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Como o bloqueio de respostas e o

redirecionamento podem ajudar no


comportamento disruptivo
Heloise Rissato
Atualizado em 04 de agosto de 2023

Comportamento disruptivo é algo bem como de pessoas no Transtorno do Espectro


Autista que frequentemente apresentam dificuldades em lidar com frustrações vindas de
possíveis inflexibilidades cognitivas, interesses restritos, déficits na linguagem e
dificuldade em regular os próprios sentimentos.
Isso acontece, pois existem dificuldades na comunicação de estados emocionais,
necessidades e autorregulação de acordo com determinadas situações, seja por falta de
habilidades ou repertório pouco desenvolvido.
Esses comportamentos disruptivos, que podem ser choros, gritos excessivos, birras,
costumam ser uma queixa frequente de pais, pessoas cuidadoras e até mesmo educadores
durante atividades da vida diária, fazendo com que as situações sejam mais difíceis de
lidar.
Nesse momento, a orientação parental é algo fundamental, já que os terapeutas
conseguem fornecer estratégias e ações que podem ajudar no dia a dia da família, como
o bloqueio de respostas e o redirecionamento.
Por isso, neste texto, você vai entender melhor o que é o comportamento disruptivo e
como ele pode ser trabalhado na rotina da criança.

O que é comportamento disruptivo?


Um comportamento disruptivo é um padrão persistente de uma conduta negativa,
desafiadora ou até mesmo hostil em algumas situações. Essas mudanças comportamentais
são sempre dirigidas às figuras de autoridade daquele momento, podendo ser pais, pessoas
cuidadoras, professoras ou pessoas mais velhas.
Esses comportamentos estão sob o controle de frustrações que podem ser lidas como
respostas indesejadas emitidas quando uma criança:
• Quer chamar atenção de outra pessoa;
• Precisa fugir de alguma demanda que está sendo pedida;
• Busca o acesso a um reforçador;
• Tem dificuldade em se autorregular com sobrecargas sensoriais.
Geralmente esses comportamentos disruptivos podem ser descritos como:
• Gritos;
• Choros;
• Se jogar no chão;
• Arremessar ou quebrar objetos;
• Agressividade;
• Comportamentos auto lesivos.
Precisamos lembrar que o comportamento é algo que se aprende, e por isso pode ser
modificado durante a vida. Quando essas ações disruptivas são emitidas e reforçadas,
dando para a criança o que ela quer nesse momento, existe grande probabilidade de que
situações semelhantes aconteçam mais vezes. Isso porque, quando reforçamos um
comportamento em nosso cérebro, ele “seleciona” isso como algo “útil”.
Assim, quando pais ou pessoas cuidadoras percebem um comportamento disruptivo em
diferentes momentos, mas não têm ainda as ferramentas ou estratégias corretas para lidar
com isso, eles podem acontecer novamente em mais vezes e com maior intensidade.

O que é bloqueio de respostas e redirecionamento?


O bloqueio de respostas e redirecionamento (também chamado de Interrupção da
resposta/redirecionamento — RIR) é uma das práticas baseadas em evidências usadas por
terapeutas ABA durante as intervenções de crianças no espectro. Assim como outras
PBEs recomendadas para o autismo, existe um nível aceitável de pesquisa que mostra que
a prática produz resultados positivos no desenvolvimento de habilidades de pessoas com
TEA.
O RIR é a introdução de um comentário ou outras distrações quando um comportamento
de interferência está acontecendo. Essa estratégia é usada para mudar o foco de atenção
da criança, resultando na redução, ao longo do tempo, desse comportamento indesejado
ou desafiador.
Dessa forma, fica mais fácil entendermos como que o bloqueio de respostas e o
redirecionamento pode ajudar na redução de um determinado comportamento disruptivo.
Pois assim, conseguimos direcionar essa resposta à frustração, fazendo com que a criança
mude sua atenção nesse momento.

Como diminuir o comportamento disruptivo?


Aqui, separamos algumas dicas que podem ajudar a diminuir o comportamento
disruptivo:
• O primeiro passo é sempre entender e analisar qual o contexto que envolve aquela
situação de frustração, para então saber o que não reforçar. Aqui os profissionais
que fazem parte da equipe da criança podem ajudar com orientações específicas;
• Dar previsibilidade sobre possíveis situações também pode ajudar a criança a
entender antecipadamente. Tente explicar e conversar quantas vezes for
necessário o que você espera e como ambas as partes podem cumprir os
combinados;
• Procure identificar qual a função do comportamento: é para chamar a atenção? É
para fugir de algo que ela não gosta? Ou talvez, ter acesso a algo que ela quer
muito? Entendendo essa função é possível prevenir a ocorrência desse
comportamento, redirecionando a resposta para outro alvo;
• Sabemos que isso pode ser um pouco mais difícil, mas durante essas situações,
procure manter a calma, respirar profundamente e esperar um momento para que
esse comportamento diminua de intensidade. Aqui, você pode ajudar a criança a
pedir o que ela deseja de uma nova forma, seja com uma prancha de comunicação,
suportes visuais, ou dando comandos orais;
• Sempre estimule a comunicação com a criança autista. Mesmo que ela não seja
verbal ou precise de algum apoio alternativo. Em momentos de frustração é ainda
mais comum que exista a dificuldade de se comunicar. Por isso, esteja disponível
para contribuir com a expressão de vontades e necessidades da forma que for
possível.
Lembre-se que a frustração é parte importante para o desenvolvimento de qualquer
criança, que gradualmente, aprenderá a lidar com situações desafiadoras e aumentar sua
capacidade de adaptação a mudanças.
Apesar do RIR ser uma das estratégias que podem ser usadas nesse momento, é
importante lembrarmos que não existe nenhuma fórmula pronto para isso. O que existe
são avaliações terapêuticas para entender o repertório comportamental da criança, quais
ferramentas usar e qual a melhor maneira de desenvolver essas habilidades.
Por isso, é muito fundamental que a família converse com uma equipe multidisciplinar e
consiga acompanhar os resultados constantes das intervenções. Somente esses
profissionais conseguiram entender o que pode diminuir a frequência e intensidade desses
comportamentos, de acordo com a individualidade de cada criança.

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