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ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM

FONOAUDIOLOGIA

Teresinha Miguel
Ética e Moral
• Ética é um conjunto de conhecimentos
extraídos da investigação do
comportamento humano ao tentar explicar
as regras morais de forma racional,
fundamentada, científica e teórica. É uma
reflexão sobre a moral.
Ética e Moral
• O termo ética deriva do grego ethos (caráter,
modo de ser de uma pessoa). Ética é um
conjunto de valores morais e princípios que
norteiam a conduta humana na sociedade. A
ética serve para que haja um equilíbrio e bom
funcionamento social, possibilitando que
ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a
ética, embora não possa ser confundida com
as leis, está relacionada com o sentimento de
justiça social.
Ética e Moral
• A ética é construída por uma sociedade com base
nos valores históricos e culturais. Do ponto de
vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que
estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos.

• Cada sociedade e cada grupo possuem seus


próprios códigos de ética. Num país, por exemplo,
sacrificar animais para pesquisa científica pode
ser ético. Em outro país, esta atitude pode
desrespeitar os princípios éticos
estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na
área de pesquisas biológicas é denominada
bioética.
Ética e Moral
• Moral é o conjunto de regras aplicadas no
cotidiano e usadas continuamente por
cada cidadão. Essas regras orientam cada
indivíduo, norteando as suas ações e os
seus julgamentos sobre o que é moral ou
imoral, certo ou errado, bom ou mau.
Ética e Moral
• No sentido prático, a finalidade da ética e
da moral é muito semelhante. São ambas
responsáveis por construir as bases que
vão guiar a conduta do homem,
determinando o seu caráter, altruísmo e
virtudes, e por ensinar a melhor forma de
agir e de se comportar em sociedade.
Ética e Moral
• Na filosofia, a ética não se resume à
moral, que geralmente é entendida como
costume, ou hábito, mas busca a
fundamentação teórica para encontrar o
melhor modo de viver; a busca do melhor
estilo de vida. A ética abrange diversos
campos, como antropologia, psicologia,
sociologia, economia, pedagogia, política,
e até mesmo educação física e dietética.
Ética e Moral
• Num sentido menos filosófico e mais prático
podemos compreender um pouco melhor esse
conceito examinando certas condutas do nosso
dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao
comportamento de alguns profissionais tais
como um médico, jornalista, advogado,
empresário, um político e até mesmo um
professor. Para estes casos, é bastante comum
ouvir expressões como: ética médica, ética
jornalística, ética empresarial e ética pública.
Ética na Vida Pública

• O tema da ética no serviço público está


diretamente relacionada com a conduta dos
funcionários que ocupam cargos públicos.
Tais indivíduos devem agir conforme um
padrão ético, exibindo valores morais como a
boa fé e outros princípios necessários para
uma vida saudável no seio da sociedade.
Ética na Vida Pública
• Quando uma pessoa é eleita para um cargo público,
a sociedade deposita nela confiança, e espera que
ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa
deve estar ao nível dessa confiança e exercer a sua
função seguindo determinados valores, princípios,
ideais e regras. De igual forma, o servidor público
deve assumir o compromisso de promover a
igualdade social, de lutar para a criação de
empregos, de desenvolver a cidadania e de
robustecer a democracia. Para isso ele deve estar
preparado para pôr em prática políticas que
beneficiem o país e a comunidade a nível social,
econômico e político.
Ética na Vida Pública
• Um profissional que desempenha uma
função pública deve ser capaz de pensar de
forma estratégica, inovar, cooperar, aprender
e desaprender quando necessário, elaborar
formas mais eficazes de trabalho.
Infelizmente os casos de corrupção no
âmbito do serviço público são fruto de
profissionais que não trabalham de forma
ética.
Bioética
• A Bioética, é uma disciplina relativamente nova
que trata de problemas éticos relacionados à
vida humana, principalmente no que se refere a
descobertas recentes na medicina, Biologia e
Engenharia Genética, o que tem trazido
alterações profundas nos padrões habituais
que, em muitos casos, simplesmente não
previam situações hoje possíveis do ponto de
vista científico, porém no mínimo problemáticas
do ponto de vista ético
Bioética
• Alguns exemplos mais contundentes são os casos,
tornados possíveis pela inseminação artificial, de
“barrigas de aluguel”.
• Até que ponto é ético uma mulher alugar seu útero?
• Quem é finalmente a mãe em um caso como este?
• Que implicações isto poderá ter para a criança no
futuro?
• Estas são algumas das questões que, em grande
parte, permanecem em aberto e têm sido muito
discutidas.
• A clonagem, a possibilidade de reprodução da vida
por meio de avanços tecnológicos na Genética
suscita também perplexidades com as quais
estamos apenas começando a lidar.
Bioética e seus Princípios

• Responder aos problemas apresentados pelo


progresso científico significa repropor a
pergunta sobre o valor da pessoa, sobre suas
prerrogativas e sobre seus deveres.
Bioética e seus Princípios
• O valor fundamental da vida, o valor transcendente
da pessoa, a concepção integral da pessoa (síntese
unitária de valores físicos, psicológicos e espirituais),
a relação entre pessoa e sociedade são pontos de
referência para a bioética. Estes valores deverão ser
confrontados e compostos com os problemas
emergentes do desenvolvimento da ciência
biomédica, que, apesar do entusiasmo provocado
pelas suas recentes descobertas, não pode
esquecer-se dos desafios das doenças não
dominadas, da prevenção dos males provocados
pela própria sociedade tecnológica e gerados pela
exploração ecológica.
Definição de Fonoaudiologia
•Segundo a Lei no
• 6965 de 09/12/1981, artigo 1° parágrafo
único,
Fonoaudiólogo é o profissional com
graduação plena em Fonoaudiologia, que atua
em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia
fonoaudiológicas na área de comunicação oral
e escrita, voz e audição, bem como em
aperfeiçoamento dos padrões de fala e voz
Definição de Fonoaudiologia
Fonoaudiologia - CFFa publicou documento
oficial referindo que o Fonoaudiólogo é um
profissional da Saúde, de atuação
autônoma e independente que exerce suas
funções nos setores público e privado,
responsável pela promoção de saúde,
avaliação e diagnóstico, orientação, terapia
(habilitação e reabilitação)
Histórico da Fonoaudiologia
Na década de 20, houve, no Brasil, crescimento do
setor médio da população composto da pequena
burguesia das cidades, funcionários públicos,
empregados do comércio, as classes liberais e
intelectuais, militares (então com origem na classe
média). Estava sendo proposto o modelo de
escolarização da Escola Nova (em ritmo bem menos
evoluído que em países da Europa). O entusiasmo pela
educação e o otimismo pedagógico eram
marcantes. Acreditava-se que a educação era um
fator determinante na mudança social. Havia alto
índice de analfabetismo
Histórico da Fonoaudiologia

Perfil sócio-político-educacional no Brasil a


•partir de 1920
No Brasil, em 1920 surgia ainda a primeira
tentativa de organizar uma universidade, com os
cursos de Medicina, Engenharia e Direito. Os fins
do ensino superior eram criar bases culturais
necessárias para o desenvolvimento sócio
econômico
Histórico da Fonoaudiologia
Surgimento da Fonoaudiologia no Brasil e sua inserção na
educação e saúde:

Os primeiros profissionais a exercerem a fonoaudiologia, nas


décadas de 40 e 50, foram os “ortofonistas”, que faziam a
“correção” da fala e tinham formação e prática ligadas ao
Magistério

•Estes professores faziam cursos de curta duração


(aproximadamente 3 meses) e se habilitavam a trabalhar com
os distúrbios da comunicação, denominando-se também
Terapeutas da Palavra ou Logopedistas .

•A profissão do fonoaudiólogo nasceu ligada à atividade


pedagógica do professor, mas o caráter reabilitador exigiu mais
aproximação da área médica
Histórico da Fonoaudiologia
• Historicamente, a Fonoaudiologia teve seu início
bastante ligado à Educação, distanciando-se dela
quando da formação dos cursos de nível superior.

• A Fonoaudiologia, para criar seus procedimentos,


lançou e ainda lança mão dos conhecimentos
da Psicologia, Sociologia, Pedagogia, Lingüística,
Filosofia, Biologia, Física e de outras áreas que a
complementam. No trabalho com linguagem e
aprendizagem há respaldo nas teorias de Piaget e
Vygotsky, acompanhando as tendências educacionais
Histórico da Fonoaudiologia
A graduação em Fonoaudiologia o Brasil surgiu
com o incentivo econômico e político do governo, no
modelo educacional da Escola Nova, ligada à atividade
pedagógica do professor, mas o caráter reabilitador
exigiu mais aproximação da área médica. Na década
de 70, a teoria de Piaget era dominante e nos anos 80
importaram-se idéias diferentes das vigentes. Neste
contexto, com a liberdade de se pensar e agir, houve a
regulamentação da profissão. Iniciava-se também a
realidade mundial do pouco emprego. Conclusão: o
surgimento da profissão, a estruturação dos cursos e a
prática do fonoaudiólogo são determinadas por
necessidades, possibilidades e interesses políticos,
econômicos e sociais.
Histórico da Fonoaudiologia
Na década de sessenta, surgem os primeiros
cursos, na USP em 1960 e na PUC-SP em 1961,
ambos com duração de um ano.

Cappelletti (1985) faz uma análise da profissão


através da legislação existente e afirma que o
primeiro documento oficial que fala no Brasil sobre
a fonoaudiologia e o papel do fonoaudiólogo é o
Parecer 2013/74, que na época conceituava o
profissional como técnico, desenvolvendo
atividade paramédica
Histórico da Fonoaudiologia
• Em 1976, é finalmente fixado o primeiro Currículo
Mínimo (Resolução nº 54/76) com disciplinas voltadas à
reabilitação, mas também à educação.
• Paralelamente, existia a luta para regulamentar a
profissão. Em 1977,segundo Meira, houve a primeira
tentativa com o Projeto de Lei do senador André Franco
Montoro, que tornou a profissão conhecida pelos
deputados, senadores e pela própria sociedade. A
segunda tentativa ocorreu com o Projeto de Lei do
Deputado Otacílio de Almeida. Porém, apenas após a
unificação de diversos projetos, foi homologada a Lei nº
6965, apresentada pelo mesmo Deputado, em 9 de
dezembro de 1991.
Histórico da Fonoaudiologia
Em 1978, começaram os Congressos, seguindo-
se a publicação dos primeiros trabalhos científicos
e livros. Na década de oitenta, o número de
cursos e eventos na área cresceu por todo o
Brasil, sendo realizado em 1992, o 1º Encontro
Nacional de fonoaudiologia.
O Novo Currículo Mínimo foi implantado em 1993,
sem modificações profundas, principalmente, em
relação à área preventiva e educacional
Histórico da Fonoaudiologia
O caráter reabilitador aproximou mais o fonoaudiólogo
da área médica, que teve seu início relacionado à
área educacional, apesar de,atualmente, estar
buscando novamente espaço na Educação, mas tal
fato pode estar relacionado também a questões do
mercado de trabalho.

Nos últimos 20 anos (coincidindo com a época


da regulamentação da profissão do fonoaudiólogo
houve aumento da insegurança no trabalho, devido
a mudanças na economia capitalista
Histórico da Fonoaudiologia
A profissão “fonoaudiólogo” ainda está em fase
de definições e delimitações não só no Brasil, mas
em vários países. O ritmo e a forma destes são
determinados não só pelo contexto intrínseco da
Fonoaudiologia, com suas produções científicas e
práticas conquistadas, mas por um contexto maior,
determinado pela realidade social, política e
econômica, historicamente explicada. Há dados
de estreita relação com a Educação,
principalmente nos países em que se investe mais
em prevenção.
Regulamentação da Fonoaudiologia

•:Decreto 87.218/82

Regulamenta a Lei 6.965, de 09 de


dezembro de 1981, que dispõe sobre
a regulamentação da profissão de
Fonoaudiólogo, e determina
outras providências.
Regulamentação da Fonoaudiologia
• Do Campo e da Atividade Profissional
• Art. 3º – É da competência do fonoaudiólogo e de
profissionais habilitados na forma da legislação
específica:
• a) desenvolver trabalho de prevenção no que se
refere à área de comunicação escrita e oral, voz e
audição;
• b) participar de equipes de diagnóstico realizando a
avaliação da comunicação oral e escrita, voz e
audição;
• c) realizar terapia fonoaudiológica dos problemas de
comunicação oral e escrita, voz e audição;
• d) realizar o aperfeiçoamento dos padrões da voz e
Regulamentação da Fonoaudiologia
• e) colaborar em assuntos fonoaudiológicos ligado a
outras ciências;
• f) projetar, dirigir ou efetuar pesquisas
fonoaudiológicas promovidas por entidades públicas
privadas, autárquicas e mistas;
• g) lecionar teoria e prática fonoaudiológicas;
• h) dirigir serviços de fonoaudiologia em
estabelecimentos públicos, privados, autárquicos e
mistos;
• i) supervisionar profissionais e alunos em trabalhos
teóricos e práticos de Fonoaudiologia;
Regulamentação da Fonoaudiologia
• j) assessorar órgãos e estabelecimentos públicos,
autárquicos, privados ou mistos no campo de
Fonoaudiologia;
• l) participar da Equipe de Orientação e Planejamento
Escolar, inserindo aspectos preventivos ligados a assuntos
fonoaudiológicos;
• m) dar parecer fonoaudiológico, na área de comunicação
oral e escrita, voz e audição;
• n) realizar outras atividades inerentes à sua formação
universitária pelo currículo.
• Parágrafo único – Ao Fonoaudiólogo é permitido, ainda, o
exercício de atividades vinculadas às técnicas
psicomotoras, quando destinadas à correção de distúrbios
auditivos ou de linguagem, efetivamente realizado.
Áreas de Atuação
• Unidades básicas de saúde
• · Ambulatórios de especialidades
• · Hospitais e maternidades
• · Consultórios
• · Clínicas
• · Home care
• · Domicílios
• · Asilos e casas de saúde
• · Creches e berçários
• · Escolas regulares e especiais
• · Instituições de ensino superior
• · Empresas
• · Meios de comunicação
• · Associações
• · ONGs
CFFa
O CFFa e o CRFa têm suas funções regidas pela
Lei 6965/81 e constituem, em conjunto, uma
autarquia federal.

O CFFa tem como principal função definir as


normas e atos que norteiam o exercício
profissional. O órgão também acompanha e
fiscaliza as ações dos Conselhos Regionais,
inclusive prestando contas ao Tribunal de Contas
da União.
CRFa
Os Conselhos Regionais, por sua vez, zelam pelo
cumprimento do que está previsto na Lei, no Código
de Ética Profissional, nas Resoluções e Portarias do
Conselho Federal, tendo, portanto, função executiva.
Nesse sentido, orienta e fiscaliza o exercício
profissional na área de sua jurisdição. A expedição dos
registros profissionais, a orientação profissional, a
instauração de processos ético-disciplinares e/ou
administrativos e o julgamento de infrações são
algumas das responsabilidades dos Conselhos
Regionais.
Sindicato

Conforme estabelecido na Constituição Federal,


um Sindicato é uma pessoa jurídica de direito
privado que têm como finalidade primordial a
defesa dos interesses de seus filiados. Entre suas
principais atividades está a negociação do piso
salarial, da jornada de trabalho e da tabela de
honorários, bem como a participação nos dissídios
coletivos e individuais. Os sindicatos tratam de
assuntos referentes aos aspectos trabalhistas; isto
é, defendem, estudam e coordenam interesses
econômicos e profissionais.
Sociedade de Classe
As Sociedades de Classe possuem, geralmente,
uma atuação bastante abrangente no âmbito
científico. Elas são regidas por um estatuto, que
normatiza as finalidades básicas da instituição e
especifica seu funcionamento.
Algumas delas também promovem assessoria
jurídica ao associado, orientações à comunidade,
etc.
As Sociedades são mantidas pela contribuição de
seus sócios. No caso daFonoaudiologia, temos a
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) e
a Academia Brasileira de Audiologia (ABA).
Obrigações

O fonoaudiólogo é obrigado a efetuar registro apenas no


CRFa da sua região.

No entanto, é a filiação às entidades de classe que


fortalece as ações realizadas pelas mesmas.

É importante ressaltar que, mesmo não sendo


obrigados a filiarem-se aos sindicatos, os
fonoaudiólogos, assim como todos os trabalhadores
brasileiros (autônomo ou empregado), são convocados
a pagar a contribuição sindical anual, conforme
estabelecido na CLT.

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