Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PODSUMÁRIO 011
Olá, bom-dia, boa-tarde, boa-noite, meu nome é Luciano Pires, e este conteúdo é
exclusivo para os assinantes do Café Brasil Premium. Hoje apresento o podsumário do
livro
Por que “podsumário”? Porque este conteúdo é mais que um sumário. Foi criado a
partir da experiência dos Podbooks, áudio livros que trazem, além do conteúdo original
do livro, comentários do autor. No caso dos podsumários, que os assinantes do Café
Brasil Premium recebem nas versões em PDF e em áudio, os comentários são meus,
apresentados sempre que eu anunciar o “meu pitaco”.
O livro original aqui sumarizado tem 294 páginas e é vendido na Amazon por R$ 12,55
(Kindle) e R$ 65,96 em papel. Você compra aqui: http://amzn.to/2Cd2TW8 .
Só lembrando: você pagou para ter acesso a este conteúdo por acreditar que existe
valor nele. Este podsumário é seu, faça o que quiser com ele, mas lembre-se: se você
o enviar a outras pessoas, não estará remunerando quem trabalhou para que este
conteúdo valioso chegue até você.
O autor do livro é o argentino Gustavo Razzetti, fundador da Liberationist, Change
Leadership School (https://liberationist.org/ ). Gustavo é movido por uma questão
muito simples: “E se?”. Seu propósito é ajudar pessoas e empresas a alavancar a
mudança. Dê uma olhada no www.stretchforchange.com para saber mais sobre o
trabalho do autor.
Por que este livro? Bem, eu sou fascinado pelas questões da inovação e da mudança e
cheguei até o Gustavo quando pesquisava sobre o tema inovação, mais
especificamente, sobre os inibidores da inovação. Dali para seu livro foi um pulo...
Acho que poucos termos são tão utilizados hoje em dia como “mudar” e “inovar”. Todo
mundo prega, todo mundo quer, o discurso nas reuniões e publicações das empresas
é sempre pró-mudança, mas na hora de implementar é aquele drama...
Alongando-se para além de sua zona de conforto
O autor começa o livro provocando o leitor a se desafiar, deixar as desculpas de lado e
se sentir confortável no desconforto, preparar-se e adotar a mudança. Não esperar
que o momento certo apareça, mas criar esse momento.
Ele conta que 15 anos atrás deixou o emprego para se tornar um empreendedor,
mudando-se da Argentina para os Estados Unidos. A experiência de viver em outro
país, falar outro idioma, ajudou a aumentar sua curiosidade. E ele diz:
“Uma vez que cruzamos a linha, deixamos de nos preocupar com linhas. Nos
apaixonamos pela exploração do mundo novo que se revela para nós.”
Todos temos oportunidades de viver nossos sonhos, mas apenas alguns assumem os
desafios e riscos de ir atrás deles. Mudar dói, mas dói menos se você se preparar para
lidar com a mudança. Esse é o propósito do autor: ajudar você a ficar em forma para a
mudança, processo que ele chama de “change-fit”.
Infelizmente, para muitos de nós a mudança pode ser intimidadora. Mas com uma
mudança de mindset, ela pode se transformar em fonte de inspiração. A capacidade
de adaptação às mudanças é uma tremenda vantagem competitiva, tanto pessoal
como profissionalmente, mas requer preparação e coragem para ir além de sua zona
de conforto.
- A maioria das pessoas admira os agentes de mudança, mas tem muitas dificuldades
em mudar a si mesmas;
- As organizações reconhecem que a mudança é um imperativo, mas falham em
preparar suas equipes para se adaptar às mudanças;
- Quando um problema importante aparece, a mudança surge como a solução, mas
perdemos muito tempo com detalhes desimportantes;
- Tentando conseguir equilíbrio entre nossas vidas pessoais e profissionais, perdemos o
equilíbrio.
Meu pitaco: foi fascinante ler um pouco da história do autor, que em muitos pontos
é parecida com a minha: largar um emprego sólido, já maduro, para começar seu
próprio negócio. Me vi ali em muitos pontos. Lidar com mudança tem sido uma
constante em minha vida desde que saí de casa para estudar “na capitar” aos 18
anos de idade. Se você me perguntar qual palavra define as sensações que tive, eu
direi: desconforto. Extremo desconforto de estar fora de meu ambiente, longe dos
amigos, sem a segurança dos pais por perto, tendo de tomar decisões sozinho,
enfrentando desafios para os quais eu não estava preparado. Desconforto. Aprendi
muito jovem que não há mudança sem desconforto. E me lembro aqui de uma frase
acho que de Washington Olivetto:
“Se tudo está certinho, ninguém se incomoda, é porque não está acontecendo nada.”
A primeira coisa com a qual você precisa aprender a lidar quando tratar de mudança
é o desconforto. Se você entender que ele é um sintoma de que as coisas estão
acontecendo, fica mais fácil.
Se você leu o podsumário Mindset (é o primeiro que deveria ler), já sabe que Mindset
é a lente através da qual você vê o mundo. Para adotar um novo mindset, você terá de
renunciar ao antigo, o que significa deixar para trás duas emoções nocivas: o medo e
a apatia.
Enquanto a maioria das pessoas reclama sobre aquilo que não funciona, os agentes da
mudança partem para a ação. Eles não têm o mindset emperrado, que mantém as
pessoas empacadas, presas pela apatia. O mindset da mudança não admite a apatia.
O medo é uma reação em cadeia que nossa mente começa quando recebe um estímulo
estressante, o medo daquilo que desconhecemos, por exemplo. A questão é como
lidar com essa realidade.
Se você ficar emperrado, oprimido por suas emoções, perderá sua habilidade de agir
quando necessário. Se você é movido pela necessidade de evitar se ferir a qualquer
custo, pode acabar paralisado. E o autor então recomenda tudo aquilo que está no
Ensaio Sobre o Cagaço: evite rótulos, evite a obsessão por ser aceito por todos, evite
as generalizações, evite antecipar o sofrimento.
O modelo que o autor apresenta chama-se Stretch for Change, pois quando você
alonga sua mente, alonga o mundo em volta de você.
A abordagem é de progressão contínua, com o gráfico acima mostrando o efeito de
cada fase.
Mas apenas o mindset não basta para encarar as mudanças. É preciso ter resistência e
resiliência, que são como os músculos que ajudam a alcançar o objetivo da mente do
atleta, de atingir o melhor de si. Cabeça feita, sem músculos, não adianta. E o autor
usa uma frase deliciosa:
O autor também não recomenda que você trabalhe duro e, de repente, dê à mente
uma parada completa. As férias quando se desliga de tudo. Diz que só quando o
período de desligamento total termina é que nos damos conta dos prejuízos do
afastamento completo de nossos bons hábitos e comportamentos. Pode custar
semanas ou até meses recuperar o mesmo nível de performance anterior ao
afastamento. A vida não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma maratona. Se você
é daqueles que se joga no trabalho e, quando chegam as férias, se desliga totalmente,
estará pulando de um extremo para outro. A estamina, que é a vitalidade e resistência
física e também mental, é excelente para atingir metas intermediárias, mas é a
resistência que conta nas corridas de longa distância.
Sabe aquilo que você já ouviu sobre exercitar o corpo, dormir com qualidade e
aprender continuamente? Pois é, o autor fala disso também, como ações críticas para
recarregar nossas baterias do corpo e da mente. Essas ações são fundamentais para
construir os alicerces para a performance que buscamos. Em outros podsumários eu
falei do ritmo, do momentum, e o autor fala da cadência. Ter consciência de sua
cadência, de seu ritmo também é fundamental para os agentes de mudança.
Meu pitaco: bela sacada do autor. A mudança como substantivo ou como verbo,
como uma coisa ou como um processo? Eu vou repetir algo que usei no Podsumário
A Faísca e o Esmeril, aquela definição para inovação, que cabe perfeitamente para
mudança: Busca sistemática, organizada e contínua por novas oportunidades. De
novo: veja a importância do termo “busca”. É ele que transforma o substantivo em
verbo.
Meu pitaco: cara, isso é tão 2018... Me lembrou imediatamente dos podcasts Café
Brasil 587 – Podres de Mimados e 589 – A cultura da reclamação. Ouça ambos aqui:
http://www.portalcafeBrasil.com.br/resumos/587-podres-de-mimados/ e aqui:
http://www.portalcafeBrasil.com.br/resumos/589-a-cultura-da-reclamacao/ .
Todos temos limitações, que podem ser internas (falta de conhecimento e habilidades,
medos, inseguranças, etc) ou externas (recursos financeiros, tempo, estrutura, etc).
Quando você aprende não só a aceitar suas restrições internas e externas, mas usá-las
como uma vantagem, pode transformá-las numa espécie de superpoder. O exemplo
que o autor usa é Ray Charles, completamente cego, que se tornou um dos maiores
nomes da música no mundo. Eu uso Stevie Wonder...
Meu pitaco: nesse ponto do livro me lembrei de um texto meu contando uma
experiência que vivi em 2015 em Porto Alegre, daquelas que marcam a vida da gente
e demonstram como existe gente que não se limita às suas restrições.
Eu estaria num auditório diante de 100 pessoas que só podiam me ouvir. Tive que
repensar a palestra e desenvolver algo apoiado no som, tratando de
empreendedorismo e escolhas, baseado em minha vida e em alguns cegos que
causaram impacto sobre mim. E tendo como pano de fundo a discussão de um
atributo fundamental para o empreendedor: a visão.
Mas falar de visão para cegos? Sim. A visão à qual eu me referia não era a ação ou
efeito de ver, mas a que diz respeito à capacidade de imaginar cenários, projetar
acontecimentos. E essa, os cegos têm de sobra…
Cheguei cedo para arrumar meu computador e encontro uma sala com cães-guia
deitados aqui e ali, pessoas andando para lá e para cá com suas bengalas brancas,
alguns voluntários ajudando. É nessa hora que a cabeça da gente explode.
A maioria absoluta de quem estava lá era voluntária, gente que tem empregos, que
estuda, e que tirou três dias de licença para discutir como se organizar para ajudar
outras pessoas cegas em suas regiões. E todos ali eram cegos ou com altíssima
deficiência visual. No entanto o que mais vi foi humor. Muito bom humor. Gente
politizada, interessada, lutadora, cada um com uma história mais impressionante
que o outro. Tratamos de afetos, de correr riscos, de sonhos, de cultura, de ética…
A palestra foi uma delícia. Brinquei, fiz piadas inclusive sobre a cegueira, tratei-os
como gente normal e fiz a plateia explodir em aplausos quando contei a resposta que
o alpinista cego Erik Weihenmayer deu em 2001 ao ser perguntado sobre o que fez
para conseguir escalar o monte Everest:
À noite fomos jantar num restaurante. Uma mesa com umas 20 pessoas, 15 delas
cegas. O evento era dos cegos. Eles organizaram, chamaram o taxi, escolheram os
pratos, pagaram a conta. Eu era apenas um convidado.
Vivi um dia diferente, em que fui conduzido por quem não pode ver. E saí de lá feliz
por conhecer aqueles brasileiros que não aceitaram o papel que a sociedade reservou
aos cegos e escolheram não cruzar os braços.
Meu pitaco: esse tem sido um dos grandes desafios que sempre enfrentei, conviver
com o suficiente, em vez do perfeito. Já tratei disso diversas vezes em meus textos e
programas. Quanto é “bom o suficiente”? Outra coisa: tenho aprendido demais com
o próprio Café Brasil Premium, em especial do grupo do Telegram, a lançar as ideias
meio prontas para que os próprios usuários me ajudem a aperfeiçoá-las, seja
corrigindo erros nos podsumários, complementando informações faltantes ou
erradas, trazendo mais conteúdos. E um dia, chegamos perto do perfeito.
Vivemos a época em que “estar publicado” é mais importante que “estar perfeito”.
Mas para isso há de se ter a consciência de que sua obra está viva, em constante
mudança, aberta para as correções e adaptações que se fizerem necessárias. E o
truque é: assuma publicamente que é assim! Deixe que as pessoas saibam dessa sua
abertura para as opiniões, sua disposição em corrigir, atualizar. Sua intenção de
construir em conjunto. Foi assim que nasceu o Café Brasil Premium, pô.
Permanentemente com um aviso: em obras.
Todos temos que repensar nossa relação com “estar ocupado”. Estar ocupado é um
estado mental, ou você o controla ou ele toma conta de sua vida. Comece desafiando
sua atitude, da próxima vez que você se sentir muito ocupado, pergunte-se: estou
realmente ocupado ou usando isso como uma desculpa?
Meu pitaco: ah, aqui eu não podia perder a oportunidade. Uma das coisas que mais
estranhei quando deixei meu cargo de Diretor de Multinacional para me tornar um
empreendedor, foi a quantidade de gente ocupada demais com que me deparei. É
impressionante. Eu lido muito com departamentos de marketing das empresas, e fico
pensando se era assim que eu agia na minha época. E-mails levam dias para serem
respondidos, reuniões são desmarcadas seguidamente, materiais demoram semanas
para serem remetidos, todo mundo ocupadíssimo, como se estivessem terminando
de configurar a bomba atômica para ser lançada antes dos alemães. Se parar pra
descansar perde a guerra.
Senti isso na pele no começo dos anos 1990, quando em uma de minhas viagens para
a sede da Dana, a multinacional na qual eu trabalhava, lá em Toledo, Ohio, fui
ciceroneado por um dos colegas. Cheguei no escritório pela manhã e saí com ele,
passamos o dia todo em visita a fornecedores e reuniões fora. Quando retornamos,
por volta de 16:30, entrei com ele no escritório e vi sua mesa repleta de post-its com
mensagens da secretária. Ali estavam todas as ligações que ele recebeu ao longo do
dia. Quando vi o volume, me desdobrei em desculpas, eu havia empatado o dia dele!
Ele foi gentil, “deixa pra lá”. Nos despedimos, fui embora, mas o prédio já estava
fechado, não consegui sair para o estacionamento. Voltei o caminho todo para pedir
a ele que abrisse a porta. Quando cheguei a sua sala, ele estava no computador...
jogando paciência! Com todos aqueles post-its ali gritando! Cara, se fosse eu no
Brasil, estaria ligando pra todo mundo, tentando tirar o atraso imediatamente. Mas
ele estava jogando paciência. Cuidaria dos post-its no dia seguinte, sem problemas...
Ali entendi o fosso cultural que nos separava. E que sempre fazia com que eu
estivesse muito ocupado.
Da próxima vez que você se sentir ocupado demais, faça umas perguntinhas:
São as escolhas que fazemos que determinam nossas chances de sucesso. E sucesso
precisa de comprometimento total. A vontade e a disposição por trás de uma decisão
importam mais que a decisão em si.
A cada tomada de decisão você fica incerto sobre o resultado, pois sabe que não
controla o futuro. Então por que ficar estressado com algo que não está sob seu
controle? A única coisa que você pode controlar são suas emoções, por isso ser um
agente de mudanças é um jogo que envolve coragem. Para seguir adiante você precisa
de suporte, e encontrará resistência ao longo do caminho. Por isso, nada de pânico!
Você nunca terá todo mundo do seu lado ao mesmo tempo, o consenso é uma
armadilha a ser evitada. Busque por alinhamento, ouça as objeções, mas mantenha
em mente que você precisa seguir adiante. Você terá de tomar a decisão, assumir a
responsabilidade, mesmo que alguns não gostem. Ao abandonar a obsessão por tomar
a decisão que todos vão gostar, você se tornará mais flexível e aberto para
experimentações.
Meu pitaco: cara, como vivi isso a vida toda... Lembro de uma vez, acho que por volta
do ano 2000, quando a empresa estava chegando no final do ano com resultados não
bons nos Estados Unidos e veio a ordem de cortar despesas. Foi um fuzuê, era final
de ano, tínhamos uma tradição de festas de final de ano, de cestas de natal para os
mais de 5 mil funcionários, algo esperado e lembrado por todos. E chega a decisão
dos EUA de cortar despesas, cada região que definisse como faria. Nos vimos em
reunião de diretoria discutindo se num cenário como aquele seria um tiro no pé
manter a festa de final de ano. Que mensagem estaríamos passando para a matriz
da empresa, se enquanto todo mundo cortava despesas, nós fazíamos festa? Houve
um racha na diretoria. Eu defendia com unhas e dentes manter a festa. Aliás, fazer
uma baita festa. A empresa tinha ido mal globalmente, mas os resultados do Brasil
eram bons, aquela era a oportunidade de demonstrar aos funcionários que
reconhecíamos o empenho deles. Cortaríamos em outras áreas e não na festa tão
esperada. Deu uma baita discussão, não arredei o pé, pelo contrário. No final da
reunião, fui voto vencido. A festa foi cortada. E coube a mim, o Diretor de
Comunicação, redigir o comunicado a todos os funcionários anunciando que a
esperada festa não aconteceria.
Virei para o Presidente e falei: Sou contra essa decisão, mas sou um soldado. Vou
escrever o melhor comunicado possível. E foi o que eu fiz. Engoli seco, peguei toda
aquela energia emputecida e escrevi um baita texto.
No fim, se a festa tivesse sido feita, nada demais teria acontecido, pois vários países
fizeram. Mas os brasileiros sempre são mais realistas que o rei, não é?
Onde quero chegar? Eu sabia que, sendo parte da diretoria, precisava me alinhar à
decisão tomada pela maioria, esse é o ponto do autor e que o presidente da empresa
seguiu: tome a decisão mesmo que não haja consenso. E siga adiante.
O autor então trata do “getting lost”, do ficar perdido de propósito ou não, zanzando
sem um objetivo claro. Diz que isso é a fórmula perfeita para dar espaço à sua mente
criativa, experimental. E usa uma frase de ninguém menos que Paulo Coelho:
Se você acha que aventuras são perigosas, tente a rotina. É letal.
Ele então dá sete dicas para “se perder”, mas com um propósito:
Meu Pitaco: Ah, mas eu era o campeão nessa modalidade. Eu tinha um escritório
muito legal, com uma equipe que variava entre 12 e 24 pessoas. E de quando em
quando eu mudava as coisas. Trocava as pessoas de lugar, botava uma faixa na
parede, mudava um vaso para o outro canto. E para isso tive de desenhar um
escritório e móveis modulares que permitissem essa flexibilidade. Quando a empresa
se mudou para um novo prédio, “ganhei” o subsolo do prédio, no nível do jardim.
Chamei a arquiteta e mandamos ver num projeto que, mais de 20 anos atrás, já
contemplava sala de reunião com mesa de pingue pongue e saco de areia para boxe,
nada de paredes, móveis claros e tudo que me permitia flexibilidade. Virou o lugar
mais legal do prédio, um ambiente que atraia as pessoas e estimulava a troca de
ideias. Hoje vejo o Google fazendo o mesmo e todo mundo dizendo oooohhhhh!!
Tudo aquilo era intuitivo, uma forma de quebrar a rotina. Eu queria riqueza de
estímulos. Quando passei a trabalhar por conta própria, levei essa ideia ao extremo.
Veja se a minha sala tem algo a ver com o meu trabalho:
3. Tente caminhos novos – se você vai todo dia para o trabalho, para escola, para
casa, pelo mesmo caminho, fica difícil receber estímulos novos. Não precisa
muito, apenas troque de calçada e repare como as coisas mudam. Aliás, essa foi
minha resolução de ano novo: andar todo dia por caminhos novos em torno do
meu escritório. Em três dias descobri uma padaria nova, um sapateiro (em
Moema!) e um Spa...
4. Torne-se um ignorante – ser um expert num determinado campo pode ser
muito legal, mas também pode ser uma maldição. Ficamos tão sabichões que
paramos de ouvir outras ideias e opiniões. Exercite a curiosidade como se você
fosse um completo ignorante, uma folha em branco à espera de conteúdo.
5. Deixe que outros assumam o controle – se você exerce liderança, também corre
o risco de falar mais que ouvir. Deixe que outros assumam o leme de vez em
quando, você aprenderá um bocado sobre outros estilos de liderança.
6. Crie a rotina de quebrar sua rotina – lembra do Podsumário A Faísca e o
Esmeril? Quebrar rotinas deve ser o primeiro mandamento de quem quer ser
agente de mudança. E como isso incomoda as pessoas...
7. Pare de querer antecipar todos os problemas - a vida é inesperada, você jamais
conseguirá controlar todos os eventos. Aprenda a seguir com a correnteza, a
improvisar.
Somos ensinados, especialmente na vida profissional que ter mais recursos, dinheiro,
tempo, etc, é o que realmente importa, e quando nos vemos privados de recursos que,
supostamente, precisamos para fazer nosso trabalho, empacamos.
Eliminar conscientemente recursos que você aparentemente precisa para fazer seu
trabalho, é uma forma de transformar as limitações em coisas boas. Ajuda você a não
ter medo da próxima vez que se sentir limitado. E a chave é compreender que as
limitações são externas a você, que é o único que pode fazer com que elas se
transformem em obstáculos. Ou não.
De qualquer forma, mudar de vítima para super-herói não é fácil. É preciso ser capaz
de domar suas emoções.
Meu pitaco: reenquadrar desafios significa fugir das perguntas óbvias. E das
respostas idem. Neste ponto não tive como não lembrar de um momento histórico
do UFC, o famoso campeonato de lutas marciais. Era a edição 7, em 1995. O torneio
era praticamente um vale tudo, não havia luvas nem separação dos lutadores por
pesos. E nem regras muito claras. Nem havia rounds, os caras entravam no octógono
e lutavam até um vencer. E o campeão teria de fazer três lutas na mesma noite. Na
mesma noite!
O Brasil era representado por Marco Ruas, lutador carioca, que venceu as duas
primeiras lutas e foi para a final com um lutador norte americano chamado Paul
Varelans.
Marco Ruas era um lutador forte e habilidoso, o óbvio seria partir para a porrada
com o norte americano, derrubá-lo e ir para uma submissão. Mas Paul Varelans era
um gigante. Seus 2:03 metros de altura fizeram Ruas, com 1:85 metros parecer um
Hobbit. Ruas deve ter olhado aquele gigante e pensado em suas próprias limitações:
“Sou menor e mais fraco que ele. Se eu partir para a trocação, vou me dar mal. Se
tentar derrubar, ele não cai”. Então Ruas reenquadrou suas limitações e o obstáculo
a ser enfrentado. Mudou a tática das outras lutas e, por 13 minutos, desferiu 24
chutes na perna esquerda do gigante, até derrubá-lo e vencer a luta, tornando-se
campeão do torneio.
Se você assistiu a série Billions no Netflix, viu isso acontecer com o protagonista, que
só conseguiu convencer os negociadores, senhores formais engravatados, quando
apareceu na reunião de camiseta e tênis em vez de terno e gravata.
Muito bem, uma vez que você reenquadrou suas limitações e obstáculos, o próximo
passo é encontrar soluções. Quando você perceber que todo mundo está fazendo as
mesmas velhas perguntas, use as limitações como uma inspiração.
Nossas emoções são nosso principal limitador, portanto aprender a lidar com elas é o
primeiro passo. Por exemplo, a frustração, que é aquela fenda que existe entre nossas
expectativas e a realidade. Para lidar com ela, ou você reenquadra suas expectativas
ou muda sua realidade.
Meu pitaco: essa tem sido a forma com que o Café Brasil é feito desde que nasceu.
Quando comecei o projeto do Portal, depois o Podcast e até hoje em dia, eu tinha o
sonho que todos têm: quero ser conhecido, lido e ouvido por milhões de pessoas! Mas
eu também tinha muito claras as minhas limitações: não tinha nenhuma visibilidade,
nunca estive em evidência na mídia, não tinha capacidade financeira para
investimentos, não tinha uma equipe estruturada, não era “hype” – o sujeito que
está na moda - não era um jovenzinho prodígio, não tinha diploma de economista
nem era cientista político. E nem tinha participado do Big Brother Brasil. Eu era um
Zé Qualquer. Cheguei a adotar as velhas soluções: buscar ser colunista de algum
jornal, revista ou site importante, contratar uma assessoria de imprensa, aquelas
coisas, mas logo percebi que essas velhas soluções não tinham sustentabilidade. O
colunista durava o tempo que o editor tivesse simpatia com ele, a assessoria durava
o tempo que o dono levava para esgotar seu caderninho de amigos. E o caminho para
o sucesso exigia muito mais que um certo talento na geração de conteúdo. Então
decidi reenquadrar minhas expectativas. Não preciso falar para milhões. Não preciso
ser nem “hype” e nem popular. Não preciso ter como objetivo a quantidade, tenho
que ir para a qualidade. E se não tenho diploma de doutor, tenho de evitar ser o sabe
tudo cagador de regras. Foi assim que nasceu o conceito das Iscas Intelectuais e a
postura de “vamos aprender comigo”, que é a base de todo meu trabalho. E hoje
você está aqui me lendo/ouvindo. Continuo sendo um Zé qualquer para milhões de
pessoas, mas para minha pequena e altamente qualificada audiência, agrego valor.
Foram minhas limitações que indicaram por qual caminho eu seguiria. Em vez de me
frustrar, mudei minhas expectativas.
Se você não está falhando, é porque não está se alongando para além da sua zona de
conforto. Costumamos apenas olhar para as histórias de sucesso, sem reparar na
sucessão de fracassos pelo caminho.
Meu pitaco: esse foi o mote para a criação de meu outro podcast, o LíderCast. Reparei
que a maioria dos projetos que focavam na disseminação da experiência de
empreendedores e líderes, estava apoiada naquela velha fórmula: veja este sujeito.
Era um miserável, fodido e perdido. Hoje é um milionário. Se ele conseguiu, você
também pode!
Assisti uma palestra de Abílio Diniz, o antigo dono do Grupo Pão de Açúcar. Abílio
conta que era filho de padeiro, quando garoto era o gordinho que sofria bullying na
escola. A diversão da garotada era bater no Abílio. E hoje ele é o bilionário famoso e
bem-sucedido. Num momento da palestra ele diz:
– Se eu estou aqui, você também pode estar!
Isso mesmo seu Abílio, pode. Não é provável que eu me torne um bilionário como o
senhor, mas é possível. Não há probabilidade, mas há possibilidade. Em outras
palavras: é possível, mas a probabilidade é mínima. E tem gente que tem a resposta:
– Pense positivo!
Quantas vezes você já ouviu isso? Usar o pensamento positivo é excelente para focar
nossa energia, nos motivar e abrir o apetite para seguir em frente. Mas pensar
positivo só serve para abrir o apetite… tem de comer.
E acredite, ainda tem gente que acha que pensamento positivo é pensamento
mágico, transforma possibilidades em probabilidades. Não transforma. Pensar
positivamente, visualizar onde você quer estar, é como desenhar um mapa. Depois
que ele estiver pronto, não basta olhar para ele e ficar desejando. Tem que botar o
pé na estrada e seguir o caminho. É aí que um pouco de pensamento negativo pode
ser uma tremenda ferramenta.
– Pense negativo!
Chega a doer, não é? Mas o pensamento negativo pode ser muito útil se você souber
lidar com ele. Quer ver?
– Putz… esse meu objetivo não vai ser fácil, vou ter de trabalhar duro!
É claro que quem visualiza também os obstáculos no caminho, os passos que precisa
dar para fazer o sucesso acontecer, em vez de visualizar apenas o sucesso em si, tem
mais possibilidades de chegar lá. Você reparou que eu disse “fazer o sucesso
acontecer”? Tem um chamado para ação aí, de transformar possibilidades em
probabilidades. Só visualizar e esperar que as coisas aconteçam, não dá. Tem de ir
buscar. É a velha questão do equilíbrio que vira e mexe eu cito em meus trabalhos.
Tem gente que pensa nos obstáculos, e só nos obstáculos. Isso acaba com as
probabilidades, deprime e derruba a autoconfiança. Paralisa.
Tem gente que pensa no sucesso, e só no sucesso. Fica ocupada demais curtindo
fantasias para pensar nas dificuldades. Confunde possibilidade com probabilidade,
mete as caras… e quebra a cara.
E tem gente que pensa no sucesso como um futuro incerto, cheio de pedras pelo
caminho, arregaça as mangas e vai buscar. Essa gente sabe que não existem
respostas fáceis. Não existem saídas fáceis. Não tem mágica. Não existem fórmulas
universais para sucesso. Não existe moleza. Tudo aquilo que transformou o filho do
padeiro em bilionário, não vale necessariamente para todo mundo.
– Só porque aconteceu com ele, não vai acontecer comigo. Mas pode acontecer.
Então deixa eu me mexer…
Sonhar, visualizar o sucesso é uma delícia, mas o sonho só tem sentido se estiver
acompanhado de ação. Os objetivos que realmente interessam em nossas vidas
devem ser encarados como passos na direção de uma visão, um propósito para o
qual temos um plano de ação. Se não tem plano de ação é só meta, possibilidade
sem probabilidade. Se nem meta é, é só sonho com probabilidade zero.
Sonhar é uma das coisas mais fantásticas que a mente humana pode fazer, mas
sonhos serão apenas sonhos. E ninguém vive de sonhos.
Foi assim que nasceu o LíderCast: quero conversar com gente como eu, que vive os
perrengues que eu vivo, que passou pelos problemas que eu passei e vou passar, que
teve medo, sofreu e aprendeu. É essa experiência que interessa, sem jamais perder
de vista que existe sim a possibilidade de me tornar um bilionário como o Diniz. Mas
a probabilidade é mínima.
Não foque apenas nas histórias de sucesso, mas nos fracassos que o indivíduo
experimentou até chegar lá. Assuma responsabilidade pelas ações, bote em prática
aquilo em que você acredita, com convicção. E encontre um bando de loucos que
querem se juntar à sua causa.
E ele afirma que o método mais efetivo para resolução de problemas começa com a
compreensão de para quem você está resolvendo o problema. Centrar seus esforços
nos seres humanos que, no final, serão os que verão valor em seus esforços. Colocar
as pessoas no centro.
Meu pitaco: um dos meus colegas no tempo de executivo de indústria, era o Luis
Tessaro, um sujeito pragmático, cartesiano, focado na resolução de problemas. Era
um tempo, anos 80, em que os computadores estavam começando a se tornar peças
centrais dos processos. Um dia o Tessaro assume uma gerência de vendas, uma área
totalmente estranha a seu espírito de controller, e por muitas vezes me diverti nas
reuniões em que a turma do TI trazia suas soluções. O Tessaro olhava aquilo,
rabiscava tudo e invariavelmente dizia:
“Vocês estão aqui para fazer com que os computadores trabalhem para mim, não eu
para eles.”
O autor diz que sua abordagem para a resolução de problemas é uma ponte que tem,
de um lado “problema indefinido”, de outro, “solução significativa” e que ele resume
numa imagem:
E ele ressalta que o aspecto humano está presente durante todo o processo,
especialmente nas fases iniciais, quando é preciso conversar com pessoas. Para
reenquadrar o problema, é preciso conhecer as histórias das pessoas. Reenquadrando
um problema indefinido, através da empatia, é possível definir o problema
significativo. Onde é que o calo aperta, sabe? Empatia é deixar que as pessoas definam
o que elas querem, e que falem a respeito. Esse é o caminho para se conectar com os
desejos e motivações das pessoas, aquilo que realmente direciona seu
comportamento.
Algumas pessoas são mais empáticas que outras, mas é importante entender que a
empatia não é uma jornada intelectual. É emocional. É se colocar no lugar do outro.
Meu pitaco: Sobre empatia, leia o podsumário Mindset Exterior, que já publicamos
no Café Brasil Premium. Aliás, tenho um Podcast, o Café Brasil 595 – A Empatia
Positiva, que é um barato. Fala da empatia com quem é mais bem-sucedido que nós...
Citando a abordagem de Design Thinking, o autor comenta que a busca pela empatia
envolve encontrar os “usuários extremos”, aquelas pessoas que apresentam um
comportamento extremo relacionado ao problema que você está tentando resolver.
Suas ideias podem dar uma perspectiva interessante sobre seu público-alvo maior.
Mas ele também faz um comentário instigante: Se você fala apenas com os suspeitos
habituais, não espere encontrar nada inesperado.
Foi de um encontro com um ouvinte extremo do Café Brasil que surgiu uma mudança
no programa. Eu recebi um e-mail de um ouvinte maluco, daqueles que saem
apresentando o programa para todo mundo, tentando conquistar novos ouvintes. E
na conversa ele me dizia da dificuldade de prender a atenção da pessoa até que o
assunto do programa começasse, pois tinha de passar pela abertura, propaganda,
áudio do ouvinte... demorava demais para que o assunto começasse. A partir
daquela conversa adotei uma pré-abertura do programa, um textinho bem curto
sobre o que será o tema do episódio, deixando um gostinho de “quero mais” depois
do “posso entrar?”. Tinha de ser um usuário extremo para dar aquele toque.
Inovação, mais que trazer uma solução inovadora, é criar um impacto real indo contra
as normas estabelecidas. E a encrenca está em conseguir mover a organização que
está por trás da nova solução.
Para vencer essa batalha é preciso equilibrar a iniciativa individual com a coletiva. É
preciso ter a energia do gerador de mudanças contaminando um time de inovadores.
Aquele lance que eu já disse de encontrar o bando de loucos que lutará a seu lado.
Gente de fora, os esquisitos, os que não se adaptam, veem as coisas de modo diferente
não apenas por serem diferentes, mas por se relacionarem com os problemas de forma
diferente. Eles não apenas veem, observam. Não é uma questão de ser estrangeiro, de
fora, mas de trazer o frescor dos olhos de um turista, que enxerga coisas que nós não
vemos.
O autor usa o exemplo do hip hop, que nasceu num ambiente de pobreza, sem acesso
a instrumentos musicais. Em vez de se limitar por essas condições, os músicos
buscaram inspiração naquilo que tinham: arranhando, mixando, tocando ao contrário
os velhos discos de vinil, fizeram nascer um novo gênero musical. Sacou? Eles
reenquadraram os discos de vinil. E o gênero que começou na comunidade negra
ultrapassou as barreiras culturais e hoje tem 70% de suas vendas para brancos.
Meu pitaco: aqui me lembrei que em minha palestra “Geração T”, dou umas dicas no
final, duas delas são:
E explico com uma provocação: imagine você na sexta feira, num happy hour com os
amigos no bar, tomando uma cerveja. Todos os amigos normais ali, está uma delícia,
mas o que realmente novo acontece? Provavelmente nada, é apenas a repetição de
momentos bons com seus amigos. Aí chega o amigo esquisito, o estranho, o outsider.
O que acontece com o grupo? As pessoas mudam o modo de falar, pensam antes de
dizer as coisas, ficam intrigadas com aquele elemento novo que chegou. Muda
completamente a dinâmica, agora não é simplesmente a repetição de um momento
agradável com os amigos, mas um esforço de adaptação do novo elemento, com
todas as ideias, sensações e provocações que ele traz. A presença do estranho torna
tudo mais rico, quebra a rotina, exige atenção. Criatividade.
Algumas vezes as pessoas não ouvem as ideias de outros não pela ideia em si, mas pela
forma como ela é apresentada. Nossa perspectiva não influencia apenas a forma como
vemos o mundo, mas como nos comunicamos.
Algumas pessoas são direcionadas pela Ação/Controle, enquanto outras vão por
Gente/Emoções. Algumas pessoas gostam de Comandar/Dizer, enquanto outras
preferem Conectar/Perguntar. A intersecção desses quatro eixos permite determinar
quatro tipos de personalidades baseadas nas mídias sociais:
Dá para ficar uns bons minutos viajando nesse quadro, tentando se enquadrar...
Baita história.
Mas é mentira.
Originalmente, tanto a Nasa quando os russos, usavam lápis. Em 1965 a Nasa
comprou 34 lápis mecânicos desenvolvidos pela Tycam Engineering, pagando U$
128,89 cada um. Quando esse preço veio a público, foi um escândalo. E a Nasa partiu
para usar algo mais barato. Os lápis comuns eram um perigo. Quebravam a ponta,
que saía flutuando e podia causar algum acidente grave. Além disso, eram
inflamáveis, o que causava horror na Nasa, especialmente depois do incêndio da
Apollo 1, que matou três astronautas durante um teste em janeiro de 1967.
Paul Fisher, dono da Fisher Pen Company, havia patenteado em 1965 uma caneta
que escrevia de cabeça para baixo, no frio, no calor e até debaixo d´água. Fischer
reenquadrou o problema. Em vez do sistema tradicional de tinta baseado na
gravidade, a caneta de Fisher tem dentro de si nitrogênio pressurizado, que empurra
a tinta para a esfera. E a tinta é um gel, que só se torna líquido quando pressionado
pela esfera. A caneta passou a ser usada pela Nasa e pelos russos, ao custo de U$
2,39 cada uma. Aqui você pode ver a Fisher Space Pen em detalhe:
https://www.youtube.com/watch?v=h-RP6AHnnco . Se você curte canetas, vai ficar
doidinho.
Botei essa história aqui pela curiosidade, e pelo exemplo de como olhar o problema
por ângulos diferentes pode levar a soluções brilhantes.
- O que é que está causando isso? Por quê? Por quê? Por quê?
Meu pitaco: lá vou eu para a Nasa novamente. Se você assistiu ao filme Apollo 13,
há de lembrar de um momento muito especial. Em 1970, a missão Apollo 13 seguia
com destino à lua. Seria a terceira equipe a pousar no satélite. Mas depois da
explosão de um tanque de oxigênio do módulo de serviço, a Nasa cancelou o pouso
e começou o procedimento para trazer os astronautas de volta à Terra. A nave tinha
três habitáculos para os astronautas: o Módulo de Serviço, o de Comando e o Lunar.
Os três astronautas deligaram os sistemas e se mudaram para o módulo lunar, para
economizar a energia que seria necessária aos procedimentos de reentrada na
atmosfera. Mas o módulo lunar fora desenhado para comportar duas pessoas
durante 36 horas, e agora teria três por 96 horas. O sistema de filtragem de dióxido
de carbono logo ficou saturado, o que colocava a vida dos astronautas em perigo.
Eles tinham de trocar os filtros do Módulo Lunar, com conexões redondas, pelos
filtros do Módulo de Comando, que tinham conexões quadradas. Não dava encaixe.
Entender o que impulsiona o comportamento das pessoas não é lógica pura, envolve
contradições, tensões e emoções. O problema é que muita gente espera uma
conclusão direta, o que quase nunca acontece. Empatia é o nome do jogo.
Meu pitaco: em minhas palestras faço uma reflexão – na verdade uma provocação –
sobre aquilo que chamo de Lucro Saudável. Nela apresento quatro dimensões do
lucro:
A provocação vem quando pergunto: qual dessas quatro dimensões pode ser
facilmente medida? Quais delas são percebidas como valores? Fica óbvio que apenas
a dimensão Econômica, o dinheiro em caixa. Por isso é tão difícil pensar no Lucro
Saudável, aquele que vai muito além do econômico. E por isso tanta gente cai no que
o psicólogo e médico francês Edme-Pierre Beauchêne uma vez disse:
“Quem acredita que tudo pode ser feito com dinheiro, certamente estará disposto a
fazer tudo pelo dinheiro.”
Sugestão: ouça o LíderCast 86 que gravei com Gustavo Succi, no qual aprofundamos
esse assunto. http://www.portalcafeBrasil.com.br/lidercast/lidercast-086-gustavo-
succi/
Meu pitaco – no começo dos anos 1990 a empresa na qual eu trabalhava decidiu
lançar um novo produto no Brasil, os anéis de pistão Perfect Circle. O produto foi ao
mercado em 1991, e nosso concorrente era a gigante Cofap. Nós éramos nada.
Tínhamos de entrar no mercado, mas não tínhamos a rede de distribuição, a marca,
o dinheiro que a Cofap tinha para o marketing. Era um baita problema, pois o
produto era crítico, precisava de prestígio e confiança dos mecânicos. Baita
problema.
Foi o maior barulho e não demorou para que o produto ficasse conhecido.
A inovação disruptiva é como um míssil lançado contra sua organização, você não
consegue vê-lo até que seja tarde demais. E o autor lembra que foram necessários
apenas 18 meses para que o Uber conquistasse metade do negócio de transporte
terrestre em muitas companhias dos Estados Unidos.
Ele afirma que em suas pesquisas, as organizações que foram atingidas pelo míssil da
inovação disruptiva nem sempre foram pegas de surpresa, mas decidiram não tomar
providências contra um possível ataque. Normalmente por alguma destas razões:
- Confiança – acreditando que sua experiência no mercado é uma barreira aos novos
entrantes
- Minimizando a ameaça – achando que não é tão perigosa assim. Imagine as TVs a
cabo falando da NetFlix uns anos atrás...
As organizações e equipes deveriam aplicar tempo e recursos para criar seus próprios
inimigos, explorar diferentes cenários, ameaças em potencial e como antecipar isso
tudo.
Tentativa – Criando uma cultura da preparação para a mudança.
Tornar-se mais aberto para a experimentação, ampliar a abertura para novas ideias e,
no final, construir uma cultura que curte e prospera na mudança. É esse o desafio.
E a liderança atenta é sobre ter o mindset certo para lidar com a mudança num
ambiente onde as coisas acontecem rapidamente. É a habilidade de se manter calmo,
focado e oferecer clareza a seus liderados. A liderança atenta é sobre ajudar a equipe
a desenvolver suas habilidades, e não sobre ser um super-herói.
Faça da incerteza sua melhor amiga; a rejeição não é o fim, mas um novo começo;
apaixone-se por resolver problemas e não por soluções; equilibre propósito com lucro
e vice-versa. Incentive a equipe a desenvolver as habilidades para tomar mais decisões,
improvisar, testar as hipóteses e aprender com o processo. Descentralizar o processo
de tomada de decisão e remover barreiras internas, como as hierárquicas, permite que
as equipes assumam o senso de propriedade e se sintam no controle de seu destino.
Meu pitaco – não perca de vista que este livro foi escrito tendo em mente um
mercado maduro como o dos Estados Unidos. No Brasil algumas dessas sugestões
precisam ser vistas com cautela, nem todas as organizações, lideranças, equipes e/ou
indivíduos têm conhecimento, habilidades e maturidade suficientes para lidar com a
liberdade de uma falta de hierarquia. Existem equipes e equipes, e isso precisa ser
muito bem avaliado antes de sair adotando modernidades e modinhas que
funcionam muito bem lá, mas precisam ser adaptadas para cá.
Meu pitaco: em 1991, quando lançamos aqueles anéis de pistão no mercado, era a
total quebra de paradigmas. Pela primeira vez a empresa entraria na área de
motores, tudo era novo e desconhecido. Eu era o Gerente de Marketing e um dia
recebi um “convite”: passar uma temporada nos Estados Unidos para aprender sobre
o produto. Note, não era para aprender só sobre o marketing do produto, mas sobre
a engenharia, a fabricação, a aplicação.
Puta fria.
Eu tinha 34 anos, estava na empresa há oito, tinha um inglês macarrônico... Mas
aquele desafio fez brilharem meus olhos. E logo me vi numa cidadezinha chamada
Richmond, em Indiana, por 30 dias, no meio de engenheiros, me virando para
aprender sobre um produto que não tinha absolutamente nada a ver comigo. E em
inglês.
Toda manhã ao acordar agradeço aos meus diretores aqui no Brasil que me jogaram
naquela fria. Meu crescimento pessoal e profissional naqueles trinta dias sozinho
numa cultura diferente da minha, com responsabilidades, tendo de aprender todo
dia, é um tesouro que me acompanhará pelo resto da vida.
E o autor lembra: a cultura come a inovação no café da manhã. Líderes não conseguem
criar mudanças reais sem o suporte da organização, o que implica em fazer com que a
cultura seja mais aberta e adaptável.
Em vez de lutar contra a resistência, devemos usar sua energia a nosso favor. Existem
diversos tipos de resistência, sendo a mais crítica e importante a humana, que
acontece dentro das organizações. Cada empresa tem suas neuroses que afetam a
forma como a mudança é tratada. E por trás de cada neurose há uma perspectiva e um
comportamento que promovem a resistência. É preciso atacar a causa raiz e não
apenas os sintomas.
É preciso compreender o que é que impele essas neuroses, quais seus sintomas e
experimentar meios de neutraliza-los. Não é uma mudança a ser feita do dia para a
noite. É o penoso trabalho de mudar um comportamento.
Meu pitaco: esse capítulo do livro eu li mais de uma vez e não consegui evitar um
paralelo com o comportamento individual. Imagine o Indivíduo Dramático, o Político,
o Ritualista, o Constantemente em Dúvida e o Obcecado por Comando e Controle.
Quanta gente assim você conhece? Aliás, em que classe você se enquadra? Olha, se
você quer saber, só essa reflexão valeu o livro e este podsumário...
Uma vez que você lança seu projeto, espere pela resistência. Lançar é só o começo da
jornada, não é o final.
Meu pitaco: neste momento, ao refletir sobre resistência, lembrei de um texto que
está em meu livro Diário de Um Líder, que tem tudo a ver. É assim:
Esses dois acontecimentos têm muito a ensinar sobre nosso papel quando estamos
envolvidos em processos de criação e execução, especialmente de ideias.
Como gosto de dizer, no mundo de hoje, o confronto, a crítica e até mesmo o ódio
são mais socialmente aceitos que as expressões de apreço. Isso é muito ruim, porque
apreço é uma atividade que cria valor. O apreço energiza as pessoas, faz com que
elas excedam seus objetivos e limites percebidos. Quando substituímos o apreço pela
negação, pela contrariedade, pelo rancor, só temos o confronto que paralisa,
intimida e canaliza a energia para a defesa. E todos perdem.
Na próxima vez em que você for abrir a boca, pense se vai construir ou destruir.
Se você apresenta o novo como uma opção, ele será isso: uma opção. É preciso
convicção para separar a ilusão da mudança da mudança real.
Muitas organizações gastam mais tempo e energia vendendo sua nova estratégia do
que fazendo com que as coisas aconteçam. Fazer acontecer é o que realmente
importa.
Conduzir a inovação é um jogo perigoso, como já dito antes. Você precisa integrar um
grupo de pessoas diferentes, aqueles malucos dispostos a fazer o que todo mundo diz
que não dará certo, os malucos dispostos a aceitar uma missão arriscada. Você precisa
de rebeldes, aquele tipo de gente que adora ser do contra, que respeita líderes
malucos, que aceita missões que outras pessoas não aceitariam, que é movida por
paixões e não por escolhas. Olhe em volta para o grupo do qual você faz parte. Quem
são esses malucos? Alie-se a eles.
A cultura é algo dinâmico, não estático. Quando dizemos que uma pessoa pode ou não
se adaptar a uma cultura, estamos indo contra o conceito de organizações fluídas.
Aliás, estamos nos limitando, fazendo com que aquela cultura permaneça exatamente
como é. Contrate gente capaz de fazer com que a cultura se torne mais adaptativa,
experimental e resiliente.
O grande problema da diversidade é que as pessoas não são treinadas para lidar com
diferenças de opinião. Quando trazemos pessoas “diferentes” para nossas equipes,
elas vêm com visões diferentes, é importante que essa perspectiva seja compreendida
e aceita por todos, ou ficaremos só no discurso bonitinho da diversidade. Criar uma
cultura de transparência ajuda a reposicionar a diversidade como aprendizado.
Você deve primeiro encontrar sua paixão e segui-la ou trabalhar duro até que sua
paixão encontre você? Não confunda aquilo no que você é bom com sua paixão real.
Experimentar o novo, isso é que é alongar-se para a mudança.
Não espere que sua jornada seja linear, conte com o imprevisto, confie em seu instinto.
Quando você achar que está perdido, continue em frente. O mais importante é sempre
aprender e explorar, testar e tentar, mas sempre curtindo a jornada.
Ir além dos limites sempre traz algum desconforto, às vezes até machuca no começo.
Mas é fundamental para construir a resiliência, aquela sensação recompensadora de
que você conseguiu algo que parecia impossível a princípio. A produtividade é um
hábito que precisa ser pacientemente construído, não sobre “to-do lists”, listas sobre
o que fazer, mas “to-enjoy lists”, listas sobre o que curtir. Cabe a você criar seu próprio
caminho e rituais na direção desse curtir.
Seja autêntico. Ser verdadeiro sobre quem você é, é parte do alongamento para a
mudança, e isso exige pele grossa, especialmente para receber as críticas. E o segredo
para recebe-las é parar de achar que todos estão errados. A partir daí as críticas se
transformam num presente precioso.
Rotular as coisas como boas ou ruins, do bem ou do mal, nunca ajuda, e isso é
especialmente importante com os feedbacks. É a forma como reagimos a eles que os
tornará algo positivo ou negativo.
Meu pitaco: esse ponto me lembrou da história do violinista norueguês, Ole Bull, que
usei no Podcast Café Brasil 480 – A crítica nutritiva.
Ole tocava violino desde os 4 anos de idade e, após algum tempo na universidade
estudando com professores medianos, decidiu começar a realizar concertos. Na
Itália, um crítico de um jornal de Milão escreveu: “Ole é um músico mal treinado. Se
ele for um diamante, certamente está em estado bruto, sem polimento”.
Ole leu o texto e viu-se diante de duas possibilidades: ficar nervoso ou aprender com
a crítica. Decidiu pela segunda, dirigiu-se até a sede do jornal e pediu para ver o
crítico que, com espanto, o recebeu.
Ole passou a tarde conversando com o velho jornalista de 70 anos que apontou suas
falhas e deu conselhos sobre como fazer para melhorar a performance. Após a
conversa, Ole cancelou o restante dos concertos e mergulhou em seis meses de
estudo, dessa vez com professores de alto gabarito. Após semanas, dias e horas de
estudo, sentiu-se firme para prosseguir com os concertos e, aos 26 anos de idade,
transformou-se numa das maiores sensações da Europa. Só na Inglaterra ele deu 274
concertos no ano de 1837. Ole compôs mais de 70 canções, mas apenas 10 delas são
conhecidas. Examinando a história do Ole Bull, podemos aprender sobre forma e
conteúdo.
Primeiro: o crítico foi duro, mas não foi desrespeitoso. E Ole, sabendo da inteligência
do crítico, entendeu que aquela opinião, apesar de negativa, mostrava um caminho.
E humildemente buscou os conselhos de quem sabia muito sobre o assunto.
Fosse hoje, seguindo o modismo das mídias sociais, talvez o crítico escrevesse que
Ole era “um músico medíocre, ruim e sem futuro”. E Ole provavelmente escolheria
ficar nervoso e ignorar, ou atacar o crítico, perdendo a chance de mergulhar num
processo de refinamento de sua arte.
E da mesma forma que os feedbacks podem nos ajudar a alongar para a mudança,
memórias repetidas, especialmente aquelas dos maus momentos, nos mantêm
paralisados. Ruminar experiências ruins é um comportamento nocivo. Esquecer as más
experiências, evidentemente depois de aprender com elas, é um ato de liberdade.
Refletir sobre a experiência ruim é importante, mas permanecer preso no passado não
dá espaço para novas experiências.
Meu pitaco: cara, eu sou o rei de esquecer experiências ruins. Faço com que elas
durem o tempo da experiência em si, depois as apago e toco em frente. Me recuso a
pré-sofrer e a pós-sofrer. Sofro o momento e pronto. Passou, acabou. Bola pra frente.
Conheço um monte de gente que sofre antes, durante e depois. Isso só consome
energia.
Não confunda abundância de informação com conhecimento. Ao tentar fazer com que
tudo seja simples, corremos o risco de simplificar excessivamente. O alongamento
para a mudança exige que tomemos as rotas longas, e não apenas os atalhos.
Meu pitaco: por exemplo, achar que ao ler ou ouvir este podsumário você já tem a
informação que precisa. Não. Este podsumário é apenas uma isca intelectual, traz
algumas reflexões de um livro muito, mas muito mais rico que tudo que eu coloquei
aqui. Use este podsumário, e o podcast Café Brasil e o Café Brasil Premium como uma
provocação, como a apresentação de ideias atrás das quais você tem de ir. Não
confie só no conteúdo superficial que eu trago a você. Ele só serve para abrir o seu
apetite intelectual. Por isso chamo de Isca.
Meu pitaco: meu, essa é alma do Café Brasil. Foi pensando assim que o criei. Você
faz ideia do quanto ganho intelectualmente fazendo um podsumário como este? De
quanto ganho com o contato com meus ouvintes e leitores? Essa é a ideia: olha que
coisa legal eu achei, vamos discutir juntos? E um fragmento de conhecimento leva a
outro, que provoca um Podcast, que gera um E-book, que leva a um Podsumário, que
gera outro podcast, que leva a um videocast, que provoca um debate no Telegram...
sacou? Esse é um processo, onde quem mais ganha sou eu. Muito obrigado.
Muito bem, este foi o podsumário do livro Alongue-se para Mudar - Como melhorar
sua capacidade de mudança e prosperar na vida, que faz parte do Café Brasil
Premium. Ufa. Como sempre, termino com gosto de quero mais... Olha, recomento
muito que, se você consegue ler em inglês, compre o livro. Aqui:
http://amzn.to/2Cd2TW8 .
Para terminar, fique com o diálogo entre Danny Ocean (George Clooney) e Saul Bloom
(Carl Reiner) no filme Onze Homens e Um Segredo, quando Danny revela seu plano
para roubar 150 milhões de dólares de um Cassino em Las Vegas, dirigido por um
mafioso:
Saul Bloom diz:
“E você espera que a gente simplesmente saia do cassino caminhando, com milhões
de dólares”?
“Sim”
__________________________________________________
Você recebeu este podsumário por fazer parte do Café Brasil Premium. De onde veio
este, tem muito mais. Acesse www.cafebrasilpremium.com.br