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Emoções
Passado esse primeiro momento de reflexão, que serve na verdade
como um motivador para mudanças, vamos começar a falar de emoções.
Por que falaremos de emoções? Crianças são seres emocionais e,
portanto, essa é a sua principal forma de comunicação e expressão no
mundo. Além disso, muito da maneira como REagimos aos nossos filhos,
tem a ver com não sabermos ou não conseguirmos lidar com as nossas
próprias emoções. A regulação e a validação emocional são o primeiro e
mais importante passo na direção de uma educação consciente.
RAIVA:
Assim como o medo, também tem a função de nos
proteger, mas contra injustiças e nos ajuda a impor nossos
próprios limites, principalmente quando usada de maneira
assertiva. A ausência da raiva pode nos tornar pessoas
passivas, que aceitam tudo sem contestar e acabam não se
respeitando, enquanto o excesso pode levar a
agressividade e explosões emocionais.
TRISTEZA:
Apesar de parecer não ter uma lado bom, a tristeza serve
para sinalizar os outros a nossa volta que estamos
precisando de cuidados, que estamos vulneráveis naquele
momento, além de nos ajudar a pensar sobre as nossas
próprias atitudes, nos tornando pessoas mais empáticas. A
ausência da tristeza nos tira essa capacidade de avaliar
nosso próprio comportamento e se posicionar de maneira
humilde diante de nossos erros. Já o excesso de tristeza
pode nos levar a quadros depressivos.
NOJO:
Aqui também há um senso de proteção, mas mais voltado
para evitar a contaminação de nossos corpos, como por
exemplo, evitando comer algo que está estragado. O nojo
também nos ajuda a evitar pessoas que tenham atitudes
que não condizem com aquilo que acreditamos, com nossos
valores e ideais. A ausência dele nos torna mais impulsivos e
incapazes de afastar aquilo que precisa ser evitado, mas o
excesso pode nos deixar arrogantes e preconceituosos,
além de levar a comportamentos obsessivos e compulsivos
por limpeza, por exemplo.
ALEGRIA:
Estar alegre é expressar satisfação por acontecimentos
agradáveis, é mostrar ao outro que estamos bem e com
isso fortalecer vínculos sociais, afinal, quem não gosta de
estar na presença de pessoas alegres? A ausência de
alegria pode nos levar a comportamentos depressivos, mas
o excesso também é prejudicial, pois leva a quadros de
mania e impulsividade.
AMOR:
Esta é a emoção que está diretamente ligada a relação
mãe e bebê e que é capaz de promover vínculos afetivos,
empatia e conexão entre os seres. A ausência do amor nos
tira a empatia e a capacidade de nos relacionarmos com os
outros, enquanto o excesso pode gerar dependência
emocional.
Após conhecer as emoções, é importante aprender a como se
autorregular, ou seja, como navegar por elas sem sermos dominados por
estes sentimentos; sem navegar pelos excessos e pela ausência. A
autorregulação nada mais é do que uma pausa entre aquilo que sentimos e
a maneira como reagimos a isso; nos encoraja a desacelerar para esperar
a onda da emoção passar e podermos agir somente depois de avaliarmos
objetivamente uma situação. Podemos pensar que somos como um barco
enfrentando ondas emocionais: a onda passa, o barco fica!
Outra maneira de pensar sobre as emoções é utilizar a imagem de
um semáforo: a luz vermelha vem quando a emoção chega - precisamos
parar e identificar o que estamos sentindo! A luz amarela vem como um
lembrete das técnicas que aprendemos e que funcionam bem para
lidarmos com essa tempestade. E a luz verde surge quando retornamos ao
bem estar, quando o mar fica calmo e podemos então agir.
Seguem algumas técnicas que podem ser usadas para lidar com as
emoções. Teste no dia a dia e veja quais funcionam melhor para você.
Sinta-se a vontade para encontrar outras que fazem mais sentido; o
importante é conseguir pensar antes de agir:
Coloque uma mão na barriga e outra no coração e sinta a barriga
enchendo e esvaziando por algumas respirações até que seu coração
bata mais devagar
Conte de 10 para 1 devagar e acompanhe a contagem com a sua
respiração
Se afaste do que está acontecendo (saia do quarto, dê uma volta ao
ar livre, etc). Pode inclusive dizer ao seu filho: “mamãe está ficando
brava e precisa de um tempo para se acalmar antes de continuarmos
essa conversa” - isso vai inclusive ensinar a ele o que fazer quando
se sentir assim)
Beba um copo d’água devagar
E as crianças? Se isso já é difícil de fazer como adulto, como deve
ser para elas? O primeiro passo é ensinar sobre as emoções para as
crianças. Sejam criativos, façam barquinhos de papel e movimentem a
água, usem plaquinhas vermelhas, amarelas e verdes para elas entenderem
quando precisam parar, façam o corpo delas desenhado e peçam para
pintarem aonde sentem as emoções. Ensinem sobre as emoções para seus
filhos e sobre a importância de senti-las e de lidar com elas.
Todas as práticas acima enumeradas podem funcionar para elas
também e, se forem mais novas, recomendo a utilização do Cantinho da
Calma: um ambiente cheio de materiais, imagens, música, ou o que fizer
mais sentido e que você perceba que ajuda seu filho a se acalmar. Faça
junto com ele esse espaço, para que seja um lugar agradável e não de
castigo. Quando ele estiver muito nervoso, você pode levá-lo para este
ambiente e pedir que ele fique ali e use o que quiser para se acalmar e
depois vocês conversam (travesseiro ou almofada para ele bater, geleca
ou massinha para ele apertar, música para ele dançar ou apenas escutar,
bolinhas de sabão para ele assoprar, dentre diversas outras atividades
que o ajudem a lidar com as próprias emoções).
Simplificando como o cérebro funciona
Para ficar fácil entender a dificuldade de lidar com as emoções na
infância e o motivo de não conseguirmos ensinar lições quando a criança
está experimentando fortes emoções, podemos dividir o cérebro em
quatro partes: lado direito, lado esquerdo, andar de cima e andar de
baixo.
O primeiro passo, diante de um descontrole emocional, é integrar os
dois lados: o direito se relaciona com a conexão emocional, enquanto o
esquerdo se relaciona com as lições e com a condução de informações.
Quando as grandes emoções do cérebro direito estiverem saindo do
controle, ajude a criança a contar a história do que está acontecendo
para que o cérebro esquerdo possa encontra sentido na experiência, ou
seja, se interesse pelo desconforto do seu filho, pergunte a ele o que
aconteceu e o motivo pelo qual ele está agindo assim, peça que ele te
conte como tudo ocorreu, o que ele sentiu e o ajude nessa empreitada.
O segundo passo é integrar o cérebro do andar de cima e do andar
de baixo. Mas que partes são essas? O andar de baixo diz respeito a um
cérebro mais primitivo, que já está formado desde que nascemos e que é
responsável pelas reações imediatas, pelas funções básicas, impulsos e
fortes emoções. Já o andar de cima envolve o córtex cerebral, que só
está plenamente desenvolvido por volta dos 25 anos. Essa estrutura nos
possibilita uma perspectiva mais completa do mundo e permite processos
mentais mais complexos, como pensar, imaginar e planejar. Quando bem
desenvolvido ou estimulado, ele é capaz de “dominar” as ações do cérebro
de baixo acalmando as reações intensas, os impulsos e as emoções.
Diante de um descontrole emocional, as partes de cima e de baixo se
desconectam, principalmente na infância, momento em que sequer o
córtex está formado ainda. Cabe então aos pais exercerem a sua função.
Para tanto é necessário acolher a criança para depois ensinar novas
maneiras de se comportar.
Acalme primeiro a criança e depois questione-a sobre diferentes
formas de agir, envolva-a na solução, ajude-a a nomear e expressar seus
sentimentos, peça para que ela escreva num diário ou desenhe suas
emoções, pontue as emoções de outras pessoas para trabalhar empatia e
vá ajudando o córtex a se desenvolver de maneira saudável.
Ciclo da conexão sem drama
O mal comportamento
CRP/DF 26.577