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Por mais estranho que possa parecer, não há nada de errado com os seus pensamentos.
Mesmo aqueles com conteúdo associado a sofrimento e que gostaríamos de não ter,
possuem uma função – assim como qualquer comportamento manifesto também a tem.
Porém, como os vivemos intensamente, aqueles pensamentos que são desagradáveis ou
aversivos tendem a ser vistos por nós mesmos como inimigos. E aí parece haver apenas
duas opções: entregar-se ao que eles dizem e concordar fielmente (Se penso “eu sou um
fracasso” então eu sou um fracasso mesmo) ou fazer de tudo para não tê-los (tentar
modifica-los, desviá-los ou não pensar neles).
Aí entra a segunda opção: tentar controla-los, modifica-los, não tê-los. Faz muito sentido
querer isso. Afinal, é o que fazemos – e muito bem – com o mundo externo a nós:
controlamos e modificamos o ambiente e somos controlados e modificados pela
consequência apresentada. Por que, então, não aplicar isso ao nosso pensamento? O
primeiro problema aqui é querer mudar a frequência ou intensidade de uma resposta (no
caso o pensamento) através da modificação da própria resposta. A análise experimental do
comportamento já nos mostrou que a modificação de uma resposta
é possível pela manipulação do que a antecede ou de sua
consequência. E como fazer isso com o pensamento? Parece um
pouco difícil, não? É possível questionar o pensamento e enfraquecer
o contexto de literalidade dele, o que pode nos trazer alívio no
sofrimento, mas os demais permanecem (dar razão, avaliação e
controle). Seguindo esse caminho (controlar pensamentos), sejamos
todos bem-vindos ao ciclo do controle aversivo! Funciona muito
bem, mas terás que fazer isso sempre para que continue
funcionando. E mais do que isso, tentar controlar, modificar ou não
ter pensamentos significa que parte do que acontece contigo não é
válido. Mas vamos analisar um pouco sob a ótica da análise funcional: se pensamentos
existem, eles têm uma função adaptativa para nós. Decidir que pensamentos avaliados
como negativos devem ser trocados é tão arbitrário quanto decidir que pensamentos
avaliados como positivos devam permanecer como são.
São três caminhos possíveis de convivermos (ou não) com nossos pensamentos. A ACT
apresenta o terceiro como uma possibilidade para desenvolver a flexibilidade psicológica.