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Antes de iniciar, é importante lembrar que o comportamento de punir, quase sempre, envolve duas pessoas
que estão se comportando simultaneamente, no mesmo episódio: a pessoa que aplica a punição (o chamado
agente punidor) e a outra que “recebe” a punição (aquela cujo comportamento é punido). Nesse primeiro
momento, focaremos o comportamento da pessoa que aplica a punição.
Um ponto inicial, que pode nortear a discussão e investigação é analisar as razões da utilização da punição.
Quando o agente punidor aplica a punição, o que ele busca? Qual o motivo dele aplica-la? Fazendo se um
paralelo em nossas vidas, é proposto a seguinte pergunta: por que punimos?
Por exemplo: ao ver o seu filho fazendo bagunça, o pai pode repreende-lo, como gritando ou dando uma
bronca a ele. Provavelmente, o filho irá cessar o comportamento desapropriado. Ou seja, o pai alterou o
comportamento do filho; ele passou a controla-lo. E esse controle é reforçador para quem está controlando
– no caso, o pai – aquele que aplica a punição.
Aqui, vale investigar mais atentamente o comportamento de punir, analisando quais são os controles de
reforçamento de tal comportamento:
O REFORçAMENTO DO COMPORTAMENTO DE
PUNIR
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Vamos olhar mais atentamente a cada um desses itens sobre o reforçamento do punir:
1. É uma resposta reforçada imediatamente. Uma das leis do reforço aponta a importância de sua entrega
imediata sobre o responder. Quanto mais imediato for a entrega, maior o fortalecimento do responder. O
efeito da punição sobre o comportamento da pessoa punida é, no geral, imediato: essa pessoa tem o
comportamento alterado. E tal efeito da punição é rapidamente observável e percebido pela pessoa que
pune. Assim, o efeito reforçador de controlar o comportamento de outras pessoas via punição é alto.
Lembre se: se um comportamento ocorre várias vezes, então ele deve ser reforçado. Um exemplo seria de
um professor gritar com um aluno “desobediente” (quando o aluno não faz o exercício proposto pelo
professor): o aluno, geralmente, inicia imediatamente o exercício, maximizando e potencializando o efeito
3. É menos trabalhoso do que reforçar. Aqui, é importante lembrar que é necessário treino para saber
reforçar direito, pois além das pessoas não saberem reforçar, ainda reforçam a resposta errada. É muito
mais fácil punir: não precisamos de treino e punimos os outros com base no que funcionou conosco: “já que
doeu em mim, vai doer nele”.
4. É reforçado socialmente. Há situações em que o reforço não provém apenas diretamente do controle
comportamental, mas também da própria sociedade. Possíveis exemplos são o terrorismo e filmes de
violência.
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Como aponta Skinner (2003), para ocorrer punição, um determinado comportamento deve estar em curso.
Não punimos o nada. Um possível exemplo ocorre no laboratório: um rato privado de água pressiona a barra
e produz água. Nessas condições, é possível dizer que, ao observarmos a apresentação d’água manter a
frequência de pressões a barra, a apresentação d’água reforça a pressão a barra. Além disso, as medidas
registradas nessa fase (Fase 1) serão comparadas com aquelas obtidas na Fase 2. Nessa fase, uma pressão a
barra produz não só água, mas choque também. A manutenção da apresentação d’água na Fase 2 após uma
pressão a barra é fundamental para avaliar-se os efeitos da punição. Sem ela, não é possível avaliar se os
efeitos no responder devem-se a retirada d’água, ou a apresentação do choque. Além disso, com uma
medida do mesmo comportamento antes (linha de base) e após (fase experimental) a introdução da
punição, podemos ter certeza que variações na frequência de respostas serão devido ao choque. Desse modo
um esquema desse estudo seria:
ESTUDO DA PUNIçãO
Fase 1 (Linha de base): pressionar a barra (resposta – R) à água (estímulo reforçador – SR).
Fase 2 (Fase Experimental): pressionar a barra (R) à água (SR) e choque (estímulo punitivo SP).
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Em relação a resposta do rato de pressionar a barra, é possível dizer que ela foi suprimida – ou seja, o rato
não pressiona mais a barra? Não necessariamente. Após o rato parar de responder, ele volta a pressionar a
eliminam a privação de água, apenas reduziram a frequência da resposta que o produz. Esse é o principal
problema com a punição, ela não altera o efeito reforçador do reforço (Skinner, 2003). Agora, o que você
acha que poderá acontecer se, nesse período, o rato aprender outro modo de produzir água? Provavelmente,
não produz apenas prisão (quando produz). Produz também: dinheiro, status, prestígio e outros
reforçadores. O jovem rouba não para ser preso, mas por que é um dos poucos modos (se não o único) dele
ter acesso a esses reforçadores. Isso nos leva ao seguinte problema: como encontrar reforçadores tão
potentes no ambiente dele? O que ele pode fazer que produza os mesmos reforçadores? Punir uma resposta
que produz estes reforçadores não ensina um jovem com produzia-las de outro modo.
O que acontece se aumentarmos as penas de prisões? Isso vai resolver o problema de crimes? Não. Se
voltarmos ao experimento, o que acontece se aumentarmos a voltagem do choque? Diminui a frequência de
respostas? Não. Do mesmo modo, aumentar as penas contra crimes não reduzirá o numero de ocorrências
criminosas. Isso porque muitos criminosos não possuem outras ‘barras” para apertarem que produzem os
mesmos reforçadores.
Raramente invocamos justiça como uma razão para dar alguma coisa boa para alguém que
tenha se comportado bem. Alguém que obtém “apenas sobremesa” não recebeu algo doce
como um retorno razoável por bom comportamento. Ao contrario, recebeu uma punição
por agir mal. Justiça passou a significar punição. O principio “a justiça prevalecerá”, nos
faz sentir seguros já que sabemos que a punição será aplicada a outros que se comportam
mal. Na medida em que o principio é aplicado a nós, ele é uma ameaça. (SIDMAN, 2003.
p.81).
Essas circunstancias podem parecer que ocorrem apenas em alguns casos mais extremos. Uma grande parte
das pessoas trabalham porque precisam. Mas, ao apertarem essa barra (trabalhar) elas produzem não só o
sustento, mas também choques. Muitos são aqueles que não gostam do que trabalham (levam choques
constantemente). Por que continuam a trabalhar? Porque não possuem outras alternativas.
Outro exemplo do estudo da punição no laboratório. Após uma fase inicial na qual uma pressão a barra é
consequênciada com água e choque, suspenda ambos os estímulos. O rato deverá parar de responder. Nesse
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pressão a barra, concluímos que o choque adquiriu funções reforçadoras ao ser pareado com água (um
Um exemplo desse experimento em nossa sociedade seriam os rituais de auto flagelação Casos de
flagelamento em rituais religioso são uma decorrência da aprendizagem que a “dor deve levar ao amor”.
Muitas pessoas aprendem, desde a infância, que o amor e prazer devem ser conseqüência da dor. Não
podemos culpá-las, a sociedade não lhes ensinou outros modos de produzir prazer.
ATIVIDADE FINAL
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punir
B. É reforçado socialmente
Sabendo que ele é reforçado com dinheiro ao cometer esse crime, como
REFERÊNCIA
SIDMAN, Murray. Coerção e suas implicações. Campinas: Livro Pleno, 2003. 302p.
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