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Escala de desenvolvimento mental

de Griffiths dos 2-8 anos

Sara Ferreira 3 de abril de 2016


Ficha Técnica

Objetivo
Avaliar as competências do desenvolvimento até
aos 8 anos de idade.

❖ Esta escala foi desenvolvida por Ruth Griffiths.


❖ Existem duas escalas:
- Crianças dos 0 aos 2 anos de idade
- Crianças dos 2 aos 8 anos de idade.
❖ Aplicação individual
❖ Tempo de aplicação variável (entre 60 a 90 minutos).
Ambiente de Avaliação

Pode ser administrada Assegurar que a sala


em clínicas, escolas ou esteja o mais livre
em casa da criança. possível de distrações.

Sala deve ser


Boas condições de
suficientemente grande
iluminação, acústica,
para permitir que se
ventilação.
apliquem os itens.
Composição da Escala

É constituída por seis subescalas:

• Subescala A: Locomoção;
• Subescala B: Pessoal-Social;
• Subescala C: Linguagem;
• Subescala D: Coordenação Olho – Mão;
• Subescala E: Realização;
• Subescala F: Raciocínio Prático;
Locomoção

Motricidade Global

Coordenação Controlo dos


Equilíbrio
Motora Movimentos

Exemplos de atividades: Subir e descer escadas, chutar uma bola,


saltar, andar de bicicleta e saltar à corda.
Locomoção
Material
• Cinco blocos de espuma
• Uma bola de tamanho médio
• Uma pandeireta
• Seis cubos amarelos
• Uma corda de saltar
• Uma bola do tamanho de uma bola de ténis
Pessoal-social

Avalia

Autonomia em Nível de independência


atividades e capacidade de
quotidianas interação com os pares

Exemplos de atividades: vestir e despir, destreza com os talheres,


conhecimentos sobre a sua data de aniversário e a morada.
Pessoal-social
Material
• Tira de pano com casas e botões para abotoar;

• Colher, garfo, faca, copo e prato da caixa dos 18 objetos;

• Um sapato pequeno para o item de apertar a fivela;

• Um fio para fazer a laçada e o laço;


Linguagem

Linguagem

Recetiva Expressiva

Exemplos de atividades: nomear objetos e cores, repetir frases, descrever uma


imagem, responder a um conjunto de questões sobre compreensão, semelhanças e
diferenças.
Linguagem
Material
• Caixa dos 18 objetos (cadeira, bola, cavalo, cão, gato, caneca, colher, botão,
carro, cubo, moeda);

• Caixa com 10 placas coloridas;

• 20 cartões pequenos de imagens;

• Uma imagem grande colorida;

• Um conjunto de 26 letras maiúsculas.


Coordenação olho-mão

Competências
Motricidade Destreza
visuo-
fina Manual
motoras

Exemplos de atividades: enfiar contas, cortar com tesoura, copiar


figuras geométricas e copiar letras e números.
Coordenação olho-mão
Material
• Fio e contas de enfiar e fio com padrão de contas já enfiado
• Caixa com 10 cubos amarelos
• Quadrados de papel colorido
• 2 tesouras
Realização

Competências
visuo-espaciais

Rapidez de
Precisão
execução

Exemplos de atividades: construção de pontes e de escadas, encaixes de


figuras geométricas e construção de padrões com cubos.
Realização
Material
• Brinquedo de enroscar (Escala dos 0 aos 2 anos)
• Caixa com 9 cubos castanhos/roxos com tampa
• Tabuleiros de encaixe:
• 4 quadrados
• 6 figuras geométricas
• 11 figuras geométricas
• Conjunto de 3 caixas plásticas coloridas (vermelha, amarela e azul), cada uma com
2 cubos da cor correspondente (Escala dos 0 aos 2 anos)
• Caixa com 9 cubos coloridos para padrões – 3 encarnados, 3 amarelos e 3 azuis.
• Caderno de Padrões
• Caixa com 10 cubos amarelos

Nota: Para além deste material é necessário um cronómetro.


Raciocínio prático

Capacidade da
criança

Resolver Compreender
Ordenar Compreender
problemas conceitos
sequências questões morais
práticos matemáticos
básicos

Exemplos de atividades: contar e comparar tamanhos, comprimentos e pesos;


conhecimentos dos dias da semana, compreensão do que é certo ou errado.
Raciocínio prático
Material
• Uma moeda (caixa de objetos); • Cartões pequenos de imagens (numerados
de 1 a 5 que pertencem ao conjunto dos
• Dois cubos azuis de diferentes tamanhos;
20 cartões de imagens da subescala C);
• Dois pesos;
• Cartão de memória visual com 10
• Cartão com duas linhas;
imagens coloridas;
• Caixa com 10 cubos amarelos;
• Cartões de disposição de gravuras;
• Caixa com 9 cubos castanhos/roxos;
• Dois cartões com série de formas;

• Quatro cartões com setas;


Caderno de Registo e Código de Cores

Os itens são apresentados com um código de cores para


administração dos itens em cada Subescala

❖ Itens que são administrados utilizando o mesmo


material ou que avaliam níveis da mesma
competência.

Caderno de registo
O ponto de partida

Secção I Secção II Secção III Secção IV

 Inicialmente a caixa de cubos amarelos deve estar colocada em cima da mesa.


 A utilização das caixas de cubos ajuda a perceber onde se deve iniciar nas
restantes subescalas.
 O examinador tem de ter sensibilidade e experiência para perceber os itens
mais adequados para iniciar a avaliação.
Idade BASE e Idade TECTO

O examinador administra cada subscala até a criança obter um resultado base e


um resultado tecto.

Idade base Primeiro item dos seis sucessos consecutivos

Idade tecto Primeiro item dos seis insucessos consecutivos

❖ Não é penalizado pelos itens que falhar abaixo da idade base.


❖ Não obtém créditos por itens que superar acima da idade tecto.
D Demonstração: O examinador pode demonstrar este item se sentir que a criança
necessita.
D O Demonstração Obrigatória: o examinador tem de demonstrar este item.
Tx2 Duas Tentativas: Podem ser dadas duas tentativas à criança.

Tx2 O Duas Tentativas Obrigatórias: Tem de se dar, obrigatoriamente, duas tentativas à


criança.
R Resposta: Se a criança não tiver oportunidade de demonstrar este item
durante a avaliação, este pode ser cotado com base na resposta dada pelos
pais/cuidadores. Se o examinador sabe, da observação clínica, que a criança não é
capaz de realizar um item específico, este deve ser cotado como insucesso, mesmo
que os pais/cuidadores digam que ela é capaz de o fazer.
T Treino: Nos itens em que é pedido à criança para repetir dígitos, se ela não
responder corretamente à primeira, o primeiro exemplo pode ser usado como
exemplo de treino. Se a criança responder corretamente na primeira tentativa, já
não se realiza a segunda tentativa.
T O Treino Obrigatório: O examinador tem de administrar obrigatoriamente o item
de treino.
Exemplo da aplicação dos símbolos

Item BIII.7 “Desabotoa botões D O ; Tx2 ”

O examinador tem que demonstrar como se desabotoam os botões e dar


duas tentativas à criança; a segunda tentativa não é necessária se a criança
passar na primeira.
• Subescala E: Realização
• Subescala C: Linguagem
• Subescala D: Coordenação Olho-Mão
• Subescala F: Raciocínio Prático
• Subescala B: Pessoal-Social
• Subescala A: Locomoção

Sugestões:
• Alternar entre itens verbais e itens não-verbais
• Se a criança tiver algum tipo de problema especifico deve-se administrar
inicialmente itens em que a criança seja capaz de realizar facilmente.
Cotação

• Cotar cada item como sucesso ou insucesso e registar + ou – no manual.

• Quando se trata de um item cotado com base na resposta dos pais/cuidadores,


fazer um círculo ou traçar R no Caderno de Registo.

Nota Anotar os itens falhados pelo facto de nunca ter manuseado


determinados materiais.
As observações do comportamento durante a avaliação devem ser
interpretadas no relatório.
1 – Cotação dos itens individualmente

2 – Obtenção dos resultados brutos

3 – Conversão dos resultados brutos em padronizados: percentis e


nota z

4 – Conversão dos resultados brutos em idade mental (idade de


desenvolvimento)

5 – Obtenção do quociente geral (QG)


1 – Cotação dos itens individualmente
2 – Obtenção dos resultados brutos

SECÇÃO I SECÇÃO II

SECÇÃO III e IV
3 – Conversão dos resultados brutos em padronizados: percentis e
nota z
EXEMPLO
PRÁTICO
Nome: João (nome fictício)
Idade cronológica: 42.2 meses
Resultado Bruto na Subescala A: 55

PASSO 1
Arredondar a idade cronológica para meio mês abaixo mais próximo.
(Ex: 42 meses)
PASSO 2
Consultar a tabela da Subescala A do Anexo D.
• Encontrar a linha correspondente à idade cronológica.
• Seguir a linha até encontrar o resultado mais próximo do obtido.
4 – Conversão dos resultados brutos em Idade Mental (Idade de
Desenvolvimento)

• Procurar o resultado bruto mais próximo do resultado obtido na coluna do


percentil 50.
5 – Obtenção do Quociente Geral (QG)

• Calcular a média dos resultados brutos das 6 subescalas.


• Utilizar a tabela correspondente do Anexo D para converter o resultado
em QG.
Interpretação dos Resultados

O examinador deve utilizar os resultados padronizados para interpretar


o desempenho da criança nas diferentes Subescalas:

Em função das
Em função do contexto
descrições qualitativas
da criança;
das categorias;
Interpretação dos Resultados padronizados ou notas Z

• Um valor de z de 0 diz-nos que o desempenho da criança na Subescala em


questão está na média;
• Um valor z inferior -2 indica um atraso significativo de desenvolvimento
ou dificuldades de aprendizagem.

Resultados baixos em todas as Subescalas indicam um atraso global de


desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem significativas.
Interpretação dos Resultados do perfil de
desenvolvimento

• Compreender o nível de desenvolvimento da criança, no momento da avaliação


e identificar as suas áreas fortes e fracas;

• Examinar com os pais/cuidadores a necessidade de posteriores avaliações ou


encaminhamento para as intervenções terapêuticas necessárias;

• Desenvolver programas de intervenção precoce ou programas educativos;

• Avaliar os efeitos desses programas, no caso da criança fazer uma reavaliação


no final dos mesmos;

• Examinar com os pais/cuidadores os encaminhamentos ou opções educativas.


Interpretação dos Resultados do perfil de
desenvolvimento
É um instrumento de avaliação do desenvolvimento. Não é, por si só, um
teste de diagnóstico!

Perfis de desenvolvimento que são característicos de dificuldades específicas de


desenvolvimento:

Perturbação/atraso da linguagem e fala ou com défice auditivo:


Subescala de Linguagem, Raciocínio Prático e Pessoal-Social.
Atraso nas competências ao nível da motricidade fina:
Subescala Coordenação Olho-Mão e de Realização.
Paralisia cerebral moderada e crianças com hipotonia:
Dificuldades em ambas as áreas motoras (global e fina) .
Interpretação dos Resultados do perfil de
desenvolvimento
Autismo:
Dificuldades com itens das Subescalas de Linguagem, da Subescala Pessoal-Social, que
abordam competências de relacionamento social. Tendem a apresentar melhores
resultados nas Subescalas de Coordenação Olho-Mão e de Realização.
Síndrome da Asperger:
Resultados mais baixos nas Subescalas Pessoal-Social, Coordenação Olho-Mão (se
tiverem dispraxia) e de Realização. Contudo, podem ter resultados elevados na
Subescala de Linguagem.
Referências Bibliográficas

• Luiz, D., Faragher, B., Barnard, A., Kotras, N., Burns, L., & Challis, D. (2008).
Griffiths - Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths - Extensão Revista 2006
- Manual Técnico. Lisboa: Cegoc-Tea lda.

• Luiz, D., Faragher, B., Barnard, A., Knoesen, N., Kotras, N., Horrocks, S.,
McAlinden, P., Challis, D. & O’Connell, R. (2008). Griffiths - Escala de
Desenvolvimento Mental de Griffiths - Extensão Revista 2006 - Manual de
Administração. Lisboa: Cegoc-Tea lda.

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