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Educar é uma arte!

Para pintar um quadro precisamos aprender a combinar as cores,


selecionar os tipos de pincéis e a tela, aprender as técnicas, estudar os
traços, dentre muitas outras orientações que nos ajudam a fazer uma
obra de arte. Mesmo assim, o desenho final é particular, cada pessoa faz
um pintura diferente, ainda que use os mesmos materiais e tenha
aprendido as mesmas técnicas. O importante é que, quando sabemos como
fazer, a pintura sai bonita, a obra ganha vida; o resultado final será do
nosso jeito, mas será uma bela obra de arte.
Na educação não é diferente. Precisamos estudar sobre como ser
pais, sobre as emoções e sobre o desenvolvimento infantil, precisamos
aprender técnicas diferentes daquelas usadas antigamente e que não mais
se sustentam para termos um norte, uma bússola de pra onde caminhar. E
se usarmos isso no nosso dia a dia, adaptando o que funciona para nossa
família e para nossa realidade, criaremos nossos filhos do nosso jeito, mas
os criaremos bem, entregaremos para o mundo uma criança respeitosa,
que sabe se virar sozinha, que sabe enfrentar os desafios da vida e que é
feliz; que sabe se valorizar e se impor sempre de maneira ética e
responsável. Criaremos uma bela obra de arte.
E vale lembrar que conhecer e aplicar essas orientações no dia a dia
precisa fazer sentido para as famílias, precisa funcionar na dinâmica de
cada um, pois o estado de espírito do artista na hora da criação também
conta muito. Então vamos juntos nos conhecer e aprender um pouco sobre
como manejar nossas próprias emoções, para sermos exemplo daquilo que
queremos ensinar. Afinal, pais saudáveis criam filhos saudáveis!
Seguem abaixo algumas perguntas para você refletir:
Quais os principais valores que norteiam a sua família?
Quais expectativas você tinha sobre seu filho antes dele nascer? O que foi
frustrado?
Quais expectativas você tem em relação ao adulto que seu filho se
tornará? Você acredita que sua maneira de educar está ajudando ele
nesse caminho?
Quais as características que você acredita manter da família em que você
nasceu, mesmo que não façam sentido para você hoje?
Como está a sua rede de apoio na criação dos seus filhos? Você aciona
ela quando se sente sobrecarregado?
Como é a comunicação dentro da família? Existe diálogo? Qual o tom de
voz e as palavras que são escolhidos?
Como os problemas familiares são discutidos e resolvidos em casa? Existe
gentileza e acolhimento?

Emoções
Passado esse primeiro momento de reflexão, que serve na verdade
como um motivador para mudanças, vamos começar a falar de emoções.
Por que falaremos de emoções? Crianças são seres emocionais e,
portanto, essa é a sua principal forma de comunicação e expressão no
mundo. Além disso, muito da maneira como REagimos aos nossos filhos,
tem a ver com não sabermos ou não conseguirmos lidar com as nossas
próprias emoções. A regulação e a validação emocional são o primeiro e
mais importante passo na direção de uma educação consciente.

Emoções são respostas reflexas sentidas no corpo em reação a


determinados acontecimentos ou pensamentos. O que significa isso?
Não temos controle sobre elas; as emoções acontecem para nós
assim como fazer xixi, cocô, respirar, piscar os olhos: não temos controle
sobre elas, apenas sobre o que fazer quando elas aparecem. Por exemplo,
se meu filho grita comigo muito provavelmente vou sentir raiva, meu
coração vai bater mais forte e posso ficar vermelho, sentir vontade de
bater ou de gritar de volta. Sobre isso não posso fazer nada. Mas posso
me regular, respirar, contar até 10 e procurar entender o porquê ele
gritou. O que ele está precisando?
E nesse tempo a raiva vai diminuindo e aos poucos vou voltando ao
meu estado de bem estar, sem ter deixado de sentir a raiva, mas tendo
evitado o descontrole em razão dela. E é isso que vamos aprender: não a
evitar as emoções, pois isso é impossível, mas evitar sermos controlados
por elas.
Além disso, não sentir as emoções seria um problema enorme para
convivermos em sociedade, afinal as emoções servem para comunicarmos
aquilo que estamos sentindo, para nos proteger de perigos, para nos
tornarmos mais empáticos, etc. Cada emoção tem uma função específica,
como veremos a seguir, mas podem se tornar prejudiciais quando ocorrem
fora de contexto ou em níveis de intensidade desproporcionais aos fatos.
Falamos em seis emoções básicas, ou seja, universais, que são sentidas
da mesma forma em todas as culturas em diferentes países e civilizações.
São elas:
MEDO:
Tem como função primordial nos proteger de perigos
externos e salvaguardar nossa vida. A ausência do medo
pode nos levar a impulsividade e a comportamentos de
risco e o excesso dele pode gerar ansiedade e fobias.

RAIVA:
Assim como o medo, também tem a função de nos
proteger, mas contra injustiças e nos ajuda a impor nossos
próprios limites, principalmente quando usada de maneira
assertiva. A ausência da raiva pode nos tornar pessoas
passivas, que aceitam tudo sem contestar e acabam não se
respeitando, enquanto o excesso pode levar a
agressividade e explosões emocionais.

TRISTEZA:
Apesar de parecer não ter uma lado bom, a tristeza serve
para sinalizar os outros a nossa volta que estamos
precisando de cuidados, que estamos vulneráveis naquele
momento, além de nos ajudar a pensar sobre as nossas
próprias atitudes, nos tornando pessoas mais empáticas. A
ausência da tristeza nos tira essa capacidade de avaliar
nosso próprio comportamento e se posicionar de maneira
humilde diante de nossos erros. Já o excesso de tristeza
pode nos levar a quadros depressivos.
NOJO:
Aqui também há um senso de proteção, mas mais voltado
para evitar a contaminação de nossos corpos, como por
exemplo, evitando comer algo que está estragado. O nojo
também nos ajuda a evitar pessoas que tenham atitudes
que não condizem com aquilo que acreditamos, com nossos
valores e ideais. A ausência dele nos torna mais impulsivos e
incapazes de afastar aquilo que precisa ser evitado, mas o
excesso pode nos deixar arrogantes e preconceituosos,
além de levar a comportamentos obsessivos e compulsivos
por limpeza, por exemplo.

ALEGRIA:
Estar alegre é expressar satisfação por acontecimentos
agradáveis, é mostrar ao outro que estamos bem e com
isso fortalecer vínculos sociais, afinal, quem não gosta de
estar na presença de pessoas alegres? A ausência de
alegria pode nos levar a comportamentos depressivos, mas
o excesso também é prejudicial, pois leva a quadros de
mania e impulsividade.

AMOR:
Esta é a emoção que está diretamente ligada a relação
mãe e bebê e que é capaz de promover vínculos afetivos,
empatia e conexão entre os seres. A ausência do amor nos
tira a empatia e a capacidade de nos relacionarmos com os
outros, enquanto o excesso pode gerar dependência
emocional.
Após conhecer as emoções, é importante aprender a como se
autorregular, ou seja, como navegar por elas sem sermos dominados por
estes sentimentos; sem navegar pelos excessos e pela ausência. A
autorregulação nada mais é do que uma pausa entre aquilo que sentimos e
a maneira como reagimos a isso; nos encoraja a desacelerar para esperar
a onda da emoção passar e podermos agir somente depois de avaliarmos
objetivamente uma situação. Podemos pensar que somos como um barco
enfrentando ondas emocionais: a onda passa, o barco fica!
Outra maneira de pensar sobre as emoções é utilizar a imagem de
um semáforo: a luz vermelha vem quando a emoção chega - precisamos
parar e identificar o que estamos sentindo! A luz amarela vem como um
lembrete das técnicas que aprendemos e que funcionam bem para
lidarmos com essa tempestade. E a luz verde surge quando retornamos ao
bem estar, quando o mar fica calmo e podemos então agir.
Seguem algumas técnicas que podem ser usadas para lidar com as
emoções. Teste no dia a dia e veja quais funcionam melhor para você.
Sinta-se a vontade para encontrar outras que fazem mais sentido; o
importante é conseguir pensar antes de agir:
Coloque uma mão na barriga e outra no coração e sinta a barriga
enchendo e esvaziando por algumas respirações até que seu coração
bata mais devagar
Conte de 10 para 1 devagar e acompanhe a contagem com a sua
respiração
Se afaste do que está acontecendo (saia do quarto, dê uma volta ao
ar livre, etc). Pode inclusive dizer ao seu filho: “mamãe está ficando
brava e precisa de um tempo para se acalmar antes de continuarmos
essa conversa” - isso vai inclusive ensinar a ele o que fazer quando
se sentir assim)
Beba um copo d’água devagar
E as crianças? Se isso já é difícil de fazer como adulto, como deve
ser para elas? O primeiro passo é ensinar sobre as emoções para as
crianças. Sejam criativos, façam barquinhos de papel e movimentem a
água, usem plaquinhas vermelhas, amarelas e verdes para elas entenderem
quando precisam parar, façam o corpo delas desenhado e peçam para
pintarem aonde sentem as emoções. Ensinem sobre as emoções para seus
filhos e sobre a importância de senti-las e de lidar com elas.
Todas as práticas acima enumeradas podem funcionar para elas
também e, se forem mais novas, recomendo a utilização do Cantinho da
Calma: um ambiente cheio de materiais, imagens, música, ou o que fizer
mais sentido e que você perceba que ajuda seu filho a se acalmar. Faça
junto com ele esse espaço, para que seja um lugar agradável e não de
castigo. Quando ele estiver muito nervoso, você pode levá-lo para este
ambiente e pedir que ele fique ali e use o que quiser para se acalmar e
depois vocês conversam (travesseiro ou almofada para ele bater, geleca
ou massinha para ele apertar, música para ele dançar ou apenas escutar,
bolinhas de sabão para ele assoprar, dentre diversas outras atividades
que o ajudem a lidar com as próprias emoções).
Simplificando como o cérebro funciona
Para ficar fácil entender a dificuldade de lidar com as emoções na
infância e o motivo de não conseguirmos ensinar lições quando a criança
está experimentando fortes emoções, podemos dividir o cérebro em
quatro partes: lado direito, lado esquerdo, andar de cima e andar de
baixo.
O primeiro passo, diante de um descontrole emocional, é integrar os
dois lados: o direito se relaciona com a conexão emocional, enquanto o
esquerdo se relaciona com as lições e com a condução de informações.
Quando as grandes emoções do cérebro direito estiverem saindo do
controle, ajude a criança a contar a história do que está acontecendo
para que o cérebro esquerdo possa encontra sentido na experiência, ou
seja, se interesse pelo desconforto do seu filho, pergunte a ele o que
aconteceu e o motivo pelo qual ele está agindo assim, peça que ele te
conte como tudo ocorreu, o que ele sentiu e o ajude nessa empreitada.
O segundo passo é integrar o cérebro do andar de cima e do andar
de baixo. Mas que partes são essas? O andar de baixo diz respeito a um
cérebro mais primitivo, que já está formado desde que nascemos e que é
responsável pelas reações imediatas, pelas funções básicas, impulsos e
fortes emoções. Já o andar de cima envolve o córtex cerebral, que só
está plenamente desenvolvido por volta dos 25 anos. Essa estrutura nos
possibilita uma perspectiva mais completa do mundo e permite processos
mentais mais complexos, como pensar, imaginar e planejar. Quando bem
desenvolvido ou estimulado, ele é capaz de “dominar” as ações do cérebro
de baixo acalmando as reações intensas, os impulsos e as emoções.
Diante de um descontrole emocional, as partes de cima e de baixo se
desconectam, principalmente na infância, momento em que sequer o
córtex está formado ainda. Cabe então aos pais exercerem a sua função.
Para tanto é necessário acolher a criança para depois ensinar novas
maneiras de se comportar.
Acalme primeiro a criança e depois questione-a sobre diferentes
formas de agir, envolva-a na solução, ajude-a a nomear e expressar seus
sentimentos, peça para que ela escreva num diário ou desenhe suas
emoções, pontue as emoções de outras pessoas para trabalhar empatia e
vá ajudando o córtex a se desenvolver de maneira saudável.
Ciclo da conexão sem drama

Este ciclo é uma estratégia de 4 passos para conseguir acessar a


criança quando ela está desorganizada, porém sem abrir mão de uma
disciplina efetiva:
1. Comunicar consolo
No primeiro momento de descontrole da criança, os pais devem se
colocar como disponíveis para tentar entender genuinamente o que está
acontecendo, para acolher o que ela está sentindo e para mostrar que,
mesmo diante do comportamento indevido, ela continua sendo amada por
você. É importante diferenciar que trata-se de acolher a criança e seus
sentimentos, mas não o seu comportamento ou atitude inapropriada. Isso
é possível colocando-se em uma postura não ameaçadora, utilizando um
tom de voz e as feições calmas e receptivas e usando do toque, caso seja
uma estratégia que funciona para acalmar a criança e que faça sentido
para você.
Ex: irmão pega o brinquedo da criança e ela fica nervosa e bate nele
- tente se colocar no nível da criança, diga a ela que essa não é uma
atitude permitida, mas que você quer entender o que levou ela a agir
assim: “Filho, o que você sentiu quando seu irmão pegou o seu brinquedo?
(ajude-a nomeando o sentimento de raiva; aproveite a oportunidade para
educar sobre as emoções) Nós não usamos a agressividade para resolver
nossos problemas, então o que te deixou com tanta raiva? A mamãe ama
você, mas não irá permitir que você bata em ninguém.”
2. Validar
Dando continuidade ao acolhimento, valide as emoções que a criança
expôs, mostre para ela que é normal sentir-se assim, não minimize a dor
que ela está sentindo; por trás de todo mal comportamento existe um
sentimento de não pertencimento que deve ser acolhido e respeitado. Mas
lembre-se: validar a emoção não é validar o comportamento.
Ex: “É normal sentir raiva quando isso acontece, a mamãe sentiria o
mesmo, mas precisamos encontrar outras formas de lidar com essa raiva,
pois bater não é permitido. Lembre-se que não usamos violência e nem
machucamos ninguém (aproveite a oportunidade para fixar os valores
familiares importantes e inegociáveis)”
3. Escutar e compartilhar
Peça que a criança te conte a versão dela, o seu ponto de vista sobre
o que aconteceu e escute de maneira autêntica e genuína. Este é um
momento que proporciona abertura para que ela expresse seus receios e
fantasias, dando a oportunidade dos pais conhecerem a fundo o que está
gerando um possível padrão agressivo de comportamento. Aproveite
também para compartilhar a maneira como você se sentiu diante do
comportamento externalizado por ela e seja verdadeiro, lembrando
sempre de se referir à atitude da criança e nunca a ela mesma.
Ex: “A mamãe fica muito triste quando você toma essa atitude,
porque sente que você não está sendo respeitoso com as outras pessoas,
e nós devemos sempre respeitar uns aos outros. Mas eu gostaria de saber
como tudo aconteceu? Eu gostaria de ouvir a sua versão e o que te levou
a agir dessa maneira extrema?”
4. Refletir
Este é um momento muito importante, pois iremos devolver a
narrativa da criança e, como ela já estará bem mais calma, propor que
pensemos juntas em uma solução diferente, tanto para o que aconteceu
(reparação) quanto para as próximas vezes que ela se sentir dessa forma
(prevenção).
Ex: “Filho, você me disse que sentiu muita raiva quando seu irmão
pegou o brinquedo que você estava usando e que não foi a primeira vez
que isso aconteceu, então você perdeu o controle e bateu nele certo?
Mas já sabemos que essa não é a melhor forma de agir, então vamos
pedir desculpas ao seu irmão e pedir a ele que da próxima vez peça
emprestado o brinquedo se você estiver usando, porque da forma que ele
agiu você se sentiu desrespeitado, o que você acha? E se isso acontecer
de novo, vamos tentar colocar a mão na barriga para respirar e esperar
a onda da raiva passar, para que você vá até o seu irmão e peça o seu
brinquedo de volta, mostrando para ele que a atitude dele está errada e
você não irá aceitar isso?”
E por que é tão difícil conseguirmos agir dessa forma e seguir esse
ciclo, mesmo sabendo que é a única maneira eficaz de realmente
promover aprendizados duradouros? Dois são os fatores principais:
A dificuldade de conseguirmos manter o autocontrole diante do
descontrole da criança (birra, gritos, choros, agressividade), o que
pode ser contornado quando aprendemos a lidar com as nossas
próprias emoções através da autorregulação emocional que falamos
anteriormente;
O fato de nos sentirmos desafiados, agredidos ou simplesmente de
não conseguirmos entender o motivo de nossos filhos estarem se
comportando tão mal.
Mas você sabia que por trás de todo mal comportamento existe um
motivo, ainda que inconsciente?

O mal comportamento

Dentre os diversos motivos que levam nossos filhos a se desregularem


e se expressarem de maneiras inadequadas, abaixo estão os mais comuns.
E a importância de conhecê-los é que, ao saber que eles não fazem o que
fazem apenas para nos irritar ou simplesmente porque são mal educados,
facilita para que tenhamos paciência na hora de ensinar maneiras mais
adequadas de agir, além de promover a autorreflexão e nos ajudar a
interferir não apenas no comportamento, mas naquilo que está fazendo
com que ele apareça.
Sendo assim, por trás de um mal comportamento pode haver:
Adequação a fase do desenvolvimento: a idade cerebral da criança,
ainda não permite que ela tenha capacidade de se expressar de
outras maneiras, como por exemplo a birra aos 2 anos; o choro,
nesse momento, é a sua única forma de comunicação
Ausência de habilidade específicas: as vezes nós esquecemos disso,
mas a criança precisa ser ensinada, pois muitas vezes ela nem sequer
sabe como agir diferente diante de algum acontecimento que a deixe
desconfortável; lembre-se que o exemplo em casa é a principal
forma de aprendizagem que a criança vivencia; a maneira como os
pais agem diante de momentos desafiadores vai direcionar o
comportamento da criança
Questões fisiológicas: aqui é de extrema importância pontuar a
necessidade de uma rotina adequada, de um sono reparador e de
uma alimentação de qualidade, pois até os adultos, quando
experimentam uma noite mal dormida, por exemplo, ficam mal
humorados e impacientes ao longo do dia
Sensação de desencorajamento: quando a criança sente que não
pertence ou não se sente aceita e importante, ela tende a se
comportar mal, pois não acredita ser capaz de agir diferente, não
acredita em si mesma e não recebe esse voto de confiança do mundo
externo, entrando em um modo defensivo de lidar com o mundo
Objetivos equivocados: muitas as vezes as crianças se comportam de
maneira errada, pois algumas necessidades não estão sendo
atendidas e elas não sabem como agir diferente. Estes objetivos são:
> Atenção indevida: muitas vezes a criança busca atenção através do mal
comportamento; a atenção é o maior reforçador que uma criança pode
ter e se ela não está tendo o suficiente dos pais, muitas vezes só lhe
resta essa forma inadequada de consegui-la
> Poder mal dirigido: as vezes a criança sente que tem tão pouco controle
sobre sua própria vida, que começa a disputar poder com os pais a partir
de atitudes equivocadas
> “Vingança”: as vezes a criança sente-se magoada por algo que os pais
fizeram ou pela forma como agiram e sua forma de lidar com isso é se
comportando mal para atingi-los da mesma forma que se sentiu atingida
> Inadequação assumida: nesse caso, que se relaciona com o
desencorajamento acima citado, a criança sente tanta dificuldade em ser
aceita e em sentir-se importante, que atua no modo de enfrentamento
como única estratégia de defesa que consegue encontrar
Relações de cooperação e respeito
Além de algumas orientações e estratégias que já foram faladas aqui,
algumas mudanças na rotina e na maneira de se relacionar com os filhos
podem ser adotadas para tentar contornar esses mal comportamentos.
Porém, a intenção não é interromper o comportamento em si, mas agir
na causa para que eles parem de ocorrer de forma duradoura e se
alcance um relacionamento mais saudável, de cooperação e respeito:

Tempo especial: defina um momento


DIÁRIO, de no mínimo 20 minutos, que
será vivenciado apenas entre os pais e o/s
filho/s e no qual vocês definirão juntos o
que irão fazer (de preferência deixe a
escolha a cargo da criança e se envolva na
brincadeira). Neste momento é preciso
estar inteiramente presente e ele não deve
ser retirado como punição para eventuais
mal comportamentos

Sempre verbalize amor e carinho, adote a comunicação gentil e, se


fizer sentido, utilize o toque para transmitir amor
Dedique tempo para ensinar habilidade mais saudáveis (sempre em
momentos em que a criança estiver calma - faça acordos,
combinados, ceda no que for possível e peça para que ela faça o
mesmo) e seja exemplo
Não force, peça ajuda primeiro: ainda que seja algo de nossa
responsabilidade, quando somos lembrados ou requisitados a fazer
algo com respeito, temos mais boa vontade para agir - lembre-se
que seu filho também é um ser com vontades e desejos; cuidado com
a maneira sempre impositiva de falar
Envolva a criança na busca por soluções diante de seus erros; faça
com que ela se sinta capaz e motivada a agir diferente
Use os 3 Rs da recuperação se foi você quem causou a mágoa:
Reconhecer o erro + Reconciliar (pedir desculpas) + Resolver (se for
possível, reparar o erro)

Envolva a criança na criação de rotinas e depois deixe que a própria


rotina oriente o dia a dia, afinal, a criança também participou dessa
organização, o que traz um senso de comunidade e parceria e facilita
que ela siga o que foi definido (use recursos visuais no planejamento).
Lembre-se que a criança tem um tempo diferente do adulto e isso
precisa ser levado em consideração criação da rotina
Ofereça escolhas limitadas, dentro daquilo que não pode ser
negociado (exemplo: Escovar os dentes antes de dormir é preciso,
mas você quer escovar no banheiro ou no quarto? Com a escova
verde ou azul?)
Use honestidade emocional para falar de seus próprios sentimentos

Proporcione pequenos passos que você sabe que


a criança conseguirá fazer e comemore cada
um desses êxitos

Aprecie e reforce cada tentativa e cada comportamento positivo


que ela emita e concentre-se nas suas realizações e potencialidades,
valorizando o processo (”Parabéns! Bom trabalho! Você é capaz!”)
Consistência e persistência são necessárias - nenhum
comportamento já estabelecido irá mudar de uma hora para outra.
Não desista!
E lembre-se, o erro faz parte do processo. O importante é cultivar
um relacionamento mais gentil e respeitoso no dia a dia, pois quando as
variáveis externas, ou até mesmo internas, tornarem impossível o
autocontrole, a reação emocional exagerada será a exceção e não irá
pautar os futuros comportamentos do seu filho.
Seja gentil e cuidadoso com você também; se perdoe. Afinal, o analista
Carl Jung nos deixa o maior ensinamento de todos: “conheça todas as
teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja
apenas outra alma humana”.
Manuela Maciel Frota
Psicologia infanto-juvenil e Orientação parental

Pós-graduação em Desenvolvimento Infantil


Formação em Orientação Parental e Parentalidade Consciente
Formação no atendimento da Primeira Infância
Especialização no manejo de ansiedade e depressão pelos
fundamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental
Especialização no manejo de comportamentos disruptivos

CRP/DF 26.577

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