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https://novaescola.org.br/conteudo/18281/o-que-o-autoconhecimento-tem-a-ver-
com-a-solidao
São cada vez mais comuns os relatos de professores que têm se sentido sozinhos, sem espaços para
troca e diálogo no ambiente profissional, o que pode afetar sua saúde emocional, minar a capacidade
criativa para desenvolver aulas e projetos, e ampliar as possibilidades de Burnout e depressão.
Para entender quais são os principais influenciadores do pensamento e da ação, é necessário observar
atentamente o fluxo interno das emoções e das reações mais comuns que elas provocam. O que isso
significa? Significa estar sempre consciente do que um acontecimento causa em você. Tristeza, raiva,
felicidade? A partir desse sentimento, quais são as reações em seu comportamento e em seu
psicológico? Sessões de terapia, meditação e até exercícios físicos são importantes aliados para obter
essas respostas.
À medida em que nos tornamos capazes de identificar nossos sentimentos e nossas ações, passamos a
olhar de maneira mais generosa para nós mesmos, aumentando progressivamente as chances de
gostarmos de quem nós somos. Ao promover essa investigação profunda sobre nós mesmos, vamos
aprendendo a ouvir a própria voz e a respeitar o que vem à tona, valorizando as conquistas mas
também aceitando os aspectos menos louváveis do nosso ser.
Com o tempo, vamos nos acostumando com a nossa própria companhia, e encontrar-se sozinho deixa
de assustar tanto. Pessoas com dificuldade de se admirar, reconhecer as próprias qualidades, perceber
seu valor e, sobretudo, se respeitar tendem a ter menos recursos para lidar com a solidão, e a simples
ameaça de ficar sozinho já traz sofrimento.
Embora centrado no indivíduo, o processo do autoconhecimento tem também um lado social. Isso
porque, ao entendermos melhor nosso funcionamento particular, podemos direcionar algumas das
nossas características para construir relações mais equilibradas, inclusive no trabalho.
O livro Pílulas de bem-estar, Daniel Martins de Barros, reúne dicas simples, baseadas em evidências
científicas, para melhorar nossa qualidade de vida. Entre outros assuntos, o psiquiatra destaca como
estimular atitudes mentais e comportamentos para ter relacionamentos mais significativos, já que a
interação com o outro seria um dos pilares para viver melhor, e também propõe o exercício de anotar
pequenas percepções de coisas boas que acontecem ao longo do dia, para avaliar a evolução do nosso
bem-estar. “O melhor é ajudar as pessoas a mudar o foco, fazendo-as ver um pouco mais o lado bom
das coisas”, escreve Daniel sobre a técnica do “diário da gratidão”.
Manter o foco em forças e virtudes para buscar o melhor de si é o que propõe a Psicologia Positiva. O
pesquisador Martin Seligman destaca que a capacidade de adaptação, ou seja, reparar alguns aspectos
negativos e torná-los características positivas, pode trazer transformações pessoais e sociais
importantes.
Na mesma linha, a teoria de Aaron Beck sobre distorções cognitivas evidencia a habilidade de
ressignificar a memória que estrutura as emoções que vivemos, pois trechos ou capítulos inteiros
dessa história estão sujeitos a reedições ao longo do tempo, podendo não corresponder mais ao
roteiro original.
Veja, abaixo, quais são os tipos de pensamentos mais recorrentes aos quais todos estamos sujeitos, de
acordo com a teoria de distorções cognitivas (eles podem estar ocupando a sua mente de maneira
excessiva e desnecessária neste momento, inclusive):
Catastrofização
Pensar que o pior de uma situação irá acontecer, sem levar em consideração a possibilidade de outros
desfechos.
Se eu não conseguir controlar essa turma significa que sou a pior professora do mundo e certamente
serei demitida no final do ano.
Leitura mental
Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras
hipóteses possíveis.
Os outros professores e os pais dos alunos acham que eu não sei dar aula.
Rotulação
Colocar um rótulo global e rígido em si mesmo, em uma pessoa ou em uma situação ao invés de
rotular a situação ou comportamento específico.
A minha coordenadora é ausente.
Minimização ou maximização
Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas,
enquanto o negativo é magnificado.
Eu consegui esse emprego, mas era fácil.
Ao propor uma reconexão consigo mesmo e com a comunidade à sua volta, você terá instrumentos
para elaborar os problemas que te afligem - usando o “diário da gratidão”, por exemplo - e, junto dos
colegas do corpo docente e demais profissionais da escola, enfrentar os desafios do dia a dia,
encontrando soluções mais eficientes, além de sentir que há espaço para compartilhar angústias e
dificuldades.
Depois de identificar seus pensamentos mais comuns e entender que é possível alterar esses padrões,
você pode anotá-los para seu controle individual e compartilhar essa experiência em sua escola, se
encontrar espaço. Isso pode contribuir com a saúde mental de cada um, aumentar o senso de
comunidade e reduzir o isolamento. Você verá que não é o único que tem esses pensamentos.
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