TÉCNICAS PROJETIVAS Capítulo 7 “A hora do jogo diagnóstica”
São Paulo 2023
Capítulo 7 - “A hora de jogo psicodiagnóstica”
O capítulo aborda os aspectos do jogo diagnóstico na psicologia infantil, no qual através deste aspecto pode se avaliar diversas áreas como a personificação que envolve a capacidade da criança de assumir papéis dramáticos e favorece a socialização, a motricidade, relacionada ao desenvolvimento físico, a criatividade, que envolve a capacidade de criar novas coisas a partir de elementos dispersos, a tolerância à frustração e a capacidade simbólica que reflete os desejos e fantasias da criança no brincar. Esta abordagem pode oferecer à criança a possibilidade de brincar em um contexto particular, com um enquadramento dado que inclui espaço tempo e explicitação de papéis e finalidade, criando um local estruturado e expressivo. A cada hora do jogo é uma experiência nova, auxiliando no estabelecimento de vínculo transferencial, cujo objetivo é o conhecimento e a compreensão da criança. No brincar, são incluídos elementos do processo primário através de princípios como condensação, atemporalidade e deslocamento autuados no próprio brincar. A sala de jogos, deve ter um espaço amplo para que a criança possa ter liberdade de movimentos e de criação, tendo uma caixa com brinquedos de diversas modalidades que correspondem ao marco teórico da criança. Podendo selecionar brinquedos que provocam respostas específicas como sensório-motor, integração cognitiva, funcionamento egóico e entre outros. Além de matérias estruturadas e não estruturadas. O papel do psicólogo é de observador e tendo uma atenção flutuante, permitindo a compreensão e a formulação de hipóteses sobre o que se passa com a criança. Toda a participação do psicólogo tem como objetivo criar condições para que a criança possa brincar com maior espontaneidade, podendo observar, compreender e cooperar com a criança. A transferência na hora do jogo pode ter brevidade de vínculo e comunicação, além da contratransferência que deve discriminar suas próprias motivações e impulsos, para que não interfiram na análise. Para se analisar, deve seguir alguns indicadores, como a escolha do brinquedo, modalidades, personificação, motricidade, criatividade, capacidade simbólica, tolerância à frustração e adequação à realidade, além de observar características individuais, a modalidade de abordagem dos brinquedos. Outro elemento importante é o uso que a criança faz da linguagem, sua ligação com a brincadeira que desenvolve e sua idade. As modalidades da brincadeira são a forma que o ego manifesta a função simbólica, cada criança estrutura o seu brincar de acordo com uma modalidade que lhe é própria e que implica um traço característico. Além de manifestar a plasticidade de diferentes maneiras, expressando a mesma fantasia ou defesas de mediadores diferentes ou uma grande riqueza interna por meio de poucos elementos que cumprem diversas funções. Outra modalidade é a rigidez ao brincar, aderindo certos mediadores, de forma exclusiva e predominante, para expressar a mesma fantasia, tendo como objetivo controlar a identificação projetiva, conservar os limites e manter a dissociação, dado a qualquer situação nova. Como modalidade mais patológica de funcionamento egóico, pode se caracterizar brincadeiras estereotipadas e perseverantes, criando uma desconexão com o mundo externo com finalidade de descarga. A personificação possibilita a elaboração de traumas, aprendizagem de papéis sociais, a compreensão do papel do outro e o ajuste de sua conduta que favorece o processo de socialização e de individualismo. A criança tem a capacidade de assumir e atribuir papéis de forma dramática, podendo ser uma fada, monstros e mágicos. Mostrando alternância sucessiva desses papéis, como expressão da labilidade das identificações. Durante a hora do jogo, o psicólogo pode observar a motricidade da criança através da brincadeira, sendo elas deslocamento gráfico, o encaixe, lateralidade, movimentos voluntários e involuntários e entre outros. A criatividade exige um ego plástico de abertura para novas experiências, tendo um processo de organização, produto de um equilíbrio adequado entre o princípio do prazer e o da realidade. A tolerância à frustração pode ser detectada pela aceitação de instruções com as limitações que elas impõem e pelo desenvolvimento da atividade lúdica, sendo fundamental diferenciar onde a criança apresenta a tal, se deriva do mundo interno ou se localiza de preferência no mundo externo, assim encontrar elementos substantivos ou desorganizar-se. É importante observar a adequação a realidade como um dos primeiros aspectos a serem considerados, além da idade cronológica. Explorar as diferenças entre o brincar de uma criança normal e de uma criança psicótica ou neurótica, oferecendo diretrizes para o uso eficaz do jogo.
A Hora de Jogo Diagnóstico É Um Recurso Técnico Utilizado No Processo Psicodiagnóstico Com o Objetivo de Conhecer A Realidade Da Criança A Ser Consultada e Que Implica No Vínculo Transferencial