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Modelo de Formulação de Hipóteses (MFH)

O modelo que serve de guia para a avaliação psicológica é o de formulação de


hipóteses.
(Após o pedido)
1. Entrevista (onde se faz a anamnese)
2. Seleção de testes
3. Testagem: aplicação propriamente dita dos testes
4. Integração e Conceptualização
5. Relatório de AP
6. Feedback ou recomendações

É importante referir que o processo de AP deve incorporar hipóteses. 

Step 1. ENTREVISTA
Diferentes objetivos: esclarecer o pedido/problema; chegarmos à formulação
das nossas hipóteses; vai-nos possibilitar num curto espaço de tempo recolher
muita informação para, posteriormente, criar hipóteses e colocar questões
(através das quais conseguimos selecionar os testes que achamos apropriados
ao caso); permite-nos construir a relação terapêutica. Habitualmente é feita
com um cliente, mas, por exemplo, num caso de uma criança temos de
implementar entrevistas colaterais com pais, professores…

Step 2. SELEÇÃO DOS TESTES


O sujeito não estará capacitado para nos informar todos os aspetos do seu
funcionamento por isso uma boa prática é uma abordagem multi-método que
possam ter mais rigor e nos possibilite ter um termo de comparação. Convém
utilizar mais do que um teste/método para uma maior compreensão da pessoa.
Importante saber as características do teste- validade e fidelidade - e, em
específico, os “blind spots” que é aquilo que os testes não nos dão (será que o
teste permite avaliar tudo aquilo que queremos avaliar?). Podemos classificar
os testes de diferentes formas (cognitivo, personalidade emocional ou outros –
ex: Neuropsicológico ou Vocacional). Contudo, mesmo quando o foco é, por
exemplo, a parte cognitiva, não quer dizer que não se avalie a personalidade
emocional.
Há outros aspetos que também influenciam a seleção do teste como cultura,
tempo/custo, idade e funcionalidade, familiaridade (devemos aplicar o teste se
realmente estivermos familiarizados com ele).
- Autorrelato baseado em sintomas (quantas vezes esteve triste esta semana?)
- Autorrelatos e inventários associam-se a clusters
Step 3. TESTAGEM

Inclui a preparação. Não vamos incorporar testes que não respondem às


nossas hipóteses. Depois, a administração que é a aplicação propriamente
dita. Temos de cumprir as indicações de aplicação para podermos comparar à
norma, mas temos de ter também atenção á flexibilização por questões, por
exemplo, de cultura ou idade. Pode acontecer que o individuo não perceba
algum item por alguma destas razões e, mesmo que nas indicações diga que
não podemos explicar, nesses casos podemos fazê-lo. No que toca à cotação
existem dois passos: cotação propriamente dita (executou ou não com
sucesso). Interpretação significa dar significado aos números obtidos. Aqui
também temos de considerar se a pessoa ficou cansada ou não ao realizar o
teste (muitas vezes as crianças dispersam, então podemos fazer aplicação
cruzada de testes – começar uma WISC, mas interromper e aplicar outro teste
mais rápido – ou recorrer à recompensa (boa, acabaste mais um jogo – isto na
WISC – toma lá um carimbo ou um rebuçado).

Step 4. INTEGRAÇÃO

Dar sentido a tudo de forma lógica e coerente. É a parte que importa mais. A
leitura que fazemos do caso com base na info que recolhemos tem uma base
teórica. Na acumulação é reunir tudo. Na identificação, depois de tudo
aglomerado, o psi tem de encontrar temas (ex: baixa autoestima, dificuldades
de relações interpessoais, etc.). Depois, a organização em que temos de
corresponder o tema aos testes e ver onde e como é que os mesmos
aparecem. Conceptualização – formulação de caso. Temos de criar uma
narrativa coerente do caso mediante o nosso entendimento.

Modelos de Conceptualização
Guiam a nossa formulação do caso.
Diátese-stress: Uma determinada característica da pessoa (ex: inibição)
interagem com um acontecimento de stress (ex: divórcio dos pais) leva-nos ao
outcome que é aquilo que estamos a estudar nesse caso.

Desenvolvimental: nível de desenvolvimento da pessoa não está sincrónico


com um determinado pedido/demanda do ambiente. Pessoa encontra-se num
determinado nível de desenvolvimento, mas o ambiente pede mais do que
aquilo que a pessoa consegue dar

Funcional: vem buscar a ideia dos temas. Diferentes temas (outcomes) – por
exemplo, baixa autoestima, dificuldade nas relações - têm todos uma
determinada função que pode estar a ser evitar/diminuir ao máximo as relações
interpessoais.

Modelo Complexo: diz que os três modelos anteriores podem estar a ser um
pouco simplistas e que podemos estar a assistir a diferentes camadas de cada
modelo e que estes se podem sobrepor. Por exemplo, um determinado
outcome estar associado a um modelo, mas outro outcome associar-se a outro
modelo diferente.

Step 5. RELATÓRIO 
◌ Identificação
◌ Pedido / Questão referenciada
◌ Lista de testes
◌ Caracterização / História de vida
◌ Observação

Step 6. FEEDBACK
Há uma sessão de devolução dos resultados. 
Para quem vamos dar feedback? Como? O que vem a seguir?
Damos feedback ao cliente/pessoa que foi avaliada. Mas, por exemplo, se for
um caso pedido por um tribunal é ao tribunal a quem damos o feedback. Se for
uma criança/adolescente, damos também feedback aos pais. Se for um
adolescente damos primeiro ao adolescente e depois, se este consentir, damos
depois aos pais com a sua presença. Se for criança damos primeiro aos pais e,
se for um caso difícil, damos sem a criança na sala e depois sim damos à
criança com um ajuste de linguagem onde também servimos de modelo aos
pais para lhes explicar como devem proceder para falar com a criança sobre o
assunto. O que vem a seguir? Depende. Pode haver intervenção ou não.

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