Você está na página 1de 5

Fichamento: O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas.

Disciplina: Psicodiagnóstico
Docentes: Profª Amanda Ribeiro Pasqualini

Nome: Carolina de Fatima Macedo


RA: F289GC2
Campus: Marquês
Periodo: Noturno

EFRON, A. M.; FAINBERG, E.; KLEINER, Y.; SIGAL, A. M. e Woscoboink. A hora de jogo
diagnóstica. In: OCAMPO, M. L. S.; ARZENO, M. E. G.; PICCOLO, E. G. de. O processo
psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1990, 6. ed., p. 169-
191.

INTRODUÇÃO

A hora do jogo diagnóstica é um momento o qual a finalidade é conhecer a realidade da criança e


conhecer a sua forma de expressão própria através do brincar e as variáveis internas de sua
personalidade que se sobrepõe ao campo de estímulo. O texto diz que há uma diferença entre jogo
diagnóstico e jogo terapêutico e é basicamente porque no diagnóstico existe um começo meio e fim
e deve ser autossuficiente, já a hora do jogo terapêutica é contínua e vai revelando novos aspectos a
cada intervenção. A hora do jogo diagnóstica também é necessária para estabelecer um vínculo
transferencial com objetivo de conhecer e compreender a criança.

SALA DE JOGOS E MATERIAIS

A sala de jogo deve ser um ambiente não muito pequeno e com pouca mobília para que haja
possibilidade da criança se sentir à vontade se movimentar por todo o espaço, além de ter chão e
paredes laváveis evitando a preocupação caso a criança suje. Os brinquedos devem estar expostos
em cima da mesa aleatoriamente para possibilitar a liberdade de imaginação da criança e
principalmente porque a caixa estar fechada pode desencadear uma ansiedade persecutória
indesejada e desnecessária.

Sobre os brinquedos que serão incluídos, há autores que orientam que os brinquedos devem ser
selecionados com objetivo definido, ou seja, que facilite a exploração de respostas especificas.
Brinquedos que representam em miniatura todos os objetos do mundo real que circula a criança,
mas sem exageros pois pode confundir ou distrair a mesma e dificultar a eficácia da dinâmica.
Outros já consideram que os brinquedos oferecidos não devem ter forma específica para que
possibilite a criatividade e imaginação da criança, mas há uma crítica dizendo que isso pode dificultar
a compreensão do que a criança deseja expressar. A autora diz que usa um pouco dos dois para que
haja expressão mas sem a criança se sentir invadida.

É importante que o material seja de boa qualidade para não quebrar fácil e causar uma culpa na
criança e tampouco perigoso para garantir a integridade física do paciente e psicólogo.

INSTRUÇÕES

Quando a criança chegar, o psicólogo deve orienta-la de maneira compreensível sobre o que irá
acontecer ali, dando todas informações necessárias sobre os papeis de ambos, limitação de tempo e
espaço, sobre o material e objetivos esperados, os limites dela, do psicólogo, da sala, do mobiliário e
dos materiais, além de esclarecer que o propósito ali é conhece-la.

PAPEL DO PSICÓLOGO
O psicólogo tem um papel tanto passivo, no sentido de estar ali para observar quanto ativo na
medida em que ele está ali atento a aberto para formulação de hipóteses sobre a problemática do
entrevistado. Pode acontecer a participação do Psicólogo também caso a criança solicite ou quando a
criança demonstra uma resistência a atividade. Outro tipo de participação é se caso a criança
ultrapasse os limites pré-estabelecidos. Toda participação tem a função de oferecer as melhores
condições para que a criança aproveite e brinque com a maior espontaneidade possível para que
possamos observar, compreender e cooperar com ela.

TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA

Na hora do jogo lúdica implica no estabelecimento de um vínculo transferencial, o Psicólogo já tem


uma pré imagem da criança que adquiriu pela entrevista com os pais e a dinâmica possibilita ajustes
dessa impressão imediata gerando um vínculo concreto e real da criança. Além da criança para o
psicólogo, essa transferência também pode se ampliar para os objetos intermediários onde o
paciente depositara seus sentimentos a respeito de seu mundo interno. A contratransferência pode
ajudar na compreensão da criança mas o psicólogo deve tomar cuidado para que esta não influencie
e interfira na analise compreensiva da conduta lúdica da criança.

INDICADORES DA HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA

Torna-se difícil a análise de um jogo quando ela não tem uma padronização e por isso é importante
que siga um guia de pautas coerente e sistematizado, considerando os itens mais importantes para o
diagnostico e prognóstico.
O texto nos mostra que uma criança de 3 anos tem um jogo mais egocêntrico voltado a si mesma,
pode pedir a participação do adulto, mas não como participante ativo da brincadeira, mas somente
para ajuda-lo com algo. Sua atividade é espontânea e passa de um jogo para o outro sem terminar
nenhum. O foco está em investigar o objeto, suas funções e o prazer na manipulação do mesmo. O
seu sentido de realidade ainda é restrito e por isso a funcionalidade do objeto é definido de acordo
com sua subjetividade e imaginação. Uma criança dos 4 aos 7 anos já se aproxima mais da imitação
real, reconhece o outro como coparticipante da brincadeira. Aos cinco e seis, inclui mais
intencionalidade e dos sete aos onze tem muito mais noção da brincadeira.

MODALIDADES DE BRINCADEIRAS

Dentre as modalidades que o texto apresenta, a primeira é a plasticidade que se manifesta de três
formas, a primeira é que a criança pode expressar uma única fantasia através de brincadeiras
diferentes ou uma grande riqueza interna de imaginação usando poucos brinquedos, mas que
cumprem a mesma função. A segunda forma é a expressão de uma gama de situações em que o
psicólogo sente que a criança expressou um amplo espectro de sua vida emocional de forma
integrada e fluente. Na terceira situação, a criança expressa a possibilidade de um mesmo objeto
mudar e função de forma compreensível ao psicólogo, adequando a suas necessidades de expressão.
Essas modalidades podem acontecer na mesma criança quase que ao mesmo tempo.

Outra modalidade é a rigidez no brincar, é oposta à anterior e consiste em utilizar os mesmos


mediadores para uma única fantasia, conserva os limites e dissociação, qualquer situação nova
desorganiza-a e provoca confusão, deixando a brincadeira monótona e pouco criativa. A rigidez
também se expressa através da dificuldade em atribuir novos atributos a brincadeira e reinventá-la.

A brincadeira estereotipada e perseverante são mais proeminentes nas modalidade patológicas ,


esta expressa uma desconexão com o mundo e a única finalidade é a descarga, sem fins
comunicacionais.
PERSONIFICAÇÃO

A personificação é capacidade da criança incorporar a brincadeira, o texto nos mostra como isso
funciona em diferentes idades, de modo geral, as crianças muito pequenas expressam seus desejos
de maneira mais imediata, na etapa posterior a criança usa figuras imaginarias e mostra o vínculo
que ele “tem” com essa persona. No período de latência, existe uma menor expressão de fantasia e
se aproxima mais do ambiente real, como brincar de polícia e ladrão, por exemplo com menor
alternância nos papeis. Nos pré púberes nota-se uma certa inibição por já ser possível a atuação real
de suas fantasias, escolhem objetos mais afastados do meio familiar. Na adolescência a
personificação adquire importância novamente e é utilizada como meio de expressão.

A personificação é importante para o desenvolvimento da socialização e individuação porque


possibilita que a criança aprenda papeis sociais, compreenda o papel do outro e ajuste sua conduta
em função disso.

Importante salientar que esse processo não acontece de forma linear e brusca, pode acontecer aos
poucos e também haver tanto progressão quanto regressão.

MOTRICIDADE

A motricidade é basicamente a maneira em que a criança se movimenta e é necessário observar a


qualidade desses movimentos, algumas alterações podem surgir tanto por um fator de
desenvolvimento neurológico quanto por fatores psicológicos e ambientais. Pode haver uma
predominância de alguns desses fatores ou até mesmo uma interrelação entre eles. Através do jogo
podemos identificar a falta de funcionalidade motora da criança, mas é importante levar em conta o
estágio evolutivo dela.

CRIATIVIDADE

Quando a criança possui um ego plástico capaz de abertura para experiencias novas, ela é capaz de
criar, ou seja, usar os elementos existentes e dispersos para elaboração de um novo e diferente,
gerando um sentimento de surpresa ou de descobrimento acompanhado de um sentimento de
satisfação, ou seja, um equilíbrio entre o princípio do prazer com o princípio de realidade. A
tolerância considerada adequada a frustração é quando possibilita que a criança ao se deparar que
não tem quilo que gostaria, ela mesma invente. Já as alterações dessa função é vista quando: há uma
submissão extrema e excessiva tolerância a essa realidade, indicando uma pobreza interna da
capacidade de criar, outro caso é quando é intolerante a frustração e evita a situação, foge da
situação, mas também não a reverte.

TOLERÂNCIA A FRUSTRAÇÃO

É detectado tolerância a frustração quando a criança aceita as limitações e dificuldades em relação a


atividade. Essa avaliação é tão importante pro prognóstico quanto é para o diagnóstico e é
importante observar qual a fonte da frustração, se é interna por não ter a capacidade de realizar
algo, ou se é externa, ou seja, não tem o material que precisa. A reação quanto a essa frustração é
importante, ou seja, se a criança encontra alternativas ao que lhe falta é um bom sinal, mas se a
criança se desorganiza e começa a chorar, notamos uma atitude negativista. Tolerar a frustração está
diretamente ligado ao princípio de prazer e de realidade, a brincadeira tende a satisfação do desejo,
e o princípio de realidade regula essa satisfação, produzindo uma frustração necessária para que de a
oportunidade de contornar a situação, resultando em um equilíbrio emocional adaptativo e
maturativo do ego.
CAPACIDADE SIMBOLICA

Ao brincar, a criança expressa sua capacidade simbólica o que dá acesso as fantasias inconscientes e
quanto mais elementos ela usa, mais possibilidades releva. Na capacidade simbólica, valorizamos não
só a capacidade criar símbolos, mas principalmente os seus significados, o contexto no qual se
expressa proporciona sentido ao símbolo. A medida em que a criança cresce isso vai diminuindo e o
princípio de realidade vai se impondo. Por isso há grande diferença quando a atividade lúdica é feita
com crianças mais novas e quando com crianças mais velhas.

A riqueza expressiva

Indicadores:

1- A busca que a criança faz por materiais significantes que possibilitam a manifestação de sua
fantasia.

2- Adaptação a outros materiais quando o inicial não atendeu suas expectativas.

3- A coerência e lógica do símbolo.

A capacidade intelectual

Durante a hora do jogo podemos observar se o símbolos manifestados pela criança estão ou não de
acordo com sua idade evolutiva e o estado em que se acha o processo de simbolização. A medida em
que a criança cresce, predomina-se não mais os símbolos, mas a linguagem.

A qualidade do conflito

O indicador pode ser inferido através da reiteração de determinada fantasia, assim como pela forma
de expressão escolhida.

ADEQUAÇÃO A REALIDADE

Adequação a realidade esta muito relacionado a aceitação da criança quanto a dinâmica, em relação
ao tempo, espaço, e o papel de cada um que esta envolvido. No início do jogo pode aparecer
conduta pouco adequadas, mas conforme a criança vai se adaptando é esperado que ela se adeque a
realidade e aceite as regras e condições orientadas. A criança não de adequar a realidade nos
proporciona material importante de interpretação e implica numa discriminação da compreensão
entre o que pode e o que ele quer.

O BRINCAR DA CRIANÇA PSICÓTICA

Na criança psicótica é evidente a dificuldade de brincar, levamos em conta que a criança pode ter
parte da sua personalidade preservada ou conseguiu uma organização não psicótica, e a
possibilidade de se expressar, dependerá da interrelação dessas partes. Essa dificuldade pode ser
uma inibição total ou parcial e também uma desorganização da conduta. Pode ocorrer uma
“Pseudobrincadeira” que é quando a criança brinca, mas não tem significado ou simbolização
nenhuma. A criança psicótica não se enquadra a realidade e pode até mesmo distorcer a relação com
o mundo externo, neste caso, a relação ou o vínculo com o Psicólogo. Outros elementos
significativos da criança psicótica é a perseveração ou estereotipia da conduta verbal os neologismos
e as atitudes bizarras.
O BRINCAR DA CRIANÇA NEUROTICA

A criança neurótica tem sua capacidade simbólica bem desenvolvida, é capaz de descriminar e
evidenciar fantasia e realidade. O conflito é identificado pelos impulsos e sua relação com a
realidade, utilizam então condutas defensivas que empobrecem seu ego e o quadro nosográfico é
dado pela predominância de certos tipos de defesas. Outra característica é pouca tolerância a
frustração ou a superadaptação em certas áreas.

O BRINCAR DA CRIANÇA NORMAL

Em cada período evolutivo a criança enfrenta conflitos relacionados ao seu desenvolvimento, é


importante ressaltar que conflito não é doença. O equilíbrio estrutural permite que a criança supere
esses conflitos e saia enriquecida, ou seja, com novas habilidades e aprendizados. Na criança normal
existe uma liberdade interna, oferecida pelo equilíbrio ótimo entre fantasia e realidade, a criança
expressa sem medo suas fantasias e proporciona uma abertura para geração de vinculo e
comunicação com o psicólogo.

Você também pode gostar