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Autonomia e Projeto de Vida

Este ebook foi desenvolvido pela KUAU, uma


startup de educação que trabalha para universalizar
o Projeto de Vida nas escolas em todo Brasil.

Com esse material, você vai entender alguns pontos


importantes sobre a autonomia, compreendendo de
que forma ela se desenvolve, qual sua importância,
seu impacto na construção do Projeto de Vida e
como a escola pode ajudar nesse processo.

Partiu???
Autonomia na Pós-Modernidade

Não é segredo que os adolescentes da Geração Z


estão demorando mais tempo para assumir as
responsabilidades que vêm com a vida adulta.

Segundo a psicóloga Jean Twenge, que se dedica


a pesquisas sobre diferenças geracionais, os
jovens nascidos a partir de 1995 têm mais
dificuldade para se perceberem como sujeitos
ativos e responsáveis por si mesmos. Como
consequência dessa postura passiva que adotam,
é possível que a autonomia passe a se
desenvolver mais tarde.
Índice 1. O que é Autonomia?
a. Autonomia é liberdade?
b. O desenvolvimento moral

2. Autonomia e a Escola
a. O que diz a BNCC?
b. O papel da escola na formação de personalidades
éticas
c. Formas complementares de estimular a autonomia

3. Importância da autonomia para o Projeto de Vida


a. O Protagonismo Juvenil como aliado
b. Projeto de Vida autônomo

4. Conclusão

5. Referências Bibliográficas
Capítulo 1

O que é autonomia?
Autonomia é liberdade?
Antes de qualquer coisa, precisamos resgatar o significado
do termo: para Kant, importante teórico da filosofia
“O conceito de autonomia
moral, a autonomia é a vontade própria, uma escolha
racional e emocional que não leva em conta as regras proposto por Kant não é
apenas por conformidade, interesse ou medo da punição.
liberdade indiscriminada,
Nesse sentido, autonomia se dá pelo autogoverno e
remete ao entendimento das normas de acordo com sua como conhecemos pelo
função, de forma que o indivíduo consiga criar sua própria
razão e agir de forma ética, conforme aquilo que acredita
senso comum.”
ser certo e benéfico para a sociedade.
Autonomia é liberdade?

“É importante não confundir autonomia com individualismo, pois na


autonomia é preciso coordenar os diferentes fatores relevantes para
decidir agir da melhor maneira para todos os envolvidos, levando
em consideração ao tomar decisões o princípio da equidade, ou seja,
as diferenças, os direitos, os sentimentos, as perspectivas de si e as dos
outros.”

(VINHA, 2009)
Desenvolvimento da autonomia

Influenciado pelas ideias de Kant, o psicólogo Jean


Piaget utilizou esse conceito como ponto de partida
para o estudo do desenvolvimento moral, abrangendo
a internalização de regras, conduta ética e noção de
bem e mal.

Ele aplicou o conceito de Kant, categorizando o


desenvolvimento moral em três estados com
características distintas, os quais veremos melhor a
Jean Piaget, psicólogo suíço. seguir.
Desenvolvimento da autonomia

Anomia: até os dois anos de idade, o bebê ainda não


possui recursos cognitivos suficientes para absorver
regras e, por isso, vive um estado chamado de anomia,
sem o entendimento de que deve ou não fazer certas
coisas.

É por esse motivo que precisamos repetir coisas simples


tantas vezes à uma criança pequena… ainda não existe
internalização das normas.
Desenvolvimento da autonomia

Heteronomia: diante das relações com adultos


significativos, como pais e professores, a criança começa a
ter contato com as regras e normas impostas e, com isso, as
internaliza como uma verdade, caracterizando o estado de
heteronomia.

Nessa fase, as regras são sentidas por ela como


obrigatórias, com pouco ou nenhum questionamento sobre
sua função. Ou seja, o indivíduo faz ou deixa de fazer algo
porque um adulto importante disse que deveria, mas não
necessariamente entende o porquê daquilo.
Desenvolvimento da autonomia

Autonomia: habilidade de refletir criticamente sobre


as regras e, se necessário, sugerir mudanças.

Esse estado, que costuma ocorrer no início da


adolescência, é caracterizado pela aquisição da
capacidade de elaborar suas próprias normas e definir
noções de certo e errado, assim como qual atitude tomar
diante de situações, levando em conta seu próprio
bem-estar e o bem coletivo.
Capítulo 2

A autonomia e a Escola
O que diz a BNCC?

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), destaca as competências


relacionadas ao desenvolvimento da autonomia. São elas:

Competência 6 - Trabalho e Projeto de Vida: valorizar a


diversidade de saberes e vivências culturais, apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício
da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia,
consciência crítica e responsabilidade.
O que diz a BNCC?

Competência 7 - Argumentação: argumentar com base em


fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e
do planeta.

Competência 10 - Responsabilidade e Cidadania: agir


pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Formação da identidade ética

Estudos têm apontado que o desenvolvimento moral está


“ Pesquisas nacionais e
relacionado à qualidade das relações sociais existentes nos
espaços em que a criança está inserida, como meio familiar e internacionais indicam que
escolar. as escolas inevitavelmente
Sendo um ambiente propício para diversas interações sociais, influenciam de modo
quanto mais cooperativo for o ambiente escolar, maior será o significativo na formação
desenvolvimento da autonomia dos alunos. Da mesma forma, moral das crianças e
quanto mais autoritário, maiores os níveis de heteronomia.
jovens.”
(VINHA, 2009)
Formação da identidade ética

No entanto, é preciso refletir de que forma a escola promove a


“Será que a escola está
autonomia moral nos alunos. Trabalhar apenas com criação de
regras e ações pontuais não contribui para a formação de uma contribuindo de forma
identidade ética. É preciso pensar o desenvolvimento de efetiva para o
valores morais integrados à personalidade do sujeito. desenvolvimento moral ou
Nesse sentido, a pedagoga Telma Vinha, que se dedica a apenas criando uma falsa
pesquisas sobre relações interpessoais e desenvolvimento sensação de "dever
sociomoral na escola, aponta cinco dimensões que devem
cumprido"?”
estar presentes na escola para a formação de alunos com
identidade ética. (VINHA, 2009)
Formação da identidade ética

1) A postura dos adultos presentes na escola (por ex.


diretor, coordenador e professor) deve refletir o
ensinamento que se pretende passar aos alunos, seja na
forma de falar, lidar com conflitos, abordar as questões
éticas ou formas de propor e instaurar regras no ambiente
escolar;

2) Os alunos devem viver experiências com pessoas e em


contextos escolares que estejam alinhadas à construção de
uma comunidade efetivamente justa na escola;
Formação da identidade ética

3) A moral deve ser tratada pela escola como objeto de conhecimento, refletindo sobre seu conceito e
importância. Deve-se trabalhar narrativas morais, utilizar jogos de reconhecimento de sentimentos,
promover reflexões entre os alunos sobre si, sobre o outros e sobre as consequências de suas ações;

4) Da mesma forma, a moralidade deve ser tema transversal, presente na escola através de projetos
interdisciplinares que pensam a moral junto de outros temas específicos, indicando que está presente
em todas as esferas de contato dos alunos;

5) É preciso, ainda, que as ações da escola extrapolem o espaço institucional e identifique problemas
da comunidade, envolvendo também as famílias e promovendo transformações sociais.
Protagonismo Juvenil como aliado

O Protagonismo Juvenil, prática pedagógica que coloca o


aluno como sujeito ativo, estimula o desenvolvimento da
autonomia à medida que propõe ao aluno tomar
iniciativas e decisões em situações em que ele é capaz de
resolver.

Dessa forma, a tendência é que a construção da


autoimagem desse aluno seja positiva, pautada na
capacidade de enfrentar desafios reais, e no
desenvolvimento de competências de autogestão e
consciência social.
Protagonismo Juvenil como aliado

Entende-se que, estimulado pela escola e pela família, o


adolescente assumirá papel ativo nas relações
interpessoais e participará de ações coletivas de forma
voluntária - contribuindo não só para o desenvolvimento
de sua autonomia, mas também para a sociedade.

Em sala de aula, os alunos protagonistas atuam em


atividades coletivas e cooperativas voltadas para
situações-problema, os quais tentam solucionar através
do pensamento crítico e mobilização de esforços.
Protagonismo Juvenil como aliado

“O adolescente deve ser visto pelo educador não como uma ameaça à
autoridade dos adultos ou à ordem imperante na instituição escolar, mas
como parte real da solução de suas dificuldades e impasses.”

(COSTA, 2000)
Autonomia e Metodologias ativas

A autonomia também pode ser estimulada através das


Metodologias Ativas. Isso acontece à medida que são
propostas aos alunos atividades envolvendo a
problematização de situações e a busca de possíveis
caminhos até a solução.

Além disso, é possível utilizá-las para desenvolver a


criatividade, cooperação e competição saudável entre os
alunos.
Autonomia e Metodologias ativas

1. Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL): essa modalidade consiste na resolução


de problemas propostos à turma pelo professor, estimulando uma atitude ativa do aluno na busca
pelo conhecimento. Dessa forma, a intenção é que haja um debate entre os alunos, unindo os
aprendizados adquiridos por eles em busca da solução.

2. Sala de aula invertida: também requerendo uma postura ativa por parte dos alunos, essa
metodologia ativa acontece em dois momentos. Primeiro, é solicitado que os alunos estudem sozinhos
a temática proposta, dispondo de livros e conteúdos da internet. Posteriormente, cada aluno
compartilha com os demais quais foram seus pontos de aprendizagem, promovendo uma troca de
saberes entre a turma e o professor.
Autonomia e Metodologias ativas

3. Gamificação: com muita criatividade, jogos interativos relacionados ao conteúdo tratado nas
aulas podem contribuir de forma significativa para sua fixação. Com a gamificação é possível utilizar
regras, design e lógica de jogos para trabalhar a matéria em questão, tornando o aprendizado mais
significativo e atrativo. Há a possibilidade de criar narrativas, jogos de tabuleiro e quizzes, por
exemplo.

4. Cultura Maker/Mão na Massa: essa estratégia consiste na criação de artefatos como


solução e/ou apresentação de alguma questão proposta. É comum vermos essa metodologia sendo
aplicada em feiras culturais ou de ciências, nas quais os alunos precisam preparar comidas típicas,
construir foguetes e realizar diversos experimentos.
Capítulo 3

Importância da autonomia
para o Projeto de Vida
Autonomia e Projeto de Vida

Diante de tudo o que foi exposto até aqui, é


possível compreender o papel da escola no
desenvolvimento da autonomia dos alunos e que
isso produz boas consequências tanto para os
adolescentes, quanto para a sociedade… mas
qual a relação com o Projeto de Vida?

A resposta: o projeto de vida deve ser autônomo!


O Projeto de Vida ajuda o aluno a desenvolver a
sua autonomia através do processo de formação
da sua identidade: uma identidade protagonista.
Projeto de Vida autônomo
Durante o processo de construção do Projeto de Vida,
o aluno é convidado a refletir sobre seu passado,
presente e futuro. É diante dessas reflexões que
decisões serão tomadas, planos serão criados e
metas serão traçadas.

Espera-se que, no futuro, o aluno obtenha satisfação


pessoal diante daquilo que planejou, de acordo com
suas expectativas. Mas, primeiro, é necessário que
ele tenha autonomia e autoconhecimento
suficientes para definir qual caminho quer seguir.
Projeto de Vida autônomo

Logo, um aluno que não tem as habilidades necessárias para fazer suas próprias escolhas,
desenvolverá seu projeto de vida com base nas escolhas de terceiros.

Nesse caso, o Projeto de Vida é de quem? Será que, futuramente, esse adolescente se sentirá
realizado diante de uma realidade criada a partir das escolhas de outras pessoas?

Dessa forma, um Projeto de Vida autônomo advém daquele aluno também autônomo, que dispõe de
autoconhecimento e valores éticos suficientes para definir diretrizes, compreender seu papel no
mundo, distinguir certo e errado, preocupar-se com a sociedade, entender quem ele é e,
principalmente, quem ele quer ser.
Protagonismo do aluno

O desenvolvimento da autonomia ocorre com o protagonismo do aluno nas atividades. O papel da


escola é incentivar, inspirar e apoiar, mas, o interesse, a discussão e o planejamento das atividades
partem dos próprios alunos.

➔ Dependência: a iniciativa parte do educador, assim como o planejamento da ação,


execução e apropriação dos resultados;
➔ Cooperação: os alunos e educadores discutem e trabalham juntos no planejar, executar e
no colher dos frutos da ação realizada em conjunto;
➔ Autonomia: a iniciativa é tomada pelos próprios jovens de forma que eles mesmos
planejam o que será feito e organizam todo o processo da ação. Assim o início, o meio e os
resultados estão sob autoria deles.
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Programa completo de Projeto de Vida

A KUAU criou uma solução inovadora de Projeto de Vida. Essa


solução inclui material didático completo para o Ensino
Fundamental e Ensino Médio.

Um dos nossos diferenciais é a plataforma digital. Nela os


alunos perpassam por uma jornada de vídeos e conteúdos
inspiradores, de forma totalmente personalizada, que os
permitem refletir sobre temas relacionados ao Projeto de Vida.

Além disso, os estudantes desenvolvem sua narrativa de vida e


aprendem a fazer a autogestão de seus sentimentos por meio
do Diário de Bordo.
Materiais gratuitos

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Entendemos, aqui, como se dá o processo de
desenvolvimento da autonomia e porque ela é um
Conclusão aspecto tão importante na nossa formação enquanto
cidadãos.

Além dos benefícios próprios, um sujeito autônomo


também oferece grande contribuição para aqueles que
estão próximos e para o mundo, visto que preza pelo
bem estar coletivo.

O meio em que o jovem está inserido, principalmente a


família e a escola, tem papel fundamental nesse
processo, visto que pode fornecer contextos propícios
para que o indivíduo consiga se desprender do estado
de heteronomia e caminhe em direção ao seu
autogoverno, tornando-se autônomo.
● Jean Piaget: Valores e Moralidade. I Colóquio
Internacional de Epistemologia e Psicologia
Genéticas. Telma Pileggi Vinha, 2009.

● COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria


Adenil. Protagonismo Juvenil: adolescência,
educação e participação democrática. 2. ed. São
Paulo: Fundação Odebrecht, 2006.
Referências ● VINHA, Telma Pileggi; TOGNETTA, Luciene Regina
Bibliográficas Paulino. Construindo a autonomia moral na escola:
os conflitos interpessoais e a aprendizagem dos
valores. Rev. Diálogo Educacional, Curitiba, v. 9, ed.
28, p. 525-540, 2009.

● CHRISTINO, Raquel Rosan. Piaget e Kant: uma


comparação do conceito de autonomia. Nuances:
estudos sobre Educação, São Paulo, v. 3, p. 73-77,
1997.
● BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional
Comum Curricular. Brasília, 2018.

● CAETANO, Luciana Maria. Pais, Adolescentes e


Autonomia Moral: Escala de Concepções Educativas.
Orientador: Maria Thereza Costa Coelho De Souza.
2009. 249 p. Tese (Doutorado em Psicologia) -
Referências Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2009.
Bibliográficas

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