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2:

Nota: A responsabilidacie rios trabalhos e cle exclusiva responsabilidade dos autores


ESTRUTURA FACTORIAL DE UMA VERSÃO EXPERIMENTAL DO STAI-Y
DE SPIELBERGER EM ESTUDANTES UNIVERSITÁNTOS PORTUGUESES

Fernanda Daniell, Emanuel Ponciano2, Rita Figueirinha2 e Charles Spielberger3


I
Instituto Superior Miguel Torga

' Unidade de Psicofísica e Psicometria - Instituto de Biofísica e Biomatemática - IBILI


-FMUC
3
South Florida University, USA

Origem e desenvolvimento do STAI


Em 1964, na Universidade de Vanderbilt, Spielberger e Gorsuch iniciaram um projecto
que tinha como o objectivo construir um instrumento de auto-avaliação de ansiedade
que pudesse ser utilizado simultaneamente como medida de ansiedade "Estado" e
"Traço". Esta escala denominar-se-ia State-Trait Anxiety Inventory (STAI).
O inventário foi desenvolvido em sucessivas etapas, com base numa selecção de itens
de três escalas de ansiedade amplamente utilizadas: Escala de Ansiedade Manifesta de
Taylor (Taylor, 1953); Escala de Ansiedade de Welsh (Welsh, 1956); e Escala de
Ansiedade IPAT (Cattell e Sheier, 1963). Foram então seleçcionados 177 itens que
obtiveram um coeficiente de correlação superior a 0.25, em relação a cada uma das
escalas de ansiedade. Os itens foram reescritos de modo a reterem o conteúdo e
modificados para que cada um deles pudesse ser usado com instruções diferentes, qucr
para medir A-Estado, quer A-Traço.
Após sucessivas administrações com várias amostras de indivíduos, o inventário sofreu
um longo processo de depuração e de validação. Os itens deram assim origem às
diversas formas, progressivamente aperfeiçoadas, do Inventário de Ansiedade Estado-
Traço (STAI): Forma A; Forma B; Forma B revista; Forma X (Spielberger, Gorsuch e
Lushene, 1970) e Forma Y (Spielberger, 1983).

Descrição e aplicação do STAI


O Inventário de Ansiedade Estado e Traço (STAD tem sido usado extensivamente na
pesquisa científica, assim como na prática clínica. O STAI compreende duas escalas
separadas, de auto-administração, para medirem respectivamente a ansiedade Estado e
Traço. A Escala de Ansiedade Estado (STAI - forma Yl) compreende 20 afirmações
que avaliam como os indivíduos se sentem "agora, ... neste momento". A Escala de
Ansiedade Traço (STAI - forma Y2) consiste igualmente em 20 afirmações que avaliam
como os indivíduos se sentem "habitualmente". A Escala de Ansiedade Estado e a
Escala de Ansiedade Traço estão impressas em lados opostos de uma mesma folha.
Segundo Spielberger, as qualidades essenciais avaliadas pela Escala de Ansiedade
Estado são sentimentos de apreensão, tensão, nervosismo e preocupação. A Escala de
Ansiedade Estado, segundo o autor, foi elaborada para ser um indicador sensível às
mudanças de ansiedade transitória experiênciadas pelos clientes e pacientes na clínica e
na pslcoterapla.
A escala de Ansiedade Traço tem sido usada também na clínica e em estudos
experimentais para identificar indivíduos com elevados níveis de ansiedade neurótica.

t44
Pelos estudos efectuados verificou-se que pacientes psiconeuróticos e deprimidos têm
normalmente altas ponfuações.

O STAI, nas suas diferentes versões, foi adaptado para mais de 50 línguas entre as quais
se podem citar a indiana (Spielberger, Shanna & Sinhg, 1973), a espanhola
(Spielberger, Gonzalez-Reigosa, Marlinez-UrflÍia, L. Natalicio, & D. Natalício, 1971) e
a turca (LeCompte & Oner, 1976) e aplicado em pesquisas transculturais e na prática
clínica (Spielberger e Sharma, 1976; Spielberger e Díaz-Guerrero, 1983; Spielberger,
Sydeman, Owen, & March, 1999).

Administração
O STAI foi concebido para ser auto-administrado quer individualmente, quer em
grupos. Não existe tempo limite para o preenchimento do inventário. Ao longo das
várias pesquisas efectuadas por Spielberger (Spielberger et al., 1970) sabemos que os
estudantes do ensino secundário levam cerca de seis minutos para completarem uma das
escalas e cerca de dez minutos para completarem ambas, enquanto indivíduos com
menor formação ou com distúrbios emocionais requerem dez rninutos para completarem
uma das escalas e aproximadamente vinte minutos para completarem ambas.
Administrações repetidas da escala de ansiedade estado requerem cinco minutos ou
menos. Pela nossa prática, verificámos que os tempos para os estudantes do ensino
l secundário são idênticos aos dos estudantes do ensino superior.
! Nas normas de administração do inventário, Spielberger (1975) afirma que, embora
h
muitos dos itens tenham validade facial como medidas de "ansiedade", o examinador
! não deve usar este termo na administração do inventário. De preferência, o STAI e as
5 suas sub-escalas, devem ser referidas questionários de Auto-Avaliação, com o título
impresso no formulário do teste.
Aproximadamente metade dos itens inquirem sobre características negativas (exemplo:
sinto-me "tenso", "apreensivo" ou "perturbado"). Alguns indivíduos mostram relutância
em admitir estas características porque "olham" para elas como sinais de fraqueza.
Alem disso, indivíduos que desejam parecer bem aos olhos do administrador podem
responder mais positivamente aos itens de ausência de ansiedade (exemplo "sinto-me
calmo", "sinto-me sereno"), do que realmente se sentem. Os examinadores, para
lidarem com tais atitudes nas aplicações na clínica, necessitam de estabelecer relações
de confiança com os clientes ou pacientes atraves de uma comunicaçào sincera para que
estes sejam honestos nas respostas. Na pesquisa, os indivíduos respondem de maneira
mais objectiva se são previamente informados de que as suas respostas são guardadas
confidencialmente e de que será dado um "feedback" acerca dos resultados.
Instruções completas paÍa a escala de ansiedade Estado e Traço estão impressas no
formulário do teste. E importante para a validade do teste que os examinandos entendam
claramente as instruções para medir a "ansiedade estado" que requerem que se responda
como se sente "agora, isto é neste preciso momento", e as instruções para a "ansiedade
traço" que requerem que se responda "como se sentem habitualmente". O examinador
deve enfatizar que as instruções são diferentes para as duas partes do inventário e ler
ambas as instruções pausadamente. Na administração em grupo, os examinandos devem
ler as instruções em voz baixa, enquanto o examinador as 1ê em voz alta, dando
oportunidade aos examinandos de fazerem perguntas. Caso estas surjam, o examinador
deve responder de maneira a náo se comprometer induzindo a resposta. Assim, deve
emitir respostas tais como "responda de acordo com a maneira como habitualmente se
sente" ou responda "como se sente agora". Nas pesquisas, o examinador deve enfaÍízar

t4s
o facto de todos os itens deverem serem respondidos. No nosso estudo, pedimos, no
Íinal do teste, para os examinandos verificarem se tinham respondido a todos os itens.
A Escala de Ansiedade Traço deve ser sempre aplicada com as instruções impressas no
formulário do teste. As instruções para a Escala de Ansiedade Estado podem ser
modiÍicadas para avalíar a intensidade da Ansiedade Estado em diferentes situações de
avaliação ou de acordo com os objectivos do investigador ou clínico.
A maioria das pessoas não tem diflculdades em responder aos itens da Escala de Ansiedade
Estado e da Escala de Ansiedade Traço, desde que se encontrem motivados.

Tradução do STAI - Y para Língua Portuguesa


A tradução do STAI baseou-se no teste original (Spielberger, 1983). O primeiro passo
consistiu na tradução dos 40 itens da escala de acordo com o conteúdo de cada item
tendo-se adicionado 10 itens à escala de ansiedade S, 10 palawas que na língua
porluguesa expressam ansiedade.

Procedimentos na Construção do Teste


Esta tradução com 50 itens, 30 Estado e 20 Traço, foi submetida à avaliação porjuízes,
baseada nas qualiltcações profissionais e competências linguísticas. Tendo-se verificado
um elevado grau de concordância entre os juízes, foi escolhida esta tradução. Esta
versão preliminar do STAI-Y foi aplicada individualmente a um grupo estudantes do
ensino superior a com finalidade de avaliar a facilidade de leitura e compreensibilidade
dos itens. Tendo como base os resultados obtidos, o formato das escalas na ansiedade S
e ansiedade T mantiveram-se. Desta forma, a versão experimental Portuguesa do STAI
ficou constituída por 30 itens relativos à ansiedade Estado e 20 itens relativos à
ansiedade traço que se encontram impressos na frente e no verso de uma folha A4,
semelhante à versão original. A versão experimental do STAI foi administrada a uma
amostra de 1018 estudantes do ensino superior com idades compreendidas entre os 18 e
os 30 anos com uma média de idade de 21.23 (D.P.:3.00). O inventário foi
administrado com instruções padronizadas na sala de aula, numa situação não
stressizante. Aplicou-se ainda o Eysenck Personality Questionnaire (Eysenck e
Eysenck, 1975) validado para a população Portuguesa por Fonseca, Eysenck e Simões
(1991) e um pequeno questionario destinado a obter informação acerca da saúde em
geral e mental bem çomo a ingestão de medicamentos. Os estudantes que sofriam de
disúrbios ansiosos ou que estivessem medicados com psicotropos ou que não
responderam de uma forma adequada aos questionários, num total de 25, foram
excluídos dos dados a analisar.

Propriedades Psicométricas e a Tradução Experimental do STAI


Estudo da Fidedignidade
Estabilidade Temporal: teste-reteste
Os coeficientes teste-reteste do STAI foram calculados em 107 estudantes com um
intervalo de tempo de 4 semanas podendo ser observados na Tabela 1. As correlações
teste-reteste foram mais elevadas na escala traço que na escala Estado como seria de
esperar atendendo à conceptualizaçáo da estabilidade da ansiedade traço (tabela 1).

t46
'abela l: Coeticrenles de correlação teste-reteste
Sexo N Estado Traço

Masculino 53 72 92

Feminino 54 68 79

Consistência Interna
A consistência interna das escalas Estado e Traço do STAI foi avaliada pelo coeficiente
alfa de Cronbach, correlação item-restante e correlação metade-metade. Dada a
transitoridade da ansiedade Estado, as medidas de consistência intema como o alfa de
Cronbach §unnally, 1978) parecem fornecer um índice mais significativo da
fidedignidade que as correlações teste-reteste. O coehciente alfa da amostra para a
escala Estado foi de .95 sendo .94 para o sexo masculino e .95 para o sexo feminino.
Para a escala Traço, os coef,lcientes alfa foram .90, para o total da amostra, para o sexo
masculino e feminino. Os valores da fidedignidade metade-metade para a escala Estado
foram .92 para o sexo masculino e .93 para o sexo feminino. Para a escala Traço os
valores encontrados foram .88 e .89 para o sexo masculino e feminino respectivamente.
Evidência adicional da consistência interna das escalas do STAI foi fornecida pelas
correlações item-restante da amostra conforme se pode observar naTabela2.

Tabela 2: Valores mínimos, máximos e mediana dos çoeficientes de correlação item-


restante das escalas Estado e Traço do STAI-Y para o sexo masculino, feminino e
amostra total.
Masculino Feminino Total

STAI Mrn Max. Mediana Min. Max Mediana Min. Max Mediana

Estado 29 73 60 32 76 61 32 76 60

Traco 29 6'7 54 32 68 5l 36 68 52

Validade
Validade Concorrente
A validade concorrente foi avaliada pelo valor da correlação entre o STAI-T e uma das
medidas mais largamente utilizadas na Europa para medir a ansiedade Traço, a Escala
de Neuroticismo do Eysenck Personality Questionnaire (Eysenck et al., 1975). Na
amostra a cofielação entre o STAI e a escala de Neuroticismo de uma versão Portuguesa
do EPQ desenvolvida por Fonseca et a/. em 1991 foi de .73. Para o estudo da validade
concorrente da ansiedade estado utilizou-se uma versão portuguqsa do SAS de Zlng
(Ponciano, Vaz Serra e Relvas, 1982) tendo-se obtido uma correlação de .58.

Estrutura Factorial Exploratória


A estrutura factorial do STAI foi avaliada numaamostra de 993 estudantes do ensino
superior (190 do sexo masculino e 803 do sexo feminino). Utilizou-se a versão 14 do
SPSS para Windows (release 14; SPSS Inc, 2005) para efectuar a análise factorial. Os
50 itens do STAI foram factorizados utilizando o método de extracção dos eixos
principais seguida duma rotação promax. A solução óptima seria a que obedecesse às
norrnas de Kaiser (1958) de uma estrutura simples, ou seja, uma estrutura em que os
itens saturassem de uma forma não ambígua em factores com significado, interpretáveis

t47
no contexto dos construtos teóricos relevantes. O teste gráfico mostrou que três, quatro
ou cinco factores poderiam ser rodados. Atendendo àtattxeza não exacta deste teste e
para garantir que nenhum factor sem significado fosse sobrevalorizado rodaram-se 3, 4
e 5 factores. Cada solução foi examinada em relação à estrutura simples, parcimónia e
significado psicológico. As soluções encontradas não se revelaram plenamente
satisfatórias tendo-se considerado que as soluções de 4 ou 3 factores se poderiam ajustar
ao modelo teórico de Spielberger. Atendendo às soluções encontradas foi efectuada a
análise factorial confirmatória dos itens.
Cc,
Análise factorial confirmatória t.
A Arc foi efectuada utilizando a versão 6.0 do AMOS de Arbuckle (1999). A primeira .>
fase da A-FC consistiu na análise do modelo de 4 factores proposto por Spielberger. Este t.:

modelo é constituído por 2 factores relativos à ansiedade Estado (itens de presença e


ausência de ansiedade) e 2 factores relativos à ansiedade Traço também constituídos
pelos itens de presença e ausência de ansiedade. Iniciou-se a AIC com a totalidade dos
50 itens da versão experimental do STAI, retirando progressivamente um item de cada
vez (o item com o coeficiente de regressão mais baixo) da esçala estado, até se obter Rr
uma escala com 40 itens de acordo com a versão original. Os índices de ajustamento
deste modelo com 40 itens podem ser observados na tabela 3, verihcando-se um bom
ajustamento do modelo. Os critérios utilizados na escolha dos índices de ajustamento e E]-s
pontos de corte encontram-se descritos por Matias, Ponciano, Figueirinha e Spielberger
na presente publicação. Fon

Kai
Tabela 3: Índices de ajustamento para todos os modelos de 4 factores do STAI-Y.
Modelo Df cFI AGFI CFI IFI
Z-.2
RMSEA

50 itens 4686 01** 11óg 80 78 .85 .85 .05s


49 itens 4575 51xx 1121 80 .'78 .85 .85 056
48 itens 4359 22** 1074 8l 79 .86 .86 .056
47 itens 42t6.37** 1028 8l '79 .86 .86 .056
4ó itens 3939.96** 983 82 .80 .86 .86 .05 s
45 itens 3546.93** 939 .83 .82 .88 .88 .053 Spi,
44 itens 3239.49*+ 896 .85 .83 88 .88 .051
43 itens 3058 34** 854 .85 .84 .89 .89 .051 Spi
42 itens 2954.29$ 8l3 86 84 .89 .89 .052
4l itens 2893.7 6** 713 .85 .84 .88 .88 .053 Spi
40 itens 2632.32** 134 87 .85 .89 .89 .051
Final+ 2027.99 726 9l .93 .043
+ Foi considerado Modelo
Final o modelo com 40 itens e as correlações entre os erros dos itens T9 e T17, 529 Spi
e S30;T1l eT17,S8 e Sl6; 57e S17,T6 eT7,T5eTl5, eT16eT10.
Nota. GFI = goodness of fit index; AGFI - adjusted goodness of fit index; CFI : comparative fit index; Spi
RMSEA: root mean square error of approximation; ** p. .001

Spi
Numa segunda fase, atendendo aos resultados ambíguos da análise factorial exploratória
procedeu-se à AFC de um modelo de 3 factores constituídos respectivamente pelos itens Spi
referentes à ansiedade Estado (presença e ausência) e ansiedade Traço. Conforrne se
pode observar na tabela 4 os baixos valores dos índices de ajustamento indicam um Spi
fraco ajustamento deste modelo.

SPI
Ta-

t48
Modelo 2 Df GFI AGFI CFI IFI RMSEA
x
50 itens 5135.49 ll'72 .78 76 83 .83 .058

40 itens 3055.66 737 .84 .82 .87 .87 .056

Conclusões
Os resultados obtidos mostram que a versão experimental do STAI Y aplicado a
estudantes universitários possui boas propriedades psicométricas e que após a depuração
dos 10 itens da escala estado se obtém uma versão de 40 itens com uma boa estrutura
factorial e conceptualmente ajustada ao modelo de Spielberger. Pode-se afirmar que esta
versão de 40 itens em língua portuguesa constitui uma boa base de trabalho para uma
futura validação do STAI Y, processo que já se encontra em curso.

Referências
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on lhe ,MMPI in ps.v-chologl' ttnd mcdicine Minneapolis: Unirersity of Minnesota Press

ES

DE

Fig
tH,
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-F
3u
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ts

150
ESTRUTURA FACTORIAL DE UMA VERSAO EXPERIMENTAL DO STAIC
DE SPIELBERGER EM CRIANÇAS DE PORTUGAL CONTINENTAL

Conceição Matiasr, Emanuel Ponciano2, Teresa Medeirosr, Maria João Rodriguesa, Rita

Figueirinha2 e Charles Spielbergers


I
Hospital Pediátrico de Coimbra - CHC

'Unidade de Psicofísica e Psicometria Instituto de Biofísica e Biomatemática - IBILI


- FMUC
3
Universidade dos Açores
t ESEM Universidade da Madeira
-
5
South Florida University, USA

Introdução
O Inventário de Ansiedade Estado-Traço para Crianças (STAIC) foi desenvolvido por
Spielberger et al. (1973) "como um instrumento de investigação paÍa o estudo da
ansiedade em crianças do ensino básico". O STAIC e uma escala constituída por 20
itens que tem por finalidade avaliar a ansiedade situacional, sub-escala ansiedade estado
(A-Estado) e 20 itens que avaliam a propensão para desenvolver ansiedade, denominada
ansiedade traço, sub-escala ansiedade traço (A-Traço). Segundo Spielberger et al.
(1973) a escala de A-Estado foi construída com a finalidade de medir estados de
ansiedade transitórios, isto é, sentimentos subjectivos e conscientemente percebidos de
apreensão, tensão e preocupação que variam em intensidade e flutuam ao longo do
tempo. A escala de A-Traço mede diferenças individuais relativamente estáveis da
propensão para desenvolver ansiedade, isto é, diferenças na tendência que as crianças
possuem para vivenciar estados ansiosos.

Tradução do STAIC para Língua Portuguesa


A tradução do STAIC baseou-se no teste original (Spielberger et al.,1973). O primeiro
passo consistiu na tradução dos 40 itens da escala de acordo com o conteúdo de cada
item. Seguidamente efectuou-se a comparação desta tradução com a versão brasileira do
STAIC (Biaggio e Spielberger,l9l3). Como resultado dos procedimentos anteriormente
referidos decidiu-se adicionar mais 10 itens à escala A-Estado, 10 palavras que na
Língua Portuguesa expressam ansiedade e que não estão presentes na tradução directa
como também não aparecem na adaptação brasileira. Sendo bem conhecidas as
diferenças entre o Porluguês do Brasil e o Português, este facto não surpreendeu. A
tradução de conteúdo dos 20 itens da escala A-Traço foi considerada satisfatória.

Procedimentos na Construção do Teste


Esta traduçào constituída por 50 itens, 30 da sub-escala A-Estado e 20 da sub-escala A-
Traço, foi submetida à avaliação por juízes, baseada nas qualificações profissionais e
competências linguísticas. Tendo-se verificado um elevado grau de concordância entre
os juízes foi escolhida esta tradução. Esta versão preliminar do STAIC foi aplicada

151
individualmente a um grupo de crianças do 4o e 5o ano com finalidade de avaliar a
facilidade de leitura e compreensibilidade dos itens. Tendo como base as reacções
destas crianças o çonteúdo das escalas A-Estado e A-Traço mantiveram-se. Desta forma
a versão experimental Portuguesa do STAIC ficou constituída por 30 itens relativos à
ansiedade estado e 20 itens relativos à ansiedade traço que se encontram impressos na
frente e no verso de uma folha 44, semelhante à versão originai. A versão experimental
do STAIC foi administrada auma amostra de 1105 crianças que frequentavam ensino
básico entre o 4o e o 8o ano de escolaridade, sendo 569 do sexo masculino e 536 do sexo
feminino com idades compreendidas entre os 9 e os 14 anos. Os valores médios da
idade distribuídos por sexo podem ser observados na tabela l. O inventário foi
administrado com instruções padronizadas a gmpos de 10 a 30 crianças na sala de aula
numa situação não stressizante. Aplicou-se ainda o Junior Eysenck Personality
Questionnaire (Eysenck e Eysenck, 1975) validado para a população Portuguesa por
Fonseca (1989) e um pequeno questionário destinado a obter informação acerca da
saúde em geral e mental bem como a ingestão de medicamentos. As crianças que
sofriam de disfurbios ansiosos ou que estivessem medicados com psicotropos foram
excluídos dos dados a analisar.

Tabela 1: Valores méd10s da idade distribuídos sexo


Masculino Feminino Total

NIédia 10.89 10.78 10 84

Desvio padrão l3l 131 134

Propriedade psicométricas da tradução experimental do STAIC


Estudo da Fidedignidade
Estabilidade Temporal: teste-reteste
Os coeficientes teste-reteste do STAIC foram calculados em 244 crianças com um
intervalo de tempo de 4 semanas e podem ser observados na Tabela 2. As correlações
teste-reteste para a escala A-Estado foram apenas moderadas o que provavelmente
reflecte limitações das propriedades psicométricas da escala e a instabilidade da
estrutura da personalidade das crianças nesta faixa etiíria. Deve-se salientar que os
coeficientes de estabilidade da escala A-Traço apresentam valores mais elevados que os
da ansiedade estado.

abela 2: Teste-reteste 4 semanas de intervalo de


Sexo N Ansiedade Traço Ansiedade Estado

Masculino u0 66 53

Feminino 31 tl 65

Consistência Interrra
A consistência interna das escalas Estado e Traço do STAIC foi avaliada pelo
coeficiente alfa de Cronbach, correlação item-restante e correlação metade-metade.
Dada a transitoridade da ansiedade estado as medidas de consistência intema como o
alfa de Cronbach §unnally, 1978) parecem fomecer um índice mais significativo da
fidedignidade que as correlações teste-reteste. O coeficiente alfa da amostra paru a
escala A-Estado foi .92 sendo também .92 para o sexo masculino e feminino. Para a
escala A-Traço os coeficientes alfa foram .80, .79 e .82 para o total da amostra, o sexo

ts2
masculino e feminino respectivamente. Os valores da f,rdedignidade metade-metade para
a escala Estado foram .93 para o sexo masculino e .94 para o sexo masculino. Para a
escala Traço os valores encontrados foram .76 e .78 para o sexo masculino e feminino
respectivamente. Evidência adicional da consistência intema das escalas do STAIC foi
fomecida pelas correlações item-restante da amostra conforme se pode observar na
Tabela 3.

Tabela 3: Valores mínimos, máximos e mediana dos coeficientes de correlação item-


restante das escalas Estado e Traço do STAIC para o sexo masculino, feminino e total
da amostra.

STAIC l\Íasculino f,'eminino Total


Min Max Mediana Min Max Mediana Min Max Mediana

A-Estado 11 76 44 t4 74 47 t2 75 45

À-Traço 20 49 37 27 52 38 23 50 39

Validade
O STAIC foi desenvolvido com a finalidade de proporcionar medidas operacionais da
ansiedade Estado e Traço tendo como base a forma como estes construtos foram
definidos por Spielberger et al. (1973).

Validade Concorrente
A validade concorrente foi avaliada pelo valor da correlação entre a escala A-Trago e
uma das medidas mais largamente utilizadas na Europa para medir a ansiedade traço, a
Escala de Neuroticismo do Junior Eysenck PersonaliÍy Questionnaire (Eysenck e
Eysenck, 1975). Numa amostra de 868 crianças a correlação entre A-Traço e a escala de
Neuroticismo de uma versão Poúuguesa do JEPQ desenvolvida por Fonseca (1989) foi
.70.

Estrutura Factorial Exploratória


A estrutura factorial do STAIC foi avaliada numaamostra de 1105 crianças do ensino
básico (569 do sexo masculino e 536 do sexo feminino). O inventário foi administrado
com instruções normalizadas a grupos de 10 a 30 crianças pelos autores desta
investigação na sala de aula durante o decorrer do ano lectivo. Utilizou-se a versão 14
do SPSS para Windows (release 14; SPSS Inc, 2005) para efectuar a análise factorial.
Os 50 itens do STAIC foram factorizados utilizando o método de extracção dos eixos
principais seguido duma rotação promax. A solução óptima seria a que obedecesse às
noÍnas de Kaiser (1958) de uma estrutuÍa simples, ou seja, uma estrutuÍa em que os
itens saturassem de uma forma não ambígua em factores com significado, interpretáveis
no contexto dos construtos teóricos relevantes. O teste gráfico mostrou que três ou
quatro factores poderiam ser rodados. Atendendo à nattreza não exacta deste teste e
para garantír que nenhum factor sem significado fosse sobrevaloizado rodaram-se 3 a 5
factores. Cada solução foi examinada em relação à estrutura simples, parcimónia e
significado psicológico. As soluções de 4 e 5 factores foram consideradas
A
solução de 3 factores foi considerada como tendo uma estrutura
insatisfatórias.
simples, podendo considerar-se com significado relevante e parcimoniosamente
interpretável (tab ela 4).

1s3

"t
C

Tabela 4: Análise factorial de eixos principais com rotação promax u


Itens do STAIC Factorl Factor2 Factor3 Comunalidades d
S2 .86 .73 t
S4 .80 66
S5 '72 .53
S7 o, 83 -!
s9 .77 .64 -t
s11 .81 71 d
sl5 .66 44 f
s 16 18
s18
.88
92 83
f
s19 80 .66 fl
s21 85 72 r
s24 .84 74 e
s25 .66 46
c
s27 .89 .79
s28 .91 81 e
S1 .45 .23 tr
S3 .56 .JJ U
S6 .52 .28 )
U
S8 .40 19
sl0 .68 .46 T

s12 .72 50 p
s13 .53 27 e
s14 .68 45
s17 .63 .40
s20 .74 53 5

s22 .6s 42 e
s23 .66 44
s26 (.26) .08
s29 .75 53
s30 .48 .26
T1 42 2t
T2 .42 .20
T3 (2e) 10
T4 (.23) 07
T5 41 .24
T6 .46 22
T7 (27) .08
T8 (.2e) .12
T9 .35 .1 5
T10 .52 27
T11 49 .23
Tt2 .49 25
T13 .49 .24
TÍ4 .s8 .33
Ti5 .37 .13
Ti6 (.28) .07
T17 .57 31
T18 .42 .18
T19 .38 .16
T20 4t .t7
Valores próprios 10.66 5.97 280
% variância 2t.35 1193 559 3 8.88

Apenas se apresentam os itens com saturações superiores a .30. Os itens com saturações
não salientes apresentam-se entre parênteses.

r54
O factor 1 (ansiedade estado presente) está definido exclusivamente pelos itens que
traduzem a presença de ansiedade estado. O factor 2 (ansiedade estado ausente) está
definido exclusivamente pelos itens que traduzem a ausência de ansiedade estado. O
factor 3 é composto exclusivamente pelos itens respeitante à ansiedade traço,

An álise factorial confi rmatória


A análise factorial confirmatória (AFC) foi efectuada utilizando a versão 6.0 do AMOS
de Arbuckle (2005). A primeira fase da AFC consistiu na análise de um rnodelo de 3
factores proposto por Spielberger e em consonância com resultados obtidos na análise
factorial exploratória do presente estudo. Este modelo é constituído por 2 factores
relativos à ansiedade estado (itens de presença e ausência de ansiedade) e 1 factor
relativo à ansiedade traço. Iniciou-se a AFC com a totalidade dos 50 itens da versão
experimental do STAIC, retirando progressivamente um item de çadavez (o item com o
coeficiente de regressão com o valor mais baixo) da escala estado, até se obter uma
escala com 40 itens de acordo com a versão original. Os índices de ajustamento deste
modelo com 40 itens podem ser observados na tabela 5. Os índices de ajustamento a
utílizar na AFC bem como os pontos de corte têm sido estudados e largamente
discutidos por diferentes autores, nomeadamente Bentler (1990), Hu e Bentler (]999),
Byme (2001) e Kline (2005). A escolha dos índices de ajustamento e os respectivos
pontes de corte utilizados no presente estudo tiveram em conta as recomendações
efectuadas por vários autores, entre os quais os anteriormente mencionados bem como
os índices adoptados por autores que estudaram as propriedades psicométricas do
STAIC como Psychountaki el al. (2003) permitindo desta forma a comparabilidade
entre diferentes amostras de diferentes línguas e culturas. Tendo em conta os critérios
utilizados por Psychountaki et al. (2003) os resultados da AFC do presente estudo
revelam um bom ajustamento do modelo de 3 factores do STAIC.

)
Modelo Z- Gl GFI AGFI CFI IFI RMSEA
50 itens 2865.25++ 1172 .89 93 93 036
49 itens 2757.49** 1t24 .89 94 94 036
48 itens 2583.35+* 1077 .90 94 94 .036
47 itens 2440.39** 103 1 .90 94 94 035
46 itens 2336.91** 986 .90 95 95 .03 5
45 itens 2178.84** 942 .91 95 95 .034
44 itens 2057.28** 899 .91 95 95 .034
43 itens 2005.62+* 857 .91 95 95 .03 s
42 itens 1936.51** 816 .91 95 95 035
41 itens I 852.07+* 776 .91 9s 95 .035
40 itens 1717 31** 737 .91 . 95 95 03s
Final* 1544.97** 735 93 92 96 .032
tFoi considerado Modelo Final o modelo com 40 itens e as correlações entre os erros dos itens 24 e 19, e23 e
22.
Nola GFI: goodness ol fit index; AGFI : adjusted goodness of fit index; CFI : comparative fit index;
RMSEA: root mean square error of approximation; ** p . .001

Conclusões
Os resultados obtidos mostram que a versão experimental do STAIC aplicado a crianças
do ensino básico possui boas propriedades psicometricas e que após a depuração dos 10
itens da escala Estado se obtém um versão de 40 itens como uma boa estrutura factorial
e conceptualmente ajustado ao modelo de Spielberger. Pode-se afirmar que esta versão

155

IIT
de 40 itens do STAIC em língua Portuguesa constitui uma boa base de trabalho para a
sua futura validação que aliás já se encontra em curso.

Referências
Arbuckle, J L (2005). AMOS 6.0 [Computer Software] Chicago: Smallwaters
Bentler, P. M. (1990). Comparative fit indexes in structural models. Psychological Bulletin, 107,238-246.
Biaggio, A.M B e Spielberger, C D. (1983). Inventario de Ansiedade Traço-EstadoJDATE-C- Manuol para
a Forma Experimental Infantil em Português. Rio de Janeiro: CEPA - Centro Editor de Psicologia
Aplicada, Lda.
Byrne, M. B. (2001). Structmal Equation Modeling with AMOS. Basic Concepts, Applications, and
Programming. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers.
Cattell, R.B. (1966) The scree test forthe number offactors. Multivariate Behavioral Research, 1,245-2'76
Eysenck, H.J. e Eysenck, S.B. (1975). Manual of the Eysenck Personality Questionnaire (Junior & Adult).
London: Hodder and Stoughton.
Fonseca, A. C. (1989). Estudo Intercultural da Personalidade. Comparaçào de Crianças Portuguesas e Inglesas
no EPQ-Junior. Revista Portuguesa de Pedagogia, 23,323-345.
Fonseca, A.C. (1992). Uma Escala de Ansiedade para Crianças e Adolescentes. Revisla Porluguesa de
Pedagogia, 26, I, 141-155
Hu, L. & Bentler, P.M. (1999). Cutoff criteria for fit-indexes in covariance struchlre analysis: conventional
criteria vs new altematives. Structural Equalion Modeling, 6,1-55
Kaiser, H.F. (1958). The varimax criterion for analy.tic rotation in factor analysis. Psychometrika, 23, 187-
200
Kline, R B. (2005). Principles and Practice of Structural Eqnation Modeling, (2ndedition).NewYork. The
Guilford Press.
Numally, J C. (1978). Psychometric Theoty.New York: Mc Graw-Hill
Psychountaki, M., Zewas, Y, Karteroliotis, K, & Spielberger, C. (2003). Reliability and Validity of the Greek
Version of the ST AIC. European Journal of Psychological Assessment, I 9 (2), 124-130.
Spielberger, C.D, Edwards, C.D., Lushene, R.E., Montuori, J. & Platzek, D (1973). Preliminary Manualfor
the State-Trait Anxiety Inyentory. Palo Alto: Consulting Psychologists Press, Inc.
SPSS Inc (2005) SPSS/or Windows, (release 14.0) SPSS Inc.

156
ESTRUTURA FACTORIAL DE UMA VERSÃO EXPERIMENTAL DO STAIC
DE SPIELBERGER EM CRIANÇAS DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Teresa Medeirosl, Emanuel Ponciano2, Conceição Matias3, Maria João Rodriguesa, Rita

Figueiriúa2 e Charles Spielberger5


I
Universidade dos Açores

' Unidade de Psicofisica e Psicometria - Instituto de Biofisica e Biomatemática, - IBILI


_ FMUC
3
Hospital Pediátrico - CHC
a
ESBM -Universidade da Madeira
5
South Florida University, USA

Introdução
O arquipélago dos Açores é constituído por 9 ilhas sendo uma região autónoma da
República Portuguesa, que se situa no oceano Atlântico, a meia distância entre a Europa
e os Estados Unidos da América. A superficie total dos Açores representa cerca de 2,5oÁ
do território nacional de Portugal com uma população estimada em cerca de 2,5o/o da
população portuguesa. É urnu região caracterizada por uma intensa actividade tectónica
que tem expressão em actividade l.ulcânica, geotérmica e frequentes abalos sísmicos.
A população dos Açores possui algumas características culturais e comportamentais,
nomeadamente uma intensa religiosidade diferente dos portugueses do continente.
Tendo em conta estas diferenças, os autores do presente estudo pretendem avaliar essas
diferenças nas características psicometricas e estrutura factorial de uma versão
experimental em Língua Porhrguesa do State-Trait Anxiety Inventory for children
(STAIC; Spielberger et al., 1973) jâ uÍ17izada por Matias, Ponciano, Medeiros,
Rodrigues, Figueirinha e Spielberger (2006) que se encontra nesta publicação.

Administração
A tradução do STAIC para Língua Poúuguesa encontra-se descrita nesta publicação
(Matias et a1.,2006). Esta versão experimental foi aplicada a uma amostra de 806
crianças, provenientes de todas as ilhas do arquipélago, do 4o ao 8o ano do ensino
básico, nas salas de aula, em gmpos de 10 a 30 crianças, durante o ano lectivo e em
condições de ausência de stresse. Na tabela 1 pode-se observar a distribuição da media
de idades por sexo e grau de escolaridade.
Para alem do STAIC administrou-se também uma versão portuguesa elaborada por
Fonseca (1992) da Revised Children's Manifest Anxiety Scale (RCMAS) (Reynolds e
Richmond, 1985) e um pequeno questionário destinado a obter informação acerca da
saúde em geral e mental, bem como sobre a ingestão de medicamentos. As crianças que
sofriam de disúrbios ansiosos ou que estivessem medicadas com psicotropos foram
excluídas dos dados a analisar.

r57
Tabela 1: Distribu oa amostra por idade
o da loaoe e sexo nos dift
dllerentes anos de esco laridade.
Escolaridade SEXO IDADE
Masculino Feminino Média Desvio padrào
,1o ano 58 71 9.73 110

5",6',7",8'ano 339 338 lt 71 1.25

Total 391 409 11.41 141

Propriedades psicométricas da tradução experimental do STAIC


Estudo da Íidedignidade
Estabilidade temporal: teste reteste
Os coeficientes teste-reteste do STAIC que foram calculados em 50 crianças com um
intervalo de tempo de 4 semanas podem ser observados na Tabela 2. As correlações
teste-reteste para a escala Estado foram apenas moderadas o que provavelmente reflecte
limitações das propriedades psicometricas da escala e a instabilidade da eskutura da
personalidade das crianças nesta faixa etária. Deve-se salientar que os coeficientes de
estabilidade paru a escala de ansiedade Traço apresentam valores mais elevados que os
da escala de ansiedade Estado.

abela este-reteste 4 semanas de intervalo de te


N Ansiedade Traço Ansiedade Estado

50 63 59

Consistência Interrra
A consistência intema das escalas Estado e Traço do STAIC foi avaliada pelo
coeficiente alfa de Cronbach, correlação item-restante e colrelação metade-metade. O
Çoeflciente alfa da amostra para a escala Estado foi .89 sendo .86 para o sexo masculino
e .90 para o sexo feminino. Para a esçala Traço os coeficientes alfa foram .76, .75 e .76
para o Íotal da amostra, o sexo masculino e feminino respectivamente. Os valores da
frdedignidade metade-metade para a escala Estado foram .85 para o sexo masculino e
.89 para o sexo feminino. Para a escala Traço os valores encontrados foram .71 e .73
para o sexo masculino e feminino respectivamente.
Evidência adicional da consistência interna das escalas do STAIC foi fornecida pelas
correlações item-restante da amostra confoüne se pode observar na Tabela 3.

Tabela 3: Valores mínimos, máximos e mediana dos coeficientes de correlação item-


restante das escalas Estado e Traço do STAIC para o sexo masculino, feminino e
amostra total
Masculino Feminino Total
STAIC Mrn Max Mediana Mm LVI A\ Mediana Min Max Mediana

Estado 22 56 37 25 63 46 25 58 42

Traço t4 16 30 13 48 33 20 .+5 39

158
Validade
Validade Concorrente
A validade çoncorrente foi avaliada pelo valor da correlação, .67, entre a escala A-Traço
e uma versão portuguesa de Castro Fonseça (1992) da Revised Children's Manifest
AnxieQ Scaie (Reynolds e Richmond, 1985)

Estrutura Factorial Exploratória


A estrutura factorial do STAIC foi avaliada numa amostra de 806 crianças do ensino
básico (397 do sexo masculino e 409 do sexo feminino). O inventário foi administrado
com instruções normalizadas a grupos de 10 a 30 crianças pelos autores desta
investigação na sala de aula durante o decorrer do ano lectivo. Utilizou-se a versão l4
do SPSS para Windows (release 14; SPSS Inc, 2005) para efectuar a análise factorial.
Os 50 itens do STAIC foram factorizados utilizando o método de extracção dos eixos
principais seguida duma rotação promax. O teste gráfico mostrou que apenas três
factores deveriam ser rodados. A solução de 3 factores foi considerada como tendo uma
estrutura simples, podendo considerar-se com significado relevante e
parcimoniosamente interpretável.

Tabela 4: Análise factorial dos eixos principais com rotação promax


Item Factorl Factor2 Factor3 Comunalidades
S1 .45 22
S3 .62 40
S6 .38 .18
S8 .3'7 .1',l
s10 62 .40
s12 .75 .51
s13 .43 .18
s14 .65 .45
s17 .56 .31
s20 .79 .56
s22 .60 36
s23 .61 .40
s26 .26 .09
s29 .81 .59
s30 .36 .17
S2 .39
S4 37 .25
S5 48 .2t
S7 56 .29
S9 .42 28
s11 .65 .35
s15 38 .t6
s16 .45 .26
s18 .6'7 .35
s19 .56 .39
s21 .53 .23
s24 56 .41
s25 .4ô 24
s27 .55 .34
s28 .62 34
T1 .36 .t 1

T2 .3s .11
T3 .30 .13
T4 ( 28) .r2
T5 .40 .18

1s9
T6 .38 .17
T7 (.28) .07
T8 (.26) .06
T9 (.23) 13
Tt0 .46 .23
Tl1 .36 .13
T12 .41 .21
T13 .40 .18
T14 .52 .28
T15 .31 .08
T16 (.24) 06
Tt7 .55 .27
Tl8 .35 .13
T19 .37 .20
T20 .40 .14
Valores próprios 764 282 1.89
%o vaiància 1s.28 563 3.77 24.68

Apenas se apresentam os itens com saturações superiores a.30. Os itens com saturações
não salientes apresentam-se entre parênteses.
O factor I (ansiedade estado ausente) está definido exclusivamente pelos itens que
traduzem a ausência de ansiedade estado. O factor 2 (ansiedade estado presente) está
dehnido exclusivamente pelos itens que traduzem a presença de ansiedade estado. O
factor 3 e composto exclusivamente pelos itens respeitante à ansiedade traço.

Análise factorial confi rmatória


A análise factorial confirmatória (AFC) foi efectuada utilizando a versão 6.0 do AMOS
de Arbuckle (2005). A AFC consistiu na análise de um modelo de 3 factores proposto
por Spielberger e em consonância com resultados obtidos na análise factorial
exploratória do presente estudo. Este modelo é constituído por 2 factores relativos à
ansiedade estado (itens de ausência e presença de ansiedade) e 1 factor relativo à
ansiedade traço. Iniciou-se a AFC com a totalidade dos 50 itens da versão experimental
do STAIC, retirando progressivamente um item de cada yez (o item Çom o coeficiente
de regressão com o valor mais baixo) da escala estado, até se obter uma escala com 40
itens de acordo com a versão original. Os índices de ajustamento deste modelo com 40
itens podem ser observados na tabela 5, verificando-se um ajustamento aceitável do
modelo de 3 factores. Os critérios utilizados na escolha dos índices de ajustamento e
pontos de corte encontram-se descritos por Matias, Ponciano, Figueiriúa e Spielberger
na presente publicação.

Tabela 5: Índices de ajustamento para todos os modelos de 3 factores do STAIC


Modelo Df GFI AGFI CFI IFI RMSEA
Z,
50 itens 2465.10++ 1172 .88 .87 .85 .85 .03'7
49 itens 2372.67** 1,t24 .89 .88 .85 .85 .037
48 itens 2261.27*+ 1077 .89 .88 .86 .86 .037
47 itens 2r60.59** 103 1 .89 .88 86 .86 .037
46 itens 2033.63** 986 .89 89 .87 87 .036
45 itens 1 948.05++ 942 .90 .89 .87 .87 .036
44 itens 1 857.65** 899 .90 .89 87 .87 .036
43 itens 1790 63*+ 857 .90 89 .87 .88 .037
42 itens 1710 66** 816 .90 .89 88 .88 .037
4l itens I 596. l4** 7'76 .91 .90 .89 .89 .036
40 itens 1501.73 * * 737 .91 .90 .88 .88 036
Final+ t326.27** 733 92 9t 032

160
* For considerado Modelo Final o modelo com 40 itens e os itens S29 e S20 correlacionados tais como os
itens S24 e Sl9; S20 e S12; S29 e Sl2.
Nota GFI: goodness of fit index; AGFI = adjusted goodness of fit index; CFI : comparative fit index;
RMSEA = root mean square erroÍ of approximation; ** p < .001

Conclusões
Os resultados obtidos mostram que a versão experimental do STAIC aplicado a crianças
do ensino básico na Região Autónoma dos Açores possui boas propriedades
psicométricas e que após a depuração dos 10 itens da esçala Estado se obtém um versão
de 40 itens como uma razoável estrutura factorial e conceptualmente ajustado ao
modelo de Spielberger. Pode-se aflrmar que esta versão de 40 itens do STAIC em
Língua Portuguesa constitui uma boa base de trabalho para a sua futura validação que
aliâs já se encontra em curso.

Referências
Arbuckle, l.L. (2005). AMOS ó 0 [Computer Software]. Chicago: Smallwaters
Fonseca, A.C. (1992). Uma Escala de Ansiedade para Crianças e Adolescentes. Revista Portuguesa de
Pedagogia, 26, I, 141 -155.
Cross, R. W. & Huberty, T. J. (1994). Factor analysis of the State-Trait Anxiety Inventory for children wiú a
sample of seventh- and eighth-grade students. Journol of Psychoeducalional Assessment, 11,
(3),232-241.
Relnrolds, C.R. e Richmond, B. O. (1985). Revised Children's Manifest Anxiety Scale (RCMÁS). Manual. Los
Angeles: Westem Psychological Services.
Spielberger, C.D., Edwards, C.D., Lushene, R.8., Montuori, J. & Platzek, D. (1973). Preliminary Manual for
the State-Trait Anxiety Inventory Palo Alto: Consulting Psychologists Press, Inc.
SPSS Inc (2005). SPSS/or Windows, (release 14.0). SPSS Inc

161

^/
T

ESTRUTURA FACTORIAL DE UMA VERSÁO EXPERIMENTAL DO STAIC E

DE SPIELBERGER EM CRIANÇAS DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

Maria João Rodriguesl, Emanuel Ponciano2, Conceição Matiass, Teresa Medeirosa, Rita
Figueiriúa2 e Charles Spielberger5

t
ESEM -Universidade da Madeira
2
Unidade de Psicofísica e Psicometria - Instituto de Biofísica e Biomatemática - IBILI

-FMUC
3
Hospital Pediátrico - CHC
a
Universidade dos Açores
s
South Florida University, USA

Introdução
A ilha da Madeira é a principal ilha duma região autónoma da República Poúuguesa.
Situa-se no oceano Atlântico a cerca de 900 Km de Lisboa e a 600 Km de Casablanca.
Representa aproximadamente .8%o do território de Portugal e possui uma população
rondando os 250 mil habitantes (cerca de 2.5Yo da população portuguesa), metade dos
quais vive na capital, a cidade do Funchal.
A população da Madeira, embora comparável à população continental e dos Açores em
alguns aspectos, possui algumas características culturais e comportamentais que a
diferenciam.
Tendo em conta estas diferenças, os autores do presente estudo pretendem avaliar a
influência dessas diferenças nas características psicométricas e estrutura factorial de
uma versão experimental em Língua Porhrguesa do State-Trait Anxiety Inventory for
children (STAIC; Spielberger et al., 1973)já utilizada por Matias, Ponciano, Medeiros,
Rodrigues, Figueiriúa e Spielberger (2006) que se encontra nesta publicação.

Administração
A tradução do STAIC para língua portuguesa encontra-se descrita nesta publicação
(Matias et al., 2006). Esta versão experimental foi aplicada a uma amostra de 840
crianças madeirenses, com idades compreendidas entre os 8 e os 14 anos, do 3o ao 8o
ano do ensino básico, nas salas de aula, em grupos de l0 a 30 crianças, durante o ano
lectivo e em condições de ausência de stresse. Na tabela 1 pode-se observar a
distribuição da média de idades por sexo e grau de escolaridade.
Para além do STAIC administrou-se também uma versão portuguesa elaborada por
Fonseca (1992) da Revised Children's Manifest Anxiety Scaie (RCMAS) (Reynolds e
Richmond, 1985) e um pequeno questionário destinado a obter informação acerca da
saúde em geral e mental, bem como sobre a ingestão de medicamentos. As crianças que
sofriam de disúrbios ansiosos ou que estivessem medicadas com psicotropos foram
excluídas dos dados a analisar.

r62
abela l: Dlstrl rulcão da amostra if(
idade e sexo nos diferentes anos de escolar idade

Escolaridade SEXO IDÀDE


Masculino Feminino Média Desvio padrão

3o e .1o ano 64 88 t21


5",6",7",8" ano 344 350 11.40 t.22

Total 1/õ 414 l0 95 1.51

Propriedades psicométricas da tradução experimental do STAIC


tr Estudo da frdedi gnidade
Estabilidade temporal: teste reteste
Os coeficientes teste-reteste do STAIC que foram calculados em 212 crianças com um
intervalo de tempo de 4 semanas podem ser observados na Tabela 2. As correlações
teste-reteste para a escala Estado e Traço foram elevadas, sendo mais elevadas as da
ansiedade Traço como teoricamente seria de esperar, reflectindo provavelmente uma
boa adequação dos itens do STAIC a esta amostra.

bel 2: l este-reteste
T abela semanas de lnteflalo
a1 det

Sexo N Ansiedade Traço Ansiedade Estado

Masculino 115 73 64

Feminino 97 86 .77

Consistência Interna
A consistôncia intema das escalas Estado e Traço do STAIC foi avaliada pelo
çoeficiente alfa de Cronbach, correlação item-restante e correlação metade-metade.
O coeficiente alfa da amostra para a escala Estado foi de .88 sendo .86 para o sexo
masculino e .89 para o sexo feminino. Para a escala Traço os coeficientes alfa foram .82
.81 e .82 para o total da amoska, o sexo masculino e feminino respectivamente. Os
valores da fidedignidade metade-metade para a escala Estado foram .86 para o sexo
masculino e .89 para o sexo masculino. Para a escala Traço os valores encontrados
foram .76 e .78 para o sexo masculino e feminino respectivamente.
Evidência adicional da consistência interna das escalas do STAIC foi fornecida pelas
h correlações item-restante da amostra confoÍne se podem observar na Tabela 3.
h
Tabela 3: Valores mínimos, máximos e mediana dos coeficientes de correlação item-
ru*
h, restante das escalas Estado e Traço do STAIC paÍa o sexo masculino, feminino e
hn amostra total
Masculino Feminino Total
;Iffr
t STAIC Min. Max Mediana Min Max Mediana Min. Max, Mediana

h*' Estado 13 63 39 1E 56 45 19 .59 43

k Traco 29 50 38 19 50 42 25 49 40

t63
Validade
Validade Concorrente
A validade concorrente foi avaliada pelo valor da correlação, .68, entre a escala A-Traço
e uma versão portuguesa de Castro Fonseca (1992) da Revised Children's Manifest
Anxiety Scale (Reynolds e Richmond, 1985)

Estrutura Factorial Exploratória


A estrutura factorial do STAIC foi avaliada numa amostra de 806 crianças do ensino
básico (426 do sexo masculino e 414 do sexo feminino). O inventário foi administrado
com instruções normalizadas a grupos de 10 a 30 crianças pelos autores desta
investigação na sala de aula durante o decorrer do ano lectivo. Utilizou-se a versão 14
do SPSS para Windows (release 14; SPSS Inc, 2005) para efectuar a análise factorial.
Os 50 itens do STAIC foram factorizados utilizando o método de extracção dos eixos
principais seguida duma rotação promax. O teste gráfico mostrou que apenas três
factores deveriam ser rodados. A solução de 3 factores foi considerada como tendo uma
estrutura simples, podendo considerar-se com significado relevante e
parcimoniosamente interpretável.

Tabela 4: Análise factorial dos eixos principais com rotação promax


Item Factorl Factor2 Factor3 Comunalidades
S1 51 28
s3 59 34
S6 50 2'7
S8 ,14
sro 65 11
s12 ',76 54
sr3 45 l9
s11 .67 46
s17 s8 3l
s20 16 56
s22 7t 47
s23 59 3l
s26 )2 05
s29 79 .62
s30 .22 ,10
S2 .16 .22
S4 45 .28
S5 .12 11
S7 61 36
S9 64 44
sll 16 19
s15 40 19
s16 70 43
sr8 43 l7
sr9 61 39
s2l ,55 28
s24 60 .43
s25 29 10
s27 60 3',7

s28 6l 38
T1 .36 t4
T2 .41 2t
T3 34 16
T4 36 13
T5 .4t t9

r64
T6 .51 .26
T7 (.2'7) .10
T8 (.28) .07
T9 .32 .15
Tl0 .51 .29
Tll .46 .24
Tt2 .54 .29
T13 .52 .27
T14 .53 .28
T15 .4t .15
t T16 .35 .l I
] T17 .61 .30
T18 .40 .22
I T19 .45 28
h T20 .43 18
Valores próprios 762 3.95 2.04
%o variância 1,5.24 7.90 4.08 27.22

Apenas se apresentam os itens com saturações superiores a .30. Os itens com saturações
não salientes apresentam-se entre parênteses.
O factor I (ansiedade estado ausente) está definido exclusivamente pelos itens que
traduzem a ausência de ansiedade estado. O factor 2 (ansiedade estado presente) está
definido exclusivamente pelos itens que traduzem a presença de ansiedade estado. O
factor 3 é composto exclusivamente pelos itens respeitantes à ansiedade traço.

Análise factorial confi rmatória


A análise factorial confirmatória (AFC) foi efectuada utilizando a versão 6.0 do AMOS
de Arbuckle (2005). A AFC consistiu na análise de um modelo de 3 factores proposto
por Spielberger e em consonância com resultados obtidos na análise factorial
exploratória do presente estudo. Este modelo e constituído por 2 factores relativos à
ansiedade estado (itens de ausência e presença de ansiedade) e I factor relativo à
ansiedade traço. Iniciou-se a AFC com a totalidade dos 50 itens da versão experimental
do STAIC, retirando progressivamente um item de cada vez (o item com o coeficiente
de regressão com o valor mais baixo) da escala estado, até se obter uma escala com 40
itens de acordo com a versão original. Os índices de ajustamento deste modelo com 40
itens podem ser observados na tabela 5, verificando-se um ajustamento aceitável do
modelo de 3 factores. Os critérios utilizados na escolha dos índices de ajustamento e
pontos de corte encontram-se descritos por Matias, Ponciano, Figueirinha e Spielberger
na presente publicação.

Tabela 5: Índices de 4iustamento para todos os modelos de 3 factores do STAIC


Modelo

50 itens
r 2

2821 3l**
Df
1172
GFI AGFI

.81
CFI
86
IFI RMSEA

84 84 .041
49 itens 2719.7 5*r tt24 .88 86 85 85 .04t
48 itens 2675.33** r077 .88 86 85 .85 .042
47 itens 2521 86+* 103 1 .88 8'.7 85 85 .042
46 itens 2357 59** 986 .89 87 86 86 04r
45 itens 2263.28*4 942 .89 88 86 .87 .041
44 itens 2142 06*+ 899 .89 88 87 .87 .041
43 itens 2056.49** 857 .89 88 87 .87 041
42 itens 1930.75** 816 .90 89 88 .88 .040
41 itens 1844 00++ 776 .90 89 88 .88 .041
40 itens 1753.91 * * 131 .90 89 88 .88 041
1433 51++ 731 92 9l 92 92 034

165
I

Tabela 5 Indices de ajustamento para todos os modelos. (Madeira)


* Foi considerado Modelo Final o rrodelo com 40 itens e os itens S24 e S19 correlacionados tais como os
itens S28 e S27; S28 e S16; Tl1 e Tl5, S29 e Sl2.
Nota GFI: goodness of fit index; AGFI - adjusted goodness of fit index; CFI = comparative fit index:
RMSEA: root mean square error of approximation; +* p < .001 PRO}
ST]PE
Conclusões
Os resultados obtidos mostram que a versão experimental do STAIC aplicado a crianças Ala D
do ensino básico da ilha da Madeira possui boas propriedades psicométricas e que após
a depuração dos 10 itens da escala Estado se obtém um versâo de 40 itens como uma Depart
boa estrutura factorial e conceptualmente ajustado ao modelo de Spielberger. Pode-se
afirmar que esta versão de 40 itens do STAIC em Língua Portuguesa constitui uma boa Introd
base de trabalho para a sua futura validação que aliás já se encontra em curso. A con
psicolt
Referências Na teo
Arbuckle, I. L. (2005). AMOS ó,0 [Computer Software]. Chicago: Smallwaters
Fonseca, AC. (1992). Uma Escala de Ansiedade para Crianças e Adolescentes. Revista Porluguesa de
cedo D
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lhe Slale-Trait Anxiety Invenlory. Palo Alto: Consulting Psychologists Press, Inc. ao pap
SPSS Inc (2005). SPSS/or Ilindows, (release 14.0). SPSS Inc
esforç(
expen(
identid
(Pasca
Baseac
caract€
(crise)
nascllr
desenv
identid
Moratr
Realizr
de lde
indivíc
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caract(
explor
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