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Da Verdade ao Enigma (terceiro tempo)

Após um amplo trabalho de


observação e de contextualização, o
analista terá suposições muito bem
elaboradas sobre a possível estruturação
dos sintomas da criança. Diferentemente
do adulto, em quem o analista faz
marcações e intervenções mais
pontuadas, a criança não funcionará na
mesma lógica, pois ela não é capaz de
fazer os mesmos tipos de elaborações.
Nesse caso, a abordagem do analista
será diferente. Pode ser feito de duas
maneiras, sendo a primeira como uma
espécie de intérprete daquilo que a
criança expressa. Exemplo: o Hans.
Podemos dizer a ele que o cavalo do qual
ele teme é o pai. A segunda maneira é
intervindo através de perguntas. Exemplo:
esse cavalo é seu pai? Mas com crianças
é importante que o analista faça uma
finalização. Exemplo: o cavalo é seu pai?
Não se preocupe, não precisa ter medo,
seu pai ama você e não o machucará.
Essas intervenções não têm tempo
mínimo e nem máximo, cada criança vai
apresentar melhora em seu próprio
tempo. Mas tem um outro ponto que é
muito importante. Como na teoria
lacaniana vimos que a criança é formada
através do inconsciente dos pais, ou seja,
o analista fara intervenções também com
os pais. No exemplo do Hans, quando
falamos que o pai dele não vai machuca-
lo, o analista precisa orientar aos pais em
relação a isso para que isso seja
legitimado na criança e desconstrua essa
verdade e a criança passe a criar outras
fantasias.

Após as intervenções ao longo das


análises e com as orientações aos pais, a
criança deve começar a apresentar
melhora. Isso porque a estrutura dos
sintomas começará a sofrer alterações.

O terceiro tempo da análise será todo


baseado em intervenções do analista.
Diferentemente do atendimento com
adulto, que já no segundo momento serão
feitas algumas intervenções, com crianças
vamos tomar o segundo tempo como o
tempo de compreender as
particularidades de criança, para escolher
a melhor forma de intervir no terceiro
tempo.

Finalização

O fim das sessões deverá ser


realizado com cautela. O analista vai
observar se houve melhora no quadro da
criança. Se sim, o analista vai reduzir as
sessões, que era uma vez na semana,
para o período intervalar de duas vezes
ao mês, mantendo por algum tempo que o
próprio analista julgará necessário. Caso
o quadro se mantenha estável, o analista
vai reduzir para uma sessão ao mês e se
o quadro continuar a se manter estável, o
analista vai finalizar. Dessa forma a
criança não vai sentir o impacto do
término do processo. Se em algum
desses períodos a criança apresentar
alterações, significa que a sessão precisa
de retornos, pois em algum ponto a
criança não conseguiu, de fato, lidar com
seus conflitos.

É muito importante que os pais façam


parte do processo, pois eles serão as
referências que a criança terá em seu
processo de desenvolvimento. Se o
analista, ao longo do processo, identificar
nos pais sintomas que geram sintomas na
criança, então será necessário que o
analista recomende que eles também
passem por análise.

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