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TRABALHO

FINAL
DE CURSO

CERTIFICAÇÃO EM PARENTALIDADE E EDUCAÇÃO


POSITIVAS

ALUNA: INGRID DE OLIVEIRA PESSÔA MELLO

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INDICE

- INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3

- AUTORREGULAÇÃO E OS SENTIMENTOS ............................................................................ 4

- EVOLUÇÃO DA MATURIDADE EMOCIONAL ........................................................................ 5

- A IMPORTÂNCIA DA NOMEAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS SENTIMENTOS ............................... 7

- A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO .......................................................................................... 9

- AUTORIDADE PARENTAL .................................................................................................. 11

- AUTOESTIMA ................................................................................................................... 12

- RESILIÊNCIA DA CRIANÇA ................................................................................................ 13

- COMUNICAÇÃO POSITIVA E NÃO-VIOLENTA .................................................................. 14

- CONCLUSÃO .................................................................................................................... 15

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INTRODUÇÃO

Trata-se de trabalho de final de curso da Certificação em Parentalidade e Educação


Positivas. O presente trabalho busca compilar e sistematizar todo o conhecimento apresentado
no encontro presencial, bem como os livros básicos da certificação e estudos pessoais.

A missão da educação positiva é levar para os lares e empresas a felicidade, para que
através de uma forma de educar mais amorosa, todas as pessoas possam ter prazer na vida e
em família.

Esta filosofia da parentalidade e educação positivas é uma filosofia que tem por base
o respeito mútuo entre todos que convivem com as crianças. Respeito mútuo é uma
competência social que é ensinada aos filhos e começa a partir do adulto.

São pilares de uma parentalidade e educação positivas: respeito mútuo, vínculo,


parentalidade pró-ativa, educar sem punir e liderança empática.

Ao aplicar uma educação respeitosa, temos que ter em mente que quem manda em
casa são os pais. Não temos que ter medo de exercer nossa autoridade dentro do lar.

Temos uma missão, enquanto pais, que é educar nossos filhos para serem melhores
pessoas. Nós formamos e educamos os filhos para que eles possam seguir a vida seguros e,
assim, possamos estar sempre ao lado deles para apoiá-los e andar lado a lado.

Desta forma, o presente trabalho busca trazer os principais princípios e teorias da


educação positiva para serem aplicados de forma prática, mostrando que esse modelo parental
de educação respeitosa é possível para ser aplicado em todos os lares e está disponível para
todos os pais que querem romper o antigo padrão de uma educação autoritária.

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- AUTORREGULAÇÃO E OS SENTIMENTOS

Autorregulação é necessária para se equilibrar emocionalmente, identificar e gerir as


suas próprias emoções. Não é necessário saber identificar qual emoção se está sentindo
precisamente no momento, mas, é necessário saber regular os próprios atos.

Desta forma, autorregulação é agir sentindo a emoção intensa e mesmo assim


conseguir escolher a ação que trará melhor benefícios para solucionar determinada situação de
maneira pacífica.

Se autorregular é uma escolha de comportamento que trará melhores benefícios para


a situação enfrentada.

É importante que os nossos filhos percebam que vivemos todos juntos no mesmo
ambiente. As atitudes deles influenciam o ambiente como a nossa atitude influencia a atitude
deles.
É fundamental enfatizar que, não importa o quanto os sentimentos de nossos filhos
possam nos parecer sem sentido e frustrantes, são reais e importantes para eles. É vital que os
tratemos assim em nossas reações.

Não é necessário agredir o outro com palavras para que a mensagem seja passada. Ao
se autorregular conseguimos manter o foco na mensagem que deve ser efetivamente ouvida ao
mesmo tempo que se consegue resolver a situação de forma efetiva.

Autorregulação é a escolha pessoal de resolver a situação da melhor forma, com o


controle das atitudes pessoais. Quando não conseguimos fazer a autorregulação, nos sentimos
frequentemente arrasados, culpados, tristes e irritados.

A Autorregulação não acontece de forma espontânea e natural. É uma escolha


consciente e pensada nas atitudes que se vai tomar e como agir. É saber ter um novo olhar, sair
de si, observar a situação de outra perspectiva e – assim – escolher agir.

Ensinar as crianças a se autorregularem e a controlar seus próprios sentimentos é


ensiná-las sobre inteligência emocional e autoconhecimento. Uma criança que consegue se
autorregular, escolhe como agir e se torna mais consciente de seus atos.
Inteligência emocional é a capacidade que eu tenho de me relacionar com minhas
própria emoções e com as emoções dos outros.

Quando somos emocionalmente inteligentes, temos cinco habilidades básicas:


a) Autoconhecimento emocional: reconhecendo e acolhendo as nossas emoções e
sentimentos.
b) Controle Emocional: capacidade de lidar com sentimentos.
c) Auto-motivação: usar as emoções para a autorrealização.
d) Reconhecer as emoções nos outros: quando reconhecemos as emoções dos
outros, nós fazemos prova de empatia.
e) Aptidão social: a aptidão social nos ajuda a fazer uso das competências sociais.

O primeiro passo para sermos emocionalmente inteligentes é identificar as nossas


emoções e dos outros, reconhecendo-as de forma empatia e validando-as.

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A inteligência emocional é dividida em fases. São elas:

1) KNOW YOUR SELF: é conhecer a si mesmo e estar sempre atento aos padrões de
comportamentos e gatilhos.
2) CHOOSE YOURSELF: escolha a si mesmo. É a escolha de comportamento,
autorregulação, aceitar as próprias emoções. Autorregulação é disciplina. Sempre se
lembrar: qual é a real intenção? Não escolhemos aquilo que sentimentos, mas
escolhemos o comportamento, como nos portamos quando estamos diante de
determinada decisão.
3) GIVE YOURSELF: dar a si mesmo. É a consciência das próprias atitudes. O que te faz
fazer isso? Porquê? É autoconsciência e responsabilidade dos próprios atos.

O que faz de alguém má pessoa não são as emoções que ela tem (raiva, medo, ódio,
inveja...), mas sim, as ações que ela escolhe tomar quando sente a emoção. Logo, posso sentir
ódio de alguém e escolher calar ou posso escolher matar ou bater. As atitudes que determinam
quem a pessoa verdadeiramente é.

Precisamos ter a consciência de identificar quais são os tipos de comportamentos que


gostaríamos de ter. Depois, imaginar a situação mentalmente no futuro para escolhermos e
modelarmos nosso comportamento, treinando como agir em cada situação. Após essa tomada
de consciência, é necessário se colocar em ação para se comportar diferente de forma positiva.

Conforme os pais se tornam mais conscientes e emocionalmente saudáveis, seus filhos


colhes tais recompensas e tornam-se igualmente saudáveis.

- EVOLUÇÃO DA MATURIDADE EMOCIONAL

O cérebro determina quem somos e o que fazemos. Como é significativamente


moldado pelas experiências que oferecemos como pais, saber a forma como o cérebro muda
em resposta à nossa forma de criar os filhos pode nos ajudar a torna-los mais fortes e resilientes.

Existe uma necessidade eminente de se compreender como o cérebro de nossos filhos


funciona, para podemos estabelecer uma cooperação muito mais rápida e, frequentemente,
com muito menos drama e desta forma, estabelecermos uma parentalidade mais tranquila e
harmoniosa na condução da educação dos nossos filhos.

Conforme novos estudos, o cérebro atinge sua maturidade aos 25 (vinte e cinco) anos
de idade do indivíduo. Atingir a maturidade significa que todas as suas funções executivas (falar
com clareza, pensar, regular as emoções) estão na sua plenitude.

Isso se dá somente aos 25 anos, porque o cérebro precisa de experiências para


construir sua maturidade. As experiências diárias moldam a maturidade do cérebro.

A maioria da pessoas não pensa que nosso cérebro tem muitas partes diferentes com
funções diversas. O lado esquerdo, por exemplo, nos ajuda a pensar logicamente e a organizar
pensamentos em frases, e o lado direito, a sentir emoções e a ler sinais não verbais.

Temos ainda um “cérebro reptiliano” que nos permite agir instintivamente e tomar
decisões de sobrevivência em frações de segundos, e um “cérebro mamífero” que nos guia em
direção a conexões e relacionamentos.

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O cérebro também é dividido em hemisférios esquerdo e direito. O hemisfério
esquerdo está mais desenvolvido na maior parte dos seres humanos e gosta de ordem, lógica e
precisa de explicações para funcionar corretamente.

A negação das nossas emoções é o único perigo que enfrentamos quando contamos
demais com nosso cérebro esquerdo. Podemos também nos tornar literais demais, o que nos
deixa sem um senso de perspectiva, esquecendo o significado que resulta de colocar as coisas
em um contexto.

Já o hemisfério direito é holístico, integrativo, observa o panorama geral. Nessa parte


do cérebro, não existem informações engavetadas ou em caixas especificas. Ele diz respeito a
tudo que não é verbal. Esse hemisfério é ótimo para perceber, mas péssimo em interpretar o
que vê.
Ao conectarmos primeiramente com o cérebro direito dos nossos filhos, podemos
redirecionar o conflito com o cérebro esquerdo, por meio de explicação lógica e planejamento,
que exigem que o hemisfério esquerdo deles entre na conversa. Essa abordagem permite que
se use os dois lados do cérebro de forma integrada e coordenada.

Se somente um dos lados do cérebro for desenvolvido, é como se metade das funções
corporais não existissem. Ou seja, é como se nadássemos com um braço só. Teríamos
dificuldade, seria mais difícil conseguir equilíbrio e perderíamos muito mais do que
conseguiríamos ganhar.

O segredo para o bom funcionamento cerebral é ajudar todas as partes do cérebro a


trabalharem juntas, ou seja, integrá-las. A integração pega partes diferentes do cérebro e as
ajuda a trabalharem juntas, como um todo. A integração coordena e equilibra as regiões
separadas do cérebro que conecta. É fácil perceber quando nossos filhos não estão integrados
– eles ficam imersos nas próprias emoções, confusos e caóticos.

As crianças até 03 (três) anos tem o lado direito do cérebro mais desenvolvido e ativo,
uma vez que ainda não desenvolveram as capacidades da lógica e da palavra (que é uma
característica do lado esquerdo, por exemplo).

Para vivermos uma vida equilibrada, significativa e criativa, repleta de


relacionamentos conectados, é fundamental que nossos dois hemisférios funcionem juntos.

Acima da nossa arquitetura cerebral básica e de nosso temperamento inato, os pais


têm muito a fazer para oferecer os tipos de experiência que ajudarão a desenvolver um cérebro
resiliente e bem integrado.

O cérebro também é dividido em andar de cima e andar de baixo. No andar de cima


do cérebro se localizam as funções executivas, o autocontrole, a autorregulação. É onde
também estão localizados a flexibilidade cognitiva (que é a capacidade de ver as coisas por
outros prismas), a empatia, aprendizagem, razão e a maturidade.

Assevera-se que empatia NÃO é uma emoção. Empatia é a qualidade de se colocar no


lugar do outro e conseguir voltar a si mesmo. Só um cérebro minimamente desenvolvido e
integrado pode se comportar assim. A partir dos quatro anos a criança já consegue demonstrar
e desenvolver a empatia.

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Já o cérebro do andar de cima é o cérebro emocional, onde fica o sistema límbico. Ele
guarda as emoções e a memória emocional, temos que asseverar que as emoções são algo que
vivemos de forma involuntária, simplesmente acontecem. Já o sentimento é uma MEMÓRIA
DAS EMOÇÕES.

No sistema límbico estão localizados a amígdala, o hipocampo e o tálamo. A amígdala


recebe todas as emoções sentidas. É uma forma instintiva de agir, é totalmente primitivo. Já o
hipocampo lida com as memórias de longa duração, nos ajuda a tomar decisões e todas as
decisões são emocionais. O tálamo é ligado à regulação emocional e transformação das
emoções.

Se a criança se encontra em uma situação de total desintegração cerebral, nervosismo


e um ataque de birra do andar de baixo acontece, os pais precisam de uma resposta
completamente diferente do que se fosse uma explosão emocional decorrente do andar de cima
do cérebro. Enquanto a criança que tem o ataque de birra do andar de cima precisa de uma pais
que estabeleça limites firmes rapidamente, uma reação adequada a um ataque de birra do andar
de baixo é muito mais carinhosa e reconfortante por parte dos adultos-referência da criança.

Lembrar que os hemisférios não lidam com as emoções ou razão, somente com a
informação recebida, que pode ser ou não interpretada.

Ao usarmos momentos diários podemos influenciar com qual eficiência o cérebro dos
seus filhos crescerá para se integrar.

Como resultado, os filhos prosperarão emocional, intelectual e socialmente. Um


cérebro integrado resulta em tomada de decisão aprimorada, melhor controle do corpo e das
emoções, auto-compreensão mais completa, relacionamentos mais fortes e sucesso escolar.
Tudo começa com as experiências que os pais e outros cuidadores oferecem, estabelecendo as
bases para a integração e a saúde mental.

- A IMPORTÂNCIA DA NOMEAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS SENTIMENTOS

Quando nós tomamos consciência dos nossos sentimentos, nós conseguimos falar
sobre eles, comunicá-los, moldar nossos comportamentos, expressá-los e assim, resolver o que
quer que seja de maneira calma e respeitosa.

As crianças são pequenos seres em desenvolvimento e tem tantos sentimentos quanto


nós adultos. A diferença é que como o cérebro deles não tem o desenvolvimento que o dos
adultos tem, dificilmente eles conseguem entender o que sente, nomear seus sentimentos e
lidar com a emoção do momento. É muita coisa para eles lidarem! Logo, os sentimentos deles
são tão importantes e válidos quanto os nossos.

Ensinar a identificar os sentimentos é uma grande ferramenta de vida que podemos


ensinar para nossos filhos. E podemos fazer isso amorosamente de forma respeitosa através da
nomeação de sentimentos.

Nosso trabalho como pais e mães desses pequenos seres em desenvolvimento é ajudar
nossos filhos a terem uma maturidade emocional que os ajude a crescer de forma saudável e
tranquila, administrando e identificando suas emoções. Uma das habilidades mais importantes
que podemos ensinar a nossos filhos é tomar boas decisões em situações de grande emoção.

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Validar sentimento significa reconhecer, respeitar e valorizar os o que está
acontecendo com a criança naquele momento. Pode ser uma crise de choro, uma birra, uma
insatisfação ou um mau comportamento. Validar demonstra que você não está menosprezando
o sentimento da criança, que entende e está ali para ajudá-la a passar por aquele momento.

Ao ensinarmos nossos filhos a falarem sobre sentimentos, você ensina educação


emocional, autorresponsabilidade e autoestima. Ao validar os sentimentos deles demonstramos
que a criança é muito importante para a família, dando a consciência de pertencimento e dando
suporte para enfrentar as situações naquele momento.

Uma forma de validar e nomear os sentimentos das crianças é estimulando que elas
contem histórias sobre o que viveram e como viveram. É importante que crianças de todas as
idades contem suas histórias, uma vez que isso as ajuda a tentar compreender suas emoções e
os eventos que acontecem em suas vidas.

Daniel Siegel nos lembra que as crianças desenvolvam visão mental e, depois,
influenciem os diferentes pensamentos, desejos e emoções rodopiando dentro deles, primeiro
precisam se conscientizar do que realmente estão sentindo. Isso significa que uma das funções
mais importantes ao criarmos nossos filhos é ajudá-los a reconhecer e compreender suas
diferentes consciências individuais.

A motivação para compreendermos porque as coisas acontecem conosco é tão forte


que o cérebro continuará tentando encontrar o sentido de qualquer experiência até conseguir.
Como pais, podemos ajudar nesse processo contando histórias.

Quando ensinamos nossos filhos a compreenderem e nomearem seus sentimentos,


damos a nossos filhos a chance se entender e assim, solucionar seus próprios problemas. Assim,
os pais os ajudam a pensar em comportamentos adequados e em suas consequências e sobre
como o outro se sente e o que quer se comportar.

Uma tarefa MUITO difícil para as crianças é conseguir controlar suas emoções e o que
estão sentindo na hora que uma birra ou um ataque emocional acontece. Mas, inclusive
crianças pequenas tem capacidade de parar e pensar nas suas atitudes, em vez de machucar
alguém com suas palavras ou de forma verbal.

Todas nossas memórias são emocionais. As crianças nem sempre tomarão boas decisões
emocionais, mas quanto mais praticarem alternativas que não sejam partir para o ataque, mais
fortes e capaz se tornará o cérebro do andar de cima delas e entenderão melhor seus
sentimentos e percepções sobre o mundo.

O cérebro muda fisicamente em resposta a novas experiências. Com vontade e


esforço, podemos adquirir novas habilidades mentais. Além disso, quando direcionamentos a
atenção de uma nova maneira, estamos, na verdade, criando uma nova experiência que pode
modificar tanto a atividade, quanto, no final, a estrutura do cérebro em si.

Daniel Siegel nos lembra que quando não damos espaço para as crianças expressarem
seus sentimentos e relembrarem o que ocorreu depois de um acontecimento avassalador, suas
memórias apenas implícitas permanecem na forma desintegrada, deixando-as sem condições
de ver sentido em suas experiências.

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Mas, quando ajudamos nossos filhos a integrarem o passado com o presente, eles
conseguem ver sentido no que está acontecendo dentro deles e obter controle em como
pensam e se comportam.

Uma das melhores ferramentas que você pode dar a seus filhos quando se sentirem
ansiosos ou com medo, ou mesmo quanto estiverem com problemas para pegar no sono é
ensiná-los a visualizar um lugar onde se sintam calmos e tranquilos. Exercícios de visão mental
levam à sobrevivência, que podem ajudar as crianças a lidarem com ansiedades e frustações e,
para crianças mais velhas, até mesmo com a raiva intensa.

Se podemos estimular percepção e empatia nos nossos filhos, lhes daremos o dom da
visão mental, oferecendo-lhes consciência sobre si mesmos e conexão com quem os cerca.

Precisamos ajudar as crianças a compreenderem que as nuvens de suas emoções vem


e passam. Elas não se sentirão tristes, com raiva, magoadas ou solitárias para sempre. Enxergar
a longo prazo não é fácil para um adulto, imagine para uma criança. Assim, precisamos ajuda-
las a compreender que os sentimentos são temporários, em média uma emoção vem e vai em
noventa segundos.

Um dos principais benefícios da perspectiva do cérebro inteiro é que nos capacita a


armazenar os desafios diários de criar filhos, permitindo-nos ir muito além da mera
sobrevivência. Essa abordagem promove conexão e uma compreensão muito mais profunda
entre pais e filhos.

Uma consciência de integração nos dá competência e confiança para lidar com várias
situações de maneira que nos tornemos mais próximos dos nossos filhos, conhecendo suas
mentes e, portanto, ajudando-os a moldá-las de forma positiva e saudável.

- A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO

Existe uma qualidade que deixa a relação parental como segura e essa qualidade é o
vínculo. Vínculo é o ambiente seguro, é a relação parental estruturada e de confiança entre o
adulto e a criança.

Todas as crianças desenvolvem de três a quatro vínculos seguros com seus adultos de
referência, com adultos que convivem e estão na sua vida.

Todas as pessoas na vida da criança são necessárias. É essencial que os pais possam
dar os filhos a oportunidade de conviver com outros adultos para que também se estabeleça
um vinculo com outros adultos importantes para ela, que se tornarão adultos-referência (podem
ser avós, tios, padrinhos).

É muito importante que as crianças tenham outras relações de confiança que não
sejam unicamente a relação de confiança que elas têm com seus pais.

Na adolescência é essencial que exista um vinculo com outros adultos e uma segurança
emocional. Isso porque se o adolescente não tiver isso, ele irá procurar essa segurança em
outros lugares e outros jovens e NENHUM jovem tem condições de ser referência para outro
jovem.

O vínculo não é algo que está ligado à biologia ou acontece de forma recíproca.

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A relação de vinculação consiste em situações dinâmicas que vão depender de todo o
conjunto de experiências que a criança tiver na sua vida. Através da relação de vinculação, que
é uma ligação afetiva, a criança se sente confiante para explorar e desenvolve a capacidade para
responder as adversidades.

Todas as crianças procuram segurança e alguém que cuide delas. Elas precisam de
quantidade de tempo dedicado à elas, mas acima de tudo, precisam de qualidade de presença.
Não é a presença de uma figura maternal ou a intensidade da relação que faz o apego, mas sim,
a qualidade do vínculo.

Vínculo instintivo é aquele no qual as crianças se ligam institivamente a alguém que


cuide delas. O vínculo nas primeiras etapas de vida é para sobrevivência e conexão. O vínculo
instintivo é feito até os sete meses de idade.. Logo, o período entre os sete a oito meses de idade
da criança é o período de manutenção e estabelecimento de vínculo com os adultos.

O tipo de vínculo desenvolvido pela criança tem a ver com a qualidade do cuidado que
lhe é prestado. As pessoas criam vínculos com outras pessoas que oferecem aquilo que elas
querem (afeto, colo, cuidado) e não necessariamente o que elas precisam.

Quanto maior e melhor for a qualidade do vínculo, mais a criança e o adolescente se


sentem próximos do adulto, protegidos e em segurança.

Conforme Mary Ainsworth e sua “Teoria da Situação Estranha”, o vínculo pode ser
Seguro, Ansioso, Evitativo e Desorganizado.

Vínculo Seguro é aquele que tem o adulto referência como elo de segurança. O adulto
dá resposta imediata e adequada às necessidades da criança.

Já no vínculo ansioso a criança não se sente capaz de lidar com as adversidades e


ausências. Ela procura com frequência sinais de que ela é amada e importante para o adulto. O
adulto protege em demasia a criança, não a deixa ser autônoma ou correr riscos.

No vínculo evitativo a criança não sente qualquer vínculo ou amor. A criança é rebelde,
tem uma baixa autoimagem e autoestima. O adulto não responde às necessidades da criança,
promove independência e desencoraja o choro e promove o medo.

Por fim, o vínculo desorganizado é aquele no qual a criança está fechada sobre si,
parece querer afeto, mas aproxima-se como se não quisesse. Tem comportamentos
contraditórios e desinteressados. O adulto apresenta contradições de comportamentos, uma
forma de se comunicar contraditória e confusa. Este tipo de vínculo está frequentemente ligado
à abusos e maus tratos.

Magda Gomes nos apresenta seis ferramentas para se instituir e manter um vínculo
sólido e seguro com as crianças. São elas:

1) Escuta Ativa: praticar a escuta pública é ouvir o que é dito, assim como as
intenções e sentimentos da criança e do adulto.
2) 15 minutos por dia: é um tempo especial e EXCLUSIVO para a criança onde ela
decide o que quer brincar e o que fazer. Se o filho for um adolescente, esse tempo
de 15 minutos ao invés de diário, pode ser feito por duas vezes por semana.
3) Tempo Especial: é bastante similar aos quinze minutos diário, menos na
determinação do tempo, já que no tempo especial, não existe tempo pré-

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determinado. É um tipo de brincadeira mais física, em que há risos e gargalhadas.
Pode ser realizado até de forma espontânea.
4) Dia do filho único: é um momento entre pais e filhos (sem qualquer irmão,
somente os pais e o filho) em que se faz uma atividade da escolha e do agrado da
criança.
5) Toque: o toque transforma a relação e ajuda a estreitar e fortalecer o vínculo. Pode
ser dar banho na criança, ajuda-la a se vestir, dar um beijo de boa noite, tudo SEM
ser no piloto automático.
6) Parceiro que escute: essa ferramenta é voltada ao cuidado e bem estar dos pais.
Encontrar um parceiro que nos escute é fundamental para que os pais consigam
praticar as ferramentas sugeridas e ter segurança para fortalecer os vínculos.

O vínculo é, pois gerador da inteligência da criança. A criança que se sente segura não
se coloca em modo de defesa ou ataque. O seu sistema límbico encontra-se mais tranquilo,
permitindo que as funções executivas do cérebro estejam a funcionar tranquilamente e,
portanto, sejam capazes de aprender, analisar as experiencias e tirar conclusões.

- AUTORIDADE PARENTAL

Há várias formas de fazer as coisas funcionarem dentro do lar sem palmadas, castigos,
gritos ou ameaças. Todas essas coisas funcionam a curto e médio prazo, mas não funcionam a
longo prazo.

A obediência cega pode trazer segurança e manter a ordem social. Mas, tem um lado
extremamente negativo, já que as crianças se tornam pessoas que seguem a ordem dada sem
qualquer pensamento ou questionamento. É importante sempre questionar e levar a pessoa a
pensar o porquê dos seus atos.

Questionar não é nunca um desafio à autoridade parental, mas sim, uma atitude séria
e comprometida de quem quer ser tido e achado.

Pais perfeitos criam crianças inseguras. É extremamente importante que falemos com
nossos filhos sobre a nossa imperfeição.

Segue a caixa de ferramentas para lidar com os desafios parentais e comportamentais


das crianças pequenas:

1) Castigo x consequência:
A consequência precisa estar relacionada com o comportamento. O castigo funciona
imediatamente, mas cria uma relação de poder injusta.
A palmada e o castigo são a lei do menor esforço, já que eles não ensinam nada,
somente sana o mau comportamento com o sofrimento.
A consequência responsabiliza a criança e a ajuda a depender das escolhas pessoais
que ela própria fez.
Na aplicação da consequência temos que ter CUIDADO com o tom de voz para não
se tornar um castigo verbal. A idéia é transferir a responsabilidade para a criança para que ela
tenha consciência e tome uma boa decisão.

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Todas as consequências tem que ser relacionadas, reveladas com antecedência e
repetidas pela criança (a criança repete o que ouviu para confirmar que entendeu a
consequência que será aplicada). As consequências também devem ser razoáveis (tem que
existir uma justiça na aplicação) e tem que respeitar a criança, não devendo nunca haver
qualquer tipo de humilhação.
O foco tem que ser sempre atribuir a responsabilidade para a criança.
2) Decidir o que vai fazer:
Os pais, enquanto cuidadores, devem decidir aquilo que vão fazer e cumprir. Isso
evita o conflito e o jogo de poder com as crianças. Devemos ter a atitude de nunca entrar em
conflito com a criança.
3) Quando ... então
É necessário usar uma voz serena e assertiva para aplicar essa ferramenta. Se
questiona “quando...então” levando a criança a raciocinar sobre suas escolhas. Esta ferramenta
funciona muito bem a partir dos dois anos e meio, antes dessa idade o ideal é usar as escolhas
limitadas para dar o poder decisório à criança.
4) Rotinas
As rotinas são poderosas, mas é necessário que haja consistência na rotina. É
fundamental que a família converse para decidir quais rotinas são aceitáveis e como elas se
darão no dia-a-dia para toda família.
5) Pedir ajuda
Nem toda a forma que devemos nos comunicar com a criança deve ser através de
ordens e imposições por parte dos adultos. Podemos convidar as crianças para cooperarem com
o que estamos sugerindo e precisando, de forma a estimular a participação da criança.
6) Sugerir opções
Até os dois anos e meio é muito fácil sugerir e lidar com escolhas limitadas. A partir
dessa idade, quando os questionamentos são mais frequentes e normais pode parte dos
pequenos, podemos pedir a eles que sugiram uma nova ou diferente opção, de forma a
estimular o raciocínio e a solução de problemas.

- AUTOESTIMA

Autoestima é a qualidade que pertence ao indivíduo satisfeito com a sua identidade,


ou seja, uma pessoa dotada de confiança e que valoriza a si mesmo. É a estima que nutro por
mim mesmo, independente de ter feito algo bom ou ruim.

A autoestima e a forma que nos vemos é formada na infância.

Para desenvolver uma autoestima é necessário que a criança tenha: respeito por si
mesmo e pelos outros, capacidade de se comunicar, resiliência, autodisciplina, autoconfiança e
autoimagem.

Asseveramos que a autodisciplina é a capacidade de identificar o que tem que fazer


primeiro no lugar do que lhes traz mais benefícios. A criança que tem uma autodisciplina tende
a pensar: “ eu tenho mais valor porque sou capaz de fazer”.

Promover autorregulação é a melhor estratégia para promover autodisciplina. A


autodisciplina está diretamente ligada à automotivação.

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Até os quatro anos o impulso da criança é gigantesco. Após isso, as crianças já
conseguem ter noção e se autorregular com consciência. Até os seis anos a criança tem que
aprender a fazer uma autorregulação, não desenvolver isso é muito grave.

Há crianças que já nascem com uma facilidade maior de autorregulação, mas sempre
podemos ensinar, inclusive para as crianças que não tem essa propensão.

A capacidade de se comunicar é fundamental para a criança praticar e ajudar a


criança a saber o que quer e o que se precisa para se exprimir e ser entendida da melhor forma.

É sempre importante perguntar para a criança: “o que você precisa”, “o que você
quer”, para ajudar a criança a pensar e criar uma forma de verbalizar o que está sentindo.

Respeito por si e pelos outros é essencial. É importante ensinar as crianças a


respeitarem os outros, mas é essencial que elas também aprendam a respeitadas a si mesmo.
Esse respeito é um diálogo interno grande, uma noção de si e uma consciência muito elevada.
Quando a criança se sente capaz de falar a sua verdade, então ela terá sabido se comunicar,
escutar e também escutar o outro.

Em relação a autoimagem é imperativo saber que os pais não tem acesso à


autoimagem dos filhos. Mas, pelo que as crianças demonstram, conseguimos ter entendimento
de como eles se veem. A autoimagem pode ser mais ou menos positiva conforma as experiencias
que a criança tem e a leitura que ela faz de suas vivencias e de si mesma.

O nosso objetivo deve ser sempre acordar a voz interior da criança, trabalhando de
forma séria e comprometida para melhorar a forma como ela se vê.

Quando experimentamos uma autoestima saudável há um sentimento grande de


estabilidade, paz emocional e felicidade. Para que essa felicidade seja autêntica, é importante
que a criança continue a desenvolver o pensamento crítico, atento, reflexão e de debate. Isso
ajudará a deixar claro o que são emoções, pensamentos e os próprios fatos.

- RESILIÊNCIA DA CRIANÇA

Resiliência é a capacidade que temos de sair de uma situação limite e em nos


reencontrarmos nos nossos valores e naquilo que desejamos ser. A resiliência está ligada às
experiencias emocionais vividas por uma criança e à leitura que a criança faz de tudo isso.

As maiores conquistas das crianças acontecem quando há relações positivas de


proximidade. Isso significa que, para que possamos exercitar o músculo da resiliência numa
criança, precisamos criar uma relação segura entre todos.

Como fazer isso de forma clara e tranquila? Basta seguir os seguintes passos:
a) Criar um ambiente de paz em casa
b) Respeitar a natureza e sentimentos da criança
c) Ter tempo de quantidade e qualidade com a criança
d) Fazer o dia do filho único com frequência
e) Mudar a comunicação para uma comunicação assertiva e positiva

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Todas as aprendizagens do individuo são sociais. As crianças aprendem pelo modelo
de seus pais. Desta forma, para prover a resiliência na criança é necessário que os pais sejam
modelos consistentes de amor, promovam a segurança emocional e limites claros, dêem poder
de escolha para os filhos bem como um sentimento forte de pertencimento para eles, além de
encorajá-los e deixa-los pensar e participar das decisões.

- COMUNICAÇÃO POSITIVA E NÃO-VIOLENTA

O olhar positivo tem a ver com o olhar gentil para as situações e conseguir criar
oportunidades para o “sim” acontecer, fazendo uma via para as novas soluções na vida, para
olhares melhores e diferentes.

Quando estou a comunicar com alguém, tenho que ter consciência que tenho que
criar oportunidades na conversa.

Quando o objetivo é agregar temos que prestar MUITA atenção nas palavras e no
que falamos. Uma das estratégias é deixar e permitir que a pessoa que está na conversa fale até
o fim, até acabar o que gostaria de efetivamente dizer.

A comunicação não violenta é uma filosofia com ferramentas de comunicação que


aumentam nossa capacidade de ser humano, mesmo sob circunstancias difíceis. Isso nos ajuda
a nos exprimir de forma honesta, clara e empática, respeitando-nos e respeitando o outro.

Quando formos falar algo ou expressar uma opinião, devemos tirar o foco do outro
e volta-lo para si mesmo. Ao invés de apontarmos dedos acusando, devemos focar no que a
atitude do outro nos faz sentir e perceber.

O processo de comunicação não violenta é dividido em quatro partes que são:


observações, sentimentos, necessidades e pedidos.

O mais difícil de um processo de comunicação não violenta é não emitir julgamento


ou opinião. É preciso comunicar as necessidades de forma respeitosa e sem opiniões.

O que se faz nesse processo é descrever o que se vê, o que se sente e de que precisa,
fazendo-se normalmente, um pedido final, é preciso sermos claros e específicos em cada pedido
que fazemos na comunicação positiva.

Um lembrete sempre válido é a responsabilidade pelos nossos sentimentos é sempre


nossa e não do outro.

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CONCLUSÃO

A parentalidade e a educação positivas trazem um novo olhar para a educação, sendo


um meio-termo entre a permissividade e o autoritarismo, tendo sua base no respeito mútuo
com o foco que a função dos pais é educar e humanizar a criança, tornando-a um adulto integro,
são e feliz.

Para termos uma educação e parentalidade positiva é necessário que tenhamos


consciência de nossos atos e dos efeitos destes enquanto pais e mães ou cuidadores principais
de uma criança.

A parentalidade positiva passa pela necessidade de conhecimento e autorregulação


dos sentimentos próprios para que possamos ensinar nossos filhos a se autorregularem e
conseguirem identificar e falar sobre seus próprios sentimentos. Também é necessário que
consigamos entender a importância da nomeação e validação dos sentimentos das nossas
crianças, para que elas consigam crescer com um forte sentimento de pertencimento e
autovalor.

Os pais e cuidadores principais da criança tem que ter a consciência da necessidade


de ensinar a maturidade emocional por meio de um vínculo forte e seguro com seus filhos.
Também é necessário que a autoridade parental seja exercida de forma firme e amorosa, tendo
em vista que as crianças precisam de limites claros e permanentes para crescerem com
segurança e confiança.

Desta feita, educação e parentalidade Positiva são uma filosofia que promove a
relação entre pais e filhos com no respeito, resiliência, autoestima, comunicação positiva e
sobretudo afeto. Pessoas mais felizes são pessoas que fazem as melhores escolhas na vida e a
educação e parentalidade positiva buscam ajudar os pais e cuidadores principais a exercerem e
buscarem as melhores escolhas dentro do lar.

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