

INTRODUÇÃO

● A análise funcional é uma ferramenta para identificar relações de


dependência entre um determinado comportamento e suas variáveis -
antecedentes e consequentes.

● A análise funcional sempre vai considerar a multideterminação do


comportamento.

● Existem múltiplas variáveis que interferem no nosso comportamento - tanto


variáveis consequentes quanto antecedentes.

● Existem uma enorme variabilidade de determinações - variáveis que


aumentam ou diminuem a chance de um determinado comportamento
acontecer.

● A função da análise funcional é identificar as variáveis determinantes do

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comportamento - e esse comportamento é o comportamento operante: a
ação dos indivíduos e as alterações que esse comportamento produz no
ambiente, ou seja, os estímulos, é o que faz com que o comportamento
aconteça.

● A ação do indivíduo é o alvo da análise funcional - a variável dependente.

● Os estímulos antecedentes e consequentes são as variáveis independentes.

● Na Terapia Cognitivo-Comportamental utilizamos mais a análise funcional da


ativação comportamental: A (antecedentes) - B (comportamento) - C
(consequências).

DESCRIÇÃO DO COMPORTAMENTO DO PACIENTE OU RESPOSTA

● O primeiro ponto é descrever o que o paciente faz. Normalmente temos


excessos ou déficits comportamentais, ou seja: comportamentos que

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precisamos diminuir e comportamentos que precisamos aumentar a
frequência.

● Sobre os antecedentes:

● Estímulos discriminativos ou operações motivadoras.

○ Estímulos discriminativos: disponibilidade do reforçador no


ambiente.

○ Operações motivadoras: vontade da pessoa de fazer determinado


comportamento.

● A presença do estímulo discriminativo aumenta a resposta daquele


comportamento. É o que chamamos, no senso comum, de gatilho.

● Perguntas para chegar no estímulo discriminativo:

○ O que estava acontecendo? Onde estava? Quem estava com você? O


que você fez exatamente antes? O que pensou? O que sentiu?

● Eventos que antecedem imediatamente a resposta ao comportamento do


paciente são importantes de serem avaliados.

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● Não é só a frequência do comportamento que importa, você precisa entender
para quem a resposta do seu paciente é direcionada, a frequência e a
intensidade.

TRÍPLICE CONTINGÊNCIA A-B-C

● O modelo A-B-C1 busca padrões comportamentais extraídos do relato do


paciente.

● O primeiro passo para a formulação de uma análise funcional é escolher a


resposta ou conjunto de respostas que você vai analisar.

● Deve-se escolher uma resposta clinicamente relevante - que traz prejuízo e


sofrimento para esse paciente.

Sobre as consequências:

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No role-play, esse modelo é apresentado.

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● Para entender as consequências, devemos perguntar diretamente ao
paciente o que aconteceu depois daquela resposta - comportamento do
paciente. Tanto as consequências imediatas como as consequências
atrasadas.

● A consequência da resposta é um evento direto relacionado ao


comportamento.

● Emoções não devem ser colocadas como consequências de


comportamentos.

● Quanto mais imediata é a consequência, maior o poder de controle sobre


aquele comportamento.

● Uma única resposta normalmente produz mais de uma consequência.

● A consequência ocorre imediatamente após a resposta? Aumenta a


probabilidade de ocorrência da resposta ou mantém (reforçamento positivo
ou negativo)? Suprime momentaneamente a resposta (punição positiva ou
negativa)? A consequência foi a suspensão de um reforçador (extinção)?

● Todo comportamento aparentemente disfuncional tem uma função. Não


existe nenhum comportamento que não tenha uma função.

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● Se a consequência de um comportamento fosse apenas estímulos aversivos,
esse comportamento seria extinto. E se fossem só consequências
reforçadoras não teria sofrimento, e seu paciente não estaria na terapia para
resolver isso.

● Quando deixamos claro as consequências aversivas, nós vamos engajando


nosso paciente para a mudança, que é a ampliação do repertório
comportamental, ou seja, fazer outras coisas que também gerem
consequências reforçadoras mas que não gerem consequências aversivas.

● A análise funcional é, portanto, o processo de coletar e analisar informações


em relação aos antecedentes e consequências contingentes a ocorrência de
um comportamento.

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POR QUE ISSO É TÃO IMPORTANTE?

● Analisar a função de um comportamento não adaptativo é importantíssimo


para modelar um novo comportamento mais funcional. Exemplos:

○ Antecedente: a criança está brincando de colorir e a terapeuta pede o


lápis verde: “ - dá o lápis verde.”

○ Comportamento: a criança joga o lápis no chão e chora.

○ Consequência: a terapeuta diz “jogar não”, pega o outro lápis e,


imediatamente, repete a pergunta e aumenta o suporte garantindo que
a criança realize a resposta.

● Tendo em vista que a criança estava brincando normalmente antes da


demanda e apresenta o comportamento de jogar o lápis e chorar após o
comando verbal, pode-se dizer que a função desse comportamento foi de
fuga de demanda. Ao pegar o lápis e repetir a pergunta, fazendo com que a
criança responda, estamos ensinando à criança qual comportamento é
adequado.

○ Antecedente: no encerramento de uma brincadeira a terapeuta


guarda o brinquedo.

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○ Comportamento: criança chora, se levanta e tenta, fisicamente, obter
o objeto.

○ Consequência: a terapeuta diz que acabou e tira o brinquedo do


alcance da criança.

● Como a criança tenta fisicamente obter o objeto pode-se dizer que a função
do seu comportamento é a obtenção de objetos. Assim, deve-se deixar claro
que ela não pode mais ter acesso ao brinquedo, sem permitir ambiguidades,
como: dizer que acabou e deixar o brinquedo próximo à criança.

● A pergunta principal é: de onde vem esse comportamento? Como esse


comportamento funciona? Em que ambiente? Quem estava presente? Qual o
motivo? Qual a recompensa?

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● É a partir da Análise Funcional que será possível compreender qual é a real
função de cada comportamento a ser trabalhado junto à criança, jovem ou
adulto avaliado.

● Somente a partir da identificação do contexto, contingências e reforços é


possível trabalhar um comportamento com as suas causas, ao invés da sua
forma. Ou seja, uma evolução para além do processo de tentativa e erro que
envolve tantos desgastes emocionais e desperdício de tempo dos envolvidos.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos da análise do


comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2019.

STURMEY, P. Functional Analysis in Clinical Psychology. Nova Jersey: John


Wiley & Sons, 1996.

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