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forma de ajudar a descobrir o que pode estar preju- A validade de critério será verificada, por
dicando uma infância saudável e feliz. meio do teste t de student, para observar se existem
diferenças significativas entre os totais de indicado-
res emocionais em crianças do grupo institucionali-
zado e não institucionalizado.
2. MÉTODOS
3. RESULTADOS
Participantes: A amostra foi composta por
24 crianças de uma escola pública de Campinas e A partir da correção dos testes e a exposi-
29 crianças que residem em abrigos, na faixa etária ção dos resultados em planilhas foi possível verificar
dos 5 aos 8 anos. Os abrigos e as escolas foram a relação da idade dos participantes correspondente
determinados por critério de conveniência. a sua instituição.
Instrumentos: a) Desenho da Figura Huma-
Tabela 1. Descrição da Amostra
na (DFH). Para avaliação cognitiva, o desenho foi
aplicado conforme a proposta de Wechsler
(1996/2003), na qual é solicitado um desenho de Freqüência Percentil
uma pessoa do sexo feminino e masculino. O dese- Publica 24 45,3
nho é pontuado conforme o número de itens dese-
nhados pela criança (por exemplo, cabeça, braços, Abrigo 29 54,7
pernas, boca etc). Total 53 100,0
b) Para a avaliação emocional, é feita uma
triagem emocional através da folha de correção
composta por 59 itens. A pontuação é obtida pelo A tabela 2 verifica a relação entre o numero total de
total de indicadores presentes nos desenhos, sendo crianças e suas respectivas instituições.
estes avaliados segundo o sexo da criança e sua
Tabela 2. Descrição da Amostra
faixa etária. Dentre estes 59 itens, 6 são de caráter
quantitativo englobando dimensões das figu-
ras,tamanho, localização do desenho na folha e Freqüência Percentil
inclinação, e 53 de caráter qualitativo, avaliados Feminino 26 49,1
pela presencia ou ausência, qualidade da integra-
ção, sombreamento e figuras bizarras. Masculino 27 50,9
Procedimento: Inicialmente foi feito o conta- Total 53 100,0
to com a escola pública solicitando a sua permissão
para a pesquisa em sua instituição. Após a anuên-
cia da direção foram encaminhados os Termos de Na tabela 3, com a correção dos testes e a
Consentimento Livre e Esclarecido para os pais e exposição dos resultados em planilhas foi possível
responsáveis. O Desenho da Figura Humana (DFH) verificar a quantidade de meninas e meninos, que
conforme a proposta de Wechsler (1996/2003) foi participaram do teste.
aplicada na própria sala de aula, dos alunos do pri- Podemos perceber que as médias por pon-
meiro aos terceiro ano. Cada aplicação na sua res- tuação na escala emocional por tipo de instituição
pectiva sala durou cerca de 30 minutos. (escola publica e abrigo) são bastante similares. No
Em seguida foi feito o contato com o abrigo, total emocional feminino, da escola pública, inclusi-
requerendo a permissão deste para a pesquisa em ve existem maiores pontuações do que no abrigo.
sua instituição. Após a direção do abrigo, aceitar a No total emocional masculino as médias são bas-
realização da pesquisa, foi solicitado que a coorde- tante semelhantes tanto no abrigo quanto na escola
nadora assinasse o Termo de Consentimento Livre pública.
e Esclarecido. O DFH foi aplicado primeiramente
nas meninas, e depois nos meninos. Os testes fo-
ram realizados separadamente nas crianças, pois
estas moram em abrigos específicos para meninas
e meninos.
Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
23 e 24 de setembro de 2014
Tabela 3. Médias da Pontuação por tipo de escola Tabela 5. ANOVA- Diferenças de Pontuação por tipo
de escola
Desvio
F Sig.
Tipo de Escola N Média Padrão
Publica Total Emo- Tipo de Escola TotEmocFemini ,384 ,539
24 4,25 2,327
cional F
Total EmoMasc ,039 ,844
Total Emo-
24 4,33 3,171
cional M Sexo TotEmocFemini 2,339 ,133
Abrigo Total Emo-
29 3,76 2,573 Total EmoMasc 2,903 ,095
cional F
Total Emo- Tipo de Escola * Sexo TotEmocFemini ,406 ,527
29 4,10 2,257
cional M
Total EmoMasc ,234 ,631
4. DISCUSSÃO
Na tabela 4 as correlações são significativas so-
mente entre os totais entre si. Isto é, o total emocional As correlações entre os totais emocionais e
feminino somente se correlaciona significativamente com os totais cognitivos são negativas, como seria espe-
o total emocional masculino (r= 0,625, p≤0,01). O total rado, pois um ponto é dado para cada indicador
cognitivo feminino se correlaciona significativamente com emocional, enquanto que um ponto é dado para
o total cognitivo masculino (r=0,836, p≤0,01). cada ganho no desenvolvimento pelo sistema cogni-
Tabela 4. Correlações entre os totais emocionais e tivo.
cognitivos Entretanto, as correlações entre os totais
dos sistemas emocionais e cognitivos, apesar de
ser negativas, não são significativas. Tais resultados
Total Total
demonstram que não existem relações significativas
Total Total DFH DFH
Emo F Emoc M F M entre os dois conceitos. Isto é, não existe relação
Total Pearson Correlation 1 ,625** -,012 -,095 significativa que quanto mais inteligente a criança
Emoc io Sig. (2-tailed) ,000 ,934 ,498 for maiores serão os problemas emocionais. Desta
Fem maneira, observa-se que inteligência e problemática
Total Pearson Correlation 1 -,104 -,201 emocional não estão relacionadas, como demonstra
Emocio Sig. (2-tailed) ,459 ,149 a literatura. Tais resultados confirmam os estudos
Mas anteriores de Wechsler, Prado, Oliveira e Mazzarino
Total Pearson Correlation 1 ,836** (2011) que demonstraram existir uma baixa relação
DFH Sig. (2-tailed) ,000 entre inteligência e problemas emocionais.
Fem Segundo Koppitz (1968) compreender o de-
Total Pearson Correlation 1 senho da figura humana de acordo com os itens
DFH Sig. (2-tailed) propostos traz grandes relações com o rendimento
Mas escolar da criança. Contudo em relação ao DFH
como medida emocional, esta é vista como um en-
** p≤0,01 foque mais projetivo, e apesar da ampla utilização
dos sistemas projetivos para interpretação do dese-
nho, a interpretação do DFH como medida de per-
sonalidade é uma das técnicas que mais tem sofrido
Na tabela 5 os resultados apontados pelo críticas quanto a sua validade. Assim avaliar aspec-
teste F indicam que não existem diferenças signifi- tos emocionais das crianças em relação a aspectos
cativas nas pontuações emocionais por tipo de insti- cognitivos, tende a não obter resultados similares.
tuição nem pelo sexo da criança. Desta maneira Notam-se nos dados presentes uma simila-
pode-se concluir que não é valido discriminar crian- ridade, entre as médias emocionais da escola e do
ças de abrigo das crianças de escolas públicas pela abrigo, sendo assim não houve uma discrepância
pontuação emocional. significativa, que apontasse maiores índices emoci-
onais entre um ou outro. Os resultado obtidos e os
demográficos de discrepância apresentados confir-
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mam o dado, já que pudemos observar que as pon- partir da Privação Materna. Trabalho de
tuações maiores ou menores oscilam entre abrigo e conclusão de curso de Graduação em Psi-
escola, ou seja, nenhuma se mantém como dotada cologia. Pontificia Universidade do Rio
de maior ou menor pontuação em relação aos índi- Grande do Sul. Faculdade de Psicologia
ces emocionais. Portanto o sistema emocional de (Porto Alegre, RS, Brasil).
correção do DFH não pode discriminar crianças 6. Hutz, C. S. & Bandeira, D. F. (1995). Avalia-
institucionalizadas e de escolas públicas. Conclui-se ção psicológica com o desenho da figura
que este sistema não possui validade. humana: Técnica ou intuição? Temas em
Segundo a pesquisa realizada, compreen- Psicologia.
demos que os aspectos cognitivos da criança ten- 7. Hutz, C., & Bandeira, D. R. (2000). Desenho
dem a não estar relacionados com os aspectos da figura humana. In J. A. Cunha (Ed.)
emocionais. Mais pesquisas são necessárias com- Psicodiagnóstico- V (pp. 507-513). Porto
parando outros grupos clínicos com crianças regula- Alegre: ArtesMédicas.
res para que possa confirmar se o desenho é ou
não valido como medida emocional. 8. Koppitz, E. M. (1968). Psychological evalua-
tion of children's human figure drawing.NY:
Grune&Stratton.
5. AGRADECIMENTOS 9. Miceli, P.A.M. (2003). O Brincar Segundo
À Pontifícia Universidade Católica de Campinas Winnicott e Aucouturier.41f. Trabalho de
pela bolsa e apoio concedidos e agradeço a minha Conclusão de Curso (Especialização em
orientadora Dr Solange Muglia Wechsler e as meni- Psicomotricidade). Universidade Cândido
nas do LAMP que tanto me ajudaram para a reali- Mendes, Rio de Janeiro, 2003.
zação da pesquisa. 10. Souza, E.J.C & Pedroso, J.S. s.d. As vivên-
cias emocionais de crianças abrigadas atra-
vés do desenho livre. Programa de Pós
Graduaçao em Psicologia. Universidade
6. REFERÊNCIAS Federal do Pará.
11. Van Kolck, O. L. Testes projetivos gráficos
1. Anastasi, A., &Urbina, T. (2000). Testagem no diagnóstico psicológico. São Pau-
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EPU, 1984.
2. Arteche, A. X.,& Bandeira, D. R. (2006). O
desenho da figura humana: revisando mais- 12. Wechsler, S. M. (2003). DFH III. O desenho
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Psicológica Campinas: LAMP/PUC-Campinas.
3. Barros, V. (1998). A Importância do dese- 13. Wechsler, S.M., Prado, C.M, Oliveira, K.S.,
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infantil-e-no-diagnostico-da- ra humana: medida cognitiva, criativa ou
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5. Hecht, B &Silva, R. F.P (2009). Crianças
Institucionalizadas: A construçãoPsiquica a