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Ensinando Habilidades I
Aída Brito

O comportamento é tudo o que nós fazemos, toda ação humana é


comportamento. Estas ações podem ocorrer dentro de nós, no interior de
nosso corpo, ou fora de nós, de modo que outras pessoas possam ver. Quando
o comportamento ocorre dentro de nós, o chamamos de “privado” ou
“encoberto” ou ainda descrevemos que é o “comportamento dentro da pele” e
quando ele é visível por outra pessoa, então o chamamos de “público” mesmo
que ninguém o esteja vendo em certo momento.
Os comportamentos também são divididos entre comportamento
respondentes, que são aqueles eliciados (produzidos automaticamente) por um
estímulo, como a marteladinha próxima ao joelho que produz o reflexo patelar,
uma elevação do é e o escuro, que produz a dilatação da pupila e há também o
comportamento operante, que é aquele que nasce da variabilidade
comportamental humana (e não dos comportamentos selecionados na história
da espécie, e que produzem uma alteração no ambiente, fazendo com que esta
alteração no ambiente, por sua vez, também altera o comportamento do
indivíduo, de modo a torna-lo mais ou menos provável no futuro.
A intervenção baseada em ABA parte da premissa fundamental de
diminuir comportamentos que estão em excesso e ampliar comportamentos
que estão em déficit. Os comportamentos em excesso são aqueles que trazem
prejuízos aos indivíduos e que chamamos de “inadequados” e os em déficit são
aqueles que beneficiariam o indivíduo se presentes em seu repertório, seja por
um contexto de vida, seja porque o comportamento é esperado para a idade
(marcos do desenvolvimento).
Os comportamentos adequados, quando aparecem, são seguidos de
consequências específicas, programadas pelo Analista do Comportamento, par
aumentar a quantidade de sua emissão no futuro. Ou seja, aquela pessoa que
implementa a intervenção baseada em ABA consequência os comportamentos
adequados do atendido de forma a reforçá-los e fazer com que sejam
aprendidos e isso não se dá de maneira aleatória, mas cuidadosamente
planejada pelo Analista do Comportamento, que já descreveu quais são os

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comportamentos em déficit deste indivíduo, quais são seus reforçadores e
quais são os objetivos da intervenção.
Esses comportamentos operantes são fruto da história do indivíduo,
história que nunca se repete, que é sempre ímpar e que se estabelece no
percurso que cada um de nós estabelece com o ambiente a nosso redor, com
nossos pais, com nosso quarto, nossos brinquedos, os programas que
assistimos ou não, as tarefas que fazemos ou não e como cada um de nós,
dentro de nossa singularidade, reagimos a estes elementos contextuais
descritos e muitos outros.
Como dito, esta história operante é sempre particular, mas é verdade que
pessoas com desenvolvimento típico não são assim chamadas de modo
aleatório, há um motivo para isso, é porque seu processo de aprendizado, de
relação com o mundo, isto é, seus comportamentos, estão dentro de uma
média da espécie, o que faz com que sejam mais adaptativos ao mundo em
que vivemos, que foi organizado, claramente, para este desenvolvimento que é
mais comumente encontrado.
No entanto, quando falamos em “desenvolvimento atípico”, do qual o
Transtorno do Espectro Autista – TEA e a Deficiência Intelectual – DI são
exemplos recorrentes, estamos falando de uma forma diferente de
sensibilidade ao mundo, de organismos com características inusuais e que se
relacionam com o mundo de uma forma profundamente diferente, de modo que
seus comportamentos também são profundamente diferentes e menos
adaptativos, porque o mundo não foi desenhado para suas necessidades.
Nossa tarefa é reorganizar o mundo a seu redor, de modo a lhes estimular
de uma maneira apropriada a suas necessidades, para que eles possam ter um
aprendizado que possa ser mais adaptativo, melhorando, portanto, sua
qualidade de vida em seu contexto natural. Antes de uma divisão entre
comportamento operante e respondente, é preciso lembrar o que é
comportamento, é uma relação entre ambiente e organismo e nosso papel é
modificá-lo de maneira positiva ao indivíduo e isso não se dá pela imposição,
mas justamente por novos arranjos no ambiente do atendido.
É importante notar que essa mudança de comportamento não deve ser
alcançada simplesmente no ambiente de intervenção, seja na clínica ou na

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escola, o correto é que a mudança ocorra no contexto de vida do indivíduo em
que seu déficit ou excesso traz prejuízo à qualidade de vida deste indivíduo e
que foi justamente o que motivou a queixa e a procura da intervenção.
Por exemplo, uma criança que se autoagride dando tapas no próprio
rosto, enquanto chora copiosamente durante grande parte do dia, todos os
dias, é uma criança que com certeza precisa de uma intervenção baseada em
ABA que parta de suas necessidades e de uma avaliação pormenorizada para
a redução deste comportamento autolesivo e estigmatizando perante a
comunidade e que ainda o impede de aprender enquanto engajado nesta
atividade.
Digamos que em uma avaliação individualizada também se verifique que
esta criança também não saiba pedir comida de maneira apropriada, apesar de
ser uma criança que fala, ela fica agitada quando está com fome, mas não
verbaliza sua necessidade.
É claro que haverá uma série de coisas a se considerar com esta ou
qualquer criança, mas para efeitos didáticos, digamos que tenhamos somente
estas duas questões, um excesso comportamental (se bater no rosto) e um
déficit comportamental (pedir comida vocalmente de maneira apropriada), para
os quais haveria a elaboração de estratégias de ensino, mas o que cabe dizer
aqui é que não adianta que o atendido emita o comportamento de pedir para
comer de maneira apropriada “Me dê o almoço, por favor!” e deixe de se
autoagredir DURANTE O PERÍODO EM QUE ESTÁ NA CLÍNICA ou no
contexto da intervenção somente, é preciso que no contexto natural de sua
vida, nos ambientes em que antes ele se batia, não se bata mais, nos
ambientes em que ficava com fome sem pedir sua comida, agora o peça.

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