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CBI of Miami 2
O Papel do Pensamento
Lucelmo Lacerda

Este é um dos temas mais candentes na relação entre a Análise do


Comportamento e outros campos de estudo do comportamento humano. Da
forma como sentimos, nossa experiência nos indica que o que governa nosso
comportamento são nossos pensamentos. Mas esta análise não é precisa e não
possui evidências para suportá-la.
Por outro lado, para a Análise do Comportamento, o pensamento existe,
é relevante, mas não é a CAUSA do comportamento. O pensamento é, em si,
também um comportamento. Assim, não devemos encará-lo como uma coisa “o
pensamento”, mas como um ato, uma ação “o pensar”. E se pensar é um
comportamento, ele pode ser descrito também como funcionando a partir das
regras que regem o comportamento humano.
Mas não é exatamente este ponto que pretendemos trabalhar neste texto
e sim uma outra questão, de fundo. Quando entramos em uma lanchonete e
pensamos “Humm, estou com fome, vou pedir uma coxinha” e então falamos
“Boa tarde! Me vê uma coxinha, por favor!”, a pergunta é, foi o pensamento
anterior que causou o comportamento de pedir a coxinha? E a resposta é NÃO.
Isso não quer dizer que o comportamento de pensar não existiu, mas que
ele apenas descreve o organismo se comportando e optando por comprar ou
não, mas o que faz com que o indivíduo se comporte são as relações de
reforçamento, extinção e punição que estabelecemos em nossa vida. Assim, se
comemos em uma lanchonete que tem uma péssima coxinha, esta
consequência pode ser punitiva e, portanto, da próxima vez nosso pensamento
pode ser descrito como “Humm, a coxinha daqui é ruim, não vou comer) e mais
uma vez não é este pensamento que causou o comportamento de não comer a
coxinha, mas o pensamento foi uma descrição do organismo se comportando.
Basta lembrarmos tantas vezes que agimos contra nosso próprio
pensamento para realmente termos a certeza de que o pensamento não controla
o comportamento. Ele é nossa forma de sentir e descrever como nos
comportamos e não sua causa.

CBI of Miami 3
Quando uma pessoa com TEA severo se comporta de certa forma e há
uma consequência reforçadora, ele tende a se comportar mais da mesma forma.
Alguém poderia argumentar “Mesmo sem entender?”, sim, mesmo sem entender
(por “entender” consideremos “ser capaz de descrever”) e o entendimento será
ensinado aos poucos. Quando ensinamos, priorizamos o entendimento,
queremos que a pessoa mude seu comportamento por meio de um discurso que
fazemos que objetiva mudar seu entendimento e isso quase nunca é eficaz,
porque esta atitude parte do pressuposto “Mudo o pensamento dele, logo, o
comportamento mudará” e como esta afirmativa está equivocada, ele não
funciona. Nós mudamos o comportamento mudando o ambiente em que o sujeito
está mudando, portanto, as contingências, isto é, fazendo com que o ambiente
não permita mais acesso a reforçadores que sejam produzidos por
comportamentos indesejáveis e fazendo com que o ambiente libere reforçadores
para comportamentos desejados. E quanto ao pensamento? Ele será mudado
junto com os demais comportamentos.
Por exemplo, quando faz uma birra para não tomar banho, a mãe de
Joãozinho diz “Não quer tomar banho, não toma” e deixa que ele vá para o
videogame. Mudar o ambiente pode ser, por exemplo, reter o controle do
videogame até que Joãozinho tome seu banho. Se isso ocorrer
consistentemente, você verá que depois de algum tempo, Joãozinho “se
conscientizará” da importância do banho.

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