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A lei da palmada e o Condicionamento Operante

A lei da palmada, sancionada apenas em 2014, estabelece o direito da criança e do


adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de
tratamento cruel ou degradante. A idéia de castigar fisicamente como modo de educar
é transmitida há diversas gerações, além de ser reproduzido culturalmente e
religiosamente, o que causa a tendência de perpetuação de tal modelo “educacional”.

Concordo com a lei da palmada, que proíbe tais agressões por diversos motivos, mas
inicialmente, é possível citar o fato de que a punição, quando efetuada por meio da
violência, não é eficiente à longo prazo. Embora os indivíduos possam estar
aprendendo a não realizar certas ações, por meio do condicionamento operante, eles
não aprendem de verdade sobre o que deveriam estar fazendo. A pessoa não irá
deixar de fazer porque ela compreende que agiu errado, mas sim porque ela tem
medo da punição. Esse método deixa claro somente que o comportamento é errado, e
não que ele pode ser mudado, não que aquela não é a única forma de agir diante tal
situação. Um simples exemplo cotidiano seria uma criança que é punida (de modo
agressivo) por rir em um momento/ local inadequado. Tal punição irá suprimir o
comportamento da infante, porém, terá um efeito apenas imediato, já que não é
oferecida uma alternativa comportamental para a mesma, ou seja, não há um controle
desse comportamento por longos períodos de tempo. Em alguns casos, devido aos
lapsos de tempo entre a infração e a punição, a vítima nem ao menos entenderá o
porquê de estar sendo punida.

Outro motivo para concordar com a Lei da Palmada é que tal modo de punição pode
desenvolver à essas vítimas danos psicológicos e físicos, e futuramente, causar com
que essas crianças tornem-se mentirosas ou socialmente desajustadas, antissociais.
Cria um ambiente aversivo, não ensina de fato, por não esclarecer as expectativas. A
agressividade pode gerar seres agressivos futuramente e o contra-ataque dos mesmos,
moldando um comportamento que se tornaria repetitivo.

O que deveria de fato ser feito, como uma alternativa para que as crianças e
adolescentes de fato aprendam a se comportar corretamente, seria a escolha de
métodos que não causem grandes danos, como ocorre ao bater. Uma boa alternativa
seria o uso de reforçadores positivos para o condicionamento operante, criando um
ambiente acolhedor para a criança, como por exemplo a monitoria positiva. Conforme
ocorre o incentivo a autonomia do adolescente/criança, o incentivo a sua autoestima e
o estabelecimento de limites justos, que de fato sejam lógicos, a ocorrência de
comportamentos inadequados ocorrerá cada vez menos e menos significativamente. É
importante também que alternativas para seus comportamentos errados sejam
apresentadas, pois o castigo em si não resolve, o necessário é a modelação do
comportamento adequado.
Mariana Bernardes, 31/03/2024

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