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Disciplina: Psicodiagnóstico
Docentes: Profª Amanda Ribeiro Pasqualini
EFRON, A. M.; FAINBERG, E.; KLEINER, Y.; SIGAL, A. M. e Woscoboink. A hora de jogo
diagnóstica. In: OCAMPO, M. L. S.; ARZENO, M. E. G.; PICCOLO, E. G. de. O processo
psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1990, 6. ed., p. 169-
191.
INTRODUÇÃO
A sala de jogo deve ser um ambiente não muito pequeno e com pouca mobília para que haja
possibilidade da criança se sentir à vontade se movimentar por todo o espaço, além de ter chão e
paredes laváveis evitando a preocupação caso a criança suje. Os brinquedos devem estar expostos
em cima da mesa aleatoriamente para possibilitar a liberdade de imaginação da criança e
principalmente porque a caixa estar fechada pode desencadear uma ansiedade persecutória
indesejada e desnecessária.
Sobre os brinquedos que serão incluídos, há autores que orientam que os brinquedos devem ser
selecionados com objetivo definido, ou seja, que facilite a exploração de respostas especificas.
Brinquedos que representam em miniatura todos os objetos do mundo real que circula a criança,
mas sem exageros pois pode confundir ou distrair a mesma e dificultar a eficácia da dinâmica.
Outros já consideram que os brinquedos oferecidos não devem ter forma específica para que
possibilite a criatividade e imaginação da criança, mas há uma crítica dizendo que isso pode dificultar
a compreensão do que a criança deseja expressar. A autora diz que usa um pouco dos dois para que
haja expressão mas sem a criança se sentir invadida.
É importante que o material seja de boa qualidade para não quebrar fácil e causar uma culpa na
criança e tampouco perigoso para garantir a integridade física do paciente e psicólogo.
INSTRUÇÕES
Quando a criança chegar, o psicólogo deve orienta-la de maneira compreensível sobre o que irá
acontecer ali, dando todas informações necessárias sobre os papeis de ambos, limitação de tempo e
espaço, sobre o material e objetivos esperados, os limites dela, do psicólogo, da sala, do mobiliário e
dos materiais, além de esclarecer que o propósito ali é conhece-la.
PAPEL DO PSICÓLOGO
O psicólogo tem um papel tanto passivo, no sentido de estar ali para observar quanto ativo na
medida em que ele está ali atento a aberto para formulação de hipóteses sobre a problemática do
entrevistado. Pode acontecer a participação do Psicólogo também caso a criança solicite ou quando a
criança demonstra uma resistência a atividade. Outro tipo de participação é se caso a criança
ultrapasse os limites pré-estabelecidos. Toda participação tem a função de oferecer as melhores
condições para que a criança aproveite e brinque com a maior espontaneidade possível para que
possamos observar, compreender e cooperar com ela.
TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA
Torna-se difícil a análise de um jogo quando ela não tem uma padronização e por isso é importante
que siga um guia de pautas coerente e sistematizado, considerando os itens mais importantes para o
diagnostico e prognóstico.
O texto nos mostra que uma criança de 3 anos tem um jogo mais egocêntrico voltado a si mesma,
pode pedir a participação do adulto, mas não como participante ativo da brincadeira, mas somente
para ajuda-lo com algo. Sua atividade é espontânea e passa de um jogo para o outro sem terminar
nenhum. O foco está em investigar o objeto, suas funções e o prazer na manipulação do mesmo. O
seu sentido de realidade ainda é restrito e por isso a funcionalidade do objeto é definido de acordo
com sua subjetividade e imaginação. Uma criança dos 4 aos 7 anos já se aproxima mais da imitação
real, reconhece o outro como coparticipante da brincadeira. Aos cinco e seis, inclui mais
intencionalidade e dos sete aos onze tem muito mais noção da brincadeira.
MODALIDADES DE BRINCADEIRAS
Dentre as modalidades que o texto apresenta, a primeira é a plasticidade que se manifesta de três
formas, a primeira é que a criança pode expressar uma única fantasia através de brincadeiras
diferentes ou uma grande riqueza interna de imaginação usando poucos brinquedos, mas que
cumprem a mesma função. A segunda forma é a expressão de uma gama de situações em que o
psicólogo sente que a criança expressou um amplo espectro de sua vida emocional de forma
integrada e fluente. Na terceira situação, a criança expressa a possibilidade de um mesmo objeto
mudar e função de forma compreensível ao psicólogo, adequando a suas necessidades de expressão.
Essas modalidades podem acontecer na mesma criança quase que ao mesmo tempo.
A personificação é capacidade da criança incorporar a brincadeira, o texto nos mostra como isso
funciona em diferentes idades, de modo geral, as crianças muito pequenas expressam seus desejos
de maneira mais imediata, na etapa posterior a criança usa figuras imaginarias e mostra o vínculo
que ele “tem” com essa persona. No período de latência, existe uma menor expressão de fantasia e
se aproxima mais do ambiente real, como brincar de polícia e ladrão, por exemplo com menor
alternância nos papeis. Nos pré púberes nota-se uma certa inibição por já ser possível a atuação real
de suas fantasias, escolhem objetos mais afastados do meio familiar. Na adolescência a
personificação adquire importância novamente e é utilizada como meio de expressão.
Importante salientar que esse processo não acontece de forma linear e brusca, pode acontecer aos
poucos e também haver tanto progressão quanto regressão.
MOTRICIDADE
CRIATIVIDADE
Quando a criança possui um ego plástico capaz de abertura para experiencias novas, ela é capaz de
criar, ou seja, usar os elementos existentes e dispersos para elaboração de um novo e diferente,
gerando um sentimento de surpresa ou de descobrimento acompanhado de um sentimento de
satisfação, ou seja, um equilíbrio entre o princípio do prazer com o princípio de realidade. A
tolerância considerada adequada a frustração é quando possibilita que a criança ao se deparar que
não tem quilo que gostaria, ela mesma invente. Já as alterações dessa função é vista quando: há uma
submissão extrema e excessiva tolerância a essa realidade, indicando uma pobreza interna da
capacidade de criar, outro caso é quando é intolerante a frustração e evita a situação, foge da
situação, mas também não a reverte.
TOLERÂNCIA A FRUSTRAÇÃO
Ao brincar, a criança expressa sua capacidade simbólica o que dá acesso as fantasias inconscientes e
quanto mais elementos ela usa, mais possibilidades releva. Na capacidade simbólica, valorizamos não
só a capacidade criar símbolos, mas principalmente os seus significados, o contexto no qual se
expressa proporciona sentido ao símbolo. A medida em que a criança cresce isso vai diminuindo e o
princípio de realidade vai se impondo. Por isso há grande diferença quando a atividade lúdica é feita
com crianças mais novas e quando com crianças mais velhas.
A riqueza expressiva
Indicadores:
1- A busca que a criança faz por materiais significantes que possibilitam a manifestação de sua
fantasia.
A capacidade intelectual
Durante a hora do jogo podemos observar se o símbolos manifestados pela criança estão ou não de
acordo com sua idade evolutiva e o estado em que se acha o processo de simbolização. A medida em
que a criança cresce, predomina-se não mais os símbolos, mas a linguagem.
A qualidade do conflito
O indicador pode ser inferido através da reiteração de determinada fantasia, assim como pela forma
de expressão escolhida.
ADEQUAÇÃO A REALIDADE
Adequação a realidade esta muito relacionado a aceitação da criança quanto a dinâmica, em relação
ao tempo, espaço, e o papel de cada um que esta envolvido. No início do jogo pode aparecer
conduta pouco adequadas, mas conforme a criança vai se adaptando é esperado que ela se adeque a
realidade e aceite as regras e condições orientadas. A criança não de adequar a realidade nos
proporciona material importante de interpretação e implica numa discriminação da compreensão
entre o que pode e o que ele quer.
Na criança psicótica é evidente a dificuldade de brincar, levamos em conta que a criança pode ter
parte da sua personalidade preservada ou conseguiu uma organização não psicótica, e a
possibilidade de se expressar, dependerá da interrelação dessas partes. Essa dificuldade pode ser
uma inibição total ou parcial e também uma desorganização da conduta. Pode ocorrer uma
“Pseudobrincadeira” que é quando a criança brinca, mas não tem significado ou simbolização
nenhuma. A criança psicótica não se enquadra a realidade e pode até mesmo distorcer a relação com
o mundo externo, neste caso, a relação ou o vínculo com o Psicólogo. Outros elementos
significativos da criança psicótica é a perseveração ou estereotipia da conduta verbal os neologismos
e as atitudes bizarras.
O BRINCAR DA CRIANÇA NEUROTICA
A criança neurótica tem sua capacidade simbólica bem desenvolvida, é capaz de descriminar e
evidenciar fantasia e realidade. O conflito é identificado pelos impulsos e sua relação com a
realidade, utilizam então condutas defensivas que empobrecem seu ego e o quadro nosográfico é
dado pela predominância de certos tipos de defesas. Outra característica é pouca tolerância a
frustração ou a superadaptação em certas áreas.