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Resumo

Aprendizagem pelas consequências: o reforçamento

Nesse texto vamos falar sobre o comportamento que engloba a maioria dos
comportamentos dos organismos, chamando de comportamento operante, é o
comportamento que produz consequências que se constituem em alterações no ambiente
e cuja probabilidade de ocorrência futura é afetada por tai consequências. A maioria dos
nossos comportamentos produzem consequências no ambiente, que consistem em
mudanças no cenário que nos cerca, podemos citar um comportamento simples como
apertar o botão de interruptor de luz, que tem como consequência o acendimento da
lâmpada, a luz que anteriormente estava apagada, agora, está acesa, o que se constituiu
como uma mudança produzida no ambiente pelo comportamento de apertar o botão, essa
mudança pode ser entendida como uma consequência do comportamento. Outro
comportamento que produzirá a mesma consequência e pedir para alguém acender a luz.
No primeiro exemplo o comportamento produziu diretamente a mudança na iluminação, já
no segundo o comportamento modificou diretamente o comportamento de outra pessoa,
que também é ambiente, nesse caso, e que, por sua vez, produziu mudança na
iluminação.

As consequências que nossos comportamentos produziram no passado


influenciam sua ocorrência futura, e nesse sentido que que dizemos que o comportamento
é controlado ou influenciado, por suas consequências ao afirmar que as consequências
dos comportamentos os controlam, e o mesmo que afirmar de maneira geral, que elas
determinarão se os comportamentos que as produziram ocorrerão com maior ou menor
frequência no futuro. Veja o exemplo abaixo:

Você pede um saleiro para uma pessoa. Se ela lhe passa o saleiro, é provável que,
no futuro, em uma situação parecida, você o peça a ela novamente. Agora, imagine que
você peça o saleiro a outra pessoa, mas que ela não o passe, e que isso ocorra de forma
repetida. O que acontece, então? É bastante provável que, em novas situações nas quais
você precise do saleiro, você o peça cada vez menos a essa pessoa, até que, por fim, não
lhe peça mais.

Se pararmos para pensar, só continuamos fazendo uma série de coisas porque


determinadas consequências ocorrem. Mais ainda, deixamos de fazer outras em função de
suas consequências, ou, simplesmente, em função de que uma consequência produzida
por determinado comportamento deixou de ocorrer. Por exemplo, se convidamos um
amigo para sair, e ele geralmente aceita, continuamos a convidá-lo. Se esse amigo para
de aceitar os convites, dando desculpas e mais desculpas, tenderemos a chamá-lo para
sair cada vez menos. As consequências não têm influência somente sobre a frequência de
ocorrência dos comportamentos considerados adequados ou socialmente aceitos; elas
também aumentam, mantêm ou reduzem a frequência de comportamentos considerados
socialmente inadequados ou indesejados.

Se o comportamento é controlado por suas consequências, isso dá duas


possibilidades extremamente úteis para os psicólogos:

(a) podemos entender o que leva as pessoas a fazerem o que fazem, isto é, a
função de seus comportamentos, a partir da análise das consequências de seus
comportamentos; e

(b) se os comportamentos das pessoas e também de animais não humanos são


controlados por suas consequências, isso significa que podemos, quando e se necessário,
modificá-los por meio da alteração de suas consequências. Essa é a essência da
abordagem psicológica Análise do Comportamento, cujo determinismo do comportamento
se baseia no modelo de seleção por consequências.

Vimos que algumas consequências aumentam a probabilidade de o


comportamento voltar a ocorrer. Classificamos essas consequências como reforçadoras,
em termos gerais, é um tipo de consequência que aumenta a probabilidade de que volte a
ocorrer o comportamento que a produziu. Essa interação entre o organismo e o ambiente
é descrita, em termos técnicos, por uma contingência de reforçamento. A contingência de
reforçamento é expressa na forma se... então... – se o comportamento X ocorrer, então a
consequência Y ocorre. Por exemplo, se o rato pressiona a barra, então é disponibilizada
uma gota d’água; se a criança faz birra, então ela ganha um doce. A contingência de
reforçamento, nesse caso, é representada pelo diagrama R → C, no qual o R representa a
resposta e o C representa a consequência. Vejamos o exemplo abaixo:

A criança que faz birra e é atendida por seus pais.

Podemos identificar a consequência reforçadora e os seus efeitos claramente.


Cada vez que a criança faz birra e seus pais a atendem, aumenta a probabilidade (as
chances) de que, na próxima vez em que estiver em situação similar, ela se comporte da
mesma forma. Nesse caso, o aumento na probabilidade de ocorrência do comportamento
é o efeito da consequência reforçadora. Também nesse caso, receber o que se está
pedindo é a consequência reforçadora para o comportamento de fazer birra.

Outro ponto importante nesse capítulo e o estímulo reforçador que são as


alterações no ambiente – ou em partes dele – que constituem as consequências
reforçadoras. Por exemplo, o rato pressiona a barra da caixa de condicionamento operante
e uma gota d’água é disponibilizada. Nesse caso, a consequência reforçadora é a
disponibilização da água, e o estímulo reforçador é a água propriamente dita. As
características físicas de um estímulo, ou suas propriedades, não podem, por si só,
qualificá-lo como reforçador. Há um exemplo simples: se você está há dois dias sem
comer, comida pode tornar-se um estímulo reforçador. Entretanto, Pse acabou de comer
muito, o seu prato predileto poderá até mesmo ser aversivo. Para determinarmos se um
estímulo é reforçador, ou se uma consequência é reforçadora, devemos considerar,
necessariamente, o seu efeito sobre o comportamento. Independentemente do estímulo,
se o efeito de sua apresentação for o de aumentar a probabilidade de ocorrência do
comportamento que o produz, então ele será considerado reforçador. O procedimento de
apresentação desse estímulo e o seu efeito sobre o comportamento serão chamados de
reforçamento.

O reforçamento tem pelo menos dois outros efeitos sobre o comportamento dos
organismos. Um desses efeitos é a diminuição da frequência de outros comportamentos
diferentes do comportamento reforçado. Por exemplo, se alguém começar a prestar muita
atenção no que você está dizendo em um bar, é provável que você coma menos, beba
menos e observe menos o movimento no bar, passando mais tempo conversando. Nesse
caso, a atenção recebida é o estímulo reforçador, enquanto falar é a resposta. Esse
reforçamento resulta no aumento da frequência da resposta de falar e na diminuição da
frequência de outras respostas que poderiam ocorrer naquele momento.

Quando suspendemos o reforçamento de um comportamento, sua frequência de


ocorrência tende a diminuir até retornar ao seu nível operante anterior, esse processo é
conhecido como extinção operante. A extinção operante é um procedimento pelo qual o
comportamento, que antes era reforçado, é descontinuado, resultando na redução gradual
de sua frequência de ocorrência . Para testarmos essa afirmação, basta realizarmos um
experimento com três situações distintas: na primeira, observamos e registramos a
frequência do comportamento de um organismo sem contingências de reforçamento
programadas (nível operante); na segunda, reforçamos o comportamento, bem como
observamos e registramos a sua frequência (reforçamento); na terceira, retiramos o
reforçamento e novamente observamos e registramos a frequência do comportamento
(extinção).

O principal efeito do procedimento de extinção, como vimos, é o retorno da


frequência do comportamento aos seus níveis prévios, ou seja, ao nível operante. No
entanto, além de diminuir a frequência da resposta até o nível operante, esse
procedimento produz outros três efeitos importantes no início do processo de extinção
operante. Veremos, a seguir, alguns deles.

1. Aumento na frequência da resposta no início do procedimento de extinção.


Durante um procedimento de extinção, antes de a frequência da resposta
começar a diminuir, ela pode aumentar abruptamente.
2. Aumento na variabilidade da topografia da resposta. Logo no início do
processo de extinção, a forma como o comportamento estava ocorrendo
começa a modificar-se.
3. Evocação de respostas emocionais. Tente se lembrar de algumas vezes em
que algum comportamento seu foi colocado em extinção. Por exemplo, quando
estudou muito para uma prova e tirou nota baixa, quando telefonou várias
vezes para seu(ua) namorado(a) e ele(a) não atendeu. Como você se sentiu?
É bem provável que algumas respostas emocionais, como, por exemplo,
aquelas comumente vistas na raiva, na ansiedade, na irritação ou na
frustração, tenham ocorrido

Vimos que, nas situações em que o reforçamento é suspenso, a frequência do


comportamento diminui. Mas por quanto tempo um comportamento pode continuar
ocorrendo após a suspensão do reforçamento? estamos falando da resistência a extinção,
que pode ser definida como o tempo ou o número de vezes que um determinado
comportamento continua ocorrendo após a suspensão do reforçamento. Dizemos que,
quanto mais tempo, ou quanto maior o número de vezes que o comportamento continua a
ocorrer sem ser reforçado, maior é a sua resistência à extinção. Veja que dizer que um
comportamento tem alta resistência à extinção não é a explicação de porque ele demora a
ser extinto. Resistência à extinção é a própria demora, é o fenômeno propriamente dito, e
não sua explicação.

Até agora, discutimos como os comportamentos existentes podem ser modificados


por suas consequências. Agora, vamos analisar como um novo comportamento é
adquirido por um organismo. O repertório comportamental refere-se ao conjunto de
comportamentos que um indivíduo é capaz de exibir em determinadas condições
ambientais. A modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de
aproximações sucessivas de um comportamento-alvo. A modelagem é um procedimento
de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento-alvo.

O reforçamento diferencial consiste em reforçar algumas respostas que obedecem


a algum critério e em não reforçar aquelas que não atendem a tal critério. O critério de
reforçamento, durante o procedimento de modelagem, vai sendo modificado de modo a
exigir respostas cada vez próximas (similares topograficamente) ao comportamento-alvo.
Chamamos tais etapas de aproximações sucessivas do comportamento-alvo.

Na modelagem, como vimos, os comportamentos são gradualmente selecionados


por suas consequências. Já na modelação, ou aprendizagem por observação de modelos,
o comportamento de um organismo tem a sua probabilidade alterada em decorrência da
observação do comportamento de outro organismo e da consequência que este produz.
Desse modo, na modelação, inicialmente, o organismo não precisa emitir determinado
comportamento para alterar a probabilidade de que este ocorra. Um exemplo de
aprendizagem por modelação é o de uma criança que passa a fazer birra com mais
frequência ao ver um colega conseguir mais sorvete de seus pais com esse
comportamento.

Estímulos reforçadores são aqueles cuja apresentação aumenta a probabilidade de


ocorrência futura do comportamento que os produziu. Na Análise do Comportamento,
encontramos os conceitos de estímulo reforçador social e estímulo reforçador não social.
Nos estímulos reforçadores sociais, a mudança produzida pelo comportamento no
ambiente é seu efeito sobre o comportamento de outra pessoa. Por exemplo, quando um
bebê diz "mãe" e recebe um sorriso e uma carícia da mãe, essas ações são consideradas
estímulos reforçadores sociais, pois fortalecem o comportamento do bebê de dizer "mãe".
É importante notar que nem todas as reações das outras pessoas são consideradas
reforçadoras; só podemos concluir que são a partir do efeito que têm sobre o
comportamento que as produziu.

Estímulo reforçador não social refere-se a alterações no ambiente que não


dependem dos efeitos de um comportamento sobre o comportamento de outra pessoa.
Exemplos incluem acender a luz após apertar o interruptor, abrir uma torneira e a água
sair, mover um móvel ao empurrá-lo, ligar o ar-condicionado e a temperatura baixar, entre
outros. No entanto, certas alterações no ambiente não social podem ser mediadas por
outras pessoas. Por exemplo, se uma criança pede a um adulto para pegar uma lata de
biscoitos fora de seu alcance e o adulto atende ao pedido, o comportamento da criança
altera o ambiente não social (acesso aos biscoitos), mas também influencia o
comportamento do adulto (reforço social). Nesse caso, o comportamento de pedir tem
efeitos tanto sobre o comportamento de outra pessoa (reforço social) quanto sobre o
ambiente não social (reforço não social).

O termo comportamento refere-se a uma classe de respostas, sendo uma resposta


uma instância específica desse comportamento. Por exemplo, quando um rato pressiona
uma barra, isso é considerado uma resposta de pressão à barra. O conjunto de todas
essas respostas forma o comportamento de pressão à barra, também chamado de classe
de respostas de pressão à barra. Ao falar de conjuntos ou classes, referimo-nos a
agrupamentos de itens ou eventos com base em critérios específicos. Da mesma forma,
as classes de respostas são definidas com base em critérios que identificam um conjunto
específico de respostas como pertencentes a essa classe.

Neste capítulo, aprendemos sobre a relação funcional entre as respostas de um


organismo e as consequências reforçadoras que elas produzem no ambiente, aumentando
a probabilidade de ocorrência de respostas semelhantes. Quando determinadas respostas
têm sistematicamente o mesmo efeito reforçador, há uma relação funcional entre elas e a
consequência. Isso nos permite agrupar essas respostas em uma classe de respostas
funcional, onde o critério de agrupamento é sua função, mesmo que as respostas tenham
formas diferentes. Quando uma classe de respostas é definida pela sua função, podemos
defini-la como uma classe de respostas operante e denominá-la comportamento operante
ou, simplesmente, operante. Agrupamento pela topografia da resposta. Podemos definir
uma classe de respostas simplesmente por sua forma, isto é, por sua topografia. Por
exemplo, dar tchau acenando com o braço para alguém. Dizemos que alguém está dando
tchau acenando com base nos movimentos realizados pela pessoa (seu braço e sua mão).
Nesse caso, cada aceno é uma resposta. O conjunto das respostas de dar tchau é uma
classe de respostas que também pode ser denominada de comportamento de dar tchau.

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