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Material
Mesa, papel e lápis.
Idade
A partir dos 5 ou 6 anos de idade
Etapas de aplicação do teste
1° Desenho da Família Imaginária
2° História ou entrevi
Dever-se-á anotar ainda em que ponto da página o desenho foi iniciado e por que
personagem, ou qualquer outra coisa (objecto, animal, etc.). A ordem de reprodução dos
membros da família é muito importante. Se não foi observada poderá, a rigor, ser solicitada
posteriormente à criança.
É também importante o tempo empregado para desenhar cada uma das personagens, o
cuidado aplicado aos detalhes ou ainda uma tendência para retomar à mesma personagem.
Ter ainda em conta em que sentido (da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda)
o desenho é realizado.
O psicólogo deverá também estar atento às eventuais reacções afectivas da criança
no decorrer da prova. Deverão ser anotados especialmente os estados de inibição geral e de
constrangimento, que podem mesmo traduzir-se numa recusa em desenhar ou se revelam na
elaboração dos traços do desenho. As manifestações de humor, de tristeza, de alegria ou de
cólera podem ser muito significativas quanto às relações da criança com a personagem ou
com a cena que está a ser representada. No final, o psicólogo deverá elogiar o desenho
realizado pela criança, qualquer que seja o seu valor.
Após a realização de cada desenho, este deverá ser explorado juntamente com a criança,
pedindo-lhe que conte uma história acerca daquela família: "Agora gostava que me
contasses uma história desta família / sobre a tua família". Se o psicólogo considerar que a
criança não é capaz de o fazer ou que não está a proporcionar os elementos suficientes para
a sua interpretação, deverá recorrer a uma pequena entrevista.
A Entrevista
A entrevista deve ser realizada com uma linguagem que vá ao encontro do nível de
desenvolvimento da criança ou adolescente e com o dinamismo adequado à promoção da
relação. Iniciar a entrevista dizendo: "Agora vamos falar sobre o desenho que fizeste. Ora
vamos saber quem são!". Para cada personagem, perguntar:
Quem é (Qual os seu papel na família)
O nome
A idade
Para cada umas das questões seguintes, o psicólogo deverá requerer uma explicação,
perguntando "porquê?".
Quem manda mais?
Quem manda menos?
Qual é o mais simpático?
Qual é o menos simpático?
Qual é o mais feliz?
Qual é o mais infeliz?
Se tu pertencesses a esta família, quem gostarias de ser? (esta questão não deve ser
apresentada no desenho da Família Real)
Imagina que iam dar uma volta de carro, que iam passear; mas havia um que não
cabia no carro. Quem ficava?
(ou se, por exemplo, houver outras crianças no desenho e fizer sentido ao
psicólogo: "uma das crianças não se portou bem. Quem foi? O que é que vai
acontecer?)
O que é que vai acontecer a seguir?
Se pudesses mudar alguma coisa nesta família, o que é que tu mudavas? ,,J U í ~,
Jl'\1
Quando uma criança, apesar de lhe ser pedido que desenhe uma família imaginada
por si, não se desliga do real e representa os diversos membros da sua família na linha
hierárquica, respeitando as características da idade, sexo e situação de cada um, pode levar
a crer que o valor projectivo da prova se perdeu e pouca informação daí é possível retirar. É
errado, já que na maioria dos casos o teste é válido e proporciona uma gama preciosa de
dados. Indica uma marcada tendência para a racionalidade.
A questão que se levanta é a de perceber se essa tendência é ou não adaptativa. Com
efeito, na maioria dos casos e sobretudo quando se trata de uma criança muito pequena, o
psicólogo deverá considerar como indicativo de inibição da espontaneidade e grande
dificuldade de expressar as emoções, bem como falta de criatividade e rigidez. Isto revela
quase sempre o desenvolvimento de formações reactivas, que pode colocar o psicólogo no
caminho do conflito neurótico.
Quando isto acontece o psicólogo não deverá pedir à criança para desenhar a família
real.
Por outro lado, é possível observar todas as transições entre a representação exacta da
família verdadeira e os casos situados no outro extremo, nos quais as personagens figuradas
não possuem nenhuma realidade objectiva, constituindo uma total projecção da criança.
Neste caso, onde a subjectividade domina, é necessário considerar que os membros da
família imaginária não têm uma existência real, mas são vistos em função daquilo que
representa o estado afectivo da criança e a estruturação da sua personalidade. Assim, o
psicólogo deverá estar atento à exploração do desenho e às valências afectivas atribuídas a
cada um dos elementos.
1- Nível Gráfico
Amplitude: As linhas traçadas num gesto amplo e que ocupam uma boa parte da
página indicam energia e extroversão. Se, pelo contrário, o gesto é de pouca amplitude,
apresentando um traçado com linhas curtas (ou quando longas construídas por pequenos
segmentos), é indicador de uma forte tendência para a introversão e de falta de energia ou
inibição.
Ritmo: O ritmo do traçado também deve ser considerado. Assim, é muito frequente
que a criança repita numa personagem ou de uma personagem para outra os mesmos traços
simétricos (por exemplo traços ou pontos). Esta tendência à repetição rítmica, que pode
atingir até uma verdadeira estereotipia, é oposta ao desenho livre. Indica perda de
espontaneidade e presença de um ambiente repressivo, com regras rígidas. Em alguns casos
muito pronunciados poderá contribuir para o diagnóstico da neurose ou de presença de
traços obsessivos. No mesmo sentido, é importante ter em atenção o cuidado, que chega à
meticulosidade, empregado por algumas crianças ao desenhar.
Significação gráfica (relativamente à questão da "ocupação do espaço", o psicólogo
deverá ser cuidadoso na sua interpretação, já que apenas tem significado complementando-
se com outros dados). A escolha da zona inferior da página indica cansaço, astenia e
depressão. A parte superior da página sugere imaginação e criatividade. A zona da esquerda
refere-se a tendências regressivas, indicando passividade, falta de iniciativa e de afirmação,
forte dependência dos pais. A zona da direita corresponde ao desenvolvimento progressivo,
capacidade de iniciativa e autonomia.
3- Nível de Conteúdo
Entre os diferentes testes projectivos, o Teste do Desenho da Família é um dos que
permitem à criança afastar-se tanto quanto deseje ou necessite da realidade objectiva e
mostrar a sua concepção pessoal do mundo familiar. Contudo, pode esperar-se, a esse
respeito, que a criança, quando se lhe pede para desenhar uma família da "sua imaginação",
se guie de acordo com o princípio da realidade e desenhe a sua própria família, aquela no
seio da qual vive e reproduzir no papel a ordem hierárquica das idades e de importância, a
sua mãe, o seu pai, as suas irmãs e irmãos. Podendo este corresponder a número grande de
casos, verifica-se, no entanto, que na maioria a subjectividade prevalece e a criança
comporta-se nesta prova como criadora e representa no seu desenho não a sua família, mas
a sua representação ou o seu desejo. É importante, então, comparar a reprodução imaginária
ao desenho da família real e assinalar as deformações, as supressões e os acréscimos que
indicam em que sentido e em que medida o estado afectivo da criança estará a influenciar a
sua percepção do real.
A afectividade pode assumir aqui dois tipos de valências: positiva e negativa. A
positiva, traduz sentimentos de admiração ou de amor, que conduzem a criança a investir na
figura privilegiada, colocando-a particularmente em relevo no seu desenho. Os afectos
negativos mostram sentimentos de desvalorização, ódio, agressividade e conduzem a
criança a desinvestir na pessoa em questão, isto é, a desvalorizá-la no seu desenho.
Encontra-se presente a negação como mecanismo de defesa, o que nas idades mais
avançadas revela imaturidade afectiva e inadaptação ao real: "negar uma realidade à qual se
sente incapaz de se adaptar". A angústia e a culpabilidade estão geralmente associadas.
Desvalorização:
c) Algumas vezes a omissão não atinge senão uma parte de uma personagem.
Geralmente são omitidos os braços ou os pés, ou outros traços da fisionomia. Assim, a
desvalorização de uma personagem, quando não se traduz pela ausência pode, pode ser
representada de várias maneiras:
Desenhada menor do que as demais, tendo em conta as proporções (principalmente no
que se refere à idade);
Colocada em último lugar, com frequência à margem da página, como se não houvesse
a intenção inicial de lhe reservar um lugar;
Colocada desviada das outras ou, ainda, abaixo destas;
Desenhada com menor cuidado que as outras ou com omissão de detalhes importantes;
Depreciada por um atributo negativo ou uma alteração de idade (por exemplo um dos
pais muito mais velho em relação ao outro);
Não designada pelo nome enquanto outras o são;
Personagens acrescidas:
Num elevado número de casos, acontece que a criança, livre de criar, através do seu
desenho, um universo familiar da sua conveniência, nele introduza uma ou várias
personagens imaginárias que realizam tudo aquilo que ela mesma não ousa fazer. Quanto
'mais a personagem acrescida for valorizada no desenho, tanto mais deverá ser considerada
como representativa de uma tendência importante da criança. Em determinados casos a
própria criança se encontra ausente do desenho, a qual é inteiramente projectada com
personagens fictícias.
a) A personagem acrescida pode ser um bebé, sobre o qual a criança faz recair fortes
tendências regressivas.
b) Pode ser uma criança maior ou mesmo um adulto, considerado o mais feliz,
porque, por exemplo, não é punido pelas más notas e possui uma mota nova.
c) Pode ser um duplo, isto é, não uma personagem que substitui a criança, mas muito
próxima dela e que está associada a tudo o que faz. O duplo assemelha-se ao sujeito quanto
à idade, sexo e situação. O duplo não é escolhido por acaso, mas representa,
particularmente quanto à idade e ao sexo, alguma tendência do sujeito que não pode ser
directamente exteriorizada.
Os laços e as relações: