Você está na página 1de 5

A estrutura de um processo de análise

O processo de análise, tanto com


crianças quanto com adultos, tem uma
estrutura, uma lógica, mas o ponto é que
essa estrutura pode não ser seguida de
forma homogênea e em alguns momentos
podem ocorrer retroações. Vamos
entender isso ao longo desta aula.

O processo é dividido em três partes.


Isso vale tanto na análise de adultos
quanto com crianças. Vamos adentrar de
forma detalhada os três tempos.

Primeiro tempo: Este chamamos de


análises preliminares. Essas análises
serão estruturadas da seguinte forma:
coleta de dados sobre a criança e o início
da criação da hipótese inicial. A hipótese
é uma ferramenta que o analista vai se
utilizar para conduzir o processo. Seria
uma explicação baseada na base
conceitual da possível causa daquele
comportamento e por essa razão, o
analista deve sempre ter a base teórica
muito forte. Nesse primeiro momento é
criada uma possível explicação que no
segundo tempo pode ou não ser
consolidada.

Segundo tempo: No segundo momento


vamos realizar uma verificação criteriosa
sobre a hipótese inicial através da
ludoterapia. O analista deve sempre
considerar a possibilidade da hipótese
estar equivocada. Isso porque na
psicanálise, diferentemente de outras
práticas, o objeto de estudo pode ser
confundido com o próprio analista e isso
pode gerar ineficiência no processo.
Através da ludoterapia, o analista vai
vincular dados, uns aos outros, para
validar ou descartar sua suposição inicial.
Caso a suposição seja legitimada, o
analista então, passará para o terceiro
tempo. Mas caso a hipótese se mostre
equivocada, o analista terá a necessidade
de criar uma nova possível explicação
para aquele sintoma. É aqui, onde a
retroação citada no inicio da aula
acontece.

Terceiro tempo: Aqui o analista vai


considerar a hipótese forte o suficiente,
para começar os trabalhos de atos
analíticos. Os atos analíticos são ações
do analista para dissolver as fantasias
sintomáticas da criança, para dar a
possibilidade de alteração em sua
estrutura. O ato pode ser perguntas, falas
que mostrem incoerência na fantasia, atos
de pontuados, explicações, etc. Mas pode
ocorrer, nesse terceiro tempo, de os atos
analíticos não surtirem efeito e o analista
terá a necessidade de retroagir em outro
período da análise. Esse movimento de
retroação não é um problema. Trata-se de
algo normal, pois como dito
anteriormente, o analista pode ser
enganado pelo seu próprio inconsciente e
isso fará com que ele crie hipóteses
baseados em suas próprias convicções.
Ao longo do curso vamos detalhar cada
etapa citada nessa aula, para que o aluno
possa ter uma visão clara do processo de
análise.

É importantíssimo ressaltar que o


analista deve ter uma base teórica sólida
para ter uma possibilidade maior de
geração de hipóteses. Mas não é só esse
ponto. Ter uma base teórica forte vai
possibilitar que o analista esteja mais
preparado para lidar com todas as
situações que venham aparecer no
processo. Por mais que ter uma base
teórica forte seja algo de suma
importância, o que mais percebo em meu
trabalho de mentoria são psicanalistas e
psicólogos com uma base muito rasa. E
isso acaba por gerar insegurança nos
profissionais. Então me recomendo
expressamente que o aluno não só
estude muito a base conceitual, mas
também que faça associações desses
conceitos com seu cotidiano. Dessa
maneira, aquilo que faz parte do seu
cotidiano vai dialogar com sua essência e
fará muito mais sentido do que uma teoria
solta, desvinculada de sua essência.

Você também pode gostar