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Vamos entender cada item do diário comportamental.

A SITUAÇÃO é simplesmente a descrição do que ocorreu. Serve para


ajudar a pessoa a referenciar no espaço e no tempo o que ela
registrará a seguir.
As SENSAÇÕES dizem respeito ao que acontece no corpo como
resultado da situação registrada. São respostas fisiológicas ao evento
estressante/angustiante.
Já os SENTIMENTOS têm um caráter subjetivo. São nomeados
normalmente como tristeza, ansiedade, raiva, medo e assim por
diante. Não há um aspecto objetivo como no caso das sensações e
são completamente involuntários.
Diferentemente dos sentimentos, os PENSAMENTOS são
completamente voluntários, ou seja, a pessoa tem controle consciente
sobre eles. Registrá-los permite compreender os próprios valores e
crenças. Isso é importante porque, quando eles são confrontados,
fatalmente gera-se estresse e desconforto.
Registrar COMO SE COMPORTOU permite entender de que forma os
antecedentes externos (situação) e internos (sensações, sentimentos
e pensamentos) estabeleceram as condições para que o
comportamento ocorresse de tal forma.
Finalmente os RESULTADOS representam as consequências que o
comportamento produziu no ambiente. São essas consequências que
vão determinar a previsão de ocorrência futura do mesmo
comportamento.
Para transformar uma situação como a exemplificada na tabela, é
importante saber que não se pode mudar nem os sentimentos e nem
as sensações, já que são efeitos involuntários diretos de algo ocorrido
no ambiente.

Os pensamentos, embora voluntários, apresentam forte resistência a


mudança, de modo que querer transformar toda a situação a partir de
mudanças no sistema de pensamentos tende a ser improdutivo e
frustrante. Um exemplo dessa tentativa a partir da situação relatada na
tabela seria o indivíduo passar a se esforçar para formar pensamentos
alternativos: “Apesar de estar me criticando gratuitamente, ele me
ama.” Ou “eu sei que dirijo tão bem quanto ele.” Ou ainda “eu não
deveria sentir raiva porque ele está agindo assim por estar chateado.”.

Embora pensamentos alternativos tenham um efeito imediato


reconfortante e até possam ampliar a motivação para uma
transformação, pouco produzem de mudanças na situação de fato,
principalmente porque ocorrem de forma privada no cérebro da
pessoa. Pensamento não muda o ambiente.

O que de fato modifica o ambiente e, consequentemente, as


sensações e sentimentos desencadeados por ele, é o comportamento.
Diante de uma dificuldade é essencial variar o comportamento para
que produza consequências diferentes no ambiente. No exemplo da
tabela uma alternativa comportamental seria dizer para o irmão:
“Obrigado pelas dicas de direção. Vou me esforçar para melhorar.
Agora… tem algo que esteja incomodando você?”

Esta fala é radicalmente diferente da postura registrada. Primeiro ela


não ignora o fato de haver um incômodo por parte do irmão. Isso é
importante porque fazer de conta que algo ruim não está presente
gera ainda mais sentimentos negativos e, consequentemente, mais
comportamentos inadequados que só agravam o problema. Em
segundo lugar, ela abre uma possibilidade de diálogo e de resolução.

Diante de uma fala como essa é mais provável que o irmão relate
mais claramente o que está gerando incômodo para ele e, se uma
solução conjunta for construída, certamente deixará de criticar o modo
como o irmão dirige e as emoções negativas também desaparecerão.
Ninguém deixará de ir na festa de ninguém e, a bem da verdade, o
vínculo se tornará ainda mais forte e prazeroso para ambos.

Esta estratégia serve para qualquer pessoa no dia-a-dia mas


obviamente não exclui a terapia como caminho adequado de suporte
quando o sofrimento prejudica o cotidiano.

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