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Aprendizagem pelas

consequências:
o reforço
Profª Renata Lima
Psicologia Experimental
O comportamento respondente não consegue
abarcar toda a complexidade do comportamento
humano. Por isto, hoje veremos um outro tipo, o
comportamento operante.
Comportamento operante

▪ B. F. Skinner

▪ Este tipo de comportamento


engloba a maioria dos
comportamentos dos organismos.
Comportamento operante
Classificamos como operante aquele comportamento
que produz consequências (modificações no ambiente) e
é afetado por elas.

Entender o comportamento operante é fundamental


para compreendermos como aprendemos nossas
habilidades e nossos conhecimentos.
Dois tipos diferentes de aprendizagem

❖O comportamento respondente é aprendido por


meio do condicionamento respondente.

❖O comportamento operante é aprendido por meio


do condicionamento operante.
Comportamento respondente Comportamento operante

S R R C
Uma alteração no ambiente elicia uma Uma resposta emitida pelo organismo
resposta do organismo produz uma alteração no ambiente
O comportamento operante produz
consequências no ambiente
A maior parte dos comportamentos produz
consequências no ambiente. Estas consequências
são mudanças no ambiente.
O comportamento operante produz
consequências no ambiente
▪ O comportamento de esticar o braço,
produz a consequência de pegar
(alcançar) o saleiro (mudança no
ambiente: o saleiro passa de um lugar
para outro).

▪ Em vez de estender o braço e pegar o


saleiro, é possível emitir outro
comportamento que produzirá a
mesma consequência: pedir alguém
que lhe passe o saleiro.
Exemplos de comportamentos e suas
consequências
Comportamento (resposta) Consequência
Dizer “Oi!” Ouvir um “Olá!”
Apertar um botão Chegar o elevador
Girar uma torneira Obter água
Fazer uma pergunta Receber uma resposta
Fazer o dever de casa Ser elogiado pelo professor
Dizer palavras de amor Ganhar um beijo
Estudar Obter boas notas
Fazer uma ligação Falar com alguém
O comportamento é
afetado (é controlado) por
suas consequências
As consequências de nossos
comportamentos vão influenciar suas
ocorrências futuras.

As consequências determinam, em algum


grau, se os comportamentos que as
produziram ocorrerão ou não outra vez,
ou se ocorrerão com maior ou menor
frequência.
O comportamento é afetado
(é controlado) por suas consequências

Imagine que você peça o saleiro a uma determinada


pessoa, e ela não lhe passa o saleiro. Esta situação
repete-se algumas vezes. O que acontece, então? É
bastante provável que, em novas situações, nas quais
você precise o saleiro esta pessoa esteja presente,
você não peça mais o saleiro a ela.
As consequências produzidas
pelo comportamento ocorrem
tão naturalmente no nosso dia-
a-dia, que, muitas vezes, nem
nos damos conta de que elas
estão presentes o tempo todo.
Se refletirmos, perceberemos que só
continuamos a ter uma infinidade de atitudes
diárias porque determinadas consequências
ocorrem.

Ainda há outras atitudes que abandonamos em


função de suas consequências ou, simplesmente,
em função de que uma consequência produzida
por um determinado comportamento deixou de
ocorrer.
As consequências também têm influências sobre
comportamentos inadequados ou indesejados...

Comportamento (resposta) Consequência


Fazer bagunça em sala de aula Atenção do professor
Dirigir em alta velocidade “admiração” dos colegas
Matar aula Mais tempo ocioso
Dizer que está deprimido Atenção das pessoas
Ser grosseiro e estúpido Respeito dos funcionários
Fazer birra Obter chocolate ou brinquedo
Se sabemos que o comportamento é influenciado
(controlado) por suas consequências, isto nos dá a
possibilidade de manipular as consequências e,
assim, modificar o comportamento.
O reforço
Reforço é um tipo de consequência do
comportamento que aumenta a probabilidade de
um determinado comportamento voltar a ocorrer.

Comportamento: Estudar Consequência: Nota alta


Quando as alterações no ambiente aumentam a
probabilidade de o comportamento que as produziu
voltar a ocorrer, chamamos tal relação entre o
organismo e o ambiente de contingência de reforço, que
é expressa da forma se... então...

❖Se o comportamento X ocorrer, então a consequência


Y ocorre

Se o rato pressiona a barra, então


ele recebe água.
Exercício
Você consegue imaginar outros exemplos de
consequências que mantêm alguns de seus
comportamentos?
Atenção
Para afirmar que determinado estímulo é um
reforçador ou que determinada consequência é
reforçadora, devemos centrar-nos em sua relação
com o comportamento.

As características físicas ou a natureza de um


estímulo não podem qualifica-lo como reforçador.
Atenção
Portanto, para determinarmos se um estímulo é um
reforçador ou se uma consequência é um reforço,
devemos considerar a relação entre o comportamento e
a consequência, verificando se a consequência afeta um
determinado comportamento de modo a aumentar a
probabilidade de sua ocorrência.
Reforçadores naturais X Reforçadores arbitrários

A consequência A consequência
reforçadora do reforçadora é um
comportamento é o produto indireto do
produto direto do comportamento.
próprio comportamento.
Reforçadores naturais X Reforçadores arbitrários

O comportamento do O comportamento do
músico de tocar violão músico de tocar violão
sozinho em seu quarto é em um bar em troca de
reforçado pela própria dinheiro.
música.
Exemplo
Se você tentar fazer uma criança pequena estudar
dizendo que ela precisa garantir o futuro, passar no
vestibular e ter um curso superior, isto está muito
distante desta criança para que possa controlar o
comportamento dela de se engajar nos estudos. É
pouco provável que consiga conscientiza-la sobre a
importância dos estudos.
Exemplo
Neste caso, é necessário que o comportamento de
estudar tenha consequências reforçadoras mais
imediatas para que criança se habitue a isto. Neste
sentido, é possível oferecer reforços arbitrários,
como chocolates, horas no videogame, etc...
Exemplo
Desta forma, está estabelecendo para a criança que
se ela estudar, então ela ganha umas horas para
brincar no videogame.
Exemplo
Ao estudar (sob controle do reforço arbitrário), reforços naturais
surgirão para o comportamento: ser elogiada pelos professores,
tirar boas notas, ter a admiração dos colegas, receber elogios dos
pais...

Nenhuma destas consequências reforçadoras seriam possíveis se a


criança não tivesse começado a estudar em algum momento.
As consequências reforçadoras (naturais) não são tão óbvias
quanto ganhar um brinquedo, mas são poderosas!

A partir do momento em que estas consequências naturais


surgem no ambiente da criança, não será mais necessário
reforçar o comportamento de estudar com reforçadores
arbitrários, como chocolates e brinquedos.
Outros efeitos do reforço
▪ Diminuição da frequência de outros comportamentos
diferentes do comportamento reforçado.

4
Frequência

3 Antes do reforço
Depois do reforço
2

0
Pressionar a barra Tocar a barra Limpar-se Farejar

Comportamentos
Outros efeitos do reforço

▪ Diminuição da variabilidade na topografia (na forma) da


resposta (do comportamento) reforçado.
Extinção operante
Quando suspendemos o reforço de um comportamento,
verificamos que a probabilidade de este comportamento
ocorrer diminui (retorna ao seu nível operante, isto é, a
frequência do comportamento retoma aos níveis de antes
de o comportamento ter sido reforçado).

COMPORTAMENTO CONSEQUÊNCIA
(Reforço)
Extinção operante

A suspensão do reforço e o processo decorrente dela


(retorno da frequência do comportamento ao nível
operante) são conhecidos como extinção operante.
Se a suspensão do reforço produz uma diminuição
na frequência de um comportamento, é possível
concluir que os efeitos do reforço são temporários.
Resistência à extinção

Nas situações em que o reforço é suspenso, a


frequência do comportamento diminui. Mas por
quanto tempo ele se mantém após a suspensão do
reforço?
Resistência à extinção
Por exemplo: uma pessoa que liga quase todos os dias para o
celular de um amigo (comportamento) e conversa com ele
(reforço); o amigo muda de número de celular e não avisa.

A pessoa liga e não é atendida (suspensão do reforço: extinção).

Quantas vezes ela ligará para o amigo antes de desistir?


Resistência à extinção
É o tempo ou o número de vezes que um organismo
continua emitindo uma resposta (comportamento) após
a suspensão do seu reforço.

Quanto maior o tempo (ou nº de vezes) o


comportamento continua sendo emitido sem ser
reforçado, maior é a resistência à extinção.
Resistência à extinção

De modo geral, indivíduos cujos comportamentos


apresentam alta resistência à extinção são
conhecidos como perseverantes, empenhados,
cabeças-duras ou teimosos.
Fatores que influenciam a resistência
à extinção
▪ Número de reforços anteriores: quanto mais o comportamento foi
reforçado, mais resistente à extinção ele será.

▪ Custo da resposta: quanto mais esforço é necessário para emitir um


comportamento, menor será a sua resistência à extinção.

▪ Esquemas de reforçamento: quando um comportamento é reforçado às


vezes sim e às vezes não, ele se tornará bem mais resistente à extinção
do que um comportamento que era sempre reforçado.
Modelagem: aquisição de
comportamento
A modelagem é um procedimento de reforçamento
diferencial de aproximações sucessivas de um
comportamento. O resultado final é um novo
comportamento.
Modelagem: aquisição de
comportamento
Reforço diferencial: consiste em reforçar algumas
respostas que obedecem a algum critério e em não
reforçar outras respostas similares.
Modelagem: aquisição de
comportamento
Portanto, basicamente usamos na modelagem o
reforço diferencial (reforçar algumas respostas e
extinguir outras similares) e aproximações
sucessivas (exigir gradualmente comportamentos
mais próximos do comportamento-alvo) a fim de
ensinar um novo comportamento.
Modelagem: aquisição de
comportamento
É uma característica essencial da modelagem a
imediaticidade do reforço, ou seja, quanto mais
próximo temporalmente da resposta o reforço
estiver, mais eficaz ele será.
Referência

MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto


de. Princípios básicos de análise do
comportamento. Porto alegre: Artmed, 2007. (Cap.3
– Aprendizagem pelas consequências: o reforço)

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