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Análise ao Documentário das Emoções

A visualização do documentário constituiu-se como um recurso de


aprendizagem muito útil ao nível do funcionamento emocional, da importância das
emoções e na reflexão acerca do nosso papel enquanto futuros psicólogos.
Inicialmente, o documentário aborda a organização do cérebro ao nível do córtex e
outras estruturas responsáveis pela noção de apetite, vivência de estados de espírito
bem como as emoções, evidenciando-se a complexidade do cérebro para o correto
funcionamento humano.
Adicionalmente, é realçada a ligação emoção-pensamento, que foi durante
algum tempo, negada. Atualmente, é possível verificar que existe uma ligação estreita
entre a emoção e o pensamento, não sendo possível existir um sistema racional que
funcione corretamente sem um sistema emocional que partilhe as mesmas condições,
ou seja, “somos máquinas de sentir, que pensam”. Para melhor compreender, a relação
de causalidade no funcionamento emocional entre emoção e pensamento, o
documentário apresenta o caso de Martin, um senhor que sofreu uma trombose, há 23
anos. De forma sucinta, o Sr. Martin perdeu contacto com as emoções, ou seja, é capaz
de sentir as emoções que produz, mas não consegue ter consciência das mesmas, logo,
não demonstra empatia nem simpatia, por exemplo, perante a sua mulher. Esta
questão colocou-me a refletir acerca da importância desta ligação, pois, como o
indivíduo não consegue pensar sobre a emoção despoletada no cérebro, não a
consegue sentir. Esta situação provoca diversas consequências na vida de Martin, não
só não consegue demonstrar emoções perante os seus entes queridos, como não
consegue tomar decisões. Tal acontece, pois, a tomada de decisão é acompanhada de
alguma emoção, normalmente, evocamos uma memória emocional de uma situação
semelhante vivenciada no passado que funcionará como instinto para optarmos por
uma determinada direção. Assim, é evidenciada a importância das emoções, não só na
nossa regulação emocional diária e na capacidade de nos conseguirmos ajustar
socialmente às situações a que somos expostos (ex: medo), como também se torna
fulcral em comportamentos mais executivos como a necessidade de tomada de
decisão. Posteriormente, a visualização do documentário

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consciencializa igualmente para a desmitificação da crença de que as emoções não são
positivas associadas ao facto de serem difíceis de controlar. Tal não se verifica, pois,
trata-se da parte integrante dos mecanismos que nos permite sobreviver. Para cada
emoção, existe um circuito neural específico, sendo todos adaptáveis, ou seja,
permitem-nos compreender a causalidade de um determinado evento e planear ações
futuras. Por exemplo, se vivenciarmos uma determinada situação/evento que nos
despoleta emoções agradáveis como a felicidade, permite-nos compreender que a
vivência destas situações ou semelhantes nos fazem sentir bem, logo, permitirá que as
repliquemos. Com as emoções consideradas mais negativas como o medo e a raiva, a
capacidade de as vivenciarmos e as reconhecemos é igualmente fulcral para a nossa
sobrevivência. No caso da raiva, a vivência desta emoção permite-nos remover
obstáculos para nos possibilitar atingir marcos importantes pois procuramos formas de
nos sentirmos melhor. Tal acontece com o medo, quando vivenciamos medo, o nosso
cérebro interpreta que estamos em perigo, logo atua como um alerta de que
necessitamos de sair desta situação/evento, ou seja, um estado de alerta.
Assim, com
base no documentário visualizado, é possível compreender que todas as emoções são
boas, independentemente das suas funções, todas contribuem para a nossa
sobrevivência. As emoções apenas se podem tornar disfuncionais se forem vivenciadas
de forma intensa, persistente e prejudicarem o funcionamento normal do indivíduo.
Nestas situações, realça-se a importância do psicólogo na promoção do bem-estar
psicológico e emocional.
Deste modo, a realização desta tarefa permitiu-me também refletir acerca de
aspetos importantes a reter para a prática profissional do psicólogo. Em primeiro lugar,
é possível destacar a literacia fornecida acerca do funcionamento emocional, ou seja,
as estruturas envolvidas como o papel da amígdala, ou seja, a primeira estrutura a
reagir a um acontecimento de caráter emocional que vai desencadear reações de
curtíssima duração; o papel do tronco cerebral na condução das ondas de impulso
geradas e que produzem uma resposta instintiva em todo o corpo, entre outras. Estes
conhecimentos permitem-nos conhecer com mais detalhe a complexidade do processo
emocional e por isso, contribuem para uma melhor prática profissional.
Em segundo lugar, destaca a importância de estarmos atentos à

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linguagem não verbal como a postura e as expressões faciais que são resultantes do
processamento emocional, que podem por vezes, passar mais despercebidas em
consulta.

Adicionalmente, capacita-nos enquanto futuros psicólogos, do reconhecimento


da importância das emoções no funcionamento humano e como lesões ou
comprometimentos a este nível impactam significativamente na qualidade de vida dos
indivíduos. Tanto no caso de Marvin como no segundo caso, do Sr. Cortez, que sofre de
uma perturbação de stress Pós-Traumático decorrente de um acidente de viação, se
evidenciou esta questão e se realça como o acompanhamento psicológico pode
contribuir para o bem-estar. Assim, para concluir, realço a necessidade de enquanto
profissionais, considerarmos sempre a importância e funcionalidade das emoções-
pensamentos de cada indivíduo na nossa prática diária de modo a sermos capazes de
intervir potenciando o bem-estar geral.

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