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John Dewey

Educação tradicional versus educação nova (progressista)

Para Dewey o homem gosta de pensar em termos de oposições extremadas de polos opostos.
Costuma formular suas crenças em termos de "um ou outro", "isto ou aquilo" entre os quais não
reconhece possibilidades intermediarias. Quando forcado a reconhecer que não se pode agir com
base nessas posições extremas, inclina-se a sustentar que esta certo em teoria, mas na pratica as
circunstancias compelem ao acordo. A filosofia da educação não faz exceção a essa regra. A
historia da teoria da educação esta marcada pela oposição entre a ideia de que a educação é
desenvolvimento de dentro para fora e a de que a formação de fora para dentro.

A matéria ou conteúdo da educação consiste de corpos de informação e de habilidades que se


elaboram no passado; a principal tarefa da escola é, portanto, transmiti-los à nova geração.
Educação moral consiste em adquirir hábitos de acção em conformidade com as regras e padrões.
O plano geral de organização da escola (relação dos alunos com os outros e com os professores)
faz da escola uma instituição radicalmente diferente das outras instituições sociais. Livros
especialmente manuais escolares, são os principias representantes do conhecimento e sabedoria
do passado e os professores são os órgãos, por meio dos quais os alunos entram em relação com
esse material. Os mestres são os agentes de comunicação e das habilitações e de imposição das
normas de conduta.

O esquema tradicional é, em essência, esquema de imposição de cima para baixo e de fora para
dentro. Impõe padrões, matérias de estudo e métodos de adultos sobre os que estão anda
crescendo lentamente para a maturidade. A distancia entre o que se impõe e os que sofrem a
imposição é tao grande, que as matérias exigidas, os métodos de aprender e de comportamento
são algo de estranho para a capacidade do jovem em sua idade. Aprender significa adquirir o que
já esta incorporado aos livros e à mente dos mais velhos

Se buscarmos formular a filosofia de educação implícita nas práticas da educação mais nova,
podemos, creio, descobrir certos princípios comuns por entre a variedade de escolas progressivas
ora existentes. A imposição de cima para baixo, opõe-se a expressão e cultivo da individualidade;
à disciplina externa, opõe-se a atividade livre; a aprender por livros e professores, aprender por
experiência; à aquisição por exercício e treino de habilidades e técnicas isoladas, a sua aquisição
como meios para atingir fins que respondem a apelos diretos e vitais do aluno; à preparação para
um futuro mais ou menos remoto opõe-se aproveitar-se ao máximo das oportunidades do
presente; a fins e conhecimentos estáticos opõe-se a tomada de contacto com um mundo em
mudança.

Necessidade de uma teoria de aprendizagem

A crença de que toda educação genuína se consuma através de experiência não quer dizer que
todas experiências são genuínas e igualmente educativas. experiência e educação não são termos
que se equivalem. Algumas experiências são deseducativas. É deseducativa toda experiência que
produza o efeito de parar ou destorcer o crescimento para novas, experiências posteriores. Uma
experiência pode ser tal que produza dureza, insensibilidade, incapacidade de responder aos
apelos da vida, restringindo, portanto, a possibilidade de futuras experiências mais ricas.

A educação tradicional oferece uma pletora de que indicamos. É um grande erro supor, mesmo
tacitamente, que a sala de classe tradicional não seja lugar em que os alunos tenham experiências.
Entretanto, admite-se tacitamente isto, quando se põe o plano de aprender por experiência em
oposição radical ao da escola tradicional. A verdadeira linha de ataque é a de que as experiências,
tanto dos alunos quanto dos mestres, são, em grande parte do tipo errado.

A qualidade e qualquer experiência tem dois aspectos: o imediato de ser agradável ou


desagradável e o mediato de sua influência sobre experiências posteriores. O primeiro é óbvio e
fácil de julgar. Mas, em relação ao efeito de uma experiência, a situação constitui um problema
para o educador. Sua tarefa é a de dispor as cousas para que as experiências, conquanto não
repugnem ao estudante e antes mobilizem seus esforços, não sejam apenas imediatamente
agradáveis, mas o enriqueçam e, sobretudo, o armem para novas experiências futuras. Assim
como homem nenhum vive ou morre para si mesmo, assim nenhuma experiência vive ou morre
para si mesma. Independentemente de qualquer desejo ou intento, toda experiência vive e se
prolonga cm experiências que se sucedem. Assim como homem nenhum vive ou morre para si
mesmo, assim nenhuma experiência vive ou morre para si mesma. Independentemente de
qualquer desejo ou intento, toda experiência vive e se prolonga em experiências que se sucedem.

A escola tradicional podia existir sem nenhuma filosofia de educação coerentemente


desenvolvida. Nessa linha, tudo que requeria seriam abstrações verbais tais como cultura,
disciplina, nossa grande herança cultural, etc., decorrendo sua direção real do costume e das
rotinas estabelecidas. Já a escola progressiva, não podendo apoiar-se nas tradições estabelecidas
nem nos hábitos institucionais, terá que se deixar conduzir mais ou menos ao acaso ou dirigir-se
por ideias que, se articuladas e coerentes, formam uma filosofia de educação.

Critérios de experiencia

Crescimento, ou crescendo, no sentido de desenvolvendo, não apenas física, mas intelectual e


moralmente, é um exemplo do princípio de continuidade. A objeção feita foi a de que
crescimento pode tomar muitas direções diferentes: um homem que comece uma carreira de
roubo pode crescer em tal direção e, pela prática, tornar-se exímio ladrão. Arguia-se, então, que
não basta crescimento: é necessário especificar a direção do crescimento, o fim para que ele
tende. Antes, entretanto, de decidir sobre a procedência da objeção.

A palavra "interação", que acabamos de usar, exprime o segundo princípio fundamental para
interpretar uma experiência em sua função e sua força educativa. O princípio atribui direitos
iguais a ambos os fatores da experiência: condições objetivas e condições internas. Qualquer
experiência normal é um jogo entre os dois grupos de condições. Tomadas em conjunto, ou em
sua intenção, constituem o que se chama uma situação.

Os dois princípios de interação e continuidade não se separam um do outro. Eles se interceptam e


se unem. por assim dizer, os aspectos longitudinais e transversais da experiência. Diferentes
situações sucedem umas às outras. Mas, devido ao princípio de continuidade, algo é levado de
uma para a outra.
Mas, devido ao princípio de continuidade, algo é levado de uma para a outra. Ao passar o
indivíduo de uma situação para outra, seu mundo, seu meio ou ambiente se expande ou se contrai.

separa-se vivendo não em outro mundo, mas em uma parte ou aspecto diferente de um e mesmo

mundo. O que aprendeu como conhecimento ou habilitação em uma situação torna-se


instrumento para compreender e lidar efetivamente com a situação que se segue. O processo
continua enquanto vida e aprendizagem continuem. Continuidade e interação, em ativa união
uma com a outra, dão a medida da importância e valor educativos da experiência em causa. A
preocupação imediata e direta do educador é, então, com a situação em que a interação se
processa. O indivíduo, que entra como um dos fatores, é o que é a um dado tempo, —é que, até
— as condições objetivas. O outro fator certo ponto, oferece possibilidade de ser regulado pelo
educador.

Autoridade e controle social

O principal objetivo da educação é a criação do poder do autocontrole. No entanto, retirar o


controle externo não é garantia para se ter autocontrole. Pois, libertar-se de um controle externo
pode ser nefasto, ao passo que, os impulsos e desejos que não são organizados pela inteligência
estão vulneráveis ao controle das circunstâncias acidentais.

Assim, uma forma de controle de indivíduos sem a violação da liberdade é através de jogos, o
qual as crianças internalizam as regras mutuamente, e que se violá-las estará cometendo injustiça
e haverá punição. Dessa forma, possibilita um consenso e um autocontrole por parte dos mesmos,
e assim, prevalecendo o desejo de todos, e não de uma única pessoa ou grupo de pessoas sobre a
maioria, explicita.

Natureza da liberdade

A única liberdade de importância é a liberdade de inteligência, isto é, liberdade de observação e


de julgamento com respeito a propósitos intrinsecamente validos e significativos. O erro mais
comum que se faz em relação a liberdade é o de identifica-la com liberdade de movimento, ou
com o lado exterior da atividade.

Que propósito?

Um propósito é um fim em vista, isto é, envolve previsão das consequências que resultam de
ação por impulso. Previsão das consequências envolve a operação da inteligência. Requer, em
primeiro lugar, observação das condições objetivas e das circunstâncias. Com efeito, impulso e
desejo produzem consequências, que vão além deles próprios, devido à sua interação ou
cooperação com as circunstâncias ambientes.

A formação de propósitos é, portanto, operação intelectual bem mais complexa do que poderia
parecer.

Envolve: 1) observação das condições e circunstâncias ambientes; 2) conhecimento do que


aconteceu em situações similares no passado, conhecimento obtido, em parte, pela lembrança e,
em parte, pela informação, conselho, aviso de cuidado dos que tiveram maiores e mais amplas e
3) julgamento ou juízo, ou seja, a operação pela qual juntamos o que observamos e o que
recordamos e concluímos sobre o que significa toda a situação, para podermos tomar, então, o
propósito de ação.

Ivan Illich- sociedade sem escolas

Para Illich, em termos da promoção da humanidade, o sistema escolar foi um fracasso. Em vez
de ser uma forca educativa dentro da sociedade, foi uma forca antieducativa. O processo
educativo tornou-se um monopólio do sistema escolar e, como consequência, complexo, custoso,
arcaico e incontrolável.
A escola devora forcas humanas, financeiras e mesmo a boa vontade de reformistas para, alem
de não reproduzir os efeitos esperados, desestimular outras instancias de assumir a tarefa
educativa. Trabalho, lazer e o mesmo a vida familiar tornam-se dependentes da escola em vez de
serem meios de educação.
A escolarização não promove nem a educação e muito menos a justiça, pois os próprios
educadores insistem em unir o processo educativo com o certificado, com o diploma, oque
introduz o elemento em função social no processo educativo. Aprender significa adquirir uma
nova capacitação ou visão profissional da realidade, ao passo que a promoção social depende, na
atual situação da sociedade, da opinião dos outros. Muitas vezes o aprendizado resulta da
instrução, mas a seleção para determinado papel ou função na sociedade, no mercado de trabalho,
depende cada vez mais da sobrevivência dentro de um sistema alheio aos verdadeiros fins da
educação.

A instrução consiste na escolha de circunstancias, de condições que favorecem o aprendizado.


As funções socias resultam da colocação de um conjunto de condições, o mais das vezes
exigindo-se que o candidato as cumpra para se qualificar.

A universalização da escolarização pretendia desvincular a função de elementos pessoais-


individuais, visava oferecer a todos oportunidade igual, acesso igual a toda e qualquer função.
Mas, apesar de tantas experiencias amargas, muitos ainda acreditam que a escolarização garante a
objetividade do processo educativo. No entanto, afirma Illich, em vez de igualar as
oportunidades, o sistema escolar só conseguiu monopolizar a distribuição.
O outro erro em que o sistema de escolarização se fundamenta é a ideia de que a aprendizagem
resulta do processo educativo. De fato, sob certas condições, o processo educativo pode levar
determinados tipos de aprendizagem, mas a maioria das pessoas adquire quase todos os seus
conhecimentos fora da escola.

Na realidade, segundo Illich, a maior parte do aprendizado acontece casualmente e não resulta de
qualquer instrução programada. Uma criança normal aprende ocasionalmente a primeira língua
embora possa aprendê-la mais depressa com a assistência de alguém que já a conheça. A maioria
das pessoas que aprende uma segunda língua o faz devido a circunstancias e não como resultado
de um processo educativo proposital.

A procura de alternativas no processo educativo deve iniciar-se por um novo conceito que
atualmente enfeixa os diversos significados: seleção, doutrinação, aprendizagem. O elemento
comum a todos esses significados, ou melhor, funções é a vinculação idade, aluno-professor,
frequência obrigatória.
A escola agrupa os educandos conforme a idade, processo fundamentado em três premissas não-
justificadas: o lugar da criança é na escola; a criança só pode ser ensinada na escola.
Tudo isto, por sua vez, pressupõe o papel especifico imposto à criança, ou seja, a infância,
conceito desconhecido na pratica pela maioria da humanidade.

Esse conceito só tem sentido nos quadros de uma instituição de escolarização obrigatória
orientada em função da idade cronológica. Por definição, a criança é aluno, preconceito este que
cria um mercado ilimitado para o professorado.
A escola é fundada no principio de que a educação é o resultado do ensino, e a sabedoria
institucional continua a aceitar esse preconceito apesar de toda a evidencia em contrario.

Quais, então, as características do novo processo educativo? Serão três características


fundamentais: a) criar condições para que todos aqueles que desejam aprender tenham acesso
permanente ao processo educativo a qualquer momento da sua vida; b) criar possibilidades para
que todos aqueles que desejam compartilhar os seus conhecimentos possam efetivamente entrar
em contato com aqueles que desejam aprender; c) propiciar a todos aqueles que querem
apresentar suas ideias em publico a oportunidade de fazê-lo.
Trata-se de colocar à disposição do processo educativo os recursos da tecnologia moderna para
que todos realmente tenham acesso ao processo educativo pleno, e de criar novo ambiente que
propicie oportunidades iguais para o educando e o educador. Nesse novo processo educador será
a pessoa dotada de sabedoria pratica, disposto a incentivar o novato na aventura educativa, a
libertá-lo da obrigação de amoldar as suas expectativas conforme os serviços que o
estabelecimento lhe oferece, a libertar as suas forcas criticas e criativas.

Introdução à Filosofia de Educação


A palavra filosofia deriva de dois vocábulos gregos Philos= amigo, amor e sophia = sabedoria,
saber. Isto equivale a dizer que o significado etimológico de Filosofia é amigo/amor à sabedoria;
«amor pelo saber», ou mais provavelmente «amor pelo conhecimento». O termo atribui-se a
Pitâgoras (Séc. VI aC), filósofo e matemático grego, revelando-se humilde ao não querer
intitular-se sábio, mas amigo do saber.

Filosofia de Educação é uma actividade de reflexão, de análise e de criticismo ao sistema de


educação corrente e, a produção de uma reflexão para um sistema alternativo que não estaria na
óptica desta reflexão.
Para Newsome Filosofia à Educação – é o uso dos sistemas filosóficos para analisar, explicar e
interpretar a educação. Este sentido quer dizer ver a educação na perspectiva das grandes
correntes filosóficas.
Para John Dewey educação e filosofia significa a mesma coisa, mas olhadas de ângulos
diferentes: “Filosofia de Educação não é uma aplicação externa de ideias feitas a um sistema de
práticas [educacionais] que têm origem e propósitos totalmente diferente”.
As componentes principais da Filosofia de Educação derivam das componentes principais da
Filosofia Geral, assim estes são a Metafísica, a Epistemologia e a Axiologia.

A Importância da Filosofia de Educação para o Sistema de Educação


A Filosofia de Educação joga um papel importante para o sistema de educação, particularmente
na formação de professores. Por exemplo, na medida em que ele estimula ao pensamento
argumentativo sobre a educação (ao invés de tomar as coisas como elas são e como sendo
evidentes), ajuda ao professor a tornar-se mais consciente sobre as implicações que pode advir de
certas posições suas e descobrir outras dimensões que outros professores podem não ter notado.
A Filosofia de Educação contribuiria para que os professores vejam os assuntos educacionais de
uma forma mais crítica e desenrolem argumentos mais convincentes porque baseados numa
busca incessante da verdade. Isto aumenta o clima do debate intelectual em redor aos problemas
que a educação enfrenta hoje em dia, aumentando também o menu das soluções possíveis para os
mesmos problemas. A Filosofia de Educação aumenta a capacidade dos professores em
influenciarem o curso da educação no seu próprio país dado que eles se engajam num debate
teórico sobre a educação.

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