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Avaliação infantil

Técnicas e Teste CAT-A


• AS ATIVIDADES LÚDICAS
• A forma de avaliação mais conhecida de crianças é a análise da
atividade lúdica.

• A atividade lúdica para a criança é correlata à livre associação no


adulto.

• É para a criança um meio de comunicação semelhante à


expressão verbal nos adultos.

• Terreno fértil para a análise das projeções e modos de expressão


da criança.

• M. Klein: Quando falta a palavra, o brincar expressa tudo, e


mesmo quando a palavra já tiver sido incorporada a linguagem
lúdica é mais expressiva que a verbal ou, então, no mínimo, um
complemento imprescindível.
• Comunicação de conteúdos inconscientes, mas também de sua
vivência da relação com seus irmãos, com colegas de escola,
com sensações diante do seu desenvolvimento físico, etc.

• A hora do jogo diagnóstica (Psicodiagnóstico)

• Analisa-se as modalidades do brincar

• Uso de jogos simbólicos


• Estereotipia
• Rigidez
• Outro instrumento para a avaliação de crianças são as técnicas
gráficas (desenhos)
• Desenho livre
• HTP
• Jogo do Rabisco (Winnicott):
• É uma técnica (apresentada como jogo) que facilita a
comunicação de aspectos profundos do psiquismo e tem
valor diagnóstico e terapêutico.
Em um momento adequado, após a chegada do paciente [...]
digo à criança: “Vamos jogar alguma coisa. Sei o que gostaria de
jogar e vou lhe mostrar”.
Há uma mesa entre a criança e eu, com papel e dois lápis.
Primeiro apanho um pouco de papel e rasgo as folhas ao meio,
dando a impressão de que o que estamos fazendo não é
freneticamente importante, e então começo a explicar.
Digo: “Este jogo que gosto de jogar não tem regras. Pego apenas
o meu lápis e faço assim” [...] e, provavelmente, aperto os olhos
e faço um rabisco às cegas.
Prossigo com a explicação e digo: “Mostre-me se se parece com
alguma coisa a você ou se pode transformá-lo em algo; depois
faça o mesmo comigo e verei se posso fazer algo com o seu
rabisco”.
• Todas as técnicas gráficas exigem uma complementação verbal

• Técnicas de Apercepção Temática

• CAT – A (Bellak e Bellak)

• Faixa etária: 5-10

• 10 pranchas de animais em situações humanas

• Derivado do teste de apercepção temática (TAT) de Henry Murray

• Crianças pequenas identificam-se mais facilmente com animais


do que com pessoas
• O material utiliza imagens a fim de provocar projeções

• Faz parte do grupo dos instrumentos que utilizam as técnicas


temáticas verbais: eliciar processos projetivos a partir de
histórias.
Apercepção:
• “Uma interpretação significativa que um organismo faz de uma
percepção” (Bellak e Bellak, 1966)

• É a capacidade de interpretação dos estímulos sensoriais


atribuindo-lhes significado, com base nas experiências pessoais
do sujeito, suas emoções e seu conhecimento do mundo.
• A apercepção é responsável pela significação da coisa ou do que
é a coisa em si.
• “A apercepção consiste na integração de uma percepção com
a experiência passada e com o estado psicológico atual do
sujeito” (Kagan 1966)

• Toda resposta ao teste evidencia uma interpretação pessoal e


característica do sujeito que responde, havendo uma
identificação por parte do indivíduo com o personagem
principal da história, devendo o conteúdo manifesto ser
analisado buscando-se seus aspectos latentes, isto é, as
determinações e motivações inconscientes.
• Bellak e Bellak apresentam 3 proosições básicas que
fundamentam o CAT:

1) A hipótese projetiva básica: ao tentar responder uma situação


que apresenta certo grau de liberdade, o sujeito apresenta
respostas a partir das quais pode-se fazer deduções relativas a
sua organização única de personalidade, incluindo aspectos
adaptativos e defensivos

2) A seleção das pranchas que compõem o teste: as cenas foram


escolhidas levando-se em conta problemas, situações e papéis
importantes no desenvolvimento e na vida da criança. Referencial
psicanalítico.
3) A escolha de figuras de animais: decorreu da experiência com
crianças.

• Animais são menores que seres humanos (de modo geral),


identificados como mais frágeis.
• Vale lembrar da importância dos animais nas angústias e
fantasias infantis.
• Destaca-se o caráter primitivo dos impulsos animais
• Animais aferem ambiguidade quanto ao sexo
CAT-A
• Objetivo: investigar a dinâmica da personalidade da
criança em sua singularidade, de modo a
compreender o mundo vivencial da criança, sua
estrutura afetiva, a dinâmica de suas reações diante
dos problemas que enfrenta e a maneira como os
enfrenta.
• População a que se destina: crianças entre 5 e 10
anos de idade.
• Tempo de aplicação: livre (leva em média 45
minutos)
CAT-A
• Ao contrário dos testes cognitivos, que utilizam a inteligência
ou a resolução de problemas para medir o que o indivíduo
conhece do mundo, técnicas projetivas, como o CAT, são
desenhados para serem abertas e encorajar a expressão livre
de pensamentos e sentimentos, pelos quais estes indivíduos
revelam seus pensamentos e sentimentos.
• Em sua versão original, os estímulos apresentam figuras de
animais, partindo do pressuposto que crianças se identificam
mais prontamente com personagens animais do que com
pessoas.
• Posteriormente foi criado o CAT – H, uma adaptação com
figuras humanas. Para crianças entre 7 anos e 12 anos e 11
meses.
CAT-A
• compreende dez gravuras, representando
animais em várias situações, as quais permitem
investigar:

- Relacionamento da criança com figuras


importantes em sua vida;
- A dinâmica das relações interpessoais;
- A natureza e a força dos impulsos;
- As defesas mobilizadas;
- O estudo do desenvolvimento infantil;
- A compreensão da dinâmica familiar.
APLICAÇÃO
Observações:
• A aplicação do CAT-A está sujeita as dificuldades
comuns em técnicas destinadas às crianças
devendo levar em consideração o nível de
compreensão da criança e da sua faixa etária.

• Estabelecimento de rapport afim de evitar


ansiedades relacionadas com as expectativas da
criança diante da avaliação do desempenho.

• Aplicação indicada no final do processo de


Avaliação, quando o contato com o aplicador já
foi estabelecido.
APLICAÇÃO
Instruções

“Este é um jogo de histórias. São dez figuras ao


todo. Eu vou mostrar uma figura por vez e você
deve tentar criar uma história de faz de conta pra
ela. Diga o que está acontecendo na figura, o que
vai acontecer depois e como termina a história. Ou
você pode dizer o que acha que aconteceu antes,
em seguida o que está acontecendo na figura, o que
vai acontecer depois e qual é o fim da história. O
que interessa é você inventar uma história com
começo, meio e fim, da sua própria imaginação.
Muito bem, esta é a primeira figura.”
APLICAÇÃO
• As instruções podem ser retomadas sempre que necessário
de forma sucinta e adaptada à idade e aos recursos da
criança.

• É importante que o psicólogo mantenha uma atitude de


interesse diante do que a criança narra.

• Frequentemente é preciso encorajá-la a narrar histórias, mas


deve-se ter cuidado para não induzir sua resposta ao
incentivá-la .

• Diante de uma criança que apenas descreva ou pareça ter


dificuldade em inventar uma sequência de ações, pode-se
perguntar, por exemplo: “o que aconteceu antes disso?” ou “o
que aconteceu depois disso?“
APLICAÇÃO
• É importante assegurar-se de que a criança entenda o que
seja “inventar uma história”.

• As pranchas devem ser apresentadas uma por vez, na


sequência determinada pela numeração de 1 a 10, enquanto
as demais pranchas devem permanecer fora do alcance da
criança. Isso assegura que a criança mantenha a atenção na
figura apresentada.

• Todos os comentários e comportamentos da criança devem


ser

• observados e anotados durante a aplicação (gestos,


expressões faciais e posturas que acompanham os relatos).
APLICAÇÃO
• É importante que o aplicador utilize perguntas
abertas, tomando o cuidado de não sugerir ou
induzir as respostas da criança.

• Todo o relato deve ser anotado (exatamente


com as palavras da criança), bem como as
interferências do aplicador que provocaram as
associações.
INTERPRETAÇÃO
A interpretação se dá com base na análise das seguintes
categorias:
1) Autoimagem: características do herói principal.
2) Relações objetais: Como as outras pessoas são percebidas e o
tipo de relação estabelecido.
3) Concepção do ambiente: todo o contexto que envolve o herói.
4) Necessidades e conflitos
5) Ansiedades: o que está por trás do conflito, o motivo
fundamental da configuração do conflito.
6) Mecanismos de defesa: adaptativo, imaturo ou desorganizado.
7) Superego: punição pelos comportamentos inadequados do
herói.
8) Integração do ego: como a criança deu conta da tarefa.
Diretrizes para a interpretação
TEMA PRINCIPAL
• Tem por objetivo explicitar o conteúdo latente do relato.
Compreende os seguintes aspectos:
• Nível descritivo: descrição sucinta e objetiva do relato.
• Nível interpretativo: qual a mensagem central do relato.
• Nível diagnóstico: ampliação do conteúdo latente para o
nível da dinâmica do indivíduo.
• Temática frequentemente evocada: verificar a
proximidade do tema da narrativa à demanda da prancha.
• Percepção dos elementos do estímulo: verificar se os
estímulos da prancha são percebidos adequadamente, se
há omissão de elementos.
Diretrizes para a interpretação

Exemplo: Fernanda – 10 anos.


Cartão 1
Eles estão comendo. (O quê?) Sorvete.
(O que aconteceu antes?) Brincavam.
(De quê?) Esconde-esconde.
(O que eles são uns dos outros?) Irmãos.
Diretrizes para a interpretação
• Nível descritivo: Irmãos comem sorvete depois de
brincar.
• Nível interpretativo: Se estou com meus irmãos posso
brincar e comer sorvete.
• Nível diagnóstico: Entre iguais e sem a presença do
adulto é possível ser criança e obter as gratificações
desejadas. O tema sugere imaturidade (comer sorvete)
e dificuldade diante das implicações do crescimento
(apenas crianças no relato).
• Temática: frequentemente evocada (alimentação).
• Percepção dos elementos do estímulo: a figura da
galinha é omitida do relato.
Diretrizes para a interpretação
• ANÁLISE DE CONTEÚDO

1)AUTOIMAGEM: baseia-se nas características do herói principal - a


figura central do relato, ao redor do qual gira a história. O herói é
considerado a figura de identificação, na qual o sujeito projeta suas
características reais ou ideais.
No exemplo:
• Cartão 5 – Como criança maior: solucionadora de problemas,
contrariada.
Era dois ursinhos que tava dormindo. Mais tarde o ursinho acordou e
tava com fome. Como não sabia falar porque era mais novo, começou
a chorar e os pais não ouviram porque estavam dormindo e não
escutaram. O mais velho ouviu e chamou os pais. Ele acordou e
perguntou o que queria e ele disse que seu irmão tava chorando e foi
ver. Disse que tava com fome e deu comida para ele e voltou a dormir.
(O que ele achou disso?) O mais velho achou ruim porque estava
dormindo, mas a mãe não achou ruim.
Diretrizes para a interpretação
• 2)RELAÇÕES OBJETAIS: investiga-se como a criança percebe as
outras figuras e o tipo de relação que estabelece com elas – pais
(figura materna, figura paterna), irmãos, amigos, rivais. As relações
podem se percebidas como de apoio, rivalidade ou outras.

No exemplo:
Cartão 1 – As relações com os pares (crianças em geral) mostram-se
positivas uma vez que compartilham as mesmas necessidades e agem
em colaboração. A omissão da galinha – não esperada para a idade,
como indica o estudo de percepção dos elementos específicos – pode
indicar dificuldades na relação com o adulto significativo. Como
hipótese inicial sugere-se a figura materna – hipótese a ser confirmada
ou rejeitada a partir da análise das demais histórias.

Cartão 5 – Insatisfatórias.
Diretrizes para a interpretação
3)CONCEPÇÃO DO AMBIENTE: considera-se como
ambiente todo o contexto que envolve o herói, incluindo
as demais personagens mencionadas no relato.
Geralmente dois ou três termos descritivos são
suficientes (ex: provedor, hostil, ameaçador, indiferente,
etc.) Relacionado às pressões que o ambiente impõe. É o
que o ambiente pode fazer ao sujeito ou para o sujeito –
poder que tem para afetar o bem-estar do sujeito.
No exemplo:
• Cartão 1 – Gratificante.

• Cartão 5 – Exigente; pouco provedor.


Diretrizes para a interpretação
PRESSÃO – determinante do meio externo que
são efetivos ou significativos para o
comportamento. Propriedade, ou atributo, de
um objeto ou pessoa do meio que facilita ou
impede os esforços do indivíduo para alcançar
seu objetivo. A pressão está associada a pessoas
ou objetos que se acham envolvidos,
diretamente, nos esforços que o individuo faz
para satisfazer suas necessidades.
Diretrizes para a interpretação
LISTA DE PRESSÕES
FALTA DE APOIO FAMÍLIA: discórdia cultural e/ou familiar,
disciplina volúvel, separação dos pais, ausência ou
doença de um dos pais, morte dos pais, inferioridade dos
pais, pobreza, lar instável/desorientado.
PERIGO OU INFORTÚNIO (ADVERSIDADE): desproteção,
falta de apoio físico, condições sanitárias, abandono,
solidão, escuridão, intempéries (perturbações climáticas),
relâmpagos, acidente, animal, fogo.
AUSÊNCIA OU PERDA: de nutrição, posses,
companheirismo, variedade e mudança.
RETENÇÃO: objetos que retém.
REJEIÇÃO: indiferença e escárnio, desprezo.
Diretrizes para a interpretação
CONTEMPORÂNEO: rival, competidor.
NASCIMENTO DO IRMÃO
AGRESSÃO: maus-tratos por alguém mais velho (homem ou
mulher) ou por parte de um contemporâneo,
contemporâneos brigões, desavenças.
DOMINAÇÃO: disciplina, orientação e treinamento religioso.
CARINHO/ INDULGÊNCIA: apoio, generosidade.
SOCORRO, NECESSIDADE DE TERNURA: procura de afeto,
apoio.
DEFERÊNCIA, ELOGIOS, RECONHECIMENTO: consideração.
AFILIAÇÃO E AMIZADES
ENGANO E TRAIÇÃO: decepção.
INFERIORIDADE: física, social e intelectual
Diretrizes para a interpretação
4)NECESSIDADES E CONFLITOS: a identificação das necessidades se dá
a partir dos comportamentos do herói ou de afirmações explícitas do
que ele procura, deseja, busca. Os conflitos se referem a desejos
incompatíveis e concomitantes, revelados a partir das necessidades do
herói, ou a impulsos que se opõem ao superego ou ao ambiente.
Buscas (necessidades) e impasses (conflitos do herói).

NECESSIDADES: o que ele faz, o que busca, o que precisa, o que quer e
o que procura.
CONFLITOS: desejos incompatíveis e concomitantes as necessidade;
impulsos que se opõem ao superego ou ao ambiente; duas forcas de
igual intensidade, com caminhos opostos.
Ex.: autoridade/submissão; dependência/independência;
proteção/abandono; forca/fragilidade; agressão/impotência;
atividade/passividade; id/ego; id/superego.
Diretrizes para a interpretação
No exemplo:
Cartão 1 – Necessidades de gratificação das necessidades básicas de
uma criança, como comer (sorvete) e brincar. Os conflitos não são
claramente expressos, mas é possível levantar a hipótese de
dificuldades em relação às implicações do crescimento e às limitações
inerentes à vida em sociedade.

1. A omissão da figura da galinha pode indicar conflitos com a figura de


um adulto que restrinja as possibilidades de gratificação. Nenhum
limite é colocado na historia.
2. A brincadeira imaginada (esconde-esconde), em uma situação em
que há apenas crianças presentes, pode sugerir a consciência de que a
situação idealizada (alimentar-se de sorvete) não é aceita na presença
do adulto.

Cartão 5 – Ser atendida X ambiente indiferente; atender às demandas


X ser perturbada.
Diretrizes para a interpretação
LISTA DE NECESSIDADES

HUMILHAÇÃO – submeter-se passivamente à forca externa. Aceitar injúria,


censura, crítica, punição. Render-se resignar-se ante a sorte. Admitir
inferioridade, erro, fracasso, defeito. Confessar e reparar. Censurar-se,
diminuir-se ou mutilar-se. desejar sofrimento, punição, doença. Infortúnio.
REALIZAÇÃO – realizar algo difícil. Dirigir, manipular ou organizar objetos
físicos,
seres humanos ou ideias. Fazer isso tão rápido e independentemente quanto
possível. Vencer obstáculos e atingir um alto padrão. Superar-se a si mesmo.
Rivalizar com outros e superá-los. Aumentar a autoestima pelo uso bem
sucedido de seus talentos.
AFILIAÇÃO – tornar-se íntimo de outrem, associar-se a outrem em assuntos
comuns. Fazer amizade e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal
a um amigo.
Diretrizes para a interpretação
AGRESSÃO – vencer as oposição pela força. Lutar. Revidar à injustiça.
Atacar, injuriar, matar. Opor-se pela força ou punir a outrem.
AUTONOMIA – libertar-se, remover restrição, romper o confinamento.
Resistir à coerção e à restrição. Não se sentir obrigado a cumprir
ordens superiores. Ser independente e agir segundo impulso. Não
estar comprometido. Desafiar as convenções.
CONTRARREAÇÃO – dominar e vencer o fracasso pelo esforço.
Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o
temor. Defender a honra através de uma ação. Procurar obstáculos e
dificuldades a vencer. Manter a autoestima e o orgulho em alto nível.
DEFESA – defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou
justificar um mal feito, um fracasso, uma humilhação.
DEFERÊNCIA – admirar e apoiar um superior, louvar, honrar, elogiar.
Sujeitar-se, avidamente à influencia de pessoa aliada. Imitar um
modelo. Conformar-se com os costumes.
Diretrizes para a interpretação
DOMÍNIO – controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o
comportamento alheio, através da sugestão, sedução, persuasão ou
ordem. Dissuadir, restringir ou proibir.
EXIBIÇÃO – deixar uma impressão. Ser visto e ouvido. Provocar,
fascinar, causar admiração, divertir, impressionar, intrigar, seduzir.
AUTODEFESA (FÍSICA) – evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte.
Escapar de uma situação perigosa. Tomar medidas de precaução.
AUTODEFESA (PSÍQUICA) – evitar a humilhação. Fugir a situações
embaraçosas ou depreciativas: escárnio, ridículo, indiferença dos
outros. Reprimir a ação pelo medo do fracasso.
ALTRUÍSMO – prover as necessidade de pessoas desamparadas como
crianças ou pessoas fracas, incapazes, inexperientes, enfermas,
arruinadas, humilhadas, abandonadas, aflitas e mentalmente
perturbadas. Ajudar alguém em perigo. Alimentar, ajudar, consolar,
proteger, curar, confortar, cuidar.
Diretrizes para a interpretação
ORDEM – por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a
organização. O equilíbrio, a precisão.
ENTRETENIMENTO – agir por brincadeira. Sem segundas intenções. Rir,
contar anedotas. Procurar relaxar a tensão. Participar de jogos, atividades
desportivas, bailes, reuniões sociais.
REJEIÇÃO – separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um
objeto inferior ou tornar-se indiferente a ele. Repelir ou desprezar um objeto.
SENSITIVIDADE – procurar impressões sensoriais e sentir prazer nelas.
SEXO – planejar e manter uma relação erótica. Intercurso sexual.
APOIO – ter as necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de uma pessoa
amiga, ser protegido, sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado,
perdoado, consolado. Permanecer ao lado de um devoto protetor. Ter um
defensor.
COMPREENSÃO – perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular,
formular, analisar e generalizar.
Diretrizes para a interpretação
5)ANSIEDADES - As ansiedades referem-se ao que está por
trás dos conflitos, àquilo que realmente a criança se defende,
seus principais medos. As ansiedades mais importantes,
segundo Bellak, são: de danos físicos; de castigos; de
desaprovação; de falta ou perda de amor; de ser abandonado
(solidão, falta de apoio); de carência; de desaprovação; de ser
dominado e estar indefeso; de causar um dano físico ou
castração.

No exemplo:
Cartão 1 – Privação (não poder comer); limites (omissão do
adulto; situação que envolve apenas crianças). A omissão da
galinha indica dificuldades em lidar com a ansiedade.

Cartão 5 – Crescimento, abandono, privação, perda do amor.


Diretrizes para a interpretação
6)MECANISMOS DE DEFESA - Os mecanismos de defesa
destacados por Haworth (1963).

A) DESCRIÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA


ADAPTATIVOS:

Formação reativa: um impulso é mantido inconsciente


por meio da adoção do seu oposto (ex: amor x ódio).
Anulação: uma ação visa ao cancelamento ou à negação
do que foi expresso anteriormente.
Ambivalência: expressão de atitudes ou sentimentos
contraditórios em relação a um objeto, pessoa ou ato.
Diretrizes para a interpretação
Isolamento: consiste na ruptura das conexões associativas de um
comportamento ou pensamento, de forma que essa associação seja
quebrada. Alguns processos de isolamento podem ser identificados
por pausas no decurso do pensamento, rituais, outras estratégias que
levem ao estabelecimento de um hiato na sucessão temporal dos
pensamentos e dos atos.
Repressão: é a operação psíquica que visa fazer desaparecer da
consciência um conteúdo indesejável ou intolerável (ideia,
pensamento, afeto).
Negação: mecanismo utilizado quando outros mecanismos de defesa
não foram suficientes para barrar o desejo reprimido. Pode-se negar a
realidade ou parte dela.
Falseamento: trata-se de uma distorção da realidade decorrente da
dificuldade em aceitá-la conforme se apresenta.
Diretrizes para a interpretação
Simbolização: uso de símbolos que representam um grupo
complexo de objetos e atos associados a desejos reprimidos
que podem envolver
aspectos inaceitáveis para o indivíduo.
Projeção: o impulso inaceitável ou intolerável à consciência é
atribuído à outra pessoa, objeto ou realidade externa. O
indivíduo expulsa de si qualidades, sentimentos, pensamentos
ou desejos que não aceita em si mesmo e os localiza no outro.
Introjeção: visa a resolver as dificuldades emocionais do
indivíduo por meio da atribuição a si mesmo, de determinadas
características de outras pessoas ou objetos.
Diretrizes para a interpretação
B)DESCRIÇÃO DOS MECANISMOS FÓBICOS, IMATUROS OU
DESORGANIZADOS:
Referem-se essencialmente ao fracasso da proteção ao ego. Os
conteúdos se manifestam acompanhados de afetos intensos e de
natureza desagradável. Evidenciam comprometimento progressivo dos
Processos Secundários.

Medo e ansiedade: os conteúdos ansiógenos se expressam


explicitamente. O discurso permanece relativamente organizado, mas
não há possibilidade de enfrentamento ou solução do conflito
proposto pela prancha.
Regressão: trata-se de um retorno a estágios anteriores do
desenvolvimento. Indica a adoção de modos de expressão e de
comportamento de nível inferior em termos de estruturação egóica.
Controles frágeis ou ausentes: indicam comprometimento dos
Processos Secundários, o que dá origem à expressão de conteúdos
primitivos e intensos, com perda de qualidade do discurso (falhas de
lógica e articulação).
Diretrizes para a interpretação
No exemplo:
Cartão 1 – Repressão e negação. Omite figuras ou
objetos da história: não menciona a galinha.

Cartão 5 – Há presença de defesas que não


impedem a criação de um relato elaborado.
Repressão e negação. Omite conteúdo habitual da
história. Projeção e introjeção. O narrador
acrescenta detalhes, objetos ou personagens ou
temas orais: acréscimo de temas orais (o irmão tem
fome).
Diretrizes para a interpretação
7) SUPEREGO:
Verifica-se se existe alguma punição pelos
comportamentos inadequados do herói e, se
houver, se é proporcional à gravidade do deslize
cometido (o que indica a presença de um superego
atuante ), exagerado em relação à gravidade da
falha (o que indica a interferência de um superego
rígido) ou leve demais ou inexistente (o que indica
um superego frágil). Nem todos os relatos
permitem verificar diretamente o superego.
Diretrizes para a interpretação
No item Superego:
• Avaliar o grau de severidade do superego.
• Verificar se na história houve castigo ou punição pelos
comportamentos inadequados do herói e se é ou não
proporcional à gravidade do deslize cometido.
• Superego
• Frágil
• Rígido/muito rígido (severo)
• Atuante
• Suave/discreto
• Apropriado/inapropriado
• Indulgente (o herói fere ou mata sem punição)
• Há consciência de “certo e errado”, na medida em que os
personagens que apresentam comportamento agressivo ou
inadequado são punidos.
Diretrizes para a interpretação
• Cartão 1 – Frágil. Trata-se de uma situação em
que todas as necessidades são satisfeitas sem
qualquer impedimento.

• Cartão 5 – Atuante. O herói age de acordo


com o esperado.
Diretrizes para a interpretação
8)INTEGRAÇÃO DO EGO: indica o nível geral de funcionamento
psíquico da criança. Basicamente indica:
• Se a criança conseguiu resolver ou não o conflito.
• O grau de adequação do herói para lidar com os conflitos presentes
na trama são uma boa indicação disso.
• Uma boa integração do ego é indicada por desenlaces realistas, que
apresentam soluções adequadas, coerência e boa qualidade do
relato.
• Desenlaces negativos, omitidos ou irrealistas indicam baixa
integração do ego.
• Uma integração de ego fraca é observada em relatos impessoais e
meramente descritivos, sem a elaboração de uma história ou em
narrativas desorganizadas. No relato descritivo, o uso das defesas
impede a emergência de conteúdos pessoais. No relato
desorganizado, a ineficiência das defesas dá lugar a um maior nível
de ansiedade, que compromete o uso adequado dos recursos
egoicos.
Diretrizes para a interpretação
• A percepção adequada dos diferentes elementos do estímulo ajuda
a verificar se a criança mantém a capacidade de adaptação.
• A consulta aos temas mais frequentemente evocados em cada
prancha permite identificar as narrativas mais pessoais de cada
criança.

LISTA DE DESFECHO:
Solução adaptada: herói favorecido em suas necessidades respeitando
regras sociais.
Compromisso viável: entreaberto, finge que resolve, mas na verdade a
questão fica pendente.
Dependente de ajuda exterior: arruma-se uma saída.
Hipotético: Coloca-se uma condicional, o desfecho depende de uma
hipótese.
Múltiplas: varias soluções.
Diretrizes para a interpretação
Placada ou moralizada: moral da história.
Solução autopunitiva ou de fracasso: a solução pune o
herói – normalmente ligada a superego rígido.
Desvios narcisistas: fantasias, devaneios, fica imaginando
como ficaria bem em tal situação.
Solução por satisfação dos impulsos: a solução que
encontra para satisfazer seus desejos/necessidades.
Discordante em relação ao tema: a solução não tem
nada a ver com o tema.
Ausência de solução.
Diretrizes para a interpretação
No exemplo:
Cartão 1 – Fraca, pois não há elaboração dos conflitos
inferidos, o que é indicado por:
1. O relato é pobre e as intervenções do aplicador pouco
contribuem para o desenvolvimento da trama. A
qualidade está abaixo do esperado para a criança de 10
anos.
2. A historia se aproxima da temática esperada (
alimentação), mas há omissão da figura da galinha, o que
indica dificuldades em lidar com o estímulo conforme se
apresenta e, por extensão, com as demandas da
realidade.
Diretrizes para a interpretação
• Cartão 5 – Boa. Mais uma vez observa-se uma
narrativa mais longa e elaborada, com pouca
interferência do aplicador. A trama é
completa, com um conflito explicito e um
desenlace realista e adequado às demandas
socais. As defesas permitem a explicação do
conflito e a manutenção da qualidade do
relato.
SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
Na ficha CAT-A: Análise de conteúdo, as histórias recebem um ponto
positivo ou negativo, de acordo com os elementos identificados no
esquema de interpretação. Os critérios para atribuição desses pontos
são:
• Autoimagem: ponto positivo quando o herói apresenta
características como: bom, corajoso, capaz , adequado. Ponto
negativo quando o herói é visto como incapaz, mau, inferior,
quando apresente sentimentos de desaprovação ou rejeição.
• Relações objetais: ponto positivo quando as figuras parentais ou
outras figuras (irmãos, amigos) denotam aceitação, compreensão,
proteção e afeto. Ponto negativo quando essas figuras provocam
sentimentos de insegurança,
• rejeição, desvalorização.
SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
• Concepção de ambiente: ponto positivo quando o ambiente da narrativa
indica que o herói se sente valorizado, acolhido, seguro. Ponto negativo
quando o ambiente sugere relações ou situações de insegurança,
inadequação ou falta de apoio.
• Necessidades e conflitos: ponto positivo quando as necessidades e os
conflitos são explicitados com discurso organizado. Ponto negativo quando
as necessidades ou os conflitos não são expressos (conteúdo pobre) ou es
tão presentes de modo intenso (repetição de palavras ou ideias,
neologismos ou frases sem sentido).
• Ansiedades: ponto positivo quando associadas a crescimento, aprovação e
busca de solução adequada. Ponto negativo quando as ansiedades
refletem medo de perda do amor, sentimentos de desaprovação,
abandono ou falta de apoio.
• Mecanismos de defesa: ponto positivo quando indicam habilidade para
lidar com estímulos internos e externos (mecanismos adaptativos). Ponto
negativo quando indicam inadequação ou insegurança para lidar com
estímulos internos e externos (mecanismos fóbicos, imaturos ou
desorganizados).
SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS
• Superego: ponto positivo quando se mostra adequado, ou seja,
quando a punição (castigo) é proporcional ao delito. Ponto negativo
quando a atuação do superego mostra-se ausente (não há qualquer
punição) ou rígido (a punição é severa demais diante da gravidade
do delito).
• Integração do ego: esse item inclui a qualidade do discurso e o
desenlace da narrativa. Ponto positivo é atribuído quando o relato
se mostra organizado, levando a uma solução adequada dos
conflitos (desenlace realista). Ponto negativo quando o relato se
mostra descritivo (pobre) ou revela dificuldade em solucionar os
conflitos (desenlaces insatisfatórios, irrealistas ou omitidos).

• Total: ao final, é obtido um total de pontos positivos e um total de


pontos negativos para o protocolo, indicando o predomínio de
aspectos favoráveis ou desfavoráveis, associados à autoestima da
criança, às suas concepções de mundo e a sua capacidade de lidar
com ansiedades e conflitos mobilizados.
ELABORAÇÃO DA SÍNTESE
No contexto clínico, o objetivo último da análise é chegar a uma
compreensão
global do funcionamento da criança. Deve destacar:

• Aspectos intelectuais: considerar a amplitude do vocabulário, a


riqueza do discurso, a diversidade dos temas abordados, levando
em conta a idade e o nível sociocultural da criança.
• Autoimagem: abordar como a criança se percebe e o quanto confia
em sua própria capacidade de resolver as dificuldades que enfrenta
(adequação e participação do herói nos desenlaces; tipo de
desenlace).
• Concepção do ambiente e relações objetais: indicar como a criança
percebe o ambiente e as pressões; bem como suas inter-relações.
Particular atenção deve ser dada às representações das figuras
parentais.
ELABORAÇÃO DA SÍNTESE
• Principais necessidades, conflitos e ansiedades:
apontar quais são as necessidades e os conflitos mais
recorrentes.
• Defesas e elaboração dos conflitos: identificar quais
são as defesas mais usadas e suas consequências em
termos de facilitar ou dificultar a elaboração dos
conflitos expressos nos relatos. Considerar aqui dados
referentes ao superego e ao grau de integração do ego.
• Encaminhamento: considerar a necessidade ou não de
intervenções e possíveis alternativas que ajudem a
criança no enfrentamento de sua s dificuldades, seja
em relação à família ou ao ambiente em geral.
Caso Clínico

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