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Sobre a autora

Fisioterapeuta formada pela Universidade


Tuiuti do Paraná em 2018, atua em
neuropediatra a seis anos, envolvendo um
lindo trabalho e uma longa jornada com
crianças dentro do Espectro Autismo e
crianças com lesões de sistema nervoso central
e síndromes. Formação no método PediaSuit,
Conceito Neuroevolutivo Bobath, Theratogs,
Escala motora de Alberta, GMFM, pós
graduanda em fisioterapia neurofuncional, pós
graduanda em ABA.

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Transtorno do espectro autista
O autismo é um distúrbio complexo do
desenvolvimento neurológico, que afeta
órgãos e sistemas. Pessoas com transtorno do
espectro autista (TEA), apresentam prejuízos
na interação e na comunicação social e
padrões restritivos de comportamento,
interesses e atividades. Essas características
variam qualitativamente dentro de um
espectro: desde autismo clássico, com déficit
intelectual importante, até autismo de altas
habilidades intelectuais e acadêmicas, sendo
também considerados os problemas sensoriais
e perceptuais.
Este espectro se compõe com
especificidade, intensidade e gravidade dos
sintomas, qualidade da linguagem e do
comportamento e grau de autonomia. Muitas
pessoas com autismo apresentam alterações
motoras. Essas alterações podem ser sutis ou
muito limitantes, impactando no
desenvolvimento ao longo de todo o ciclo de
vida.

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O papel da fisioterapia no Autismo

A fisioterapia desempenha um papel crucial


no tratamento do autismo, oferecendo uma
ampla gama de benefícios:

Desenvolvimento Motor: Ajuda a melhorar a


coordenação motora e a força muscular,
permitindo que crianças com autismo
alcancem marcos de desenvolvimento motor
típico.
Controle Sensorial: Auxilia na regulação das
respostas sensoriais, ajudando crianças a lidar
com sensibilidades sensoriais.
Comunicação: Melhora a postura, a respiração
e a expressão facial, contribuindo para o
desenvolvimento da comunicação verbal e
não verbal.
Comportamento: Pode reduzir
comportamentos inapropriados como choro,
birra entre outros, ao ensinarmos técnicas de
relaxamento e controle emocional.

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O papel da fisioterapia no Autismo

Socialização: Facilita a participação em


atividades físicas em grupo, promovendo
interação social e habilidades sociais.

Qualidade de Vida: Contribui para o alívio da


dor, melhora da postura e mobilidade, e
promove o bem-estar geral.

A fisioterapia, quando integrada a uma


abordagem multidisciplinar, desempenha um
papel essencial no desenvolvimento global e no
melhoramento da qualidade de vida de pessoas
com autismo, atendendo às suas necessidades
únicas.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
Dentro do espectro autismo frequentemente
observamos comportamentos considerados
indesejáveis pelos pais, responsáveis e nós
profissionais, o que se torna um desafio
dentro da fisioterapia.
Um exemplo é, quando a criança demonstra
um forte desejo por um brinquedo e busca
obter acesso a ele por meio da mediação de
alguém. No entanto, quando esse acesso não
é permitido, isso pode desencadear diversos
efeitos no comportamento da criança.
Inicialmente, ela pode persistir em suas
tentativas de obter o que deseja, continuando
a pedir insistentemente. À medida que sua
abordagem não é bem sucedida, outros
efeitos podem ser observados em seu
comportamento como alteração na
entonação da voz, em que a criança fala mais
alto, como choros, gritos intensos, a criança
pode ter comportamentos agressivos a ela
mesma ou a quem estiver mais próxima da
mesma, o que é altamente indesejado por
todos que convivem com a criança.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
Dentro do espectro autismo frequentemente
observamos comportamentos considerados
indesejáveis pelos pais, responsáveis e nós
profissionais, o que se torna um desafio
dentro da fisioterapia.
Um exemplo é, quando a criança demonstra
um forte desejo por um brinquedo e busca
obter acesso a ele por meio da mediação de
alguém. No entanto, quando esse acesso não
é permitido, isso pode desencadear diversos
efeitos no comportamento da criança.
Inicialmente, ela pode persistir em suas
tentativas de obter o que deseja, continuando
a pedir insistentemente. À medida que sua
abordagem não é bem sucedida, outros
efeitos podem ser observados em seu
comportamento como alteração na
entonação da voz, em que a criança fala mais
alto, como choros, gritos intensos, a criança
pode ter comportamentos agressivos a ela
mesma ou a quem estiver mais próxima da
mesma, o que é altamente indesejado por
todos que convivem com a criança.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
Devido à adversidade dessas reações
emocionais de frustração da criança,
muitas vezes o responsável acaba cedendo
e permitindo que ela obtenha o que deseja.
Embora essa abordagem possa trazer um
alívio imediato para o responsável, uma vez
que as reações emocionais podem cessar
logo após a criança obter o que
aparentemente deseja, efeitos indesejados
são comumente observados nas
frequências dos comportamentos no
futuro. Ao longo do tempo e em outras
oportunidades, é comum observar um
aumento na frequência de
comportamentos como choro e gritos
controlados pelo objetivo de obter acesso a
algo desejado no momento. Essa dinâmica
pode criar um padrão problemático, no
qual a criança aprende que essas respostas
emocionais intensas são eficazes para
obter o que deseja, resultando em
comportamentos indesejados cada vez
mais frequentes.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
É importante considerar estratégias
adequadas para lidar com essas situações,
de modo a evitar reforçar
inadvertidamente comportamentos
indesejáveis e promover alternativas mais
adequadas para a criança expressar suas
necessidades e desejos, principalmente
dentro das atividades motoras onde exige
força, saída da zona de conforto o que para
eles é algo dificultoso, dado as na maioria
das vezes pela hipotonia e alteração no
controle postural.
Contudo no exemplo mencionado, a
hipótese funcional é de que, em
determinadas circunstâncias em que a
criança tem uma necessidade não
atendida (privação), e há outra pessoa,
como um adulto, que pode mediar o
acesso ao que ela deseja, a criança aprende
que deve emitir comportamentos
indesejáveis, como chorar, se bater, gritar,
se jogar no chão, como condição para
obter o que deseja.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
RESUMO
Comportamentos como choro, birra, se
jogar no chão são comportamentos que
aparecem principalmente quando a
criança está a frente a uma situação que
ela não deseja ou quando ela quer algo,
aparecendo então diante de situações de
fuga, de não querer fazer parte da
atividade proposta, acontecendo tanto
quando é dado uma demanda motora,
quanto uma demanda cognitiva, sendo
assim temos que entender o por que esse
comportamento acontece, antes mesmo
de intervir, identificando a causa dele para
que assim possamos de fato orientar,
reduzir ou até mesmo extinguir esse
comportamento por tanto nós quanto
profissionais devemos pensar:

1. Qual é o motivo dessa birra?

2. que está acontecendo que está gerando


esse comportamento?

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
RESUMO
Crianças que não possuem uma
comunicação funcional, tornam-se um
desafio tanto para profissionais quanto
para a família, mas quando conseguimos
identificar o motivo desse, choro, dessa
birra, a gente tem que entender que se ela
ta se jogando no chão por exemplo por que
ela não quer fazer a atividade, eu não
posso então fornecer a ela a opção dela
fugir dessa atividade, não podemos ceder.
Isso muitas das vezes se torna conflitante
para as famílias, pois acabam tirando a
criança dessa demanda, onde a cada vez
que fazemos isso, é mais uma
oportunidade, é mais uma situação que
esse comportamento está sendo reforçado,
ficando gravado na criança, passando a
ficar demarcado na criança, tornando-se
natural a ela, tendo em vista que ela
conseguiu tal coisa com aquele
comportamento, ficando demarcado na
memoria dela.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
RESUMO

Se a criança está gerando esse


comportamento, ela entende que aquilo
funciona, ela vai repetir, ela vai utilizar esse
comportamento por mais vezes.
Quando impedimos esse comportamento
e não realizamos o que a criança quer, ela
vai ter um comportamento diferente, onde
na maioria das vezes a agente acaba
desistindo desse comportamento diferente
justamente por esse comportamento ser
diferente.
Esse primeiro comportamento que a
criança tem, não será reduzindo o choro, a
birra, o comportamento que ela já está
tendo, e sim irá aumentar.

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COMPORTAMENTOS INADEQUADOS
RESUMO

Então quando a gente inicia o processo


de extinção de um comportamento
inadequado, a criança não vai reduzir de
imediato aquele comportamento, e sim
aumentar, por que se ela entende que até
ontem aquilo funcionava, por que isso já
não funciona mais, e a iniciativa é de
aumentar o comportamento tentando uma
outra forma, uma nova tentativa é quando,
nós temos que se manter na mesma
postura, sim, mesmo a criança se
mordendo que chamamos de
comportamento lesivos, cuidando para a
criança não se machucar, mantendo a
postura frente a criança para que esse
comportamento seje extinguido, caso
contrario o comportamento não será
extinguido e você estará reforçando o
comportamento.

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COMPORTAMENTOS LESIVOS
Comportamentos lesivos são aqueles
onde a criança se morde, puxa cabelo, se
arranha, bate a cabeça no chão, na parede,
se jogar, onde acomentem os pais e nós
terapeutas, sendo assim os mais graves.
Onde surgem quando a criança quer algo,
ela quer chamar nossa atenção muita das
vezes.

E como reagir durante esses


comportamentos?
Nesses casos, precisamos ter um cuidado maior,
incluindo equipe multidiciplinar. Quando a criança
começa a se bater por exemplo, não podemos
deixar ela realizar esse comportamento por muito
tempo, protegendo a criança a manejar esse
comportamento, conter aquele comportamento é
necessario.
Evitar falar ‘’ fulano não se bate, ‘’fulano não se
morde’’, ‘’não faz isso’’, ‘’olha que feio isso’’, a forma
que temos é mudando a atenção dela, mudando o
exercicio, chamar a atenção dela para uma outra
atividade, brinquedo. É importante um profissional
especialista para realizar a analise e intervir nesses
comportamentos.

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Mais importante que aprender a manejar
esses comportamentos, é aprender a
prevenir.

Quando a criança não possui uma


comunicação funcional, ela acaba usando
esses comportamentos inadequados e isso
deve ser pensa junto a outros profissionais
especialista na área. Um exemplo é
utilização da comunicação alternativa,
comunicação gestual, para que assim
durante qualquer circunstância esses
comportamentos sejam extintos.

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ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
COMPORTAMENTAL
Sabemos que a criança passa o dia inteiro em casa,
em situações confortáveis a ela, e ela chega para fazer as
terapias de forma geral, ela está saindo da sua zona de
conforto. E principalmente onde terá que gerar força,
realizar movimentos, e é onde surge os comportamentos,
afim de realizar fuga, um dos maiores motivos por
apresentarem comportamentos, cabendo a nós,
profissionais identificar onde está o desconforto, qual a
maior dificuldade que ela está tendo, se está sendo no
toque que você está realizando, se está no manuseio que
você está gerando a ela,.
Ex: se é uma paciente que tem dificuldade de realizar
o ajoelhado, e você está trabalhando isso, pode ser que
gere sim comportamento, o mesmo ex serve para subir
um degrau, se é uma dificuldade grande, gera um
desconforto e entra o comportamento, e inibimos isso
mudando o exercício, mudando a atenção dela, usando o
brincar, usando reforçadores, trocas, dando a função de
forma lúdica, fazendo com que a criança aumente seu
tempo de tolerância em relação aos comportamentos
que antes eram agressivos a ela.

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ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
COMPORTAMENTAL

O uso de reforçadores, é algo que a criança mais gosta,


mas que não pode ser usado em casa, pois a mesma ira
entender, isso eu tenho em casa, por que vou me esforçar
para ter aqui, fazendo esforço, tendo que gerar movimento
no meu corpo sendo que em casa eu não preciso de nada
disso?! Por isso devemos utiliza-lo para dar a demanda que
é necessária, funciona como uma troca.
Meu paciente não gosta de nada… você vai apresentar
brinquedos, texturas e ira descobrir algo que ele goste, uma
musica por exemplo.
Junto a utilização do reforçador e além dele, é necessário
a motivação para a atividade, é necessário dar uma função
para ela fazer aquele movimento, por exemplo: Manter
controle de tronco sentada, você precisa dar uma função a
ela. O que se motiva ela a ficar sentada fazendo controle de
tronco? Então é importante criarmos uma situação onde a
criança deseje estar naquela postura, naquele circuito sem
gerar qualquer comportamento, e você ter que fazer com
ela chorando, gritando, batendo, mordendo onde tem um
gasto energético a criança e ao profissional e que no final da
sessão não gerou nenhum saldo positivo a criança. Então se
a criança realizou manteve o controle de tronco por tantos
minutos, com função, motivação, é muito mais importante
esses 5 minutos de controle de tronco, do que 15-30min de
luta corporal e você tentando fazer por ela.

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CONCLUSÃO

Este e-Book buscou fornecer uma visão abrangente


sobre a interseção crucial entre a fisioterapia e o
comportamento no contexto do autismo. Ao longo das
páginas, exploramos as estratégias terapêuticas que
podem melhorar a qualidade de vida de crianças autistas,
associando suas atividades motoras e lidando com o
comportamento, promovendo assim desenvolvimento
físico e comportamental, mostrando a importância da
abordagem multidisciplinar e da personalização dos
tratamentos a cada criança.

Como profissionais da saúde, cuidadores e familiares,


é nosso dever entender que cada pessoa no espectro do
autismo é única, com suas próprias necessidades e desafios.

Bruna Alves Pena


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