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Automonitoramento
Lucelmo Lacerda

De fato, a melhor forma possível de mudar um comportamento é quando


este comportamento fica sob controle do próprio sujeito, que é capaz de se auto-
observar e aferir qual é seu estado emocional e, mais ainda, tomar decisões a
partir desta observação sobre o que quer fazer e o que é melhor para si.
Ocorre que a auto-observação, apesar de parecer uma habilidade
simples, não o é. Trata-se de um comportamento complexo, que exige que o
sujeito tenha habilidades verbais prévias para descrever diferentes estados
emocionais e responder a um interlocutor ou a um equipamento (como no
exemplo da aula) sobre sua condição e o que decide fazer.
Todas as intervenções comportamentais devem ser planejadas para que
o comportamento passe a ocorrer nas contingências naturais da vida, com o
comportamento modificado. Então o bom dia que pode ser ensinado pela mãe
com um cutucão, ao final tem que ser evocado pelo simples “bom dia” da outra
pessoa e a leitura de um livro que pode ocorrer em uma atividade de sala deve
ser evocada talvez na rede, com uma brisa no rosto, à procura de um deleite. Da
mesma forma ocorre com os comportamentos inadequados, que podem ser
reduzidos por meio de procedimentos como DRO, DRA, DRI, entre outros, mas
que devem se manter eliminados ou em níveis aceitáveis sem qualquer
procedimento em vigor, somente pelas contingências usuais da vida do cliente
(em ABA normalmente não se fala em paciente, mas em cliente).
Vou dar um exemplo, suponhamos que um menino grita todos os dias, no
horário de suas refeições. Então implementa-se um Treino de Comunicação
Funcional – FCT para este comportamento e se escolhe a entrega de um cartão
como Resposta de Comunicação Funcional para que ele tenha acesso a comida.
Sim, existe todo um apoio para que ele aprenda a entregar o cartão e não a
gritar, depois talvez ele entregue muitas vezes este cartão e tenhamos que
empobrecer o esquema de reforçamento para que ele só peça comida quando
estiver nos horários de refeição, mas o fato é que quando este objetivo for
atingido, não será mais preciso qualquer intervenção, ele será simplesmente um
menino que se comunica de maneira diferente e que, na escola, não fala, mas

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entrega um cartão para ter acesso à merenda ou a um salgadinho, na
lanchonete, a balconista precisa discriminar entre a foto de um salgado ou um
prato de comida, mas, se dá fato, as contingências da vida natural seguramente
são capazes de manter seu comportamento.
Uma das estratégias mais bem sucedidas e baseadas em evidências é o
automonitoramento, em que o indivíduo aprende a descrever o que está sentindo
e a tomar decisões acerca desta condição, isto pode ser feito por meio do diálogo
e por meio de programações em tecnologias assistivas que ampliam a autonomia
do sujeito.

Ética
Um outro assunto fundamental, que será muito bem explorado no próximo
módulo é a questão da ética, mas vamos pontuar aqui alguns itens fundamentais
que trouxemos no vídeo:
As estereotipias não são inimigas da intervenção porque fazem a pessoa
parecer uma pessoa com autismo. Na verdade, todos nós temos estereotipias e
elas devem ser avaliadas e, caso tragam prejuízo, podem passar por intervenção
para redução ou eliminação, mas caso não tragam prejuízo, não devem ser
enfrentadas.
O trabalho fundamental de uma intervenção baseada em ABA ocorre com
o reforçamento positivo e não com estratégias aversivas, como reforçamento
negativo, extinção e punição e quando isto ocorre, é preciso que seja quando
não há melhores estratégias disponíveis, sem qualquer potencial de dano ao
cliente e sob rigoroso e transparente escrutínio público.
O rigor técnico-científico e o seguimento à risca do procedimento tal como
elaborado e não uma aplicação “criativa” da ABA é um compromisso ético com
a integridade e desenvolvimento do cliente.
Por fim, é preciso estabelecer um compromisso de transparência total
com os pais ou responsáveis da pessoa com autismo ou desenvolvimento
atípico, evitando assim abusos e enganos.
Ambos os tópicos deste módulo falam da responsabilidade do aplicador
em ABA e do empoderamento das pessoas com autismo e suas famílias e estes
são aspectos essenciais da ética e da técnica analítico-comportamental.

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