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ESCALAS DE AUTOCONCEITO E AUTO-ESTIMA DE SUSAN HARTER

1. Introdução

As escalas de autoconceito e de auto-estima de Susan Harter foram desenvolvidas a


partir da Perceived Competence Scale for Children (Harter, 1982). A primeira escala a ser
desenvolvida foi a escala para crianças e pré-adolescentes (Harter, 1985; Alves Martins,
Peixoto, Mata & Monteiro, 1995) a que se seguiram as escalas para adolescentes (Harter,
1988; Peixoto, Alves Martins, Mata & Monteiro, 1996, 1997) e a escala para estudantes
universitários (Harter & Neeman, 1986).

A escala para crianças e pré-adolescentes (Self Perception Profile for Children)


destina-se a crianças entre o 3º e o 6º ano de escolaridade. Pode ser utilizada com indivíduos
mais velhos, contudo não fornece um perfil suficientemente rico e diferenciado do
autoconceito dos adolescentes. Com adolescentes deverá ser utilizada a escala para
adolescentes (Self Perception Profile for Adolescents), na qual foram introduzidas mais sub-
escalas, visando fornecer um perfil, o mais adequado possível, do autoconceito do
adolescente. A escala com adolescentes pode ser utilizada com jovens entre os 12 e os 18
anos. A construção da escala de autoconceito e auto-estima para estudantes universitários
(Self Perception Profile for College Students), deveu-se à necessidade sentida da inexistência
de um instrumento que avaliasse esta população específica. De facto como Neemann e Harter
(1986) afirmam "muitos dos estudantes universitários têm 17 ou 18 anos quando entram na
Universidade e, por isso, continuam, em muitos aspectos, adolescentes, no entanto, aceitaram
um elevado grau de responsabilidade relativamente às suas vidas e objectivos educacionais,
tornando-os, num certo sentido, uma espécie de adultos". Neste sentido, não é de estranhar
que o perfil de auto-percepção para estudantes universitários se baseie no perfil de auto
percepção para adolescentes e no perfil de auto-percepção para adultos.

2. Racional das Escalas

A construção das várias escalas de Susan Harter radicam, por um lado, no


pressuposto de que o autoconceito é uma entidade psicológica complexa e multidimensional e
que, por outro lado, os sujeitos, a partir de determinada idade podem fazer uma avaliação
global que evidencie o grau de satisfação em relação a si própios, que não é contemplado se
considerarmos apenas o somatório das auto-avaliações nos domínios específicos. Por esta
razão as escalas contemplam uma sub-escala que pretende, justamente, evidenciar esse grau
de auto-satisfação: a sub-escala Auto-estima. Assim, estes instrumentos fornecem medidas
separadas das competências percebidas em diferentes domínios e uma medida independente
da auto-estima. Considera-se que deste modo se obtém uma imagem mais rica e diferenciada
do que a obtida através de instrumentos que forneçam uma só medida de autoconceito.

Para além de considerar o autoconceito como multidimensional, a autora pressupõe


que este se complexifica e diversifica à medida que o sujeito se vai desenvolvendo, razão pela
qual o número de sub-escalas utilizadas, para avaliar o autoconceito, vai aumentando à
medida que se avança na idade.

Um outro pressuposto das escalas de Harter baseia-se na ideia de James (1892) de


que a Auto-Estima resulta da relação entre a competência do sujeito e o seu nível de
aspiração. Partindo desta ideia Harter (1988), considera que se se tem sucesso em domínios
considerados importantes pelo sujeito isto resultará em níveis elevados de auto-estima. Pelo
contrário, uma baixa competência percebida em domínios considerados importantes terá
como consequência um abaixamento da auto-estima. Por outro lado, a competência em
domínios considerados como não importantes para o sujeito, não produzirá efeitos
significativos na sua auto-estima. Esta ideia é operacionalizada através de uma escala
específica que procura identificar a importância que os sujeitos atribuem a cada um dos
domínios específicos considerados no perfil de auto-percepção. Deste modo, a auto-estima
resultará da distância entre a importância atribuída a cada domínio considerado importante e a
percepção de competência nesse mesmo domínio.
ESCALA DE AUTO-CONCEITO E
DE AUTO-ESTIMA PARA CRIANÇAS
Alves-Martins, Peixoto, Mata, e Monteiro, (1995).
1. Introdução

Esta escala, foi construída por Harter (1985) a partir da Perceived Competence Scale for Children
(Harter, 1982) e adaptada para a população portuguesa por Alves-Martins, Peixoto, Mata, e Monteiro,
(1995).

2. População a que se Destina

Este instrumento destina-se a sujeitos do 3º ao 6º ano de escolaridade1. Pode ser utilizado com crianças
mais velhas, contudo não fornece um perfil suficientemente rico e diferenciado do auto-conceito de
sujeitos adolescentes. Por isso foi criada uma versão para adolescentes onde se introduziram mais sub-
escalas (Harter, 1988; Peixoto, Alves Martins, Mata & Monteiro, 1996, 1997).

Esta escala não é apropriada para crianças com menos de 8 anos ou abaixo do 3º ano por várias razões.
O formato do questionário não é compreensível para crianças mais novas. Estas ainda não dominam a
leitura de modo a compreenderem os itens, e algumas poderão ter dificuldade na compreensão dos
termos empregues. Por último, segundo Harter (1985) crianças mais novas não têm ainda consolidada
a sua auto-estima enquanto pessoas e portanto estes itens não farão muito sentido.

Esta escala, pode não ser muito apropriada para crianças com necessidades educativas especiais,
nomeadamente crianças com deficiência mental. Silon e Harter (1985, cit. por Harter, 1985)
verificaram que as respostas destas populações originam um outro padrão factorial implicando uma
outra estrutura da escala.

3. Racional da Escala

Subjacente à construção deste instrumento está a suposição de que um instrumento fornecendo


medidas separadas da competência percebida em diferentes domínios, assim como uma medida

1
Aconselha-se algum cuidado na passagem da escala a crianças do 3º ano de escolaridade, as quais, devido a um
menor domínio da leitura, poderão apresentar dificuldade na compreensão do conteúdo dos itens.
independente de auto-estima, fornecerá uma imagem mais rica e diferenciada do que um instrumento
que permita obter uma medida única de auto-conceito.

4. Estrutura da Escala

Este instrumento contém seis sub-escalas referentes a cinco domínios específicos do auto-conceito e
uma para a avaliação da auto-estima.
Domínios Específicos:

1. Competência Escolar
2. Aceitação Social
3. Competência Atlética
4. Aparência Física
5. Comportamento
6. Auto-estima.

Conteúdos de cada domínio:

1. Competência Escolar. Os itens desta sub-escala avaliam a percepção da criança relativamente à sua
competência ou aptidão no domínio do desempenho escolar.

2. Aceitação Social. Os itens desta sub-escala avaliam a percepção da criança relativamente à sua
aceitação por outras crianças e ao seu sentimento de popularidade entre elas.

3. Competência Atlética. Os itens desta sub-escala avaliam a percepção da criança relativamente à sua
competência em desportos ou jogos de ar livre.

4. Aparência Física. Os itens desta sub-escala avaliam a percepção da criança relativamente à sua
aparência, como por exemplo, peso, tamanho, aspecto.

5. Comportamento. Os itens desta sub-escala avaliam a percepção da criança relativamente ao modo


como se comporta.

6. Auto-estima. Os itens desta sub-escala avaliam até que ponto a criança gosta dela enquanto pessoa,
se está satisfeita com a sua forma de ser. Constitui um julgamento global do seu valor, não sendo
portanto um domínio especifico de competência.
Cada uma das sub-escalas contém seis itens, constituindo um total de 36 itens (existe mais um item
adicional introduzido como exemplo, mas que não é cotado). Dentro de cada sub-escala, três dos itens
estão construídos de modo a que a afirmação reflectindo uma alta competência percebida, surja do
lado esquerdo, enquanto que nos restantes três a afirmação reflectindo uma alta competência percebida
surge do lado direito. Nos seis primeiros itens, as diferentes sub-escalas vão aparecendo de forma
alternada pela seguinte ordem: (1) Competência Escolar; (2) Aceitação Social; (3) Competência
Atlética; (4) Aparência Física; (5) Comportamento; (6) Auto Estima Global. Esta ordem vai manter-se
ao longo de toda a escala para os 36 itens que a constituem.

5. Formato

Pretende-se com o tipo de formato utilizado, mostrar ao sujeito que existem crianças com
características diversas, com as quais ele se pode identificar em maior ou menor grau. Não existem à
partida respostas certas ou erradas, respostas melhores ou piores, mas respostas possíveis e igualmente
aceites. Esta ideia é operacionalizada através de uma estrutura alternativa para os itens da escala.

Sou tal Sou um Sou um Sou tal


e Qual Bocadinho Bocadinho e Qual
Assim Assim Assim Assim
Algumas crianças esquecem Outras conseguem
… … muitas vezes o que aprendem
MAS lembrar-se muitas vezes … …
o que aprendem

Primeiro, é pedido à criança que decida com que tipo de criança se considera mais parecida. Em
seguida, se julga que é ‘Tal e qual assim’ ou ‘Um bocadinho assim’.

6. Passagem da Escala e Instruções

A escala pode ser passada individualmente ou em grupo. Depois de preenchida a informação referente
à identificação, as crianças são instruídas sobre o modo de responderem ao questionário. Para as
crianças do 3º e 4º ano de escolaridade aconselha-se normalmente a leitura em voz alta dos itens um a
um. Para as crianças de 5º ano e mais velhas a leitura pode ser feita por cada uma silenciosamente.
Normalmente introduz-se a escala como um levantamento de opinião, exemplificando e mostrando
que não há respostas certas nem erradas; o que se pretende saber é o que as pessoas pensam, qual é a
sua opinião.
Ao explicar-se o formato das questões é essencial tornar bem claro que para cada item só pode ser
assinalado um quadrado. Convém durante as primeiras respostas verificar se as instruções foram bem
compreendidas.
Instruções a dar à criança

Temos aqui algumas frases que falam de crianças com características diferentes. Gostaríamos de
saber com qual dessas crianças é que cada um de vocês se acha mais parecido. Não há respostas
certas nem erradas.

Primeiro vou explicar-vos como é que se responde a estas perguntas. Há uma pergunta para exemplo
no princípio da vossa página, dentro de um rectângulo. Vou lê-la em voz alta e vocês vão lendo ao
mesmo tempo. (O examinador lê a questão exemplo). Esta questão refere-se a dois tipos de crianças, e
nós queremos saber com qual vocês acham que são mais parecidos.

1. Assim, primeiro peço-vos que escolham se são mais parecidos com as crianças do lado esquerdo
que gostam mais de brincar na rua nos seus tempos livres, ou se são mais parecidos com as crianças
do lado direito que gostam mais de ficar em casa a ver televisão. Não escrevam nada ainda, vão só
decidir com qual criança são mais parecidos.

2. Agora que já sabem com qual criança se parecem mais, têm que decidir se são tal e qual assim ou
se são só um bocadinho assim. Se são tal e qual assim, põem uma cruz no quadrado debaixo do sítio
que diz “Sou tal e qual assim”. Se são só um bocadinho assim. põem a cruz no quadrado debaixo do
sitio que diz “Sou um bocadinho assim”.

3 Este exemplo foi só para treinar. Agora têm mais frases que vão ler. Para cada uma, marcam só um
quadrado, aquele que corresponde à criança que for mais parecida com vocês”.2

7. Cotação

Embora seja fornecida uma grelha de cotação, o procedimento é o de atribuir uma pontuação de 1 a 4 a
cada um dos itens. Ao longo do questionário existem itens em que a primeira afirmação reenvia para
uma elevada competência percebida e itens em que a primeira afirmação reenvia para uma baixa

2
Adaptar as instruções em situação de passagem individual.
competência percebida. Assim, a cotação para os primeiros é de 4, 3, 2, 1 e para os segundos é de 1, 2,
3, 4 consoante o grau de identificação do sujeito com cada uma das afirmações.

No exemplo anterior, se a criança achar que esquece muitas vezes o que aprende e depois se
considerar “Sou Tal e qual assim”, terá 1. Mas se considerar que é “Só um bocadinho assim”, terá 2.
Uma criança que indicar que consegue lembrar-se das coisas facilmente, mas que é “Só um bocadinho
assim”, terá 3. No entanto se considerar que é ‘Sou Tal e qual assim “, terá 4.

Existe uma folha de cotação onde as pontuações das crianças são registadas e onde os diversos itens
são agrupados consoante a sub-escala de que fazem parte, de modo a facilitar o cálculo da média para
cada uma delas. Obtêm-se assim seis totais, um para cada uma das diferentes sub-escalas que definem
o perfil de auto-percepção da criança.

Determinantes da Auto-Estima das Crianças

O procedimento para determinar a relação entre a percepção de competência em domínios


considerados importantes e a auto-estima envolve o cálculo da discrepância entre os julgamentos de
competência da criança no perfil de auto-percepção (Como é que eu sou?) e o seu julgamento da
importância de cada um dos cinco domínios (Qual é para ti a importância destas coisas?). O objectivo
principal é, assim, determinar como é que a criança se percepciona em áreas por si consideradas
importantes. Se a criança se percepciona como competente em áreas consideradas importantes, então
haverá uma pequena discrepância e a criança deverá obter um valor de auto-estima elevado. Pelo
contrário, se a criança sente que alguns domínios são muito importantes, mas se os níveis de
competência percebida são baixos nessas áreas, deverá então verificar-se uma discrepância elevada,
entre importância e competência, discrepância essa que resultará numa baixa auto-estima (Harter,
1985, 1990, 1993a, 1993b).

Os valores dos julgamentos de importância atribuída aos diferentes domínios, são obtidos a partir da
escala intitulada ‘Qual é para ti a Importância destas Coisas’. Esta escala é constituída por 10 itens,
sendo dois referentes a cada domínio específico: Competência Escolar: Itens 1 e 6; Aceitação Social:
Itens 2 e 7; Competência Atlética: Itens 3 e 8; Aparência Física: itens 4 e 9; Comportamento: Itens 5 e
10. Cada item do questionário é constituído por duas afirmações sendo que uma reenvia para uma
elevada importância atribuída e outra para uma baixa importância atribuída. Cotações mais elevadas (4
ou 3) são utilizadas quando o sujeito atribui elevada importância, consoante o seu grau de
identificação. Cotações de 1 e 2 reflectem baixa importância atribuída, consoante o grau de
identificação do sujeito com a afirmação apresentada. Assim uma pontuação de 4 significa que o
sujeito atribui elevada importância a esse domínio, e inversamente uma pontuação de 1 significa baixa
importância. O valor da importância referente a cada domínio específico é obtido a partir da média dos
valores relativos aos dois itens que integram cada domínio.

8. Cálculo do valor da Discrepância

Apresenta-se, em seguida, o procedimento a adoptar no preenchimento da grelha de cálculo do valor


da discrepância.

1 - Escreva os nomes dos domínios nos quais o valor da importância atribuída pela criança foi 3.0
(importante), 3.5 (entre importante e muito importante) ou 4 (muito importante). Este procedimento
deriva do princípio de James (1892, cit. por Harter, 1985) segundo o qual só os domínios em que o
sucesso é considerado importante têm impacto na auto-estima. Por exemplo, se uma criança sente que
não é importante ter sucesso em desporto, então uma baixa ou alta competência percebida neste
domínio não deve influenciar significativamente a sua auto-estima. Uma baixa importância atribuída
em áreas de baixa competência percebida, indica que a criança é capaz de reduzir a importância de
uma área em que se sente menos competente. Nalguns casos pode verificar-se a atribuição da
importância máxima para os cinco domínios. Contudo, na maior parte dos casos nem todos os
domínios são considerados igualmente importantes.

2 - Preencher os valores referentes ao perfil de autopercepção apenas nas áreas consideradas como

importantes pelo sujeito.

3 - Registar os valores obtidos na escala da importância, para as áreas identificadas como importantes,

ou seja, cujos valores são 3, 3.5 ou 4.

4 - Calcular a diferença entre os valores, subtraindo o valor da importância ao valor encontrado para a

competência percebida, apenas nos domínios identificados como importantes. O sinal destes valores é

de extrema relevância. Se a importância atribuída (segundo valor) é maior que a competência

percebida (primeiro valor) então a discrepância será negativa. Se a importância atribuída é menor que

a competência percebida então a discrepância será positiva.


5 - Adicionar os valores das discrepâncias para os diferentes domínios, tendo em conta os respectivos

sinais para o cálculo da discrepância total. Para a maior parte dos casos este valor será negativo, uma

vez que os valores da importância tendem a ser mais elevados que os valores da competência.

6 - Dividir o valor encontrado para a discrepância total pelo número de domínios considerados

importantes, para obter a média da discrepância.

7 - Transferir o valor da auto-estima para a folha de cálculo da discrepância de modo a facilitar a

comparação entre este valor e o valor da auto-estima. É possível construir um gráfico que representa

as relações encontradas, para a população estudada, entre a discrepância e os valores de auto-estima,

para determinar se o valor encontrado para a criança se adequa a este padrão.

Cálculo da Discrepância

Para obter os scores de discrepância, primeiro, transferem-se os scores de competência (obtidos a

partir do perfil de autopercepção) e da importância para a folha de cotação. A discrepância global é

calculada do seguinte modo:

ƒ Calcular as médias para cada um dos domínios;

ƒ Subtrair à média da competência a média da importância atribuída, para as áreas cuja

importância atribuída é igual ou superior a 3 (Competência-Importância)

ƒ Calcular a média da discrepância, somando todas as pontuações de discrepância e

dividindo pelo número de subescalas incluídas.

Exemplo:

Domínios Competência Importância Discrepância


Competência Escolar 3.00 3.00 0
Aceitação Social 3.00 3.50 -0.5
Competência Atlética 2.00 1.50
Aparência Física 1.75 3.00 -1.25
Comportamento 3.00 2.50

∑ = - 1.75

Discrepância Global = - 0.58

(1.75/3)
Escala para Professor3

Em paralelo com a escala de auto-percepção das crianças, existe uma escala de heteropercepção
para o professor. Nalguns casos podem existir adultos cuja avaliação sobre a criança se pode
considerar importante, por exemplo, pais, técnicos de apoio, etc. Estes itens também podem ser
utilizados nessas circunstâncias.

Para cada um dos cinco domínios específicos, o professor avalia a criança em cada área. Pretende-se
assim obter por parte do professor um julgamento independente sobre a criança em cada um dos
domínios e não o que ele pensa que esta iria responder. Foi considerado pela autora da prova original
que bastavam três itens para cada domínio específico, de modo a obter-se um julgamento adequado.
Os professores só avaliam os cinco domínios específicos, uma vez que os itens da auto-estima não se
referem a atributos que um observador externo possa objectivamente avaliar. Desta forma, a escala,
para os professores contém 15 itens, três por cada domínio. O formato e a lógica de construção são
basicamente os mesmos que para a versão das crianças. Também a cotação é feita do mesmo modo,
existindo uma grelha de cotação em anexo.

Para cada domínio é encontrado um valor através do cálculo da média dos valores atribuídos
aos diferentes itens desse domínio. Assim estes valores podem ser comparados directamente com os
valores encontrados para cada um dos domínios na versão para as crianças.

Bibliografia:

Harter, S. (1985). Manual for the self-perception profile for children. Denver: University of Denver.

Alves-Martins, M., Peixoto, F., Mata, L., & Monteiro, V. (1995). Escala de Auto-Conceito para
Crianças e Pré-Adolescentes de Susan Harter. In L. S. Almeida, M. R. Simões & M. M.
Gonçalves (Eds.) Provas Psicológicas em Portugal, (pp. 79-89). Braga: APPORT.

3
Esta componente da escala não foi adaptada para a população portuguesa, apenas foi traduzida.
Instituto Superior de Psicologia Aplicada
U.I.P.C.D.E. - Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação

COMO É QUE EU SOU?


(Adaptação do “Self Perception Profile for Children” de Harter, 1985)

NOME: ____________________________________________________ ANO: _____ TURMA: ____ Nº _____

IDADE: ____________ DATA DE NASC.: ____/____/_______ DATA DE APLIC.: ____/____/________

EXEMPLO:

Sou um Sou um
Sou Tal Sou Tal
Bocadi- Bocadi-
e Qual e Qual
nho nho
Assim Assim
Assim Assim


Algumas crianças gostam de
a) Outras gostam mais de ficar em
brincar na rua nos seus tempos MAS
casa a ver televisão.
livres.


Algumas crianças acham que são Outras preocupam-se porque
muito boas nos seus trabalhos da MAS muitas vezes não sabem fazer os
1.
escola. trabalhos da escola.

2. Algumas crianças acham difícil


fazer amigos.
MAS
Outras acham muito fácil fazer
amigos.
3. Algumas crianças são muito boas
em todas as espécies de desporto.
MAS
Outras acham que não muito boas
quando fazem desporto.
4.
Algumas crianças gostam do
aspecto que têm.
MAS
Outras não gostam do aspecto que
têm.

Algumas crianças não gostam do Outras gostam do modo com se
MAS
5. modo como se portam.
portam.

6. Algumas crianças não estão muito


satisfeitas consigo próprias.
MAS
Outras estão bastante satisfeitas
consigo próprias.
Sou um Sou um
Sou Tal Sou Tal
Bocadi- Bocadi-
e Qual e Qual
nho nho
Assim Assim
Assim Assim


Algumas crianças acham que são Outras não têm a certeza e
tão inteligentes como outras MAS duvidam que sejam tão
7.
crianças da sua idade. inteligentes.

8. Algumas crianças têm muitos


amigos.
MAS Outras não têm muitos amigos.

9. Algumas crianças gostavam de ser
muito melhores no desporto.
MAS
Outras acham que são boas no
desporto.
10. Algumas crianças estão satisfeitas
com a altura e peso que têm.
MAS
Outras gostariam que a sua altura
e peso fossem diferentes.
11. Algumas crianças costumam fazer
aquilo que devem.
MAS
Outras não costumam fazer o que
devem.
12. Algumas crianças não gostam da
vida que têm.
MAS Outras gostam da vida que têm.


Algumas crianças demoram muito
Outras conseguem fazer os
tempo a fazer os trabalhos da MAS
13. trabalhos da escola depressa.
escola.

14. Algumas crianças gostavam de ter


muitos amigos.
MAS
Outras têm todos os amigos que
querem.

Algumas crianças acham que
Outras receiam não ser boas em
podiam ser boas em qualquer
MAS desportos que nunca
15. desporto que nunca
experimentaram.
experimentaram.

16. Algumas crianças gostavam que o


seu corpo fosse diferente.
MAS
Outras gostam do seu corpo tal
com é.

Algumas crianças costumam portar-
Outras não costumam portar-se
se como sabem que devem portar- MAS
17. como sabem que devem portar-se.
se.
Sou um Sou um
Sou Tal Sou Tal
Bocadi- Bocadi-
e Qual e Qual
nho nho
Assim Assim
Assim Assim

18. Algumas crianças estão contentes


consigo próprias.
MAS
Outras normalmente não estão
contentes consigo próprias.
19. Algumas crianças esquecem muitas
vezes o que aprendem.
MAS
Outras conseguem lembrar-se
das coisas com facilidade.

Algumas crianças conseguem que
Outras não conseguem que as
as suas ideias sejam sempre aceites MAS
20. suas ideias sejam aceites.
pelas outras.


Algumas crianças acham que são Outras acham que não são
melhores do que as outras da MAS capazes de fazer desporto tão
21.
mesma idade a fazer desporto. bem.


Algumas crianças gostavam que o
Outras gostam do seu aspecto tal
seu aspecto físico (a sua aparência) MAS
22. como é.
fosse diferente.


Algumas crianças arranjam muitas
Outras não costumam fazer coisas
vezes complicações por causa das MAS
23. que as metam em complicações.
coisas que fazem.

24. Algumas crianças gostam do tipo


de pessoa que são.
MAS
Outras preferiam ser outra
pessoa.
25. Algumas crianças são muito boas
nos estudos.
MAS
Outras não são muito boas nos
estudos.

Algumas crianças gostavam que Outras acham que a maior parte
mais crianças da sua idade MAS das crianças da sua idade gostam
26.
gostassem delas. delas.


Em jogos e desportos algumas
Outras jogam a maior parte das
crianças costumam assistir em vez MAS
27. vezes em vez de ficarem só a ver.
de jogar.


Algumas crianças gostavam que a
Outras gostam da cara e do
sua cara ou os seus cabelos fossem MAS
28. cabelo que têm.
diferentes.
Sou um Sou um
Sou Tal Sou Tal
Bocadi- Bocadi-
e Qual e Qual
nho nho
Assim Assim
Assim Assim

29. Algumas crianças fazem coisas que


sabem que não deviam fazer.
MAS
Outras quase nunca fazem coisas
que não devem fazer.

Algumas crianças estão muito
Outras gostavam de ser
satisfeitas por serem aquilo que MAS
30. diferentes.
são.


Algumas crianças têm dificuldade
Outras quase sempre conseguem
na escola para descobrirem as MAS
31. responder certo.
respostas certas.


Outras gostavam de ter mais
Algumas crianças têm todos os
MAS amigos porque sentem que têm
32. amigos que gostavam de ter.
poucos.

33. Algumas crianças têm dificuldade


em novas actividades desportivas.
MAS
Outras são boas desde o princípio
em novas actividades desportivas.
34. Algumas crianças acham que são
bonitas.
MAS
Outras acham que não são
bonitas.
35. Algumas crianças portam-se muito
bem.
MAS
Outras acham difícil portar-se
bem.

Algumas crianças não gostam
Outras acham boa a maneira
muito da maneira como fazem as MAS
36. como fazem as coisas.
coisas.
QUAL É PARA TI A IMPORTÂNCIA DESTAS COISAS?

NOME: __________________________________________________________ ANO: ____ TURMA: _____ Nº ________

Sou um Sou um
Sou Tal Sou Tal
Bocadi- Bocadi-
e Qual e Qual
nho nho
Assim Assim
Assim Assim


Algumas crianças acham que é Outras não acham que seja assim
1. importante ser bom aluno para se MAS tão importante o modo como vão
sentirem bem. nos estudos .


Outras acham que ter muitos
2. Algumas crianças não acham que
MAS amigos é importante para se
seja importante ter muitos amigos.
sentirem bem.


Outras não acham que a
3. Algumas crianças acham que é
MAS habilidade para desportos seja
importante ser bom em desportos.
importante para se sentirem bem.


Algumas crianças acham que é
4. Outras acham que não é
importante ser bonito para se MAS
importante ser bonito.
sentirem bem.

5.
Algumas crianças acham que é
importante portar-se bem.
MAS
Outras acham que o modo com se
portam não é muito importante.

Algumas crianças acham que ter
6. Outras acham que ter boas notas é
boas notas não é muito importante MAS
importante.
para se sentirem bem.


Algumas crianças acham
7. Outras não acham importante
importante brincar com outras MAS
brincar com muitas crianças.
crianças.


Algumas crianças acham que ter
8. Outras acham que ser bom atleta é
jeito para desportos não é MAS
importante.
importante para se sentirem bem.


Algumas crianças acham que o seu
9. Outras acham que o seu aspecto
aspecto físico não é importante MAS
físico é importante.
para se sentirem bem.


Algumas crianças acham que o
10. Outras acham que é importante
modo como se portam não é MAS
portar-se como deve ser.
importante.
ESCALA DE AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO
ACTUAL DA CRIANÇA PELA PROFESSORA

(acompanha a escala de auto-percepção para crianças)

NOME DA CRIANÇA: ___________________________________________________________ ANO: _____

PROFESSORA: ____________________________________________ ESCOLA.: _________________________

Queira indicar em cada questão, por favor, qual é a sua opinião sobre as competências desta
criança. Decida, em 1º lugar, com que tipo de criança ele/ela é parecido(a): com o tipo indicado à
esquerda ou com o indicado à direita. Em 2º lugar, indique se ele(ela) é ‘tal e qual assim’ ou
‘mais ou menos assim’, assinalando com uma cruz o respectivo quadrado, em cada um dos 15
itens.

É mais É mais
É Tal e É Tal e
ou ou
Qual Qual
Menos Menos
Assim Assim
Assim Assim


Esta criança não sabe fazer os
Esta criança é muito boas nos seus
MAS trabalhos escolares que lhe são
1. trabalhos escolares.
pedidos.

2. Esta criança tem dificuldade em


fazer amigos.
MAS
Para esta criança é fácil fazer
amigos.
3. Esta criança é muito boa em todos
os tipos de desportos.
MAS
Esta criança não é muito boa no
desporto.
4.
Esta criança é fisicamente bonita. MAS
Esta criança não é fisicamente
bonita.
5. Esta criança, em geral, porta-se
bem.
MAS
Esta criança tem dificuldade em
portar-se bem.
6. Esta criança esquece-se
frequentemente do que aprendeu.
MAS
Esta criança consegue lembrar-se
facilmente das coisas.
É mais É mais
É Tal e É Tal e
ou ou
Qual Qual
Menos Menos
Assim Assim
Assim Assim

7. Esta criança tem muitos amigos. MAS


Esta criança não tem muitos
amigos.

Esta criança não é tão boa a fazer
Esta criança é melhor do que as
MAS desporto como as outras da sua
8. outras da sua idade no desporto.
idade.

9. Esta criança tem uma aparência


física bonita.
MAS
Esta criança não tem uma
aparência física bonita.
10. Esta criança costuma comportar-se
adequadamente.
MAS
Esta criança não costuma
comportar-se adequadamente.
11. Esta criança tem dificuldade em
responder certo.
MAS
Esta criança consegue responder
certo a maior parte das vezes.
12. Esta criança é muito popular entre
os da sua idade.
MAS
Esta criança não é muito popular
entre os da sua idade.

Esta criança joga a maior parte
Em jogos e desporto esta criança
MAS das vezes em vez de ficar a
13. costuma assistir em vez de jogar .
assistir.

14. Esta criança não é lá muito bonita. MAS Esta criança é muito bonita.


Esta criança arranja muitas vezes Esta criança, em geral, não faz
complicações por causa das coisas MAS coisas que a metam em
15.
que faz. complicações.
Procedimento específico para calcular o score de discrepância entre a
competência percepcionada e a importância atribuída.

1º PASSO 2º PASSO 3º PASSO 4º PASSO


Nome dos domínios Competência ou scores Valores da Score de discrepância
em que os scores de de do perfil de auto- importância (> 3,0)
importância são > 3,0 percepção Sinal Valor
(+/-)
__________________ ____________________ Menos ____________ ____ _______
__________________ ____________________ Menos ____________ ____ _______
__________________ ____________________ Menos ____________ ____ _______
__________________ ____________________ Menos ____________ ____ _______
__________________ ____________________ Menos ____________ ____ ______

5º PASSO
Soma dos scores de
discrepância ____ _______

6º PASSO
Média dos scores de
discrepância ____ _______

7º PASSO
Transferência do scores
da auto-estima global ____ _______
para comparação
Escala 'Como é que eu Sou'
Competência Escolar Aceitação Social Competência Atlética Aparência Física Comportamento Auto-Estima
M M M M M M
SUJ 1 7 13 19 25 31 C 2 8 14 20 26 32 A 3 9 15 21 27 33 C 4 10 16 22 28 34 A 5 11 17 23 29 35 C 6 12 18 24 30 36 A
E S A F P E
Escala 'Qual é para ti a importância destas coisas?'
Comp Esc Aceit Soc Comp Atl Apar Fís Comport. Observações
SUJ 1 6 MCE 2 7 MAS 3 8 MCA 4 9 MAF 5 10 MCP
PERFIL DE AUTO-PERCEPÇÃO PARA CRIANÇAS E PRÉ-ADOLESCENTES

Nome: ________________________________________________________ Ano: ______ Idade: ________

Competência Percepcionada Importância Atribuída -------------------

Elevada
4
Pontuação nas Sub-Escalas

Média

Baixa
1
Competência Aceitação Competência Aparência
Comportamento Auto-Estima
Académica Social Atlética Física

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