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Harter 95
Harter 95
2. INDICAÇÕES
O formato da Escala permite uma dupla opção. Assim, foi dada a cada item uma estrutura
alternativa, onde o sujeito tem de tomar duas decisões (Fig. 1). Por um lado, terá de
escolher entre duas descrições de sujeitos, com qual se identifica mais. Por outro lado, a
criança terá de exprimir o seu grau de identificação ("Exactamente como ela" ou "Mais ou
menos como ela"). A construção dos itens pressupôs que há sujeitos que se vêem de um
modo, enquanto outros se vêem de modo oposto, não envolvendo nenhuma das respostas
o termo "Falso". Com este formato pretende-se minimizar a influência de uma tendência
para respostas socialmente desejáveis.
Os itens são apresentados por escrito, podendo as escalas ser aplicadas individual ou
colectivamente. Contudo, é essencial tornar bem claro que para cada item só se pode
assinalar uma situação, e na fase inicial deve-se controlar se todos os sujeitos entenderam
o procedimento de resposta.
Em cada uma das sub-escalas metade dos itens estão construidos de modo a que a
primeira parte da afirmação reflicta alta competência e os outros de modo a que a primeira
parte da afirmação reflicta uma baixa competência. Os itens das diferentes sub-escalas vão
sendo alternados.
2.2. Cotação
Para cada item a cotação pode variar entre os valores 4 e 1, indicando este último uma
baixa competência percebida e o score 4 uma alta competência percebida.
Dentro de cada sub-escala os itens estão contrabalançados de modo a que, para metade
dos itens a afirmação que traduz o grau mais elevado de competência ou adequação esteja
colocado do lado esquerdo e para a outra metade se encontre colocada do lado direito.
Assim, para os itens com a afirmação mais positiva do lado esquerdo são cotados com
4,3,2,1 (da esquerda para a direita), enquanto que para os itens com a afirmação
traduzindo uma auto-percepção mais adequada ou de maior competência do lado direito a
cotação é inversa 1,2,3,4, ( da esquerda para a direita).
Após a cotação dos diferentes itens, calcula-se a média para cada sub-escala obtendo-se,
desta forma, 6 médias a partir das quais é possível traçar o perfil do sujeito.
Esta Escala é ainda constituida por um conjunto de 10 itens, ( 2 para cada uma das áreas
específicas do auto-conceito), em que se pede ao sujeito que gradue a importância
atribuida a cada um dos domínios. A estrutura, formato, administraçao e cotação da escala
de importância é idêntica à da escala "Como é que eu sou".
Cálculo da Discrepância
Esta escala, foi construída por Susan Harter (1985) a partir da Perceived Competence
Scale for Children (Harter 1982 ). Á escala original, constituída por três subescalas
destinadas a avaliar três domínios específicos do auto-conceito e por uma destinada a
avaliar a auto-estima global, foram acrescentados dois domínios específicos , resultando
assim o Self perception Profile (Harter 1985),constituído por um total de seis sub-escalas.
Foi ainda acrescentado, nesta versão, mais um conjunto de 10 itens destinados a avaliar a
importância atribuída a cada um dos domínios específicos considerados.
Foi esta última versão que esteve na origem da adaptação para a população portuguesa.
IV - Fundamentação Teórica
A partir dos trabalhos realizados por Correia (19 ) e Senos (19 ) e tendo por base as
traduções do Self Perception Profile neles apresentadas, elaborámos em 1991 uma
primeira versão da Escala de Auto-Conceito para pré-adolescentes. Esta versão foi
aplicada a administrada a 64 sujeitos com o intuito de verificar o grau de adequação da
tradução. Com base nos resultados aqui obtidos procedeu-se à reformulação de alguns
itens que suscitaram algumas dúvidas por parte dos sujeitos.
Numa 2ª fase, em 1992, a escala foi administrada a uma população mais alargada com o
objectivo de analisar as suas propriedades psicométricas.
Em 1994/95 este instrumento, após algumas alterações a que procedemos tendo em conta
os resultados da anterior aplicação, está a ser novamente aplicado
Em 1992 a escala foi administrada a 586 crianças de escolas da região de Lisboa. Dessas,
109 frequentavam o 3º ano de escolaridade, 118 o 4º ano, 174 o 5º ano e 185 o 6º ano de
escolaridade. Do total 273 eram do sexo masculino e 313 do sexo feminino. O estatuto
sócio-cultural variava entre o médio baixo e o médio alto. Nesta amostra apenas foram
incluídas crianças que nunca tinham repetido nenhum ano.
A análise das propriedades psicométricas foi efectuada com o programa SPSS/PC+ versão
4.0 e incidiu sobre a fidelidade e a validade da escala.
A fidelidade foi analisada sob o ponto de vista da consistência interna da escala, através
do cálculo do Alfa de Cronbach e da estabilidade temporal, por intermédio das correlações
teste-reteste. Para a realização do teste-reteste, 120 crianças foram avaliadas novamente
com um intervalo de 2 meses relativamente à primeira aplicação. A validade foi verificada
através da análise factorial com rotação oblíqua.
Quadro 1 - Coeficientes de Consistência Interna (Alfa de Cronbach) da a Escala para Pré-
Adolescentes
CE .62
AS .76
CA .76
AF .74
AC .75
AEG .67
ICE .56
IAS .46
ICA .78
IAF .68
IAC .77
CE - Competência Escolar; AS - Aceitação Social; CA - Competência Atlética; AF - Aparência Física;
AC - Aspectos Comportamentais; AEG - Auto-Estima Global; ICE - Importância Competência Escolar;
IAS - Importância Aceitação Social; ICA - Importância Competência Atlética; IAF - Importância Aparência Física;
IAC - Importância Aspectos Comportamentais
Para a análise da validade da escala procedemos a uma análise factorial com rotação
oblíqua, com a definição prévia de 5 factores e incidindo sobre 30 itens. Na sequência do
afirmado por Harter (1985) os itens da sub-escala Auto-Estima Global destinam-se a
avaliar um sentimento global, pelo que os itens relativos a esta sub-escala não foram
incluídos na nossa análise.
De uma forma geral os resultados por nós obtidos (Quadro 3) revelam uma estrutura
idêntica à apresentada por Susan Harter (1985), embora a ordenação dos itens, em função
das correlações com o factor, seja diferente da apresentada pela autora.
Esta prova será editada pelo serviço de edições do Instituto Superior de Psicologia
Aplicada - ISPA, situado na Rua Jardim do Tabaco nº44 1100 LISBOA.