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Importância da Autonomia Moral da Criança no Processo de Aprendizagem

Resumo

O presente artigo tem como intuito demonstrar a possibilidade da autonomia moral da


criança através de estudos e grandes pensadores da área, argumentando também sobre causas
e consequências que ocorrem naturalmente durante o aprendizado e são banalmente
confundidos como uma espécie de libertinagem. O caminho para o aprendizado da estruturação
de nossas atuais regras deve possibilitar ao indivíduo em formação questionar qualquer uma
delas, afim de assim compreender o âmago da questão moral implicada, afinal, a relação
consciente da criança com as regras é que cria a real autonomia. A compreensão de que as
regras visam garantir a harmonia social e que o individuo atua sobre o ambiente da mesma
forma que o ambiente atua sobre o individuo é essencial para a entendimento resolução de
conflitos tanto no ambiente quanto fora dele – como por exemplo nas redes sociais – dessa
forma possibilitando um indivíduo que na adolescência já terá atingido as competências
necessárias para o exercício de sua autonomia, não obstante de lapida-la ao longo de sua vida.

Palavras-chave: Autonomia. Escola. Educação Infantil. Criança. Natureza Humana. Educação


Democrática.

Abstract

This article aims to demonstrate the possibility of the child's moral autonomy through
studies and great thinkers in the area, also arguing about causes and consequences that occur
naturally during learning and are banally confused as a kind of debauchery. The path to learning
how to structure our current rules should enable the individual in training to question any of
them, in order to thus understand the core of the moral issue involved, after all, the child's
conscious relationship with the rules is what creates real autonomy. The understanding that the
rules aim to guarantee social harmony and that the individual acts on the environment in the
same way that the environment acts on the individual is essential for understanding conflict
resolution both in the environment and outside it – such as in social networks – thus enabling
an individual who in adolescence will have already achieved the necessary skills to exercise his
autonomy, despite honing it throughout his life.

Keywords: Autonomy. School. Child education. Child. Human nature. Democratic Education.

Para que possamos entender o princípio da possibilidade autônoma de uma criança,


necessitamos primeiramente explorar o cerne das regras e poderes exercidos diante de tal
atributo. Dito isso essa afirmativa se dará pela estruturação das regras em nosso atual ambiente.
O princípio relativo ao estabelecimento de regras não é por completo volúvel de acordo
com os parâmetros éticos recorrentes atualmente. Segundo Segre; A anomia ética, ou seja, a
ausência das regras pessoas rígidas e preestabelecidas, o que dá ao indivíduo a possibilidade de
questionar qualquer norma previamente existe. Dito isso é possível refletir que, por conta da
existência prévia de um sistema limitador é exatamente o que faz com que haja um pensamento
reacionário visando a reflexão a respeito da existência do mesmo. Dessa forma a rejeição ao
poder se faz por inadequada, visto que não há vida fora do poder, portanto, fazendo-o
estruturado como uma força construtiva, dessa forma, como dito anteriormente por Nietzsche
e Foucault. Dito isso, a criança então necessita da autoridade para que sua liberdade seja
consequentemente construída. Visto que a liberdade não pode estruturar a si mesma, o
problema central nesse quesito refere-se a como a criança pode se relacionar com tal poder sem
recorrer a elementos externos ao “Eu” da mesma. Sem uma relação consciente com os limites
não há autonomia. No entanto, numa sociedade como a nossa, tais limites definem-se a partir
do qual interesse? E de quem? Rousseau mostrou uma forte crítica a uma sociedade que
corrompe seu estado natural. O próprio também afirmar que, anteriores a razão existem dois
princípios: auto conservação e busca do próprio bem-estar.
Mas se o poder constitui a própria vida, entretanto nem toda forma de poder estrutura,
desenvolve, contribui para a formação individual, qual medida deve ser tomada para que tal
estruturação se faça de certa forma sadia?
Uma série de estudos confirmam que o desenvolvimento moral acaba por se envolver
às relações da criança para com seu ambiente social, ou seja, tais experimentações não se
limitam apenas ao ambiente familiar, aliás, a ocorrência da não limitação dessas
experimentações é essencial no desenvolvimento. Pesquisas nacionais e internacionais
(ARAÚJO, 1993; BAGAT, 1986; DEVRIES; ZAN, 1998; TOGNETTA, 2003; VINHA, 2000, 2003)
indicam que as escolas inevitavelmente influenciam de modo significativo na formação moral
das crianças e jovens. Quanto mais o ambiente oferecido for cooperativo, maior o
desenvolvimento da autonomia, e; quanto mais autoritário, maiores os níveis de heteronomia.
Apesar de tais premissas, a ocorrência mais frequente é que, no cotidiano – tanto
escolar quanto familiar – os adultos (familiares e professores) acabem por fazer uso destes
procedimentos para assim poder submeter a criança às normas de autoridade, alterando de
certa forma o entendimento da criança no que se diz respeito a obediência e autonomia.
Seguindo tal linha de raciocínio, como podemos mediar de forma que não hajam
conflitos? A resposta é que não podemos ignorar os conflitos tendo em vista que os mesmos,
além de inevitáveis ainda possuem grandes benefícios sociais. Os conflitos fazem parte essencial
no desenvolvimento autônomo infantil, o que não é danoso, muito pelo contrário, é essencial
para um desenvolvimento completo das relações interpessoais. Para Piaget, o processo de
equilibração e autorregulação desencadeia-se por meio deste fenômeno. Como dito
anteriormente, acaba-se atribuindo aos educadores a função de mediadores, porém a ocupação
de tal função não costuma ser tão presente no presente sistema de ensino, visto que existe uma
inseguridade dos educadores para que possam intervir de forma construtiva. É comum que os
mesmos constatem que se sentem angustiados, que as resoluções tomam proporções cada vez
mais violentas e reafirmam que se sentem despreparados para abordagens diferenciadas em
situações como conter, punir, acusar, censurar, ameaçar, excluir ou até mesmo ignorar.
Consequentemente acabam por educar moralmente, usando da intuição e improvisação,
fazendo dessa forma uma execução do pessoal do senso comum. “Nas palavras de Dubet (1998,
p. 230), “deveria haver cursos sobre a violência” dizia ele, “porque a gente deveria aprender a
responder a isto como se aprende as matemáticas”. E completa: “...é um absurdo. Esta formação
deveria ser mais ágil, muito mais longa e muito menos ideológica”. Consequentemente as
reações acabam por se tornar impulsivas e muitas vezes pioram o cenário atual. Uma
exemplificação dessas ineficácias são vistas nas resoluções de conflitos fora do ambiente escolar
são os atritos ocorridos na área externa, tal como insultos e intimidações nas redes sociais.
Situações como essas acabam por evidenciar dificuldades das crianças/adolescentes de
conseguirem chegar a resoluções sem a necessidade e causar danos ao outro.
Entendida a complexidade no que se diz respeito as regras e conflitos seguimos
consequentemente para a abordagem dos conceitos e entendimentos da autonomia.
De modo geral, Harrison e cols. entendem que este diagnóstico de autonomia
dependerá de uma avaliação em que se busca identificar se a criança já atingiu:

- A habilidade de receber, entender e transmitir informações importantes;


- A capacidade de refletir e realizar escolhas com algum grau de independência;
- A habilidade de prever riscos, benefícios e possíveis danos, bem como de considerar
múltiplas opções e consequências, e;
- A interiorização de um conjunto de valores razoavelmente estável.
(Harrison C, Kenny NP, Sidarous M, Rowell M. Bioethics for clinicians: involving children
in medical decisions. CMAJ 1997;156(6):825-8.)

Visto que existe um mal entendimento quando se é apontado o decorrer processual da


criança se formar e ser formada por processos, é necessário o reforçamento de que a
compreensão da mesma referente ao seu “Eu” é o fator determinante para que seja possível
entender tal desenvolvimento. Então nesse caso, existindo uma possível confusão sobre a
diferenciação de liberdade e autonomia, estes termos são definidos no dicionário da seguinte
forma:
Liberdade – Irrestrição, o estado no qual o agente encontra espaço para agir, pensar e
desejar sem contenção ou impedimento, realizando aquilo que lhe é necessário ou aquilo que
quer.
Autonomia – auto (próprio e nomos (leio ou regra), significa a capacidade de definir as
suas próprias regras e limites, sem que estes precisem ser impostos por outro: significa que
aquele agente é capaz de se autorregular.
Jean Piaget (1932-1977) mostra-nos em seus estudos que o sujeito tem um papel ativo
na construção dos valores, das normas de conduta. Há uma interação, isto é, um caminho de
ida-e-volta, com o indivíduo atuando sobre o meio e o meio sobre ele, e não simplesmente a
internalização pura desse ambiente. Na realidade, não é apenas um ou outro fator isolado
(família, traços de personalidade, escola, amigos, meios de comunicação etc.), mas o conjunto
deles que contribui nesse processo de construção de valores morais. Será durante a
convivência diária, desde pequena, com o adulto, com seus pares, com as situações escolares,
com os problemas com os quais se defronta, e também experimentando, agindo, que a criança
irá construir seus valores, princípios e normas.
Dentro do relacionamento mútuo as regras que visam garantir harmonia social são
imprescindíveis, e estas regras apenas existem em função dos indivíduos e a necessidade de que
sejam reguladas. Para Piaget, o importante não são as normas em si, mas sim, o porquê
seguimos. Nessa base de pensamento acaba-se por indagar como o adulto deve executar o
estabelecimento das regras sem minar as razões de autonomia do indivíduo, pois que então é
referenciada a moral autônoma. La Taille ressalta que “a pessoa é moralmente autônoma se,
apesar das mudanças de contextos e da presença de pressões sociais ela permanece, na prática,
fiel a seus valores e a seus princípios de ação. Assim, a pessoa heterônoma será aquela que
muda de comportamento moral em diferentes contextos”.
De acordo com Nogueira e Pilão:
No desenvolvimento infantil, gradualmente a criança se torna mais autônoma; pelo
menos essa é a tendência natural ou ideal; à medida que a criança se desenvolve, espera-se que
seja menos governada por outros. Quando pequena, a criança necessita de cuidados de outras
pessoas, sendo, portanto, considerada heterônoma; à medida que seu físico e seu psicológico
amadurecem, ela se torna mais capacitada a governar-se, a agir de forma mais independente,
ela não precisa do outro, tornando-se então autônoma.
Para Rousseau “a autonomia da criança consiste em deixá-la viver seu mundo infantil de
forma natural, de forma livre, porém sem abrir mão de atender suas necessidades, pois é
tomando consciência de sua dependência social que ela entenderá que suas ações no mundo
devem ser limitadas”. Para Rousseau, é essa compreensão que torna o indivíduo autônomo.
Já para Freire, a autonomia é condição humana do indivíduo que se reconhece como ser
histórico e que é capaz de compreender e transformar a sua realidade. Segundo esse autor.
[...] uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em
que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora
ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser
pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque
capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto.
Dadas as definições e explicações sobre regras e autonomia, por fim veremos como há
de ser a abordagem da pedagogia em tal quesito.
Nesse sentido, diversas características do desenvolvimento devem ser levadas em
consideração:

1 - Trata-se de um processo que evolui continuamente à medida que habilidades se


aperfeiçoam, novas capacidades são adquiridas, novas vivências são acumuladas e integradas
e, portanto, passível de rápidas extremas mudanças no tempo;
2 - A aquisição das competências é progressiva, não se dá saltos, como se se tratasse
de compartimentos e tanques, e segue sempre uma ordem preestabelecida, sendo, portanto,
razoavelmente previsível;
3 - Os tempos e o ritmo em que o desenvolvimento se processa são muito
individualizados, fazendo com que dois indivíduos de uma mesma idade possam estar em
momentos diferentes de desenvolvimento;
4 - No caso específico da inteligência, o desenvolvimento é extremamente
influenciável por fatores intrínsecos ao indivíduo: as experiências, os estímulos, o ambiente, a
educação, a cultura, etc., o que também acaba por reforçar sua evolução extremamente
individualizada.
(Cláudio Leone)

Segundo Piaget (4), a capacidade de operar o pensamento concreto estendendo-o à


compreensão do outro e às possíveis consequências de boa parte dos seus atos se aperfeiçoa
na idade escolar, entre os 6 e os 11 anos de vida. Este amadurecimento se completa na
adolescência, com a capacidade crescente de abstração que a criança desenvolve nesta fase da
existência. Como consequência, é possível admitir que é na segunda fase da adolescência, em
geral a partir dos 15 anos, que o indivíduo atingiria as competências necessárias para o
exercício de sua autonomia, competências estas que necessitariam apenas serem lapidadas ao
longo das vivências e de uma maior experiência de vida.
Torna-se um inviável afirmar que as liberdades sociais e pedagógicas são distintas ou
separadas, a afirmação mais plausível é construída no entendimento que são o mesmo
fenômeno, porém em situações diferentes. Segundo Dewey; A situação e interação são
inseparáveis um do outro.

CONCLUSÕES FINAIS

Enfim é possível caracterizar que, atualmente, a abordagem humanista se faz como a mas
eficaz em tais parâmetros. Na visão da mesma a criança é vista como um ser ativo capaz de
atuar sobre o ambiente, ao mesmo tempo que está continuamente sofrendo influências deste
ambiente natural e social. É precisamente desta interação que nasce a experiência humana.
Também é essencial o entendimento do educador/mediador que o conflito vivido pelos alunos
não lhe é pertencente. A ação necessita ser pedagógica, mas não coercitiva, exercendo então
uma autoridade estruturante que por sua vez não promovo inibição ou constrangimento de
um processo do indivíduo. Na pedagogia da escola nova não há, portanto, uma proposta
espontaneísta (no pior sentido da palavra), como argumentaram alguns dos seus críticos
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